No universo encantador da confeitaria pernambucana, a Chef Ana Amélia se destaca como uma talentosa profissional que mescla em suas massas de bolo muitas memórias afetivas e tradições históricas. O resultado? Iguarias únicas e cheias de potência, que já conquistaram Pernambuco e agora ganham o Brasil através de cursos, eventos e congressos

 

Nascida em Patos, Paraíba, e acolhida pelo calor do Agreste pernambucano, essa confeiteira revela em cada doce produzido uma narrativa que transcende sabores, conquistando paladares e perpetuando a rica herança gastronômica da região.

 

Quem é Ana Amélia?

 

Ana Amélia se define como uma contadora de formação e confeiteira de coração. Ela, que é natural de Patos, município do estado da Paraíba, saiu da cidade ainda na juventude para morar em Santa Cruz do Capibaribe, um município localizado no Agreste do estado vizinho, Pernambuco. Lá, ficou até os seus 17 anos de idade. Depois, seguiu para Caruaru, cidade conhecida como a Princesa do Agreste.

 

“Hoje, aos 42 anos de idade, me sinto acolhida por Pernambuco”, explica ela sobre o estado onde firmou suas raízes e cresceu profissionalmente.

 

 

 

Formação e relação com a gastronomia

 

A relação de Ana Amélia com a confeitaria começou cedo, tendo como base um forte apelo afetivo. “Cresci vendo minha avó, minha mãe e minhas tias produzirem bolos e doces. Minhas memórias afetivas foram cultivadas dentro de uma cozinha. Inclusive, ainda lembro com muito carinho do cheiro dos bolos produzidos por minha mãe”, revela, com nostalgia, a confeiteira para a Rede Food Service.

 

Ela, que, como já foi citado, é formada em Ciências Contábeis, hoje se dedica integralmente ao universo da confeitaria, aprimorando suas técnicas e conhecimentos como estudante de Gastronomia.

 

“Nessa minha trajetória, já fui homenageada como Mulher Destaque Caruaruense e também como referência na confeitaria pelo Shopping Caruaru. Hoje faço parte da diretoria da Associação Assucar (Associação da Confeitaria Pernambucana)”, orgulha-se.

 

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Especialidade

 

Você conhece o bolo de rolo? Estamos falando de uma delícia já reconhecida como Patrimônio Imaterial de Pernambuco. Apesar de lembrar o rocambole, o bolo de rolo é uma iguaria diferente e única, com forte representação histórica na identidade gastronômica do estado nordestino.

 

Trazido a Pernambuco pelos portugueses, desde o início do processo de colonização, a sobremesa já possuía uma maneira única de ser preparada, diferente dos outros tipos de bolos enrolados. Mas foi em terras pernambucanas que a iguaria sofreu suas primeiras adaptações. O recheio, que antes utilizava nozes, passou a receber a goiabada, um doce feito a partir de uma fruta bastante abundante na região Nordeste do Brasil.

 

 

Por muito tempo esse bolo ficou restrito à classe alta de Pernambuco. Mas logo a sobremesa se tornou popular, conquistando os paladares das mais diversas classes sociais e econômicas. Um mérito que, em grande parte, se deve ao trabalho e ao empenho das confeiteiras pernambucanas, que também enxergam no doce uma oportunidade de mudança de vida, movimentando com isso a roda da economia.

 

E sabe o motivo dessa rápida viagem pela história do bolo de rolo? É que é justamente essa iguaria, carregada de histórias, identidade, raízes e sabor, a especialidade de Ana Amélia dentro da gastronomia. Um doce que rompeu barreiras culturais e geográficas, conquistou o Brasil e segue fazendo sucesso pelo mundo.

 

Além de ser especialista em bolo de rolo, a confeiteira também viaja o Brasil ministrando aulas e participando de eventos e congressos sobre confeitaria.

 

Nesse universo, Ana Amélia define seu estilo como clássico, porém com um toque contemporâneo. “No meu trabalho, nunca esqueço a origem colonial da confeitaria pernambucana e da força do açúcar nessa formação. Carrego o meu oxente com muito orgulho”, diz ela.

 

Atividade e planejamento

 

O trabalho diário da confeiteira é voltado para a produção de bolos destinados aos mais variados eventos. Além disso, ela também acompanha os alunos do curso presencial e online que ministra.

 

 

 

Sobre os planos para o futuro, Ana Amélia revela para a Rede Food Service que está em fase de planejamento de um serviço de pronta-entrega de bolo de rolo e bolo de noiva pernambucano, outra iguaria carregada de peso cultural e histórico.

 

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Visão de mercado

 

Quando questionada sobre o mercado confeiteiro, Ana Amélia explica que enxerga de forma bastante otimista o futuro desse setor, de forma geral e, especialmente, para as confeiteiras especializadas nos doces pernambucanos. “Nesse momento, vejo que há uma crescente valorização dos bolos clássicos do estado”, diz ela.

 

Esse notável apreço, que gera uma maior procura dos bolos pernambucanos no Brasil, reflete a riqueza da gastronomia local e ainda impulsiona o mercado da confeitaria estadual ao atrair o interesse de novos profissionais do setor.

 

Apesar de que, para além do incremento trazido pela disseminação dessas iguarias pelo país, o consumo desses produtos sempre foi alto dentro de Pernambuco e nos estados vizinhos.

 

E há dados oficiais que comprovam essa visão. De acordo com uma pesquisa encomendada em 2021 pelo aplicativo de delivery de comida 99Food aos institutos Datafolha e Ipsos, 83% dos brasileiros têm o costume de comer pratos típicos de seus estados.

 

Na pesquisa, o Nordeste aparece como a região com a mais forte ligação com sua cultura gastronômica (93%), seguida da região Sul (87%).

 

Ainda segundo os dados, 41% dos participantes consideram que consumir pratos locais é uma forma de valorizar a cultura de sua região, enquanto 29% entendem que a comida local os conecta com seus familiares. Já 28% afirmam que é uma forma de manter as tradições.

 

Seja por uma razão ou outra, é possível perceber que esse é um mercado que deve permanecer em alta. Uma boa aposta para quem deseja enveredar pelo universo da confeitaria.

 

 

Conselho para iniciantes

 

Para finalizar, Ana Amélia deixa uma dica para quem deseja iniciar esse caminho: “Desistir nunca deve ser a opção. Estude sempre. O sucesso vem com a persistência”, a chef confeiteira dá o recado.