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Mercado Cervejeiro: Confira quais são as tendências e dicas de atuação para este ano de 2024

Especialistas indicam que o mercado cervejeiro precisa entender o novo perfil de consumo do brasileiro e apostar no quesito diversificação

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Mercado Cervejeiro: Confira quais são as tendências e dicas de atuação para este ano de 2024 - RFS

 

UMA CERVEJA, POR FAVOR!

 

Esse é um dos pedidos mais comuns no seu negócio food service desde a sua inauguração?

Se sim, temos um alerta para você: esses frequentes pedidos podem diminuir nos próximos meses, caso não se atualize e faça algumas mudanças necessárias!

 

Afinal, atualmente, apesar do Brasil ocupar a terceira posição no ranking mundial dos maiores consumidores de cerveja, com 14.550 quilolitros e 69,7 litros por pessoa, de acordo com um relatório divulgado pela Kirin Holdings Company, o mercado cervejeiro nacional “vem sofrendo bastante, sendo pressionado, cada vez mais, por custos e competitividade e, em alguns casos, até perdendo qualidade por conta disso. Para este ano de 2024, percebemos que este será um ano de muita competitividade e pressão em relação aos custos, já que vemos um aumento até pelo câmbio, inflação, fatores climáticos. Será um ano bastante desafiador”, afirma Rodrigo Veronese, Mestre Cervejeiro formado pelo VLB Berlin, na Alemanha, e que trabalha com cervejas desde 2011 por meio do Grupo Famiglia Valduga, mais especificamente pelo negócio Brewine Leopoldina.

 

Gilberto Tarantino, sócio da Cervejaria Tarantino e Presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva), acrescenta que “o mercado cervejeiro, como um todo, está se recuperando de dois choques. Primeiro, a crise econômica que iniciou em 2014 e, depois, o abismo que foi a pandemia de Covid-19. O desemprego aumentou, a população perdeu renda e poder de compra com o aumento no preço dos insumos e, claro, do produto final. Ainda assim, nesse período, o segmento de cervejas artesanais vem ganhando espaço. Em 2014, éramos cerca de 250 fábricas e terminamos 2022 oficialmente com 1729 e seguimos aumentando. O ritmo de abertura de cervejarias é naturalmente menor que em outros anos, o que revela as dificuldades e o amadurecimento do mercado, mas ainda assim tem sido de cerca de 11% ao ano”, desvenda.

 

Ou seja, para alcançar o sucesso nesse segmento nos próximos meses será preciso entender o novo perfil de consumo do brasileiro, assim como apostar no quesito diversificação, concorda?

 

Nesse contexto, que tal saber mais sobre?

 

  • O QUE ESPERAR PARA O MERCADO CERVEJEIRO NESTE ANO DE 2024?
  • PRINCIPAIS TENDÊNCIAS QUE IRÃO DITAR O MERCADO CERVEJEIRO NO BRASIL NESTE ANO DE 2024
  • DICAS PARA ALCANÇAR O SUCESSO NO MERCADO CERVEJEIRO NESTE ANO DE 2024

 

O QUE ESPERAR PARA O MERCADO CERVEJEIRO NESTE ANO DE 2024?

 

Sobre o que esperar para o mercado cervejeiro neste ano de 2024, Veronese, da Brewine Leopoldina, aponta que “é um segmento que vem mudando bastante e ainda estamos acompanhando as mudanças”, resume.

 

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Gilberto Tarantino, sócio da Cervejaria Tarantino e Pres. da Abracerva – Divulgação

 

Tarantino, da Abracerva, destaca que “temos grandes desafios pela frente, incluindo aproximar a cerveja da gastronomia brasileira, divulgar o diferencial dos produtos, aumentar a relação do produto cerveja artesanal com as nossas culturas regionais e tornar a cerveja artesanal mais acessível. Esse segundo ponto, do acesso às artesanais, tem relação direta com o equilíbrio das políticas de incentivo fiscal estaduais. Alguns Estados apoiam o segmento e outros, como São Paulo, não diferenciam os pequenos dos grandes produtores. Ainda sobre o custo, temos o grande desafio dos impostos federais atualmente lutando pelo reajuste da tabela do Simples que não acontece desde 2006. Olhando para o futuro, para a implementação da Reforma Tributária, temos a definição de alíquotas do chamado Imposto Seletivo, que precisam ser diferentes para produtos diferentes. Ou seja, não dá para tratar a cerveja da mesma forma que destilados. Afinal, a cerveja é a bebida da moderação, com baixo teor alcoólico”, assinala.

 

Luiz Amilton Koheler, Gastrônomo e Instrutor dos cursos de Gastronomia do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Paraná EAD (Senac EAD-PR), compartilha que “eu sempre fui um grande apreciador das cervejas comerciais até conhecer o mercado das cervejas artesanais e especiais. A partir daí, comecei a estudar o produto e o mercado, me especializando na bebida. É importante lembrar que um dos conhecimentos que são disponibilizados na profissão de gastrônomo é o setor de bebidas. Hoje, o Brasil é um mercado importante para a indústria da cerveja, já que é uma das bebidas mais populares em todas as regiões do país. Assim, como nos anos anteriores, a expectativa é de crescimento nas vendas. A consultoria de mercado Kantar divulgou aumento de 5% na comercialização e R$ 1 bilhão, no faturamento. Outro dado importante foi levantado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), sobre o mercado. A região Sudeste é que apresenta maior número de estabelecimentos registrados, 798. Esse número, representa 46,2% de todas as empresas produtoras do país. O clima do país também influencia no consumo, já que a bebida é servida em festas, happy hour e confraternizações domésticas. Por isso, mais um esclarecimento do mapa, faz total sentido: um em cada oito municípios brasileiros possuem pelo menos uma cervejaria registrada. Podemos acrescentar outra pesquisa importante, divulgada pelo Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). Os consumidores se interessam, cada vez mais, em consumir cervejas sem álcool. No levantamento realizado em 2023, 91% dos entrevistados afirmam que já consumiram ou têm interesse em experimentar a bebida. Do mesmo modo, as cervejas artesanais apresentam crescimento positivo no mercado, tanto na produção, quanto no consumo. As duas condições são resultado dos investimentos das empresas que produzem esse tipo de bebida e de especialistas como os mestres cervejeiros”, detalha.

 

Drinks sem álcool: uma tendência que vale o investimento no mercado food service em 2024

 

Priscilla Colares, Certified Cicerone® e Sommeliere de Cervejas com atuação no mercado brasileiro há 11 anos, também é Mestre em Estilos de Cervejas e Docente do Instituto da Cerveja, assim como juíza de concursos de cerveja nacionais e internacionais. Ela conta que “eu atuo com serviços de Sommelieria como degustações orientadas, jantares harmonizados, palestras, cursos, eventos e publicidade para empresas no ramo de bebidas e correlatos. E, ao meu ver, o mercado cervejeiro no Brasil, o terceiro maior em produção do mundo, segue em expansão. Dados sobre o número de cervejarias nos últimos anos, apresentados anualmente pelo MAPA, demonstram que o mercado continua crescendo, assim como os dados de produção apresentados pelo Sindcerv. Já os mercados americano e europeu mostram sinais de estagnação e declínio, respectivamente”, informa.

 

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Luiz Amilton Koheler do Senac EAD-PR – Divulgação

 

Scott Ashby, fundador da Cervejaria Ashby, localizada em Amparo, interior de São Paulo, a primeira microcervejaria do Brasil, avalia que, “hoje, o mercado cervejeiro está em constante crescimento graças aos consumidores que estão se permitindo conhecer novos sabores, estilos e viver novas experiências. Além disso, com a popularização das redes sociais e da Internet, ficou mais fácil para o consumidor adquirir mais conhecimento sobre o universo cervejeiro e os rótulos disponíveis no mercado, o que acaba contribuindo para o crescimento do mercado. Sem contar que cresceu muito o número de produtores que estão empenhados em oferecer cervejas produzidas com qualidade e ingredientes selecionados”, contrapõe.

 

PRINCIPAIS TENDÊNCIAS QUE IRÃO DITAR O MERCADO CERVEJEIRO NO BRASIL NESTE ANO DE 2024

 

Agora que já sabe o que esperar do mercado cervejeiro nos próximos meses, é uma boa hora de conhecer quais são as principais tendências que irão ditar esse segmento no Brasil neste ano de 2024, certo?

 

Portanto, conforme Veronese, da Brewine Leopoldina, “eu acredito que, não só como tendência, mas a inovação vai fazer a diferença para o mercado cervejeiro como sempre fez. Nós, como cervejarias artesanais, se não utilizarmos a criatividade e os processos que podemos inovar, não conseguiremos nos diferenciar. E isso não só para 2024, mas é uma regra que considero para a vida toda. O mercado precisa sempre ter a criatividade e a inovação constantes”, afirma.

 

Tarantino, da Abracerva, sinaliza que “o segmento das artesanais tende a se recuperar, se a economia progredir. E, como brasileiros, precisamos acreditar nessa melhora de cenário. Olhando para os produtos, sem dúvida, as cervejas sem álcool ou de baixo teor são uma realidade que se mostram como tendência para 2024 e além. Em 2023, nós rodamos o Brasil com o nosso projeto Conexão Cerveja Brasil, um road show composto por concurso cervejeiro e congresso técnico. Foram cinco etapas regionais e uma etapa final em São Paulo, capital. No congresso, falamos de leveduras para cervejas sem álcool. Uma evolução. E no concurso cerveja sem álcool, também apareceu forte. A terceira melhor cerveja do Brasil, na etapa nacional, foi uma Catharina Sour, com adição de goiaba, sem álcool da Falke Bier. As cervejas ácidas e complexas também tendem a crescer, embora ainda como nicho. Neste ano de 2024, teremos a terceira edição do Encontro Selvagem e a segunda edição da Feira Selvagem, que reúne produtores, especialistas, compradores e clientes desse tipo de cervejas. São produtos que fazem uma excelente ponte com a gastronomia que é uma ótima estratégia para as cervejarias e para o setor de bares e restaurantes.  Também é tendência o uso de insumos nacionais. Para além das frutas, que foram impulsionadas pelo estilo Catharina Sour, e pelas madeiras nacionais para maturação, estamos vivendo a revolução do lúpulo brasileiro. O agronegócio brasileiro é altamente competitivo e está olhando de forma muito profissional para produção comercial do lúpulo. E, com isso, já existem excelentes resultados nesse sentido”, enfatiza.

 

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Priscilla Colares, Certified Cicerone® e Sommeliere de Cervejas – Divulgação

 

Koheler, do Senac EAD-PR, lista que “as tendências incluem novos ingredientes, sabores, opções com menor ou sem álcool. E, além das cervejas artesanais, as opções da bebida frutada serão a sensação do período. Entre as frutas escolhidas, estão o morango, maracujá, goiaba, limão e manga. As empresas estão investindo ainda em frutos regionais para criar uma identidade e territorialidade ao produto, como, por exemplo, o cambuci, graviola e a seriguela. Outro diferencial é que algumas das cervejas frutadas têm menor teor alcóolico, opção muito procurada pelo público mais jovem. Já na questão de aromas, algumas formulações com malte defumado terão aroma de café e outras especiarias. Inclusive, na edição 2023 da Fispal, uma das marcas apresentou uma cerveja com aroma de carvalho e o dobro de teor alcoólico das tradicionais (9,3%). A justificativa é que é um produto para ser consumido em épocas mais frias do ano, além de ser bastante encorpado. Tão importante quanto destacar os novos produtos, é compreender a força da indústria de cervejas. Um levantamento feito pela consultoria Euromonitor International, para o Sindicerv, revelou que o Brasil é o terceiro maior produtor da bebida, atrás apenas da China e Estados Unidos. Em relação ao volume de venda, houve um crescimento de 4,5%, comparando os períodos de 2022 e 2023”, contextualiza.

 

Colares, Sommeliere de Cervejas, divide que “eu acredito que continuaremos a ver o crescimento de marcas de cerveja sem álcool, uma tendência global. Atualmente, a Europa apresenta números maiores que o Brasil em consumo e produção nesse setor específico, mas pelo sucesso de marcas como Heineken 0.0%, eu imagino que continuaremos a ver crescimento nesse segmento também no Brasil. Outra tendência que acredito que se expandirá neste ano de 2024 é a utilização de lúpulo nacional na produção de cervejas. Cada vez mais, eu tenho visto marcas experimentando esse insumo que, até então, não se acreditava ser possível produzir no Brasil. Cervejas como a APA da Viela, que possui 100% de lúpulo brasileiro e mineiro, têm feito sucesso em Belo Horizonte, Minas Gerais”, exemplifica.

 

Ashby, da Cervejaria Ashby, alega que “a tendência é que, neste ano de 2024, se mantenha o crescimento contínuo das cervejas artesanais com inovações e diversificações em sabores e ingredientes, com destaque para as cervejas com adição de frutas, especiarias e outros elementos inusitados”, prevê.

 

DICAS PARA ALCANÇAR O SUCESSO NO MERCADO CERVEJEIRO NESTE ANO DE 2024

 

Ficou interessado (a) em começar a atuar e/ou a melhorar o seu trabalho no mercado cervejeiro neste ano de 2024?

 

Logo, Veronese, da Brewine Leopoldina, indica que “estude e procure o aperfeiçoamento profissional. Eu acredito que o investimento na profissão cada vez mais com cursos e especializações, no meu ponto de vista, são as chaves para se conseguir melhorar. Outro conselho que considero importante para evoluir é fazer um trabalho de estudo de viajar, por exemplo. Afinal, conhecer os outros mercados pode agregar muito”, aconselha.

 

Tarantino, da Abracerva, orienta que, “este ano, é um ano que a gestão das cervejarias, bares, restaurantes e deliveries tem que ser muito bem-feita, pois ainda respiramos crise e as empresas estão menos capitalizadas. Se temos sempre a pauta dos impostos, temos também a pauta da boa gestão dos negócios.  E existem várias maneiras de ter uma boa gestão dos bares, baseada em números e resultados financeiros. E tem também várias maneiras de colocar a cerveja artesanal em destaque, principalmente, porque ela tem uma margem maior em valor agregado e em espaço na geladeira para o PDV.  Porém, cada negócio precisa entender qual é o perfil do seu público, qual o melhor estilo, a melhor marca que se adeque ao bolso e ao gosto do cliente. Então, algumas dicas incluem fazer uma pesquisa com as cervejas que existem hoje espalhadas no Brasil, realizar eventos de degustação, de harmonização, pois isso tudo acaba fidelizando o cliente e criando uma verdadeira experiência que muito carregam para a vida. Já para quem ainda não começou o seu negócio, estude muito, faça um business plan completo com investimento inicial, capital de giro, volume estimado de venda, margem, perfil de produto, recursos humanos, comunicação e marketing.  Se a ideia é ter uma fábrica que comercializa as suas próprias marcas, uma sugestão é iniciar como um cervejeiro cigano. Nessa modalidade, o empresário contrata uma fábrica já constituída para produzir o seu produto e ele fica responsável por todo o processo comercial, inclusive, com boa parte das obrigações tributárias. É um excelente teste para conhecer, na prática, o mercado com um investimento bem menor. Caso não tenha vivência aprofundada no mercado, recomendo contratar consultores tanto na frente fabril, como de gestão, tributos e comunicação do produto. Isso vai economizar muito tempo e dinheiro. Aliás, isso vale para muitas cervejarias já em operação também. Por fim, para todos, é importante participar de associações como a Abracerva e de associações locais e regionais. Certamente, essa é uma forma de conhecer os desafios do mercado e dividir experiências, inclusive, questões tributárias e regulatórias. Assim como, continue sendo um apaixonado (a). Cuide do negócio como um profissional, mas com a energia de um apaixonado (a) pela cerveja, que é o que todos somos”, garante.

 

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Scott Ashby, fundador da Cervejaria Ashby – Divulgação

 

Koheler, do Senac EAD-PR, ensina que é necessário “pesquisar o mercado, os produtos e o nicho no qual deseja atuar, pois o empreendedor pode optar por uma cervejaria especializada ou um bar que trabalhe com outros produtos. Uma informação importante foi o crescimento do mercado, 11,6%, representando abertura de 180 novos estabelecimentos. Outra informação que pode ajudar quem está começando no mercado são as tecnologias empregadas na produção e comercialização. Um exemplo recente, apresentados na Fispal, foi um dispositivo automatizado que alerta o operador quando o estoque está baixo. Vale acrescentar outra funcionalidade que vem sendo adotada pelas empresas com atuação em cervejas especiais. São máquinas dotadas de torneiras, nas quais o cliente pode ser servir e acompanhar a quantidade consumida. Outro equipamento que está se destacando no mercado é o congelador de canecas personalizáveis. Alguns modelos atingem – 30°C, de modo a garantir a experiência do cliente em beber o líquido gelado até o fim. Agora, a dica para quem já está no mercado e deseja posicionar a marca é que o mercado cervejeiro deve atender à agenda ESG (Environmental, Social and Governance) a fim de atender às demandas sociais, financeiras e ambientais do processo produtivo. O recado é claro e objetivo, as empresas devem incorporar uma cultura social ética, ambiental e de governança ou serão pressionadas pelos fornecedores, parceiros e clientes”, chama a atenção.

 

Colares, Sommeliere de Cervejas, salienta que “atuar no Brasil é sempre um desafio, especialmente, devido à alta tributação de bebidas no mercado artesanal, que paga muito mais impostos do que as grandes marcas, apesar de empregar mais por litro produzido. As marcas que desejam expandir precisam investir continuamente em qualidade, inovação e construção de portfólio de marca. Especialmente em tempos de crise financeira, o consumidor busca marcas conhecidas mais do que experimentação”, esclarece.

 

Ashby, da Cervejaria Ashby, por fim, aconselha que “primeiramente, é importante estudar bastante sobre o mercado cervejeiro para conhecer os estilos, receitas e processo de produção. Depois, é necessário ficar atento sobre o que está acontecendo no mercado cervejeiro, qual estilo está ganhando força entre os consumidores, quais são as próximas tendências e investir em uma identidade visual impactante e única”, elenca.

 

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