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Anna Alves: a chef de cozinha mineira que conquistou o paladar europeu com o sabor caseiro das suas receitas

Atualmente como Chef de Cozinha no Rodízio Nice, no litoral da França, a chef garante que ‘a vida de glamour e a vida de chef não andam juntas’ até no exterior

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Rodizio Nice, no litoral da França. Esse é o endereço onde Anna Alves, de 32 anos, a chef mineira natural de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, mas criada em Ibirité, no interior do mesmo Estado, conseguiu conquistar o paladar europeu com todo o sabor caseiro das suas receitas.

 

Atualmente como Chef de Cozinha no renomado estabelecimento, a chef garante, em entrevista exclusiva à Rede Food Service, que “a vida de glamour e a vida de chef não andam juntas, ao contrário do que as pessoas pensam. Vemos muito os pratos, a arte do chef, mas aquela arte foi feita com muito esforço, muito tempo de pé, muito tempo trabalhando. Não nos alimentamos e nem nos hidratamos direito, porque não tem muito tempo. Apesar de não ter glamour, é muito prazeroso. É um sacrifício que dá muito prazer”, assegura.

 

QUEM É ANNA ALVES?

 

Solteira e sem filhos, Alves é “é uma jovem que, desde pequena, sabia que não tinha vindo para esse mundo por nada. Sempre pensei que tinha um objetivo. Sempre sonhei muito. Decidi desbravar o mundo, explorar a minha criatividade. Eu preciso sempre estar criando, pois é algo meu mesmo. Eu me considero uma jovem criativa, apaixonada pela vida, por tudo que ela tem a oferecer. Eu sou uma pessoa simples 100%”, se apresenta.

 

A Chef Anna Alves – Divulgação

 

Já especificamente sobre o seu lado profissional, a chef compartilha que “a chef Anna Alves é totalmente diferente. Sou bem dura, exigente, perfeccionista, detalhista. Mas, sou muito alegre no trabalho também. Eu gosto que todo mundo na cozinha seja tratado igual e com respeito. Eu gosto de misturar sabores, mas todos simples. Para mim, não existe nada como uma salsinha fresca, uma menta fresca que dá para misturar com tudo. Eu gosto de ingredientes que não são refinados, mas que podem servir para diferentes pratos, de conceitos diferentes. Gosto de explorar o máximo o sabor e as texturas dos produtos, mesmo que eles sejam simples. A minha maior inspiração na Gastronomia é o Claude Troisgros, que é francês. Eu o acho autêntico, simples e apaixonado pela profissão”, partilha.

 

FORMAÇÃO E EXPERIÊNCIAS PROFISSIONAIS

 

Formada em Gastronomia pela Faculdade Estácio de Sá de Belo Horizonte, Alves começou os seus estudos na área de alimentação por meio de um Curso Profissionalizante de Culinária do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC). Ela conta que, aos 18 anos, depois de concluir o Ensino Médio, decidiu fazer esse curso profissionalizante com o objetivo de já trabalhar nessa área para conseguir dinheiro para bancar a sua faculdade. Entretanto, o seu talento e a sua paixão pela Gastronomia já eram tão notáveis que ela, nessa época, foi reconhecida por um ‘anjo da guarda’ que se dispôs a financiar os seus estudos na Faculdade Estácio de Sá. “O meu primeiro contato com Gastronomia foi com uma empresa que dava treinamentos na área. Fiz cursos de hotelaria, onde visitava alguns hotéis de Belo Horizonte. Nessa época, eu conheci o chef do hotel e ele me contou sobre o trabalho dele e eu me apaixonei. Foi ali que eu decidi que queria ser Chef de Cozinha”, relata.

 

Chef Anna Alves – @rodizionice

 

A chef compartilha também que “os meus primeiros cursos de Gastronomia foram na Estácio, em Belo Horizonte. Depois de aprender sobre a área, eu comecei a trabalhar na La Pasta de Gialla, que fica na Savassi. Trabalhei em alguns outros restaurantes conceituados da cidade, como o Favorita, do Ivo Faria, e no Domenico.  E, após essa experiência no Brasil, eu decidi me mudar para a França para aprimorar as minhas experiências na culinária. E, por aqui, fiz cursos em uma escola famosa de gastronomia e, logo, comecei a trabalhar no Café Mata Mata. Mas, depois, eu passei pelo Ratatouille e pelo Goulu até chegar no Rodízio Nice, que é onde estou hoje”, explica.

 

MOMENTOS MARCANTES DA SUA CARREIRA

 

Durante tantas experiências profissionais já partilhadas, Alves realça que vivenciou alguns momentos marcantes, sendo o mais importante ocorrido ainda quando ela morava e trabalhava no Brasil. “Foi quando eu estava começando no restaurante italiano Domenico. Eu era nova, não tinha experiência, mas tinha muitas ideias. Na época, o meu chefe acreditou em mim e me deixou livre para criar. Foi lá que eu aprendi a me conhecer, a confiar em mim e ver que eu adoro ter a liberdade de criar. Foi a partir daí que tive confiança para vir pra Europa”, avalia.

 

MUDANÇA DE VIDA COM A PANDEMIA DE COVID-19

 

Já sobre as suas mudanças de vida tanto profissionais, quanto pessoais, a chef acredita que a mais expressiva foi durante a pandemia de Covid-19, quando “a minha vida mudou completamente. Eu fiquei, literalmente, um ano em casa. Mudou tudo. Eu cozinhava em casa. Fazia quatro pratos por dia. Eu não tinha mais rotina. Foi muito complicado e a minha maior dificuldade foi na volta, quando eu tive que voltar a trabalhar de 10 a 14 horas por dia em pé. Eu sofri bastante com isso”, relembra.

 

ATUAL ROTINA DE CHEF INTERNACIONAL

 

Com perfil bastante ‘pé no chão’, Alves assegura que, apesar de ter uma carreira internacional, a sua rotina não é muito diferente dos seus colegas de profissão, uma vez que, na sua visão, “eu acho engraçado essa história de ‘vida de chef’. Isso não existe! Não temos vida (risos). O chef expressa a vida dele no prato. E eu considero a cozinha como a minha primeira casa.  Eu passo 14 horas por dia por lá. Então, a minha vida é expressar a minha criatividade, a minha alegria e o prazer de trabalhar nos meus pratos. É muita responsabilidade, muita pressão. Eu não tenho empreendimentos e nem sócios atualmente”, afirma.

 

A Chef Anna Alves – Divulgação

 

A chef divide também que a sua rotina de chef internacional é difícil e “de muita responsabilidade. Isso porque temos que sempre ultrapassar as expectativas, tanto dos clientes, quanto dos chefes. Eu lido muito com criações, já que tenho que estar sempre inovando nos pratos. Por isso, eu caracterizo como uma rotina bem ‘árdua’. Às vezes, as pessoas veem muito o glamour no prato finalizado, mas não vemos todo o processo que vem atrás. Eu, por exemplo, atualmente, trabalho no Rodízio Nice, que serve rodízio típico brasileiro. A noite só temos rodízio, enquanto de manhã temos um menu de prato à la carte. Costumamos receber muitos brasileiros, mas também temos muitos clientes franceses. Trabalhamos com a carne muçulmana, que é diferente da convencional que estamos acostumados no Brasil”, esclarece.

 

DESAFIOS COMO CHEF INTERNACIONAL

 

Quando questionada quais são os seus atuais desafios como chef internacional, Alves argumenta que “o meu atual desafio é estruturar o restaurante onde eu trabalho atualmente e trazer o Brasil para a França. A ideia é fazer com que as pessoas identifiquem os sabores como sendo o brasileiro. Quero dar o ‘gostinho’ brasileiro em cada prato. Assim, a minha meta é que, onde eu estiver, que seja referência do Brasil, que as pessoas venham por isso e que consigam se sentirem perto de casa mesmo tão longe”, almeja.

 

Chef Anna Alves – @rodizionice

 

A chef desvenda também que “o meu maior desafio atualmente é conciliar a vida pessoal com a profissional. Isso porque eu acabo não tendo muito tempo para a vida social. Por isso, eu aprecio muito os pequenos momentos com as pessoas que estão na minha vida. Aproveito isso e vivo os pequenos momentos”, ressalta.

 

VISÃO DO MERCADO FOOD SERVICE COMO CHEF INTERNACIONAL

 

Para Alves, o atual mercado food service “teve uma mudança drástica aqui na França, depois da pandemia Covid-19. Tudo foi reestruturado e ficou tudo muito mais fácil, como se qualquer um pudesse cozinhar. Muita gente aprendeu durante a pandemia de Covid-19. Então, vemos muitas pessoas sem cursos trabalhando em restaurantes. Assim, eu acredito que não tem mais limite. Tudo é possível”, pontua.

 

Chef Anna Alves – @rodizionice

 

Nesse contexto, a chef destaca ainda que “eu acredito que, hoje em dia, a alimentação ganhou outro conceito. E isso, principalmente, depois da pandemia de Covid-19. Antes, era a rapidez que dominava. Mas, hoje em dia, é se alimentar bem. As pessoas sabem que não tem tempo, mas querem se alimentar bem, de forma prazerosa. Elas querem se deliciar com os pratos. Acho que é bem por esse sentido”, contextualiza.

 

PLANOS COMO CHEF INTERNACIONAL

 

Apesar de já vivenciar uma carreira internacional de sucesso, Alves revela que possui alguns planos profissionais. “Eu nunca tive projeto de ter meu próprio restaurante, mas tenho o sonho de gerenciar algo. Tenho a ideia de inaugurar uma escola de Gastronomia para crianças e, ao mesmo tempo, ter um restaurante integrado para que elas aprendam na prática. É o meu maior projeto. Gerenciar essa estrutura, os professores, etc. Mas, é um objetivo para o futuro”, sinaliza.

 

DICAS DE CHEF INTERNACIONAL

 

Por fim, caso o seu sonho também seja seguir a carreira de chef de cozinha e, quem sabe, também atuar no exterior, assim como Alves, a chef indica que “beba água (risos). Beba água e faça esporte! Isso é muito importante para quem quer ser chef, já que não temos muito tempo. Mas, agora, falando seriamente, não deixe ninguém definir quem você é em nenhuma circunstância. Seja você mesmo e se expresse ao máximo nos pratos”, aconselha.

 

Na Rede Food Service é assim! Toda semana, a gente te apresenta um chef de cozinha diferente o seu dia a dia como inspiração a também fazer parte desse mercado tão promissor.

 

Por isso, continue nos acompanhando e aproveite agora para CLICAR AQUI e também conhecer a vida de chef de Kazuo Harada, o Chef do Ano pelo guia Comer&Beber da Veja São Paulo.

 

 

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