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Andrea Rosas e seu dom de liderar e formar chefs de excelência

Curadora da Editoria Vida de Chef, Rosas atualmente é uma das consultoras gastronômicas mais cobiçadas do mercado nacional

Foto: @misturastudiorn

 

“Vida de Chef é acordar muito cedo para selecionar os melhores alimentos, dormir muito tarde para atender os clientes. É ficar em pé mais de 12 horas em uma cozinha. É lidar com pessoas com diferentes idades e culturas. É ser apaixonado pelo que faz. É sentir a cada movimento o prazer do outro e, em um simples sorriso de satisfação, encontrar a felicidade. É uma profissão que exige certeza e segurança na decisão, porque o glamour das entrevistas e das participações como jurados são apenas consequências de um trabalho árduo”. Essa é a definição do que é ser chef de cozinha em 2020 por Andrea Fabiana Rosas, de 54 anos, publicitária, gastrônoma e especialista em Gestão de Pessoas: a chef Andrea Rosas, que possui o dom de liderar e formar chefs de excelência por meio dos seus quase 30 anos de carreira corporativa que a tornaram uma das consultoras gastronômicas mais cobiçadas do atual mercado nacional food service.

 

Quem é Andrea Rosas?

Foto: @misturastudiorn

Apesar de ser natural da Argentina, Rosas se considera uma verdadeira brasileira de coração, já que reside no país desde 1.973.      “Sou uma pessoa completamente apaixonada por tudo que me proponho a fazer. Bem humorada, decidida, de personalidade marcante, perseverante, disciplinada, autocrítica ao extremo! Como chef, sou uma líder nata que não se contenta com bons resultados e está sempre buscando os melhores. Meu maior talento é motivar pessoas, formar equipes, liderar e ajudar a extrair o máximo. Sou muito transparente e intensa. Tenho uma enorme capacidade de persuasão e poder de comunicação. Sempre fui extrovertida, falante. Na família, diziam que eu poderia vender qualquer coisa. Eu, por outro lado, acredito que só consigo vender o que acredito! Outra característica que sempre me ajudou na escolha de profissionais para minhas equipes foi a capacidade de ‘ler’ as pessoas, tornando o meu time uma referência e o meu departamento um sonho de consumo. Costumo dizer que gosto de comida, mas gosto ainda mais de pessoas. Liderar é uma arte, fico imensamente feliz quando antigos colaboradores entram em contato para me consultar”, partilha.

 

Divorciada e mãe de uma mulher de 32 anos, hoje em dia, Rosas cursa uma pós-graduação em Arteterapia, dando, inclusive, aulas sobre esse tema “em dois geriátricos, habilidade adquirida através de meu hobby de pintar mandalas. Já estamos pensando em aulas de Gastronomia também”, revela.

 

Carreira

A chef também dá consultoria gastronômica e aula de Gastronomia Funcional em cursos de pós-graduação. “Minha profissão atual se resume a dar um olhar sistêmico aos donos de estabelecimentos e aos meus alunos, entendendo que o resultado não vem somente através de um prato bem elaborado”, esclarece.

 

Porém, a história da chef no ramo da alimentação começou “após 12 anos de marketing e um acordo empresarial, eu decidi sair e, finalmente, estudar Gastronomia. Meu objetivo era me tornar uma conhecedora mais preparada para atuar no mundo da alimentação fora do lar. Afinal, o meu foco, até o momento, estava fundamentado no meu alicerce publicitário, mas eu precisava de um olhar de dentro para fora. A teoria aliada à prática constante me proporcionou um ponto de vista diferenciado, me mostrando a amplitude e a diversidade das oportunidades disponíveis. Outro detalhe fundamental foi o aprofundamento em higiene e manipulação, transformando toda a magia em uma fonte nutricional segura. Durante a faculdade, um sentimento de completude ia tomando conta, aliado à uma imensa paixão por esse universo fascinante. Mal sabia eu que a minha carreira estava a ponto de dar uma guinada e que essa experiência me traria uma base essencial para toda a transformação que estava por vir”, diz.

 

Foto:@misturastudiorn

 

Rosas conta que, enquanto ela ainda cursava Publicidade, recebeu um convite no primeiro ano de faculdade que mudou a sua vida profissional. “Fui convidada a trabalhar com Marketing na GR Serviços de Alimentação, visitando clientes e cozinhas diariamente.  Meu trabalho consistia em consolidar a comunicação, campanhas, eventos e treinamentos em clientes parceiros. Mas, em algum momento do meu dia, eu escapava e entrava na cozinha para conversar com o chef. Eu tinha um enorme prazer em ouvir todos os detalhes, desde a construção do cardápio, até a sua elaboração. O barulho das panelas, os movimentos acelerados da operação e o aroma da cozinha acariciavam a minha alma, me transportando para casa da minha vó, vivendo o sentimento de ‘comfort food’ com todo o meu ser”, confessa.

 

A chef revela também que, na sua concepção, o seu amor pela Gastronomia já estava escrito, já que o seu primeiro contato com esse ramo “começou na cozinha da minha avó, que traduzia todo o amor sentido em deliciosas receitas que só existiam na cabeça dela. Além disso, meus pais trabalhavam e ela nos cuidava quase que todas as tardes. Ali, foi meu grande laboratório. Fui crescendo e encontrando no magistério a minha fonte de prazer. Casei com 21 anos e mudei de São Paulo. Nessa época, surgiu a oportunidade de montar um restaurante/bar. Começamos vendendo bebidas e petiscos, mas, de repente, já tínhamos no cardápio as maravilhosas massas da minha infância com aquele aroma inebriante do molho de tomate caseiro. O restaurante foi um sucesso, o casamento não. Me separei e voltei para São Paulo, deixando o empreendimento para o ex-marido. Ao retornar, precisava de um emprego fixo para sustentar a minha família. Uma grande rede de fast food estava contratando gerentes trainees e abracei a oportunidade. Uma certeza eu tinha, queria permanecer no mundo da alimentação”, relembra.

 

Currículo de dar inveja

As experiências profissionais de Rosas são amplas e diversificadas, o que explica o seu currículo de dar inveja a qualquer chef. Seu primeiro trabalho na área da Gastronomia, por exemplo, ocorreu por meio de um estágio obrigatório, em que ela dividiu a cozinha com o Chef Manoel Coelho, no Restaurante Pellegrino. “Com ele, tive a oportunidade de ir à Ilha de Caras cozinhar para celebridades. Adorei a experiência e esse restaurante me acompanhou até ser convidada a estagiar no Restaurante Martin Berasategui estrelado Michelin, em Lasarte, na Espanha, o qual a minha universidade tinha parceria. A experiencia foi única, outra cultura, outra necessidade, outro ritmo. Trabalhávamos horas a fio. Foi exaustivo, intenso e cheguei a me perguntar: será que era isso que eu queria fazer? Mas, a vida se encarregou de responder essa pergunta”, garante.

 

Os Chefs de cozinha Andrea Rosas e Henrique Fogaça em evento de gastronomia

 

De volta ao Brasil, a chef recebeu uma proposta para fazer parte da equipe da área de Vendas da Nestlé, a maior empresa de alimentos e bebidas do mundo. “A empresa procurava ‘vendedores técnicos’. A partir desse momento, o mundo se abriu e todas as cozinhas dos meus clientes eram as minhas cozinhas. Conheci operações extremamente simples e outras sofisticadas ao extremo. A faculdade de Gastronomia me dava margem de manobra, conseguia operar em qualquer cozinha e vender. Assim, bati meta todos os meses e fui crescendo. Em quatro anos, tive cinco promoções e, finalmente, me estabeleci no cargo que me traduzia: Chef To Chef Manager, que nada mais era que a Gerente do Centro Técnico, a responsável por uma equipe nacional. A partir daí, me senti completa, podendo atuar em todas as áreas que tinha me aperfeiçoado. Sem querer, eu tinha montado uma tríade de sucesso: Marketing, conhecimento técnico e habilidade de Venda/Comunicação”, classifica.

 

A culinária de Andrea Rosas

Gastronomia saudável, leve e com muito sabor.Foto: @raphaelcriscuolo

Para Rosas, a sua culinária é composta por fases que sempre traduzem o seu atual momento pessoal e profissional. “Comecei reproduzindo tudo o que me aquecia a alma, tudo que era ‘comfort’ para mim. Somos um conjunto de sentidos e que cada um deles tem o poder de nos transportar ao nosso universo particular. Passei anos fazendo massas, molhos, ensopados, risotos e tudo que me trazia sensação de satisfação, de amor. Enfim, tudo o que me levava de volta ao colo da minha avó. No entanto, ao longo dos anos, percebi que aquela saudade da infância poderia ser ressignificada com a perspectiva da longevidade. Hoje, minha culinária é recheada de pausas, de alimentos naturais, de sabores da terra. Me especializei em Gastronomia saudável, leve, mas com muito sabor”, resume.

 

Ainda de acordo com a chef, hoje, a sua comida é inspirada no seu quintal. “Acaba de nascer meu primeiro tomate e já estou pensando em receitas quando eu tiver vários. Claro, tenho minhas receitas prediletas. De fazer e de comer, são as rãs à provençal que, curiosamente, não eram feitas na minha família, mas era o prato predileto de meu pai em um determinado restaurante. Consegui chegar no mesmo sabor. Ou, segundo minha mãe, aprimorei o que já era excelente (mãe a gente sempre concorda e sorri rs). Outro prato que amo fazer é o Vitel Toné, originalmente feito com vitela e, hoje, adaptado ao lagarto. Essa sim é uma receita de família derivada do original Vitello Tonnato, o pessoal adora! Na nova era, ainda visito risotos em versões tradicionais e naturais, amo o risoto de cevadinha com abóbora, acompanhado de citronete de chuchu. Minha cozinha é o meu templo”, define.

 

Gastronomia em tempos de pandemia de Covid-19

Conforme Rosas, trabalhar com Gastronomia em tempos de pandemia é um verdadeiro desafio, pois “exige muita criatividade, não somente na criação de pratos, mas também no formato da operação. Teremos que nos adaptar ao ‘novo normal’, encontrando alternativas para podermos nos restabelecer, após todos esses meses de perda devido à pandemia de Covid-19”, prevê.

 

A chef acrescenta ainda que a influência das mídias sociais nos negócios food service é “revolucionária! Hoje em dia, a pessoa chega a escolher o que vai comer no local através das fotos publicadas. O cliente já chega com a câmara a postos e com todos os sabores e aromas já criados na sua mente. Tem restaurantes mundo afora que já oferecem tripé, luz e outros acessórios que possam favorecer o produto. No meu ponto de vista, o prato e seus sabores estão hoje em dia em segundo plano. O importante é garantir o melhor ‘click’. Posso estar exagerando, mas, em algumas faixas etárias, o status de estar no local da moda com sua escultura alimentar faz total diferença”, alerta.

Dicas

Por fim, generosamente, Rosas desvenda que o segredo para alcançar o sucesso no atual mercado de alimentação fora do lar está em “pesquisar e estudar frequentemente. É preciso renovação, persistência, perseverança e muita paciência. Quem procura a profissão de chef de cozinha tem que, realmente, gostar de Gastronomia e do que faz, já que exige muita dedicação, perseverança e disciplina. Sugiro conhecer diferentes operações. Se tiver oportunidade, passar uns dias na cozinha de um restaurante e procurar cursos, assim vai testando o quão esse mundo é atrativo, comparando os prós e contras”, indica.

 

@chefandrearosas

Foto: misturastudiorn

Na Rede Food Service é assim. Por meio de histórias de sucesso como a da chef Andrea Rosas traduzimos o que é Vida de Chef e desvendamos todo o seu curioso bastidor.

 

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