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Do jornalismo para a gastronomia: conheça a vida de chef de Patrícia Bettencourt

Atual Chef de Cozinha do Restaurante Bela Sintra e também sócia do Dois Rios Restaurante garante que a sua rotina é intensa, mas que nunca se sentiu tão feliz

Chef Patricia 1
Chef Patricia 1

 

Da área de Comunicação Social para a área da Gastronomia. Esse é a história da vida de chef de Patrícia Sampaio Bettencourt, de 40 anos, a chef Patrícia Bettencourt.

 

Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, a atual Chef de Cozinha do Restaurante Bela Sintra, localizado em São Paulo, capital, e também sócia do Dois Rios Restaurante, que fica em Campos do Jordão, no interior do mesmo Estado, garante que a sua rotina é intensa, mas que nunca se sentiu tão feliz. “Hoje, eu me divido entre São Paulo e Campos do Jordão. A minha rotina é bem intensa, pois o nosso público é superexigente e o nosso serviço é à la carte. Por essa razão, eu tenho sempre que estar atenta para que tudo saia o mais perfeito possível. Porém, eu costumo dizer que nunca trabalhei tanto na vida, mas nunca fui tão feliz profissionalmente”, afirma.

 

Quem é Patrícia Bettencourt?

 

Casada com seu sócio, o Restaurateur Carlos Bettencourt, Bettencourt “é uma mulher feliz e realizada, que sempre teve que correr atrás das suas conquistas, pois acredita que a única coisa que cai do céu é chuva e nem é todos os dias. Talvez por essa razão, eu aprendi, desde cedo, que o que nos move é a gratidão por tudo que nos acontece na vida, incluindo os momentos difíceis. Pois, no final das contas, são esses momentos e como os encaramos que nos formam, nos moldam e nos transformam em quem somos e do modo como vemos a vida. Eu tenho a sorte de ser casada com alguém da área. Não sei como seria possível manter um casamento com alguém que trabalhasse em um ramo diferente. (risos). Nós trabalhamos juntos e entendemos a nossa rotina insana de trabalho. Por isso, valorizamos muito os momentos em casa e curtimos muito abrir um vinho e ver um bom filme nos momentos de lazer e, de vez em quando, sempre que podemos, fugimos para descansar nem que seja por cinco dias”, relata.

 

A Chef Patricia e o marido no Restaurante Dois Rios – Foto: Divulgação

 

Sobre o seu lado profissional, a chef assinala que é aquela que “ama o que faz. Que agradece, todos os dias, por ter tido coragem de mudar de profissão depois dos 30 anos. Eu nunca me senti tão pertencente à vida profissional como agora. Assim, eu realizo tudo com amor e dedicação, procuro sempre estudar, tenho inúmeros livros de Gastronomia e levo, ao pé da letra, um conselho de um querido amigo e colega de profissão chamado Mássimo Ferrari, que me disse uma vez em sua biblioteca onde tem apenas livros de Gastronomia: ‘Patrícia, esta é a melhor maneira de aprender’, apontando para as centenas de livros. O que mais me caracteriza e define hoje como chef é o amor. Eu acredito no comfort food, aquela comida bem executada claro, mas que te remete, de alguma maneira, a um momento feliz. Uma comida que te faz querer voltar a comer”, detalha.

 

Formação e experiência profissionais

 

Formada primeiramente em Comunicação-Social, com especialização em Jornalismo, Bettencourt, anos depois, também se formou em Gastronomia. No entanto, a chef garante que o seu contato e experiência com o universo da alimentação começou antes de tudo, ainda na sua infância. “O meu contato com a cozinha começou muito cedo, pois a minha mãe trabalhava fora durante a semana e, aos finais de semana, reunia a mim e as minhas irmãs na cozinha e era aquela festa. Ela nos deixava colocar a mão na massa e poder dizer orgulhosamente depois de um prato pronto: ‘foi eu que fiz’. Lembro-me de, aos 12 anos, fazer uns pãeszinhos que chamávamos de ‘Rabinho de Lulu’. Eu acho que dobrei a receita, pois fiz inúmeros pãeszinhos e tivemos que doar para a vizinhança. (risos). Mas, foi, aos 25 anos, que eu abri a primeira franquia Subway da minha cidade, em São José dos Campos. Na época, eu nem sonhava em cursar Gastronomia, mas já empreendi no ramo alimentício”, revela.

 

Foto: Divulgação

 

A chef acrescenta que “eu fiz Gastronomia na Hotec e eu não pretendia trabalhar em nenhum restaurante, pois queria fazer a faculdade, voltar para o interior e abrir um pequeno restaurante. Entretanto, surgiu a oportunidade de estagiar no Restaurante Bela Sintra. Assim, eu pensei: ‘o máximo que vai acontecer é aprender muita coisa’. Mas, mesmo assim, eu deixei claro na entrevista que pretendia abrir o meu restaurante um dia. Porém, estou no Bela Sintra até hoje e o meu marido é o fundador. E, juntos, nós abrimos um restaurante nem tão pequeno assim (risos), o Dois Rios Restaurante, em Campos do Jordão”, explica.

 

Sobre outras experiências profissionais na área de alimentação fora do lar, a chef partilha ainda que “eu tive uma experiência em Portugal, onde fiquei alguns meses trabalhando no extinto restaurante chamado S. Lá, eu pude beber da fonte e aprendi bastante coisa. Outras experiências que me marcaram logo no início da minha carreira, foram quando eu comecei a trabalhar no Bela Sintra, onde eu tive muitos desafios. Afinal, eu era a única mulher no meio de dezenas de homens. Com isso, eu sentia que tinha que mostrar a que tinha vindo. E, nesse contexto, eu tive uma queimadura de segundo grau e tive que me afastar por uns dias. Esse foi o primeiro desafio a ser enfrentado (risos). Mas, o que me marcou mesmo foi o exato momento em que eu senti que tinha conquistado a admiração e o respeito deles. Eu tinha trabalhado no almoço e no jantar de uma terça feira e, na quarta, sabia que chegariam os peixes. Acordei cedo e, mesmo cansada, estava lá às 8 da manhã. Haviam chegado 300 quilos de cavaquinha e 102 quilos de robalo. O Arnaldo, responsável pelos peixes, lá estava e eu cheguei e falei: ‘bom dia, vai cuidando das cavaquinhas que eu limpo os robalos’. Ele disse: ‘está bom, vai limpado aí que, quando eu terminar, as cavaquinhas vou te ajudar’. Olhei para aquela pilha de peixe e pensei: só saio daqui quando acabar. E acabei às 11:30 da manhã. Limpei, sozinha, 102 quilos de robalo. Eu me senti tão feliz, tão realizada. Parece besteira, mas, em dado momento, ouvi alguém na cozinha falar: ‘a chef limpou todos os robalos. E eram muitos.’ Acho que, naquele momento, eles entenderam quem eu era. Alguém sem frescura, que tinha encontrado o que a faria feliz profissionalmente”, detalha.

 

Rotina como Chef de Cozinha e empresária

 

Em relação à sua atual rotina como Chef de Cozinha em dois restaurantes, além de ser proprietária de um deles, Bettencourt avalia que “a vida de chef é uma rotina intensa de trabalho. Muitas horas por dia, muitas vezes no almoço e no jantar. Trabalhamos enquanto os outros se divertem. Não temos feriados ou finais de semana. Tem queimadura, cortes no dedo. O nosso local de trabalho é, literalmente, quente e requer muita atenção e habilidade para conduzir a equipe da melhor maneira quando o restaurante está lotado para que todos fiquem focados e o resultado seja nota 10. A vida de chef não tem nada de glamour (risos). Mas, acredita que já me falaram assim: ‘você é chef, mas não fica na cozinha né?’. Eu não consigo entender como seria ser chef e não estar na cozinha. No entanto, a verdade é que as pessoas não fazem ideia de como é a nossa rotina”, pontua.

 

Foto: Divulgação

 

A chef complementa que, “hoje em dia, além da cozinha, a minha parte preferida, eu também cuido dos eventos dos restaurantes, desde a elaboração do cardápio com o cliente, aluguel de louças e fechamento, das escalas da equipe, da decoração das flores, sugestão e elaboração do cardápio. Assim como, eu fico responsável pela criação de pratos novos”, divide.

 

Adaptações na rotina como Chef de Cozinha e empresária devido à pandemia de Covid-19

 

Assim como a maioria dos profissionais que atua com alimentação fora do lar, Bettencourt também sofreu diretamente os impactos sociais e econômicos da pandemia de Covid-19 juntamente com o seu marido, que é seu sócio. “Nós tivemos que nos reinventar na pandemia de Covid-19 e dois momentos me marcaram muito. O primeiro foi quando eu vi o a Bela Sintra fechado, pois eu nunca havia o visto fechado nem sequer um dia desde a inauguração. E o segundo foi quando tivemos que demitir alguns funcionários. Porém, eu acredito que, quando passamos por coisas assim, o nosso olhar sobre a vida muda. Percebemos que tudo pode mudar de uma hora para outra. Por isso, temos que ser gratos pela vida maravilhosa que temos. Por termos saúde, pois, sem ela, não somos nada. Em resumo, durante a pior fase da pandemia, meu marido e eu fomos para o nosso restaurante em Campos do Jordão, onde eu cozinhava e ele entregava a comida”, relata.

 

Atuais desafios e metas como Chef de Cozinha e empresária

 

Apesar de afirmar ser realizada como Chef de Cozinha e empresária, Bettencourt ressalta que também possui alguns desafios e metas profissionais. “Atualmente, o meu desafio diário é manter a qualidade dos pratos. Buscar sempre dar o meu melhor. Fazer tudo com amor, pois, no final, é isso que conta e faz a diferença. Apesar da rotina puxada, eu ainda sonho em ter uma doceria com doces conventuais. Eu amo a confeitaria e a panificação. É terapêutico para mim. Por isso, sempre que eu consigo tempo, faço um doce novo ou pão”, conta.

 

Foto: Divulgação

 

Visão de mercado e dica de Chef de Cozinha e empresária

 

Na concepção de Bettencourt, o mercado de alimentação fora do lar, hoje em dia, já ganhou outro conceito. “Atualmente, as pessoas não saem apenas para comer, mas sim para viver a experiência que cada restaurante oferece”, ressalta.

 

Nesse contexto, a chef assegura que para alcançar o sucesso no ramo food service hoje em dia como Chef de Cozinha é preciso “nunca deixar de estudar. Os livros serão seus melhores investimentos e melhores amigos. Faça tudo com amor e dedicação. Não queira pular de restaurante em restaurante. Crie raízes, pois precisamos plantar para colher os frutos”, aconselha.

 

Que verdadeira inspiração é a vida de chef de Patrícia Bettencourt, não é mesmo? Esperamos que tenha gostado de conhecê-la por meio de nós e aproveitamos a oportunidade para te convidar a continuar acompanhando a Rede Food Service. Pois, toda semana, a gente faz questão de desvendar e ilustrar o que, de fato, é a vida de chef para todos aqueles que sonham em seguir carreira nesse segmento tão promissor.

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