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DIA INTERNACIONAL DA MULHER: conheça 20 mulheres que conseguiram quebrar as barreiras no food service

Em entrevista exclusiva à nossa reportagem, mulheres que são exemplos reais de como é possível sim vencer diversos preconceitos contam as suas histórias e dão conselhos de como também chegar lá

Mulheres2024
DIA INTERNACIONAL DA MULHER - REDE FOOD SERVICE

 

É do seu conhecimento que, apesar das mulheres terem mais anos de estudo entre toda a população brasileira, elas ainda não ocupam nem 4 de cada 10 cargos gerenciais existentes no mercado de trabalho do nosso país? Que, no grupo de trabalhadores brasileiros com os maiores rendimentos por hora trabalhada, apenas 36,6% são mulheres? E que as trabalhadoras brasileiras recebem, em média, 20,5% menos do que os homens? Pois é!

 

Esses dados são fruto de um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e uma pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), respectivamente, e ilustram muito bem o quanto as mulheres ainda são discriminadas e precisam, cada vez mais, provarem os seus valores para alcançarem o sucesso profissional no mercado de trabalho brasileiro.

 

No food service atualmente, 52% de quem trabalha em bares e restaurantes no Brasil é mulher, de acordo levantamento realizado recentemente pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), sendo baseado em dados da Receita Federal, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do Trabalho e outras fontes oficiais.

 

Durante todo o ano, nós da Rede Food Service, temos muitas mulheres participando de nossas matérias e conteúdos das mais diversas formas. Hoje, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, não poderia ser diferente. Além da edição especial da nossa Revista Digital que este mês traz na capa MULHERES NO FOOD SERVICE, a diversidade de causas que constrói um universo de exemplos”, trazemos nesta matéria exclusiva a participação de 20 mulheres que conseguiram, literalmente, quebrar as barreiras existentes no mercado de food service.

 

CATERINE PAIVA, GERENTE INDUSTRIAL DA SORVETE LOS LOS

 

Caterine Paiva, de 35 anos, é graduada em Engenheira de Alimentos, sendo a atual Gerente Industrial da Sorvetes Los Los, tradicional marca de gelatos que, desde 2014, fornece freezers em modelo comodato ao invés de disponibilizar aquisições de franquias. E que, com essa estratégia, permitiu que diversos estabelecimentos, como restaurantes, bombonieres e varejistas, pudessem oferecer os picolés da marca, o que trouxe mais de 3 milhões de novos consumidores e um crescimento acelerado para a empresa.

 

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Caterine Paiva

 

A experiência de Paiva com o universo da alimentação fora do lar teve início “há um pouco mais de três anos. A Los Los desenvolveu a sua linha de sorvetes de massa e, além dos potes para consumidor final, temos também a versão food service, com sabores desenvolvidos apenas para esse segmento, considerando as suas necessidades e peculiaridades. Eu sou a responsável pelo desenvolvimento de todos os produtos da Sorvetes Los Los, desde a formulação, protótipos, até o produto final que irá para o consumidor, e também sou a responsável pela produção. Como Gerente Industrial, sou a responsável por tudo relacionado à produção. E, hoje, principalmente quando falamos da área produtiva e da área de manutenção, são poucas as mulheres que exercem esse cargo. Mas, atualmente, eu já sou bem aceita e respeitada por todos. No entanto, no começo, é sempre difícil, uma vez que muitas pessoas acham que você não tem capacidade porque é delicada e etc. Porém, podemos ser delicadas e ainda sim respeitadas”, assegura.

 

Na visão da Gerente Industrial, “ainda existem muitas barreiras a serem quebradas pelas mulheres por aí, principalmente, quando falamos de equiparação salarial. Hoje, na minha equipe, eu já tenho mulheres exercendo cargos que, antigamente, eram apenas exercidos por homens. Mas, certamente, temos um longo caminho pela frente, pois esse é apenas um recorte do que acontece no país. Por isso, para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos que, normalmente, eram ocupados por homens no segmento food service, eu digo que NÃO PENSEM QUE VOCÊS NÃO TÊM CAPACIDADE E NÃO MUDEM O JEITO/POSTURA PARA EXERCEREM O PAPEL. NÃO PRECISAMOS NOS MASCULINIZAR PARA FAZERMOS UMA ATIVIDADE ANTES FEITA APENAS POR HOMENS. PODEMOS E DEVEMOS MANTER A NOSSA ESSÊNCIA”, recomenda.

 

ELIANA WEBER, SÓCIA-ADMINISTRATIVA DA CACHAÇARIA WEBER HAUS

 

Eliana Weber é Sócia-Administrativa da cachaçaria Weber Haus, que é a produtora das cachaças mais premiadas do Brasil. A empresária partilha que o seu contato com o universo food service, mais especificamente com o de bebidas, começou desde criança, “quando o meu pai decidiu, em 1948, fundar uma cachaçaria. A empresa foi fundada pelo meu pai, Hugo Weber, porém, a minha mãe, Eugênia Weber, foi uma importante aliada dele para conseguir que a empresa crescesse cada vez mais. Durante muitos anos, ela esteve no comando da empresa junto com o meu pai, onde ela fazia de tudo: trabalhava na roça, destilava cana, rotulava, engarrafava e fazia as vendas. E todos esses ensinamentos foram passados para mim e para os meus irmãos, que aprendemos tudo na roça. E, depois de estudar muito e entender todo o processo, foi que eu e os meus irmãos decidimos assumir o comando da empresa na virada do milênio e fazer uma reestruturação completa. Assim, ampliamos o nosso portfólio, passamos a vender nossos produtos em outros Estados e conquistamos novos espaços. Hoje, como Sócia-Administrativa da Weber Haus, eu atuo mais na área de administração da empresa, tendo assim uma ampla visão de todos os seus setores, pois trabalho nela desde criança, e, assim, acabei precisando fazer de tudo um pouco. E ter esse conhecimento facilita muito hoje em dia nos processos, já que tudo começa no processo produtivo da cachaça. E, no administrativo, eu comecei na área financeira, onde eu sou a responsável até hoje, mas, nos atuais dias, estou atuando mais na gerência junto com os meus dois irmãos”, compartilha.

 

Eliana Weber 1
Eliana Weber 1

 

Para Weber, “é essencial que exista diversidade no atual segmento food service, uma vez que, só assim, é possível entender diferentes pontos de vista e caminharmos para um mercado mais justo e igualitário. Hoje, nós mulheres ocupamos cargos que, até então, no passado, era impossível de imaginar que um dia ocuparíamos. Então, estamos dando passos importantes. E, cada vez mais, é possível encontrar mulheres que trabalham como bartenders, que são donas de cervejarias e empresas de bebidas ou que trabalham na produção de destilados. E ver como elas estão avançando em um mercado que, até pouco tempo era predominantemente masculino, é muito gratificante. Por isso, para as mulheres que ainda acham ser impossível trabalhar no ramo de bebidas, eu digo para elas que ACREDITEM NO SEU POTENCIAL E VÃO EM FRENTE. BASTA QUERER, ESTUDAR E SE CAPACITAR E NÃO DEIXAREM NINGUÉM SUBESTIMAR A SUA CAPACIDADE APENAS PELO FATO DE VOCÊ SER UMA MULHER, POIS NÓS SOMOS CAPAZES E PODEMOS SER O QUE NÓS QUISERMOS”, afirma.

 

FLAVIA MADUREIRA, DIRETORA DE OPERAÇÕES E LOGÍSTICA DA EXPOCACER

 

Flavia Madureira Horta Nunes, de 50 anos, é formada em Administração de empresas, com Pós-Graduação em Gestão Estratégica de Pessoas e MBA em Gestão de Processos. Atualmente, como a Diretora de Operações e Logística da Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado (Expocacer), onde 38% dos líderes são mulheres, ela relata que o seu contato com o mundo food service começou “em 2017 e com o agro, data essa em que iniciei os trabalhos na Expocacer. Mas, para entender o ‘como’, eu tenho que voltar alguns anos no passado. Eu conheci a cidade de Patrocínio, interior de Minas Gerais, em 2008, quando eu trabalhava na FIAT Automóveis, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, na área de Consultoria, Treinamento e Implantação de Projetos para as Concessionárias. Lá, eu fui designada para a implantação de projetos de Gestão de Pessoas e CRM na concessionaria Navelli. No entanto, acabei me mudando para Patrocinio por enxergar lá uma região de grandes oportunidades pela grandiosidade do universo agro que possui. Assim, em 2017, eu fui convidada pela Expocacer para assumir a posição de Gerente de Processos e, dessa forma, eu iniciei a minha trajetória no universo agro”, relembra.

 

Flavia Madureira
Flavia Madureira

 

Nos atuais dias, Nunes partilha que “eu assumo a posição de Diretora de Operações e Logística da Expocacer, que é a área que administra os armazéns da Expocacer. A nossa capacidade estática para armazenamento é de 1 milhão de sacas. E, com estrutura e maquinários de última geração, movimentamos, entre recebimento e embarque, mais de 30 mil sacas diariamente. O nosso maquinário possui capacidade nominal de processamento de 8 mil sacas por dia e contamos com um quadro de pessoal de 140 colaboradores, distribuídos entre setores administrativos, portaria, balança, classificação e operação de café (recebimento, preparo, embarque). Os armazéns da Expocacer são credenciados na B3 e as nossas instalações são adequadas para receber cafés certificados, cumprindo com todos os protocolos socioambientais. As nossas certificações Região do Cerrado, Rainforest Alliance, Nespresso AAA Programa de Qualidade Sustentável, Nescafé Origens do Brasil, C.A.F.E. Pratices, 4C, Fairtrade, Certifica Minas e Orgânico atestam o nosso trabalho”, realça.

 

A Diretora de Operações e Logística da Expocacer destaca também que, “no histórico da Expocacer, nunca uma mulher havia ocupado a posição de Diretora de Operações e Logística. E, até onde eu sei, essa é a primeira vez. É uma posição um tanto quanto desafiadora, principalmente, em um ambiente historicamente masculino. Eu, particularmente, não me sinto incomodada com essa situação. Primeiro, porque eu acredito que posições de liderança ou cargos de gestão são ocupados por profissionais que demonstram competência e habilidades para a realização e entrega de resultados. E entrega de resultados pode ser feita por qualquer sexo. Mas, mesmo pensando assim, para mim, não deixou de ser desafiador assumir essa posição em 2022. E, dentre as maiores dificuldades encontradas, a construção de confiança da equipe é o maior desafio. Não é o processo, a operação e nem o produto e sim as pessoas foram meu maior desafio. Pois, construção de confiança não é fácil, precisa de tempo, esforço, persistência e caráter, muito caráter”, endossa.

 

Nunes dialoga ainda que “é estranho falar da importância das mulheres no Agro. Eu enxergo a importância da mulher no mercado de trabalho como um todo. Mulheres são mais preocupadas com detalhes, mais sensitivas, mais persistentes, cuidadosas e protetoras. São instintos naturais que levamos para a estrutura organizacional. Algumas atividades se sobressaem quando alinhamos os pré-requisitos dos processos organizacionais com o perfil profissional e características comportamentais das mulheres. E lugar de mulher é onde ela quiser. Essa frase é uma verdade límpida, transparente, pois, realmente, as mulheres podem ocupar os postos que quiserem no mercado de trabalho, mas isso se tiverem as competências técnicas e comportamentais necessárias ao desempenho da função. Barreiras e preconceitos sempre irão existir, já que a nossa cultura ainda é masculinizada e, em algumas estruturas organizacionais, é ainda mais forte. E como quebramos esses preconceitos? Mostrando resultados melhores, simples assim! Não adianta querermos estar em posições somente por estar. O reconhecimento só aparece quando os resultados são positivos. Por isso, para as mulheres que tem receio de exercerem cargos tidos como masculinos eu deixo o seguinte recado: ‘CERTA VEZ, UM CÃO ESTAVA QUASE MORTO DE SEDE, PARADO JUNTO À ÁGUA. TODA VEZ QUE ELE OLHAVA O SEU REFLEXO NA ÁGUA, FICAVA ASSUSTADO E RECUAVA, PORQUE PENSAVA SER OUTRO CÃO. FINALMENTE, ERA TAMANHA A SUA SEDE, QUE ABANDONOU O MEDO E SE ATIROU PARA DENTRO DA ÁGUA. COM ISSO, O REFLEXO DESAPARECEU. O CÃO DESCOBRIU QUE O OBSTÁCULO – QUE ERA ELE PRÓPRIO -, A BARREIRA ENTRE ELE E O QUE ELE BUSCAVA, HAVIA DESAPARECIDO’. NÃO FIQUE PARADA NO MEIO DO SEU PRÓPRIO CAMINHO. SE ESSA BARREIRA FOSSE ALGUMA OUTRA PESSOA, VOCÊ PODERIA SIMPLESMENTE SE DESVIAR. MAS, MUITAS VEZES, NÓS SOMOS A NOSSA PRÓPRIA BARREIRA. VOCÊ NÃO PODE DESVIAR DE VOCÊ MESMA. QUEM VAI DESVIAR-SE DE QUEM? SE VOCÊ DEIXAR, A SUA BARREIRA TE SEGUIRÁ COMO UMA SOMBRA. NÃO DEIXE QUE OS SEUS MEDOS E INSEGURANÇAS A IMPEÇAM DE CHEGAR AONDE SE QUER. DESAFIOS E MUDANÇAS CAMINHAM JUNTO COM OPORTUNIDADES E CRESCIMENTO”, alerta.

 

GISLAINE DE FREITAS, GERENTE DE MARKETING DA CASTELO ALIMENTOS

 

Gislaine Pavani de Freitas, de 47 anos, é Pós-Graduada em Administração de Marketing, sendo a atual Gerente de Marketing da Castelo Alimentos, a maior empresa de vinagres da América Latina.

 

Gislaine Pavani de Freitas
Gislaine Pavani de Freitas

 

A experiência de Freitas no mercado food service iniciou “desde quando o food service ainda era um universo pouco explorado. Desde essa época, eu já acompanhava o potencial de crescimento e o comportamento das pessoas mudando, a vida moderna exigindo praticidade, facilitando o dia a dia, principalmente, devido ao aumento de mulheres no mercado de trabalho. Com isso, a Castelo, que já fabricava seus vinagres, que são o carro chefe em embalagens maiores, ampliou o atendimento tanto para restaurantes, cozinhas industriais, como para pequenos fabricantes/empreendedores e indústrias que queriam um produto de qualidade assegurada como matéria-prima na fabricação de seus produtos. Hoje, eu sou a Gestora da área de Marketing. Nós trabalhamos para estudar e desenvolver produtos que tenham potencial no canal food service e também dando todo o suporte no desenvolvimento de conteúdo para a realização dos treinamentos da equipe de vendas e trade, oferecendo informações que possam contribuir com os diversos segmentos dentro do food service. E, pensando na necessidade de auxiliar os profissionais na agilidade do preparo das receitas e no rendimento/porções para que possam calcular o valor do prato e tenham uma gestão do ticket médio do seu estabelecimento, auxiliamos nas combinações dos produtos com cada tipo de ingrediente que harmonize com as receitas e uma experiência sensorial completa para que, quem for vender os nossos produtos, saiba e conheça exatamente o que é e para que serve cada um, podendo ser além de vendedor, um consultor”, esmiuça.

 

De acordo com a Gerente de Marketing da Castelo Alimentos, “eu não vejo nenhuma barreira em exercer um cargo de liderança e os desafios, ao meu ver, são os mesmos do que um homem teria. Não tenho essa visão feminista e acredito que há espaço para todos, desde que haja competência, humildade e resiliência. A mulher, por sua vez, tem o perfil multitarefas, consegue ter a visão do todo, além de ser mais sensível aos detalhes. Então, consegue extrair o melhor da equipe, perceber as deficiências e necessidades e adequar as suas ações de forma individualizada e personalizada, além de ter mais cautela em correr riscos. Por isso, quando realiza, é porque tem muita estratégia e estudo nos bastidores. Não é regra, pois muitos homens também podem ter esse perfil à medida que se preocupam com autoconhecimento. Mas, em geral, as mulheres se destacam. E lugar de mulher é onde ela quiser, pois eu acredito que as barreiras que existem, se é que existem, não são apenas do food service e sim em geral. E, se formos a fundo, as barreiras são criadas pelos próprios profissionais”, pondera.

 

Para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos de liderança, Freitas sinaliza que “CONFIEM EM SEU POTENCIAL, SE PREPAREM, BUSQUEM CONTEÚDO, ACOMPANHEM AS TENDÊNCIAS E NUNCA DEIXEM DE OUVIR, PORQUE, TODOS OS DIAS, A VIDA ENSINA DE FORMAS DIFERENTES E POR MEIO DAS PESSOAS E ACONTECIMENTOS. NÃO TENHAM MEDO DE ERRAR, POIS FAZ PARTE DO PROCESSO”, indica.

 

GIULIA NINELLI, DIRETORA COMERCIAL, TRADE E MARKETING DA FUGINI

 

Giulia Ninelli, formada em Administração pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atualmente, exerce o cargo de Diretora Comercial, Trade e Marketing da Fugini Alimentos, empresa fundada por dois homens, mas que já alcançou 50% de mulheres no seu quadro de liderança. “Desde que eu entrei na equipe da Fugini Alimentos, mergulhei de cabeça no dinâmico universo do food service, trabalhando tanto no desenvolvimento de novos produtos, quanto na área Comercial e de Vendas. Eu tenho testemunhado, em primeira mão, o potencial e a empolgação que permeiam esse mercado em constante expansão no Brasil. Na Fugini, não nos contentamos em seguir as tendências, nós as criamos. Por isso, estamos, constantemente, inovando e adaptando os nossos produtos para atender às demandas em evolução do food service. Desde opções prontas para o consumo, até ingredientes versáteis para chefs criativos, buscamos oferecer soluções que não apenas atendam, mas também superem as expectativas dos nossos clientes. O mercado food service é um verdadeiro campo de oportunidades e, com o aumento do interesse por experiências gastronômicas únicas e personalizadas, há espaço para crescimento e diferenciação como nunca antes. Asim, estamos atentos às essas oportunidades e continuamos a explorar novas maneiras de nos destacarmos, seja por meio de parcerias estratégicas, desenvolvimento de produtos inovadores ou serviços excepcionais. No Grupo Fugini, não apenas fazemos parte do cenário do food service, mas estamos moldando ativamente o seu futuro. E eu estou empolgada em fazer parte dessa jornada e ansiosa para ver para onde nossas ideias e iniciativas nos levarão a seguir”, relata.

 

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Giulia

 

Como Diretora Comercial, Trade e Marketing da Fugini Alimentos, Ninelli é a “responsável pela equipe de Vendas em todo o Brasil, contratando representantes e verificando performances. No dia a dia, eu também visito clientes e monto políticas comerciais junto com o Auro Ninelli, Diretor da Fugini, e toda a equipe da Fugini. Para mim, ocupar um cargo que, tradicionalmente, era exercido por homens tem sido uma experiência empoderadora e gratificante. Desde o início da minha carreira, eu nunca me deparei com muitos problemas em relação ao preconceito de gênero, o que é algo pelo qual sou muito grata. No entanto, isso não significa que não enfrentei desafios ou dificuldades ao longo do caminho. Um dos maiores desafios que enfrentei foi provar a minha competência e habilidades no ambiente corporativo, pois também sou relativamente jovem e sucessora na empresa. E, embora eu tenha sido acolhida pela maioria dos meus colegas, ocasionalmente, eu me deparei com situações em que precisei trabalhar duro para ser levada a sério ou para ter minhas ideias e contribuições valorizadas. No entanto, acredito que essas são questões que a maioria dos profissionais acaba se deparando em algum momento da vida profissional. Além disso, no Grupo Fugini, a questão da representação feminina em cargos de liderança é forte. Somos um grupo com uma diversidade de gênero muito equilibrada a tenho muitos modelos femininos e masculinos para me inspirar. Assim como, ao longo do tempo, eu aprendi a transformar esses desafios em oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Busquei fortalecer as minhas habilidades de comunicação, liderança e assertividade, garantindo que minha voz fosse ouvida e as minhas contribuições reconhecidas. Além disso, encontrei apoio em muitos profissionais que me ofereceram orientação, encorajamento e camaradagem. Agora, ocupar um cargo que, anteriormente, era predominantemente ocupado por homens é uma fonte de orgulho para mim. Sinto-me parte de uma mudança positiva em direção a uma maior diversidade e inclusão no local de trabalho e estou comprometida em continuar a abrir portas para outros profissionais que desejam seguir carreiras semelhantes. Afinal, eu acredito, firmemente, que a diversidade traz perspectivas únicas e enriquece a tomada de decisões, contribuindo para um ambiente de trabalho mais dinâmico, inovador e equitativo para todos”, garante.

 

Ninelli complementa que, “no setor de food service, assim como em muitos outros campos, há uma mudança contínua em direção à igualdade de gênero e à quebra de barreiras tradicionais. Cada vez mais, vemos mulheres assumindo papéis de liderança em restaurantes, bares, hotéis e outras áreas do serviço de alimentação. Entretanto, ainda existem desafios a serem superados. E esses obstáculos podem se manifestar de várias formas e é fundamental reconhecer esses desafios e trabalhar para superá-los. Assim, empoderar mulheres por meio de programas de mentoria, por exemplo, promover uma cultura de inclusão e igualdade dentro das organizações e garantir políticas de recursos humanos são passos importantes para criar um ambiente onde todas as pessoas, independentemente do gênero, possam prosperar em suas carreiras no setor de food service. Portanto, enquanto avançamos em direção à uma maior diversidade de pessoas na atuação do mercado de food service, é crucial reconhecer que ainda há trabalho a ser feito para eliminar completamente o preconceito e as barreiras que os profissionais enfrentam no campo do food service e em outros setores”, destaca.

 

Já quando questionada sobre qual é a real importância das mulheres hoje em dia no food service, a Diretora Comercial, Trade e Marketing da Fugini Alimentos assinala que é visível e já sentida. Nós não apenas trazemos uma energia vibrante e uma abordagem inovadora para a indústria, mas também desempenhamos um papel crucial em todas as etapas da cadeia. As mulheres estão na vanguarda da criatividade culinária. A paixão pela comida e a atenção aos detalhes elevam o padrão do mercado, inspirando novas tendências e conceitos. Além disso, as mulheres estão desempenhando papéis essenciais na gestão e liderança de estabelecimentos de food service, trazendo uma abordagem colaborativa e inclusiva para as equipes. Sua capacidade de cultivar um ambiente de trabalho positivo e de apoiar o crescimento profissional de seus colegas é fundamental para o sucesso de qualquer negócio no setor. Em resumo, a presença e a contribuição das mulheres no food service não só são importantes, mas essenciais para impulsionar a inovação, promover a diversidade e garantir o crescimento sustentável do setor. Por isso, para as mulheres que não se enxergam assumindo cargos que, antigamente, eram mais ocupados por homens no segmento de food service, eu gostaria de deixar o seguinte recado: NÃO PERMITAM QUE O MEDO OU A INCERTEZA IMPEÇAM VOCÊS DE PERSEGUIREM SEUS OBJETIVOS E SONHOS PROFISSIONAIS. LEMBREM-SE DE QUE AS BARREIRAS DE GÊNERO ESTÃO SENDO DESAFIADAS E SUPERADAS A CADA DIA E VOCÊS TÊM TODO O DIREITO E A CAPACIDADE DE OCUPAREM QUALQUER CARGO QUE DESEJAREM NESTE SETOR. TENHAM CONFIANÇA EM SUAS HABILIDADES E QUALIFICAÇÕES. VOCÊS TRAZEM UMA PERSPECTIVA ÚNICA E VALIOSA PARA A EQUIPE QUE PODE CONTRIBUIR SIGNIFICATIVAMENTE PARA O SUCESSO DO NEGÓCIO. SEJAM PERSISTENTES, ESTEJAM DISPOSTAS A APRENDER E CRESCEREM CONTINUAMENTE E NÃO TENHAM MEDO DE ENFRENTAR DESAFIOS. BUSQUEM APOIO EM REDES DE SUPORTE, COMO MENTORAS, COLEGAS DE TRABALHO SOLIDÁRIAS E GRUPOS PROFISSIONAIS VOLTADOS PARA MULHERES NO SETOR DE FOOD SERVICE. COMPARTILHEM EXPERIÊNCIAS, APRENDAM UMAS COM AS OUTRAS E SE INSPIREM MUTUAMENTE PARA ALCANÇAREM OS SEUS OBJETIVOS. LEMBREM-SE DE QUE A MUDANÇA ACONTECE GRADUALMENTE E CADA PASSO QUE VOCÊS DÃO EM DIREÇÃO À IGUALDADE DE GÊNERO NO LOCAL DE TRABALHO CONTRIBUI PARA UM FUTURO MAIS JUSTO E INCLUSIVO. VOCÊS SÃO CAPAZES E MERECEDORAS DE OCUPAR QUALQUER POSIÇÃO QUE DESEJAREM. ACREDITEM EM SI MESMAS E SIGAM EM FRENTE COM DETERMINAÇÃO E CORAGEM”, sinaliza.

 

JAMILY DA SILVA MOURA, COORDENADORA TÉNICA DA RATIONAL BRASIL

 

Jamily da Silva Moura, de 33 anos, é formada em Engenharia de Produção, sendo a atual Coordenadora Técnica da RATIONAL Brasil, empresa líder no mercado mundial de tecnologia para o preparo de refeições quentes em cozinhas profissionais.

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A vivência de Moura com o setor de alimentação fora do lar foi iniciada “há 13 anos e como estagiária. Desde o início da minha carreira, eu sempre busquei trabalhar em uma área com desafios diários, sem uma rotina previsível. Acabei encontrando essa dinâmica no setor de food service, apesar de nunca ter me imaginado nele. Como Engenheira, eu sempre imaginei que trabalharia na gestão de uma fábrica. No entanto, Deus reservou para mim uma área completamente inesperada. Afinal, quem poderia imaginar que existe um mundo de tecnologia dentro de uma cozinha? Eu comecei como estagiária e, ao longo dos anos, surgiram oportunidades para ministrar treinamentos técnicos. Essa fase foi uma das mais desafiadoras e de crescimento profissional para mim, pois tive que aprender a lidar e a me posicionar em meio a um ambiente predominantemente masculino. Atualmente, eu sou a responsável pelo desenvolvimento técnico da região Norte e Nordeste, além de suporte técnico e treinamento de todas as assistências técnicas a nível Brasil. E, ao longo desses 13 anos nessa área que amo, eu conquistei o meu espaço e a admiração de muitas pessoas”, comemora.

 

Conforme a Coordenadora Técnica da RATIONAL Brasil, ocupar um cargo que, normalmente, é mais exercido por homens “é desafiador, pois sabemos que essa é uma área profundamente machista, onde, constantemente, somos obrigadas a provar o nosso conhecimento e competência. Enquanto os homens são aceitos com mais facilidade, nós, mulheres, precisamos demonstrar o nosso valor duas vezes mais, pois estamos sempre sujeitas a ser julgadas. E, durante as minhas visitas às cozinhas, seja para fornecer suporte ou treinamento, frequentemente, nos deparamos com frases que aparentemente são inocentes, mas que carregam consigo preconceitos tanto por parte de homens, quanto de mulheres. É como diz o ditado popular: ‘um homem machista foi criado por uma mulher machista’. E algumas dessas frases incluem: ‘nossa, uma mulher vai arrumar o forno/equipamento’, ‘você sabe mexer nesse equipamento?’, ‘você vai receber treinamento técnico de uma mulher’, ‘você sabe bastante para uma mulher’, entre outras. Entretanto, nós mulheres desempenhamos um papel essencial no setor de food service. Hoje, já ocupamos posições de liderança, trazemos inovação culinária e somos grandes empreendedoras, além de compormos uma parte significativa da força de trabalho”, enfatiza.

 

Já deu para perceber que, para Moura, lugar de mulher também é onde ela quiser, certo?  Nesse sentido, ela divide ainda que “se uma mulher se sente capacitada, realizada e apaixonada pelo que está fazendo, ela, certamente, irá brilhar em qualquer área que escolher. O lugar de uma mulher é onde ela decidir estar e o seu potencial é ilimitado. Quando uma mulher segue sua paixão e se dedica ao que ama, ela não apenas alcança o sucesso, mas também inspira outros ao seu redor. Por isso, para as mulheres que ainda têm medo de exercerem cargos ‘masculinos’, eu digo que sempre haverá barreiras ou preconceitos para nós. Porém, como qualquer área ou atividades que nos proponhamos a fazer, para conquistamos o nosso espaço, depende somente de nós. Basta ter persistência e dedicação. Além disso, JAMAIS PERMITA QUE OUTRAS PESSOAS DIGAM QUE VOCÊ NÃO TEM CAPACIDADE PARA REALIZAR UMA DETERMINADA TAREFA, POIS VOCÊ TEM TODO O POTENCIAL E É CAPAZ DE FAZER O QUE QUISER!, garante.

 

LARISSA TOSI, CFO DA EAIBURGUER

 

Larissa Tosi Campielo Terra, de 32 anos, é graduada em Design de Moda, e, atualmente, é CFO da EaiBurguer, uma rede de franquias de fast-food gourmet com 16 unidades espalhadas pelo Brasil, sendo seis no interior de São Paulo (Sorocaba, Jundiaí, Campinas, Ribeirão, Ilhabela e Piracicaba), além de lojas na capital paulista e na Bahia, assim como em Santa Catarina.

 

Larissa Tosi Campielo Terra
Larissa Tosi Campielo Terra

 

A história de Terra com o setor de alimentação fora do lar começou “na pandemia de Covid-19, em 2020, quando a empresa de marketing digital do meu companheiro, o Lucas, começou a perder vários clientes e, infelizmente, quebrou. E, como ele sempre cozinhou muito bem, dei a ideia de começarmos a vender hambúrguer para ter uma renda extra. Ele gostou da ideia e começamos a fazer os testes dos produtos que duraram em torno de três meses. Nesse meio tempo, nós criamos um Instagram e começamos a soltar fotos e vídeos dos nossos lanches. E, a partir dali, já começaram os pedidos. Começamos no nosso apartamento e, no primeiro final de semana, vendemos super bem. Logo depois, tivemos que ir para um espaço maior e alugamos um espaço de uma marmitaria no período da noite. Na época, eu ainda trabalhava no meu antigo emprego como estilista no período da manhã/tarde e, de noite, ia pra cozinha para produzir os hambúrgueres. Eu ficava na montagem e embalagem e o Lucas na chapa. Ficamos seis meses na produção. Atualmente, eu cuido do administrativo e do financeiro de cinco empresas, sendo uma franqueadora e quatro lojas próprias. Eu tenho uma equipe que me ajuda no dia a dia. E eu e o Lucas cuidamos de setores diferentes. Porém, nunca tomamos decisões sem consultar um ao outro. Temos muito respeito e isso é muito importante quando se trabalha com seu parceiro”, relata.

 

Para a CFO, ocupar um cargo que, comumente, era tido como ‘de homens’, hoje, é tranquilo e motivo de comemoração. No entanto, ela revela que não foi sempre assim. “Hoje em dia, eu não tenho mais dificuldades quanto a isso, mas, no começo, foi muito difícil. Eu sentia que não tinha lugar de fala e, quando tínhamos alguma determinada reunião, sempre se direcionavam para o Lucas e, logo em seguida, ele mencionava que quem era responsável por tal setor era eu. Assim, as pessoas direcionavam as perguntas a mim. Assim como, a maior dificuldade é ser jovem e mulher e saber se impor perante as pessoas e homens no qual tenho que lidar no dia a dia. Tento sempre buscar o respeito sem ter que faltar com educação ou nada do tipo. Até porque eu acho super necessário ter mulheres inseridas no ramo food service. Temos uma visão nova, diferente e super essencial para o mercado.  Por isso, precisamos inserir as mulheres em todos os lugares. Não acredito que isso ou aquilo seja trabalho de homem ou de mulher. O LUGAR DA MULHER É ONDE ELA QUISER ESTAR. TEMOS QUE NOS IMPOR, MOSTRAR O NOSSO POTENCIAL E IR PRA CIMA. NÃO PODEMOS PENSAR QUE ISSO OU AQUILO É COISA DE HOMEM. HOJE, PODEMOS SER E EXERCER O PAPEL QUE DESEJARMOS. EU ACHO QUE, HOJE EM DIA, A MULHER PODE SER, ESTAR E FAZER O QUE ELA QUISER. NÃO PODE TER MEDO, TEM QUE IR PRA CIMA. NÓS TEMOS O NOSSO DIFERENCIAL E TEMOS QUE SABER IMPOR E MOSTRAR ISSO. NÓS SEMPRE BUSCAMOS TER O NOSSO LUGAR DE FALA E, QUANDO CHEGA O MOMENTO, PRECISAMOS MOSTRAR PARA O QUE VIEMOS”, realça.

 

LUCIANE, MOTORISTA DE CARRETA DO GTFOODS

 

Lucilene dos Santos Aragão Paixão, de 36 anos, é motorista de carreta do GTFoods, o sexto maior frigorífico do Brasil. A sua história com o universo da alimentação fora do lar começou “no ano de 2013, em uma usina de açúcar e álcool. Hoje, eu faço a entrega do produto final e acabado do que é produzido pela GTFoods, no Paraná, para todo o Brasil. A empresa, além de ser a sexta maior produtora de carne de frango do Brasil, é também uma das dez maiores exportadoras dessa proteína no país. Como motorista, eu faço parte da equipe que coloca o alimento nas mesas das pessoas”, ressalta.

 

Lucilene dos Santos Aragão Paixão
Lucilene dos Santos Aragão Paixão

 

Para Paixão, exercer um cargo ‘masculinizado’ é uma “conquista ímpar. As mulheres, de certa maneira, sempre trabalharam, seja em casa ou ajudando o esposo na lavoura e não eram reconhecidas por isso. Mas, hoje, após tanto esforço, dedicação e com a conscientização da sociedade, alcançamos reconhecimento, o que é muito satisfatório. As dificuldades são muitas, como em todos os sonhos, projetos e desafios a cumprir. Mas, com uma equipe bem treinada e colaboradores unidos, vamos vencendo a cada dia todas elas. Afinal, precisamos levar o sagrado pão de cada dia para as nossas casas e somar renda com a família”, argumenta.

 

A motorista de carreta do GTFoods compartilha também que “as mulheres têm um papel importante no mercado food service, pois muitas carregam consigo o conhecimento sobre diversos alimentos, desde a sua conservação e preparo, já que é algo que a maioria aprende antes mesmo da vida adulta. Isso facilita na hora de pensar em formas que façam com que os mais diversos tipos de alimentos cheguem à mesa do consumidor com qualidade e respeitando as normas da segurança alimentar. Por isso, ser reconhecida com iguais oportunidades é fundamental. No entanto, ainda há sim alguns preconceitos e pensamentos retrógrados sobre a mulher atuar no mercado de trabalho do food service. Mas, eu acredito que trabalhar com uma equipe que oriente e conscientize os colaboradores é essencial. Logo, não vamos mais precisar falar sobre esse assunto que tanto desmotiva algumas mulheres. E, para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos mais ocupados por homens no segmento food service, eu digo que “TENHAM SONHOS E ACREDITE NELES. BUSQUEM, VÃO ATRÁS DAS OPORTUNIDADES E NÃO DEEM OUVIDOS A NADA NEGATIVO”, indica.

 

LUDMILA ALCÂNTARA, SUPERVISORA DE FOOD SERVIE NACIONAL DA BEM BRASIL

 

Ludmila Alcântara, de 38 anos, é graduada em Gestão de Marketing e, atualmente, é a Supervisora de Food Service Nacional da Bem Brasil, marca líder do mercado de batatas pré-fritas congeladas. O seu contato com o ramo de alimentação fora do lar começou “em 2012, na BRF, onde eu executava a venda porta a porta, atendia padarias, mercearias, bares e restaurantes. Em 2015, eu iniciei na JBS e conheci o universo das cozinhas industriais e redes de fast-food nacional e global. Em 2017, eu fui para a Kerry do Brasil, uma indústria de ingredientes que tem como perfil desenvolver produtos tailormade para as redes. E, no ano de 2021, entrei na Bem Brasil e passei a ter oportunidades ainda mais relevantes dentro do setor, já que, todos os dias, além de trabalhar em uma empresa grande do setor, eu entro em contato com os maiores clientes desse mercado. Outro ponto positivo é que a Bem Brasil valoriza a figura da mulher, inclusive, em cargos de liderança, dando espaço para que nós nos destaquemos”,afirma.

 

Ludmila Alcantara [1]
Ludmila Alcantara

Segundo a Supervisora de Food Service Nacional da Bem Brasil, hoje em dia, “eu contribuo na expansão da carteira do food service com a prospecção e atendimento das redes nacionais, globais e cozinhas industriais da Bem Brasil. Trabalho em interface com áreas de P&D, Marketing, Qualidade e Logística com o objetivo de participar dos projetos dos clientes e trazê-los para que, internamente, possamos desenvolver ou criar itens que supram as demandas atribuídas dentro das nossas tecnologias. Além disso, temos as nossas rotinas diárias, que envolvem inserção e acompanhamento de pedidos, envios de relatórios, treinamentos em clientes, envios e testes de amostras, acompanhamento de estoques, etc. Enfim, tudo o que garanta a entrega do resultado no final de cada mês”, detalha.

 

Na vivência de Alcântara, estar em uma posição de liderança como mulher é fruto de importantes mudanças no mercado food service e do resultado do seu trabalho, uma vez que “eu acredito que estou nesse espaço não só devido ao amor e comprometimento que tenho pelo meu trabalho, mas também porque o mundo corporativo tem mudado muito e isso me deixa feliz. Já sobre as dificuldades do canal, eu acredito que o nosso maior desafio como mulher ainda é ser respeitada. A mulher, independente do setor em que atue, precisa provar o seu valor todos os dias. Esse é um fator que evoluiu muito ao longo dos últimos anos, mas ainda há muito espaço para melhorar mais e, de fato, acabarmos com essa questão do machismo. Quando eu iniciei no food há 12 anos, de fato, não éramos muitas. Mas, ao longo desse caminho, pude ver mulheres relevantes conquistando seus espaços em empresas de renome. Elas foram precursoras e abriram espaço para que outras mulheres competentes estivessem à frente de grandes responsabilidades no setor. Alguns nomes que me vêm à mente agora são Cris Souza, da Gouvêa Food Service, Simone Galante, da Galunium, Cecilia Martins, Consultora de grandes industrias, Lyana Bittencourt, Grupo Bittencourt, e Iris Pereira, a primeira mulher negra e brasileira a integrar o conselho do McDonald’s nos EUA. Essas mulheres conquistaram o mercado de food com empoderamento e competência e pavimentaram o caminho para as demais. Até porque lugar de mulher é sim aonde ela quiser. Barreiras, dificuldades e preconceitos existem em diferentes setores e de variadas formas, mas superá-los faz parte do nosso crescimento. A minha primeira grande admiração e referência na época deJBS/Seara foi, por exemplo, pela Joanita Karoleski. Estava lá quando ela foi nomeada Presidente e pensei: ‘que orgulho, uma mulher se destacou em meio a tantos e tantos homens, conseguiu a admiração e reconhecimento de todos os homens que estavam no conselho’. Isso me fez pensar que podemos sim, chegar aonde queremos! Então, o meu conselho é que TUDO O QUE VOCÊ FOCA, CRESCE. ENTÃO, NÃO SE DISTRAIA COM AS DIFICULDADES, ELAS SERVEM PARA TE TORNAR MAIS FORTE, APENAS FOQUE NO SEU OBJETIVO”, sinaliza.

 

LUISA DIAS, GERENTE SÊNIOR DE INTELIGÊNCIA COMERCIAL DO RAPPI BRASIL

 

Luisa Leipnitz Dias, de 28 anos, é formada em Economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, atualmente, é a Gerente Sênior de Inteligência Comercial do Rappi Brasil, o primeiro SuperApp da América Latina presente em mais de 100 cidades brasileiras.

 

Luisa Dias Rappi (Divulgação)
Luisa Dias Rappi

 

O contato de Dias com o nicho food service começou ainda durante a sua faculdade, “quando eu trabalhei na empresa júnior Ayra, e, ali, eu comecei a ter os primeiros contatos com donos de restaurantes locais para o desenvolvimento de projetos de operação e de marketing. Com isso, eu conheci um pouco sobre os desafios desse mercado e aprendi a desenvolver algumas soluções para pequenos negócios, sempre me baseando em dados de performance e concorrência. Dois anos depois, eu tive a oportunidade de trabalhar no ChefsClub, uma startup clube de gastronomia que tinha como principal missão aumentar a venda de restaurantes por meio de benefícios aos assinantes. Assim, eu assumi o desafio de desenvolver a estratégia comercial e outras atribuições relacionadas a trade e marketing, com contato muito próximo dos restaurantes parceiros. Hoje, eu sou responsável por desenvolver a estratégia de growth B2B do Rappi no Brasil. Ou seja, por definir as alavancas de crescimento para cada um dos nossos parceiros por meio do nosso marketplace, além de treinar e direcionar o time comercial a trazer os negócios (descontos, cupom, mídia…) certos dentro da carteira de cada um. A minha área tem um papel inicial na definição da estratégia de campanhas de incentivo de pedido aos usuários, determinando o calendário comercial para cada uma das verticais do Rappi (Turbo, CPGs, Restaurantes e E-commerce), como elas serão comunicadas e quais marcas devem participar de cada uma. Do lado comercial, temos o papel de construir as ferramentas necessárias para os KAMs (key account managers) captarem os investimentos adequados a cada parceiro. E todas essas definições são feitas com base nos dados de performance de cada parceiro, momento de consumo, base e característica de usuários, conversão e mercado”, explica.

 

Para a Gerente Sênior de Inteligência Comercial do Rappi Brasil, ocupar um cargo de liderança que, normalmente, é mais exercido por homens, é motivo de orgulho, mas ela não esconde que também é desafiador. Nesse sentido, ela aponta que “o maior desafio é lidar com a resistência que podem acontecer de pares, líderes e outras áreas em ter uma mulher em posição de tomadora de decisões relevantes, principalmente, quando precisamos dar uma negativa. Além disso, outro desafio é lidar com rótulos em situações de conflito em que o critério não é o mesmo para os participantes masculinos da situação. Para mim, é um orgulho estar aqui e ter conquistado essa posição com resultados. Porém, também é um exercício constante de resiliência, tanto por lidar com situações adversas, quanto por fazer uma autorreflexão sobre a minha postura, o que é de fato uma característica minha, o que é um rótulo carregado de preconceitos e como não deixar isso me abalar”, desvenda.

 

Sobre a real importância das mulheres hoje em dia no mercado de alimentação fora do lar, Dias pontua que “nós estamos ganhando alta relevância como lideranças inspiradoras e referências em negócios em ascensão. Até porque mulheres têm a sensibilidade para criar e inovar com o cliente (ou usuário) no centro das decisões. E o food service é um setor extremamente dinâmico, em que a capacidade de adaptação é determinante para a sustentação e crescimento dos negócios. Nesse cenário, as mulheres que têm capacidade de gestão da complexidade para lidar com duas jornadas (trabalho e casa) e ainda se adaptar às pessoas a sua volta (filhos, marido, parentes…). Elas se encaixam como motores do ecossistema e, em contrapartida, cabe realçar que, além do preconceito intrínseco à sociedade, o food service carrega um histórico cheio de mitos que correlacionam, por exemplo, a habilidade de cozinhar das mulheres em casa. Por isso, ainda é comum mulheres que têm contato com parceiros sofrerem agressões verbais e psicológicas ou assédio durante o trabalho, fazendo com que muitas desistam do segmento. E isso faz com que a alta penetração de homens em posições de chefs, sous-chefs, donos de restaurantes ou gerentes de operação dificulte o desenvolvimento das mulheres, inclusive, em outras empresas que prestam serviços. Mas, NÓS PRECISAMOS SER RESILIENTES PARA BUSCAR O NOSSO ESPAÇO E SEMPRE LEMBRAR QUE ELE EXISTE. É TRISTE VER QUE AS NOSSAS HABILIDADES PODEM SER MENOSPREZADAS E, MUITAS VEZES, É UM DESAFIO NÃO DEIXAR QUE ISSO ABALE A NOSSA CONFIANÇA. NO ENTANTO, NÓS PRECISAMOS CONFIAR NA NOSSA CAPACIDADE, NOS NOSSOS RESULTADOS E TER A CERTEZA DE QUE MERECEMOS ESSE ESPAÇO, ALÉM DE TER O CUIDADO PARA NÃO CAIR NA ‘PEGADINHA’ DA SÍNDROME DO IMPOSTOR”, ressalta.

 

LUZIA GOLDBECK, DIRETORA DE FOOD SERVICE NA BRF

 

 Luzia Goldbeck de Andrade, de 41 anos, é graduada em Engenharia de Alimentos e, hoje em dia, é a Diretora de Food Service na BRF, uma das maiores companhias de alimentos do mundo. Ela conta que o seu contato com o universo food service começou “como Gerente de Marketing, estudando soluções profissionais que visavam maior rendimento e versatilidade nas aplicações. Hoje, estou como responsável pelo mercado de Food Service na BRF. Eu lidero o time do Food Service no Brasil e também atuo com Contas Globais, exportando para mais de 20 países. No Brasil, o segmento food service é muito pulverizado, com atendimento a todo canal Horeca e todas as regiões dos países. Já as Contas Globais, estão concentradas em um grupo de clientes com atuação em várias regiões do mundo. Temos as marcas Sadia e Perdigão, que são as líderes de mercado e somos reconhecidos como grandes parceiros do mercado food há décadas”, revela.

 

Luzia Goldbeck de Andrade
Luzia Goldbeck de Andrade

 

Para Goldbeck, ocupar um cargo que, normalmente, era exercido por homens, também é sinônimo de orgulho, pois “no início da minha carreira, vivenciando uma gestão quase sempre masculina, eu não acreditava que era possível encontrar outro modelo de liderança. Não tinha identificação pelo formato de gestão por imposição ou por excesso de autoritarismo. Mas, ao longo dos anos, eu fui vivenciando outros formatos de liderança e percebi que características da essência feminina criam os pilares de uma liderança mais acolhedora, com empatia e ação pelo exemplo. E, assim, os resultados de uma equipe de alta performance são potencializados em uma liderança e em um ambiente mais diverso”, acredita.

 

A Diretora de Food Service da BRF considera também que, “independente do mercado, as mulheres tem cada vez mais espaço na gestão dos negócios. No food service, hoje, por exemplo, temos muitas mulheres atuando na Gestão de Vendas, Marketing, P&D e Qualidade. A nossa pluralidade de papéis nos torna profissionais mais completas, com visão empreendedora e que ajuda na construção de relações de longo prazo com os clientes, buscando a sustentabilidade do negócio. Nó mulheres podemos estar em todas áreas de negócios que nos identificamos, sem limitações. Porém, ainda existem barreiras na sociedade. Estamos no início da jornada e conquistando, cada vez mais, espaço em posições de liderança. No food service, já temos muitas mulheres empoderadas e reconhecidas pelos seus resultados e qualificações. E as atuais lideranças femininas devem servir de inspiração e apoio para as novas gerações. Por isso, para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos que normalmente eram ocupados por homens no segmento food service, eu digo a eles que ACREDITEM NOS SEUS POTENCIAIS, POIS SOMOS MUITO MAIS FORTES DO QUE PARECEMOS. OS DIVERSOS PAPÉIS QUE EXERCEMOS (MÃE, ESPOSA, LÍDERES DA CASA, VIDA PROFISSIONAL) TRAZEM UMA PLURALIDADE QUE NOS TORNA AINDA MAIS RICAS E DIVERSAS PARA EXERCERMOS UMA GESTÃO MAIS HUMANIZADA, ASSERTIVA, FOCADA NA LIDERANÇA PELO EXEMPLO E COM UMA SENSIBILIDADE APURADA EM VÁRIOS ASSUNTOS. A CONSISTÊNCIA DOS RESULTADOS DA GESTÃO FEMININA SÓ REFORÇA QUE ESTAMOS NO CAMINHO CERTO”, aconselha.

 

MARIA DO NASCIMENTO GARCIA, PESQUISADORA, PROFESSORA E CHEF EXECUTIVA DO RESTAURANTE JARDÍN DEL MAR

 

Maria do Nascimento Garcia, de 42 anos, bacharel em Gastronomia e Especialista em Gestão de Qualidade na Gastronomia, é professora de Gastronomia no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial de Santa Catarina (Senac-SC), pesquisadora no projeto Kappaphycus Alvarezzi e Chef Executiva do Restaurante Jardín del Mar, que é localizado em Florianópolis. “Eu fui para Florianópolis com 19 anos para trabalhar como babá e tinha que cozinhar para a família. Eu fazia comida simples, mas sempre bem temperada, pois eu gosto de tempero (risos). Mas, quando essa família voltou para o Acre, eu fiquei em Florianópolis e conheci outra família, onde também trabalhei como babá de dois filhos. Esses meus patrões eram pessoas gentis e adoravam comer. Assim, eu fui me interessando mais por fazer bons pratos e agradá-los e, por isso, eu comecei a assistir programas de culinária na televisão e ler livrinhos e revistas de culinária. Depois, eu descia no mercadinho que ficava perto do condomínio e comprava todos os ingredientes para fazer a receita.  Eu adorava isso! Meus patrões amavam chegar em casa e ter uma receita nova para experimentar. E, por mais que a conta do mercado ficasse alta no final do mês (risos). Então, um dia, uma das minhas patroas me perguntou se eu gostaria de fazer uma faculdade.  Ela sabia que eu não queria ser para sempre babá. Não por não gostar, mas por querer algo mais. Eu falei que sim e, logo, disse que gostaria de fazer Administração de Empresas, já que lembro que, no colégio, eu fiz um cursinho de microempreendedor e fiquei entusiasmada. Mas, ela disse: ‘não, faz Gastronomia. Você gosta e sabe cozinhar’. Na época, eu não sabia o que significava Gastronomia, mas fui atrás, quando conheci o dono da faculdade, que era amigo da minha patroa.  Ele era uma pessoa gentil igual a ela. Foi quando tudo começou, fiz o Enem e ganhei uma pequena bolsa e ele me ajudou com o restante, foram anjos na minha vida. Fiz minha matrícula e me doei ao máximo, pois sabia que aquilo era a porta para eu conseguir o ‘mais’ que eu queria. Então, conversei com a minha patroa e falei que gostaria de trabalhar em um restaurante e ela entendeu e me demitiu. Essa, inclusive, foi a única vez que eu procurei emprego. E, em minha primeira entrevista, eu já comecei a trabalhar e também foi meu primeiro dia de aula. Lembro que fiquei encantada com o mundo que eu não conhecia. Não reclamava pelo pouco tempo que eu tinha para dormir e descansar. Depois disso, sempre fui convidada a fazer parte de uma equipe e guiá-la”, narra.

 

Maria Garcia 1
Maria Garcia 1

 

Nos atuais dias, Garcia trabalha como “Chef Executiva, Professora e Pesquisadora. Eu sempre procuro trabalhar com pescadores locais. Eu gosto de comprar dos pequenos produtores e só compro os peixes inteiros. Trabalho com peixes sazonais. Eu adoro trabalhar com Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs) e faço parte do projeto Kappaphycus Alvarezii, no qual eu aplico técnicas de cocção e corte para criar receita com a alga e colocá-la no mercado da gastronomia.  Assim, será renda para os agricultores e donas de casa”, revela.

 

Para a Chef Executiva do Restaurante Jardín del Mar, exercer hoje em dia uma posição que, normalmente, era exercido por homens, é muito representativo em sua jornada pessoal e profissional, uma vez que “eu fui criada pelo meu pai desde os sete anos de idade, quando ele e a minha mãe se separaram. Sei como eles pensam. Meu pai sempre foi presente em nossas vidas, mas não lembro de ele dando carinho. ‘As pessoas podiam pensar errado’, né? Ele sempre nos ensinou a nos comportarmos, mas eu sempre consegui me impor para conquistar o respeito. Não me sinto inferior e não tenho medo de trabalhar com homens, de jeito nenhum. Mas, a parte mais difícil é ter que sempre provar que você é capaz de fazer tudo e até mais que os homens. Lembro de um restaurante que fui convidada a chefiar e, quando cheguei no local, o Gerente disse que não queria me contratar por eu ser mulher: ‘mulher tem TPM, engravida, tira licença maternidade e tem muitas mudanças de humor’. Fiquei maluca com isso e, então, eu apontei todos os erros que estavam acontecendo no restaurante e, por isso, que não tinha lucro. Dessa forma, os donos me contrataram para ajudar, foi quando entrei no universo da cozinha japonesa, sushi, um ‘lugar de homem’. Lá, eu fiz o meu trabalho e abri porta para outras mulheres no restaurante até um dia ele falar, na reunião, que eu fui a melhor contratação até o momento.  Nessa época, estávamos abrindo a segunda casa e eu já com uma filha no colo. Ou seja, mostrei para eles que isso não me impedia de fazer o meu trabalho com excelência. Entretanto, não vou falar que é fácil, de maneira alguma.  Precisamos ser mãe, esposa e profissional, tudo ao mesmo tempo. E, além de tudo isso, cuidar de nós mesmas. Não é fácil, mas é gratificante e eu adoro! Sei o meu lugar e aonde cheguei e quero passar tudo isso para as minhas filhas.  Deixar um legado, sabe? Podemos fazer tudo que queremos e muito mais. Os desafios são para todos, assim como as conquistas”, assegura.

 

Na vivência e atual entendimento da Chef Executiva do Restaurante Jardín del Mar, a mulher possui papel de destaque no universo da alimentação fora do lar. “A cozinha é palavra feminina, concorda? O nome já diz! ‘Cozinha, culinária, gastronomia’, correto? Se você olhar os relatos dos grandes chefs, a maioria diz que aprendeu a cozinhar com a sua mãe, com a sua avó.  Eu aprendi com a necessidade!  Tenho poucas lembranças de minha mãe cozinhando. Eu tenho mais do meu pai, que criou sozinho sete filhos e eu sou a do meio. Portanto, sabendo disso, a cozinha sempre foi o espaço de nós mulheres, as nossas antepassadas não tiveram a mesma oportunidade que nós temos hoje. Atualmente, sabemos que podemos ser e estar onde queremos e fazer o melhor sempre. E, dentro de uma cozinha, é fundamental um olhar feminino. Nós mulheres, temos uma visão global, mais crítica, menos ditaduras e crueldades com os demais. Colocamos o nosso coração em tudo e olhamos para todos com o mesmo carinho. Fomos ensinadas a ser autocríticas, isso porque ainda precisamos mostrar e exigir o nosso valor sempre que temos que recomeçar. O carisma na cozinha, onde o lugar é um ambiente pesado em carga horária, é necessário.  Nós mulheres enfrentamos isso sempre com sorrisos, pois sabemos que é o nosso lugar devido. Atualmente, existem muitas mulheres que são grandes chefs.  Eu, por exemplo, sou uma mulher pequena e negra, não viajei muito, não conheço muito os grandes chefs, não fumo e nem bebo como a maioria e isso me exclui um pouco do meio. Mas, eu sou respeitada por quem me conhece e admirada por muitos. Por isso, eu procuro fazer sempre o meu trabalho com eficácia e respeito todos.  O difícil é começar um novo ciclo, lembrar de provar que é capaz. E imagina isso para uma mulher de 1,52 de altura? (risos). Porém, quem me conhece, me procura, pois sabe o meu valor e tudo que conquistei foi por mérito. Hoje, sou a provedora do lar, meu esposo fica em casa cuidando das nossas duas filhas lindas, Larissa, de 6 anos, e Sofia, de 3. O meu esposo me apoia muito. Ele fica cuidando das nossas filhas, porque chegamos à conclusão de que eu conseguiria levar mais dinheiro para dentro de casa.  Então, dispensamos a babá e ele ficou em casa. As meninas sempre terão um de nós com elas e eu acho isso importante”, divide.

 

E, para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos que normalmente eram ocupados por homens no segmento food service, Garcia indica que “VÃO EM FRENTE! MOSTREM QUE VOCÊS SÃO CAPAZES. ESTUDEM, SE IGUALEM AOS GRANDES, MAS SE IGUALEM POR MÉRITO, POR VOCÊS.  VOCÊS PODEM DE TUDO!  NÃO SE ISOLEM E MUITO MENOS SE BOICOTEM.  VOCÊS SÃO MAIORES DO QUE QUEM LHES JULGAM”, garante.

 

NATÁLIA ESTRELA, GERENTE SÊNIOR DE MARKETING PARA O FOOD SERVICE DA CARGILL

 

 Natália Estrela, de 36 anos, é formada em Administração pela ESPM, com Pós- Graduada em Gestão de Negócios pela Dom Cabral e, atualmente, é a Gerente Sênior de Marketing para o Food Service da Cargill, empresa familiar comprometida com o fornecimento de alimentos, ingredientes, soluções agrícolas e produtos industriais para nutrir o mundo de forma segura, responsável e sustentável.

 

A experiência de Estrela no mercado food service é de longa data, tendo sido iniciada “há 10 anos, em uma das minhas primeiras experiências profissionais, Eu fiz parte do antigo Makro como Coordenadora de Marca Própria para a América Latina e o meu desafio era desenvolver produtos que faziam sentido para os operadores de food service. Naquele momento, nós classificávamos o universo do food como horeca e eu tive o prazer de participar de um revamp de marca em que o foco e construção de atributos era 100% voltados para o universo dos transformadores, assim como lançar mais 200 SKUs. Hoje, eu tenho o desafio de liderar o Marketing de grandes marcas, como Elefante, Pomarola, Liza, Mariana e Genuine, entre outras, para o mercado do food service. E isso significa que temos um time totalmente voltado para entender as necessidades e tendências do nosso mercado, traduzindo em estratégias e ações que mostram o valor das nossas linhas de produto. Além disso, o meu papel é desenvolver um time que respire, todos os dias, o mercado do food service para que entreguemos a melhor experiência de negócio aos nossos clientes e isso das grandes redes aos operadores independentes. Eu, particularmente, tenho o privilégio de, atualmente, estar em uma companhia que declara abertamente e traduz em ações a inclusão e desenvolvimento de lideranças femininas em nosso negócio. Porém, estamos no meio dessa jornada e não é incomum me deparar em momentos em que sou a única mulher na sala. Vejo que há ainda uma grande dificuldade em ocupar lugares que nos pertencem, seja por estar presente trazendo voz ao seu ponto ou até pelo reconhecimento de caraterísticas individuais, sem ser taxada de soft ou agressiva. Acredito que, como sociedade, nós precisamos entender que indivíduos diferentes possuem características complementares, sem preconceitos. E, se nos deparamos com uma liderança pragmática e ela é uma mulher, ela não pode ser taxada de rude enquanto um homem recebe a estampa de assertivo. Inclusive, esse preconceito mina energia e talentos todos os dias nas grandes empresas. Há, agora, mulheres trabalhando o dobro, se preocupando com detalhes, que nem sempre movem ponteiro, para se provarem capazes de exercerem o seu papel. Apesar disso, acredito que estamos evoluindo nesse sentido, vide esse convite para falar abertamente sobre os desafios das mulheres dentro do nosso mercado. Lembro que, no meu estágio, no Dia da Mulher, ganhei flores e chocolates e eu não sabia exatamente o que aquilo significava, mas o que eu queria mesmo era saber como eu chegaria na cadeira de CEO”, divide.

 

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Natália Estrela da Cargill – Foto: Janes Fabricio

 

Na concepção da Gerente Sênior de Marketing para o Food Service da Cargill, “em nossa história, a mulher sempre foi o centro da cozinha e da mesa dos lares brasileiros. Porém, quando olhamos cozinhas profissionais, esse espaço não foi ocupado por mulheres, como se tratando de alta performance, o trabalho deveria ser demandado aos homens. O food service é um mercado que cuida da felicidade por meio do encantamento ao redor das mesas fora do lar e que tem muito a ganhar com características femininas, seja pelo serviço acolhedor e cuidado nos detalhes ou pela essência pilotando panelas com criatividade e excelência. Veja que trago aqui características essencialmente femininas que podem, inclusive, ser desempenhadas por homens e, por isso, a diversidade é tão importante para que essas características transitem e sejam aprendidas entre indivíduos.  Entretanto, não podemos negar que há ainda muito preconceito! Parte do meu trabalho, hoje, é estar e visitar clientes e não é incomum conhecermos negócios em que 100% do quadro de funcionários é composto por homens e, ao ser questionado os donos (normalmente homens), trazem diversos elementos que transitam entre ‘mulheres ficam grávidas e eu não tenho estrutura para gerenciar o meu quadro de funcionários’ ao ‘eu não gosto de misturar para não dar confusão’. Por isso, é tão importante continuarmos trazendo fatos e dados da produtividade e características que as mulheres trazem para os negócios, mostrando os ganhos reais para o dia a dia e atendimento aos clientes. Quantas de nós não frequentamos restaurantes em que somos recepcionados por mulheres e todo o restante da equipe é totalmente composta de homens? E quantas de nós perguntamos o por quê? Quando uma puxa a outra, seja por meio de oportunidades e ambiente inclusive ou de perguntas em lugares que frequentamos. Isso faz com que, de forma leve e progressiva, a nossa sociedade se torne mais inclusiva. E já temos muitos exemplos incríveis de mulheres ocupando cargos de muito destaque, sendo grandes chefs premiadas ou grandes inspirações no mundo corporativo, que lideram times focados no atendimento do food service. Sendo assim, OLHEM PARA ESSAS MULHERES E OCUPEM OS SEUS LUGARES, UTILIZANDO OS CAMINHOS QUE ELAS NOS ABRIRAM! AS CARACTERÍSTICAS FEMININAS SÃO, CADA VEZ MAIS, VALORIZADAS E É TAMBÉM POR MEIO DE NÓS MULHERES QUE PODEMOS TRAZER GANHOS E CRESCIMENTO PARA NOSSO MERCADO. POR ÚLTIMO, CADA PASSO DADO PODE SER INSPIRAÇÃO PARA OUTRAS MULHERES DAREM O SEU PRIMEIRO PASSO. SENDO ASSIM, NÃO TENHAM MEDO DE TRAZER O TEMA INCLUSÃO PARA CONVERSAS E QUESTIONAR ESPAÇOS EM QUE NÃO HÁ MULHERES. QUANDO UMA PUXA A OUTRA O ESFORÇO VAI FICANDO MENOR”, acredita.

 

PAULA SARTORI, GERENTE COMERCIAL FOOD SERVICE DA ALIBRA INGREDIENTES

 

Paula Sartori, de 51 anos, é formada em Gastronomia e, atualmente, exerce o cargo de Gerente Comercial Food Service da Alibra Ingredientes S.A, empresa especializada em transformar componentes do leite e outras matérias primas, de origem natural, em soluções inovadoras. “Eu faço a gestão da BU de Food Service do canal direto na Alibra Ingredientes. Após 17 anos ter trabalhado nas áreas de back office de uma indústria de alimentos, eu comecei a visitar clientes junto à equipe de vendas e me apaixonei pela dinâmica da área Comercial. Então, rapidamente, eu migrei para o segmento de food service. E, durante a minha trajetória profissional, eu passei por indústrias como Vigor Alimentos, Sodebo, e Lactalis do Brasil e tive ótimos gestores, que me inspiraram e com quem aprendi todos os dias. Hoje em dia, eu atendo os segmentos das redes de fast-food, refeições coletivas e industriais. Eu desenvolvo esses clientes tanto com o portfólio atual da Alibra Ingredientes, quanto no desenvolvimento de produtos Taylor Made”, relata.

Paula Sartori
Paula Sartori

 

Na opinião de Sartori, “no setor de Food Service, assim como em muitos outros, ainda existem desafios relacionados ao preconceito e às barreiras de gênero que as mulheres enfrentam, embora tenha havido avanços significativos na quebra de estereotipo e na promoção de igualdade de gênero. Hoje, ainda há trabalho a ser feito para garantir que as mulheres possam ocupar posições em qualquer área que desejarem, sem enfrentar discriminação ou limitação. Em contrapartida, as mulheres desempenham um papel fundamental no setor de food service hoje em dia e a sua presença traz diversidade de perspectivas, criatividade e habilidades únicas para a indústria. Além disso, as mulheres contribuem significativamente para a inovação, qualidade do serviço, liderança e sucesso nos negócios de food service. Por isso, reconhecer e valorizar o papel das mulheres nesse setor é essencial para promover a igualdade de gênero, impulsionar o progresso e garantir um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo”, acredita.

 

E, para as mulheres que ainda tem receio de ocuparem cargos tradicionalmente ocupados por homens, a Gerente Comercial Food Service da Alibra Ingredientes S.A alerta que “LEMBREM-SE QUE SUAS HABILIDADES, PAIXÃO E DEDICAÇÃO SÃO VALIOSAS. PORTANTO, BUSQUEM OPORTUNIDADES, DESAFIEM-SE E LEMBREM-SE DE QUE A DIVERSIDADE E EXPERIÊNCIAS ENRIQUECEM TODOS OS SETORES. MULHERES, SEJAM CONFIANTES E PERSISTENTES EM ALCANÇAR OS SEUS OBJETIVOS! SE POSICIONEM, POIS PODEMOS ESTAR AONDE QUISERMOS!”, afirma.

 

POLLIANA CLAUDINO, GERENTE DE PROJETOS DA ANUGA SELECT BRAZIL NA KOELNMESSE

 

Polliana Baroni Claudino, de 38 anos, é Pós-graduada em Negócios Internacionais, sendo a atual Gerente de Projetos da Anuga Select Brazil na Koelnmesse, uma das principais organizadoras de feiras comerciais do mundo.

 

Mitarbeiterportrait AV Baroni Claudino Polliana
Mitarbeiterportrait AV Baroni Claudino Polliana

 

Claudino divide que a sua experiência com o nicho de alimentação fora do lar começou “há 5 anos, quando eu iniciei a minha jornada dentro da Anuga Select Brazil, uma feira de negócios exclusiva para o setor de alimentos e bebidas, onde além de haver um setor específico para o food service, é um dos principais públicos de visitação da feira. E, atualmente, por ser a Gerente de Projetos da feira, sou a responsável pelas vendas e produto com um todo, mas, principalmente, pelas parcerias. Eu estou em constante contato com industrias, entidades e associação do setor de food service e parceiros como Abrasel SP, Bares SP, Instituto ConPizza, Sindal, ABIS, ITAL, FOHB e a própria Rede Food Service são apenas alguns dos que tenho o prazer de ter contato praticamente diariamente não apenas para fazer estratégias para esse setor na feira, mas como sempre para buscar as novidades, as notícias e como o setor em si está se desenvolvendo na economia nacional e visibilidade de vitrine internacional. Eu e os meus parceiros entendemos também que, apesar da feira ter o viés supermercadista maior, essa questão dos fornecedores para o food service é de suma importância e teve um crescimento alto de sinergia com o setor supermercadista, quando, por exemplo, vemos, em algumas redes de supermercado, espaços próprios para suas padarias, restaurantes, pizzaria. Enfim, hoje em dia, o universo de alimentação fora do lar tomou proporções antes mesmo da pandemia de inovação. Por isso, eu considero muito também toda a perspectiva de como uma pessoa na vida pessoal dela entende o que é a alimentação fora do lar, onde, cada vez mais, as opções se ampliam e, com a correria do dia a dia, se alimentar fora de casa está cada dia mais aumentando”, reflete.

 

No entendimento da Gerente de Projetos da Anuga Select Brazil na Koelnmesse, exercer uma posição profissional de liderança em um mercado cuja expressão masculina ainda é latente é uma vitória conquistada. E isso porque, ela entende que “eu já faço parte de uma geração onde a mulher já tinha uma certa abertura no mercado para trabalhar e, principalmente, onde a minha criação foi voltada para uma já independência financeira maior. Então, desde os meus primeiros estágios e ainda na faculdade, eu já sabia onde queria chegar. E essa questão de cargos exercidos por homens nunca foi algo em que eu tenha me apegado e se fixado nessa mentalidade de décadas atrás. Eu sempre busquei estudar, aprender e a me dedicar para buscar posições em que eu sabia que teria sucesso e faria diferença. Mas, sim, há algumas dificuldades, principalmente, por eu ser mãe de duas filhos lindos e ter que sempre balancear a vida pessoal e profissional. Em contrapartida, eu já sabia que um sucesso na vida profissional me faria abrir mão de certas questões quanto a estar presente em todos os momentos para o meu marido e filhos. Hoje, por exemplo, eu faço muitas viagens a trabalho e, em certos momentos, me vejo precisando fazer mais do que o ‘feijão com arroz’ para dar conta de tudo, mas, no final do dia, sei que estou fazendo o meu melhor em todas as esferas necessárias. Eu tenho um conceito de quem quer, corre atrás, independente das pedras no caminho. Você pode ser o que você quiser”, assegura.

 

Claudino compartilha ainda que “ter mulheres principalmente em cargos de liderança hoje no setor de food service é muito importante. E vendo isso cada vez mais constante me deixa motivada a seguir ainda com mais garra. No entanto, ainda há questões de mercado que precisam ser melhoradas e reestruturadas, mas eu acredito que, dentro desse setor em especial, há maiores aberturas. As mulheres conseguem dar conta de muita coisa ao mesmo tempo, além de termos alguns pontos fortes que nos fazem ainda querer mais, buscando, na maior parte das vezes, a excelência no que fazemos. Com isso, o setor do food service só tem a ganhar com mulheres fortes e perseverantes, com ideias inovadoras. Hoje, eu já vejo algumas chefs de cozinhas, influencers do setor que dão show no que fazem. E, no final, não temos que nos questionar como mulheres se podemos ou se conseguimos algo achando que não há espaço. A mulher pode estar onde ela quiser, mas nada vai bater na porta O início do caminho pode ser o mais complicado, mas saber onde se quer chegar e trabalhar duro e de forma integra para isso é a chave para o sucesso. Então, para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos que normalmente eram ocupados por homens no segmento food service, eu digo que, SE HOJE JÁ ESTÁ MAIS FÁCIL DO QUE HÁ ALGUMAS GERAÇÕES ANTERIORES, O FUTURO SÓ DEPENDE DE NÓS MESMAS! NÃO HÁ NADA QUE AS MULHERES NÃO POSSAM FAZER NESSE SEGUIMENTO”, frisa.

 

ROBERTA ARAÚJO, GERENTE COMERCIAL NA CASTELO ALIMENTOS

 

Roberta Callefe Araújo, de 45 anos, é formada em Relações Públicas e Pós- Graduada em Gestão Empresarial. Atualmente, ela é Gerente Comercial na Castelo Alimentos, a maior empresa de vinagres da América Latina e partilha que o seu contato com o nicho de alimentação fora do lar começou tendo a experiência como consumidora, frequentando restaurantes, bares e afins. E, já na Castelo Alimentos, se iniciou por volta de 2010, com um projeto específico no canal, de uma forma tímida, atendendo a pequenas redes de distribuidores até então chegarmos em uma representatividade de aproximadamente 20% de nosso negócio. Hoje, eu gerencio o food service juntamente com o Coordenador responsável e o time de vendas (vendedores e representantes comerciais), oferecendo treinamento de produtos, capacitação do time de RCA´s dos distribuidores para atuarem com a nossa marca e portfólio de produtos, atendendo uma cadeia ampla de distribuidores que abastecem o canal”, esclarece.

 

Roberta Callefe Araujo
Roberta Callefe Araujo

 

Para Araújo, exercer um cargo de liderança, ainda muito comum só no meio masculino, vem junto com “maiores desafios e que se dão na mudança a partir do empregador, que precisam entender a importância da diversidade no trabalho e fazer ações práticas para mudar esse cenário. Hoje, eu atuo em uma empresa que, de fato, faz ações práticas para mudar essa realidade. Ser mulher e Head de Vendas da Castelo Alimentos, em que grande parte do time comercial ainda é formado na sua maioria por homens, já mostra uma mudança sócio cultural e, para mim, é um grande orgulho estar colaborando para o fim desses estereótipos de gênero. As mulheres são importantes consumidoras e influenciadoras de hábitos alimentares e também contribuem muito com a sua capacidade de inovação, criatividade e sensibilidade. A presença das mulheres no food service não só contribui para o sucesso econômico do setor, mas também para a promoção da igualdade e da diversidade. É de extrema importante reconhecer e valorizar o papel das mulheres nesse ramo e incentivar a sua participação cada vez mais ativa e influente. Mas, também é necessário que as empresas do setor reconheçam e valorizem o papel das mulheres, garantindo igualdade de oportunidades e condições de trabalho justas. Por isso, para as mulheres que ainda têm medo de ocuparem funções tipicamente femininas eu digo: QUERIDAS MULHERES DO MEU BRASIL, A IMPORTÂNCIA DE VOCÊS NO FOOD SERVICE É INQUESTIONÁVEL, COM SUA HABILIDADE, SENSIBILIDADE E CRIATIVIDADE. VOCÊS TÊM CONTRIBUÍDO PARA A DIVERSIDADE E QUALIDADE DA GASTRONOMIA E DO MERCADO ALIMENTÍCIO COMO UM TODO E, PARA NÓS DA CASTELO ALIMENTOS, DIA DA MULHER É TODO DIA E VOCÊS SÃO IMPORTANTES EM TODOS OS SEUS ASPECTOS”, afirma.

 

TALITA SIMÕES, MIXOLOGISTA E BRAND CURATOR FOR DIAGEO BRASIL

 

 Talita Simões é Mixologista, Brand Curator for Diageo Brasil e Consultora de Bares e Restaurantes. “Eu comecei no mercado food service com 20 anos, quando eu fui morar em Londres, na Inglaterra. No início, eu atuava na área de Salão e Gerenciamento de Restaurantes, mas, depois, eu me aprofundei no universo da coquetelaria”, se apresenta.

 

Talita Simões (2)
Talita Simões

 

Nos atuais dias, Simões trabalha “na multinacional de bebidas destiladas Diageo como Embaixadora das Marcas Reserve, Treinadora nos bares parceiros e também como Embaixadora do Campeonato de Coqueteleria World Class, no qual eu sou a responsável por captar os bartenders competidores nesse campeonato”, divide.

 

Para a Mixologista, ocupar um cargo que, comumente ainda é tido como masculino, é desafiador. E isso porque, conforme ela partilha “sempre foi muito difícil, uma vez que eu fui uma das primeiras mulheres a estar no meio de homens. Eles não acreditavam na minha competência e não davam muita credibilidade. Mas, acredito que, hoje, está um pouco melhor. Entretanto, eu vejo muitos casos de assédio na área relatados por mulheres que conheço”, lamenta.

 

Na visão e experiência de Simões, a real importância das mulheres hoje em dia no segmento food service é expressiva, uma vez que “nós mulheres temos um discernimento maior nas nossas atitudes e uma postura mais sensata. E, na organização e limpeza, que são pontos fundamentais nessa área, nós mulheres também sempre nos saímos melhor. E eu entendo que, no ramo da coqueteleria, não precisamos da força para fazer esse trabalho e sim inteligência emocional e organizacional. Assim como, criatividade, que também é algo muito conectado entre as mulheres”, destaca.

 

Para as mulheres que ainda tem descrédito de exercerem ‘cargos masculinos’, como o de mixologista, por exemplo, a Brand Curator for Diageo Brasil e Consultora de Bares e Restaurantes indica que “FAÇA O QUE VOCÊ SENTE VONTADE DE FAZER, SEM OLHAR AO REDOR DE QUEM PARECE SER AQUELE ESPAÇO. AFINAL, SE ELE ESTÁ LÁ DISPONÍVEL E VOCÊ ESTÁ NA HORA CERTA E MOMENTO CERTO, ELE É SEU!”, demarca.

 

THAÍS LUCCHETTI, CRIADORA DA BITES CONFEITARIA

 

Thaís Lucchetti, de 35 anos, Chef Pâtisserie, é a criadora Bites Confeitaria, localizada no Rio de Janeiro, capital, e relata que o seu contato com o universo da alimentação, bem como o seu empreendedorismo feminino, é um caso antigo. “O meu primeiro contato com confeitaria foi aos 13 anos, com uma vizinha que fazia doces para casamento. Com ela, eu comecei a ter curiosidade por confeitaria, especialmente, por chocolates. E, aos 15 anos, eu decidi que faria faculdade de Gastronomia. Hoje, eu sou a Chef e a criadora da Bites Confeitaria, que tem a proposta de fazer, principalmente, cookies de um jeito diferente e usando ingredientes não tão comuns em cookies. A nossa proposta é transformar um produto aparentemente muito simples em algo único, usando sempre os melhores insumos disponíveis e trabalhando a harmonização entre eles”, desvenda.

 

Thais Lucchetti Bites Confeitaria Credito Ana Rabelo (6)
Thais Lucchetti Bites Confeitaria Credito Ana Rabelo

 

Conforme Lucchetti, ser empreendedora e exercer um cargo de liderança que, comumente, era exercido por homem é “uma sensação de imenso privilégio. Hoje, eu sou vista e respeitada como empreendedora, como criadora de uma marca. Ainda existem muitas dificuldades, mas eu acredito que a principal, especialmente quando se tem um pequeno negócio, é a de se posicionar como empreendedora que tem o controle da situação e que sabe o que está fazendo. É algo extremamente delicado, porque, quando se é mulher e se está em uma posição de liderança, somos vistas como arrogantes. Mas, se não assumimos a posição de liderança com firmeza, somos vistas como fracas e maternais.  E isso porque, a real importância das mulheres no food service hoje em dia é a representatividade em um espaço que ainda é dominado por homens. A gente vem tentando conquistar o nosso espaço de liderança, de criação em um ambiente ainda muito machista. Já evoluímos muito, mas o caminho ainda é longo. Seja conseguindo ocupar mais posições de liderança ou com a equiparidade de salários”, contrapõe.

 

Com esse entendimento, a Chef Pâtisserie e criadora Bites Confeitaria deixa o seguinte recado para as mulheres que ainda possuem receio de exercerem cargos tidos como masculinos no segmento de alimentação fora do lar: “A HORA É AGORA. A VIDA É AGORA. NÃO ADIE SEU SONHO POR NINGUÉM”.

 

THAÍS MUNDIM, PROPRIETÁRIA DA DISTRIBUIDORA DE CHOPE E BAR HOP EXPRESS ASHBY

 

Thaís Mundim, de 30 anos, formada em Publicidade e Propaganda e em Relações Públicas é proprietária da distribuidora de chope e bar Hop Express Ashby, o primeiro bar sem garçons de Patos de Minas, no interior de Minas Gerais. “Eu me formei em Publicidade e Propaganda em julho de 2015, em Uberlândia, no interior de Minas Gerais, e como ainda faltavam seis meses para me formar em Relações Públicas também, eu decidi voltar para a minha cidade natal, Patos de Minas, onde também morava o meu namorado. Na época, ele havia fundado uma distribuidora de Chopp Ashby e decidi trabalhar com ele até finalizar a minha segunda formação de Relações Públicas, pois, assim, conseguiria conciliar com as aulas da faculdade. Comecei a cuidar do Marketing da empresa, porém sempre prestava atenção e ajudava em tudo. Sendo assim, fui me interessando em saber como funcionavam os equipamentos (chopeiras, barris, cilindros, válvulas, etc). Com essa a rotina, enfim, fui tomando gosto pela área da distribuição e mais ainda por cerveja. Gostei tanto que, mesmo após me formar também em Relações Públicas, continuei trabalhando com ele e, no final de 2016, nos tornamos sócios e abrimos também um bar com consumo no local. Desde o início de 2018, eu assumi o comando do negócio, enquanto o Douglas, que, na época, já era meu marido, abriu outra empresa no ramo de energia. E por cauda da minha idade e por eu ser mulher, muitas pessoas acabavam desdenhando da minha capacidade e pensavam que eu não entendia nada sobre o assunto, mas essa impressão logo acabava quando percebiam que eu tinha conhecimento no assunto e experiência”, conta.

 

Thaís Mundim
Thaís Mundim

 

A empresária divide também que, “hoje, eu sou a responsável por elaborar o planejamento estratégico e financeiro da empresa, criando todas as ações que serão executadas e treinando os 15 colaboradores diretos para executá-las, além de acompanhar os resultados. Atualmente, eu digo que foi muito importante crescer junto com a empresa. Pude vivenciar, desde o início, todas as necessidades dos clientes para oferecer o produto e serviço perfeitos. Hoje, trabalhamos com distribuição do Chopp Ashby para festas em geral: aniversários, casamentos, formaturas, pequenos eventos e ainda temos um bar com consumo no local com seis estilos de Chopp Ashby, porções e delivery de burgers”, enfatiza.

 

Para Mundim, ser a proprietária e administradora de uma distribuidora de chope e bar, algo mais comum entre homens há alguns anos, “sempre foi muito desafiador. No início, quando um cliente chegava e me via, sempre perguntava pelo Douglas, meu marido, para atendê-lo. Acredito que por ser mulher e ainda por cima jovem, não davam muito crédito. Porém, eu sempre procurei mostrar que tinha conhecimento, pois qualquer dúvida que eles tinham eu conseguia sanar. Principalmente, quando eu demonstrava para eles como fazer a montagem do equipamento (chopeira, barris). Mas, até hoje, eu ainda ouço comentários se eu sou mesmo a proprietária e, às vezes, confundem algum colaborador homem como o proprietário. Entretanto, eu não me importo, pois sei do excelente trabalho que estou executando nesse tempo de empresa. E eu acredito que mulheres se destacam por sempre pensar em detalhes e conseguir planejar várias coisas ao mesmo tempo. Sabemos que é um setor desafiador, então, pensar nos detalhes nos faz criar diferenciais para a empresa que representamos e a capacidade de planejar várias coisas ao mesmo tempo nos faz ser capazes de resolver problemas ao mesmo que tempo que reconhecemos um colaborador pelo ótimo trabalho, por exemplo. No entanto, para mim, o lugar da mulher é onde ela quiser desde que ela se capacite para tal. Não adianta querer determinado cargo ou área só pelo fato de ser mulher. Precisamos estudar o ramo de negócio escolhido e nos esforçar para conquistar o espaço por merecimento. Se você tem capacitação, não existe pessoa ou preconceito que vá te privar”, garante.

 

Por fim, Mundim indica para as mulheres que ainda têm medo de trabalharem em áreas tidas como masculinas no segmento food service que “SE CAPACITE, ESTUDE A ÁREA E SEJA REFERÊNCIA. NO INÍCIO, POUCOS VÃO TE APOIAR, MAS TRACE O SEU OBJETIVO E TENHA PACIÊNCIA PARA IR SE DESENVOLVENDO ATÉ CHEGAR LÁ. VER A NOSSA PRÓPRIA EVOLUÇÃO TRAZ UM SENTIMENTO DE GRATIDÃO, POIS SABEMOS QUE SOMOS CAPAZES MESMO QUANDO MUITOS DUVIDARAM”, endossa.

 

VIVIAN OLIVEIRA, EXECUTIVA DE MARKETING NACIONAL DA RATIONAL BRASIL

 

Vivian Oliveira, de 40 anos, é formada em Administração de Empresas e possui MBA em Administração e Marketing. Ela é a Executiva de Marketing Nacional da RATIONAL Brasil, empresa líder no mercado mundial de tecnologia para o preparo de refeições quentes em cozinhas profissionais, e compartilha que o seu trabalho no ramo food service “começou em 2010, quando eu iniciei na RATIONAL. E, até começar a trabalhar na RATIONAL, eu nunca havia me dado conta do tamanho e da diversidade desse mercado. Atualmente, como Executiva de Marketing Nacional da RATIONAL Brasil, a minha responsabilidade primordial é nutrir o mercado com informações e benefícios essenciais, especialmente, direcionados aos profissionais envolvidos na preparação de refeições quentes. Com os 50 anos de história da RATIONAL, carregamos uma bagagem repleta de insights e inovações que merecem ser compartilhados com esses profissionais, oferecendo soluções que não apenas aprimoram a eficiência operacional, mas também a qualidade de vida, além de elevarem a qualidade final dos alimentos servidos”, destaca.

 

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Para Oliveira, ocupar um cargo comumente exercido por homes, é motivo de orgulho, mas também de reflexão, já que eu acredito que, não só na minha posição, mas em qualquer campo considerado tradicionalmente masculino, existem desafios a serem superados. Eu, por exemplo, encaro esses desafios como oportunidades de crescimento. Para mim, uma das principais dificuldades é combater estereótipos preconcebidos e demonstrar que as mulheres têm habilidades e competências tão valiosas quanto seus colegas masculinos. E, hoje em dia, a presença e a contribuição das mulheres no setor food service são cruciais e somos, cada vez mais, reconhecidas. As mulheres trazem uma perspectiva única, criatividade e sensibilidade para o ambiente de trabalho, enriquecendo o setor com sua diversidade de ideias e abordagens. Por isso, a participação das mulheres é fundamental não apenas para promover a igualdade de gênero, mas também para impulsionar a inovação e o crescimento do setor como um todo. E, definitivamente, lugar da mulher no food service é onde ela quiser estar. E, embora tenhamos avançado significativamente em termos de igualdade de gênero, ainda há desafios a serem enfrentados. Assim, é fundamental continuar desafiando essas normas e trabalhando juntos para criar um ambiente justo para todos os profissionais. Dessa forma, o meu conselho para as mulheres que enfrentam receios em assumir cargos tradicionalmente ocupados por homens no food service é que CONFIEM EM SI MESMAS E EM SUAS HABILIDADES. NÃO DEIXEM QUE ESTEREÓTIPOS OU EXPECTATIVAS SOCIAIS TE LIMITEM. BUSQUEM APOIO E MENTORIA DE PROFISSIONAIS EXPERIENTES, TANTO HOMENS QUANTO MULHERES, E ESTEJAM ABERTAS A APRENDEREM E A CRESCEREM CONSTANTEMENTE. LEMBREM-SE DE QUE VOCÊS TÊM TANTO DIREITO QUANTO QUALQUER OUTRA PESSOA A SEGUIREM OS SEUS OBJETIVOS E ALCANÇAREM O SUCESSO EM SUAS CARREIRAS”, assinala.

 

Por isso, mais uma vez, desejamos um Feliz Dia Internacional da Mulher a todas as nossas leitoras e fica aqui o convite para CLICAREM AQUI e também conhecerem os enredos de vida de mais MULHERES DO FOOD SERVICE.

 

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