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Logística reversa de embalagens: mais que uma tendência no atual mercado food service

Especialistas asseguram que o investimento em logística reversa de embalagens já é uma necessidade e alertam que os empresários do ramo de alimentação fora do lar que ainda não o fazem só tendem a perder em marca e faturamento

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Você já ouviu falar em logística reversa? E em logística reversa de embalagens? Se não, atenção, pois especialistas asseguram que o investimento em logística reversa de embalagens já é uma necessidade no atual mercado food service, além de alertarem que os empresários desse ramo que ainda não o fazem só tendem a perder em marca e faturamento.

 

Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, Renato Paquet, Diretor Presidente de Cleantechs da Associação Brasileira de Startups, membro do Conselho de Competitividade do Sistema FIRJAN e CEO e fundador da Polen, uma startup cleantech que transforma resíduos em matéria-prima e realiza a logística reversa para mais de 1200 empresas no Brasil e mais 8 países, afirma que “hoje, o consumidor está muito ligado às causas ambientais e, muitas vezes, utiliza o propósito da causa para balizar a sua decisão de compra. Então, se o mercado de food service se posiciona para a sustentabilidade neutralizando as embalagens que gera e comunica isso ao consumidor demonstrando transparência com o que está sendo feito, ele cria uma autoridade importantíssima frente ao seu cliente e entrega uma vantagem competitiva enorme frente às empresas que não realizam esse trabalho. A única desvantagem da logística reversa para o mercado de food service está em não realizá-la. Não fazer a logística reversa hoje em dia pode representar perda de consumidores amanhã”, enfatiza.

 

Renato Paquet, CEO e fundador da startup Polen – Foto: Divulgação

 

O especialista acrescenta que “estar alinhado às tendências de mercado é um dos principais deveres do empreendedor. A logística reversa veio para ficar e já é realidade, inclusive, regulamentada no Brasil. Por isso, fazer a logística reversa é ficar em dia com a lei, se posicionar positivamente frente aos consumidores e construir autoridade para a sustentabilidade no mercado”, orienta.

 

Mas, o que é logística reversa de embalagens?

 

Conforme Paquet, logística reversa de embalagens é “um importante instrumento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), pois ela atua como um instrumento de desenvolvimento social e econômico que é realizado por meio de um conjunto de ações que viabiliza a coleta de resíduos sólidos que as empresas entregam ao mercado. A melhor explicação sobre logística reversa se dá com a seguinte definição: logística reversa é um mecanismo de reinserção de embalagens descartadas por consumidores ao ciclo produtivo por meio da reciclagem”, explica.

 

Como funciona a logística reversa de embalagens?

 

Sobre como funciona a logística reversa de embalagens, o especialista esclarece que “atualmente, as empresas que trabalham com embalagens no mercado brasileiro são obrigadas a reciclar 22% de tudo que colocam no mercado pela PNRS. Ou seja, a logística reversa consiste no processo que as companhias utilizam para retirar esses resíduos sólidos do meio ambiente e reutilizá-los na indústria. Isso pode acontecer por meio de empresas que trabalham estimulando esse sistema de logística reversa, como é o caso da Polen. Nós trabalhamos com créditos de logística reversa balizados pela blockchain. Ou seja, as cooperativas vendem o material reciclável para as indústrias recicladoras e nós realizamos a homologação dos documentos ambientais dos envolvidos, a auditoria na cooperativa e certificamos que a ação existiu devidamente. Em nosso sistema na blockchain, registramos todos os documentos que comprovam que a coleta e reciclagem do material de fato existiu e transformamos em um token, o qual chamamos de Crédito de Logística Reversa. Nós comercializamos esse token para as empresas. Assim, elas investem seus recursos para criar uma estrutura que cuide da reciclagem dos seus materiais com total transparência e rastreabilidade da aplicação desse recurso na estruturação das cadeias de reciclagem no país. Esse é um mercado regulamentado pela PNRS aqui no Brasil e tem a mesma mecânica dos créditos de carbono. Para o carbono, as empresas compram créditos para comprovar que estão investindo no reflorestamento ou preservação das áreas verdes, ao invés de comprarem florestas. Com a Polen, as companhias compram os créditos de logística reversa que comprovam que estão investindo na cadeia da reciclagem”, detalha.

 

Logística reversa de embalagens no mercado food service

 

Especificamente em relação à prática da logística reversa no mercado food service, Paquet ressalta que “a mecânica do mercado food service é muito similar à de qualquer outra indústria que comercializa produtos embalados. Dessa forma, os restaurantes e mercados podem neutralizar o impacto das embalagens que colocam no mercado por meio dos créditos de logística reversa e, assim, contribuírem para um país ambientalmente eficaz, fazendo o seu papel. É o caso, por exemplo, da rede Hortifruti Natural da Terra, que, desde 2020, neutralizam com a Polen 22% de todas as embalagens que colocam no mercado”, exemplifica.

 

Processo de coleta seletiva na Polen – Foto: Divulgação

 

O CEO da Polen partilha também que, sobre as principais aplicações de logística reversa de embalagens no ramo de alimentação fora do lar, “neutralizar as embalagens utilizadas para embalar alimentos é o primeiro movimento que deve ser feito pelos empresários desse segmento. Em seguida, deve-se rever a quantidade de embalagens que se está gerando e reduzir ao necessário a utilização. E, por último e não menos importante, estudar a materialidade de cada embalagem, visando garantir que, de fato, possam ser recicladas, após serem utilizadas”, orienta.

 

Custos da logística reversa de embalagens no mercado food service

 

Ao contrário do que o senso comum ‘prega’ quando o assunto é sustentabilidade hoje em dia, Paquet assegura que os custos da implantação da logística reversa de embalagens no mercado food service não são altos. “Esse é um dos maiores mitos desse mercado. Fazer a logística reversa é barato e tem efeitos positivos imprescindíveis para uma empresa. O investimento em logística reversa era uma tendência que virou realidade e também uma necessidade. Prova disso é que os consumidores já cobram muito a logística reversa das marcas que consomem e que existe uma regulamentação federal obrigando a sua realização e diversos Estados regulamentando também em seu território o cumprimento”, salienta.

 

Vale a pena implantar logística reversa de embalagens no mercado food service?

 

De acordo com Lívia Favaro, publicitária e especialista em ESG e que, atualmente, exerce o cargo de Gerente de Cidadania Corporativa da PepsiCo Brasil, uma das maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo, “sem dúvidas, vale a pena implantar logística reversa de embalagens no mercado food service. Hoje, a indústria está, cada vez mais, com os olhares voltados para as questões ambientais, trabalhando sua agenda ESG e avançando para alcançar suas metas de sustentabilidade e vejo que esse é o caminho. Além disso, os(as) consumidores(as) estão atentos(as) e exigentes em relação ao que consomem e tudo que envolve a cadeia produtiva de cada produto. Então, é importante que ele(a) saiba que aquela embalagem que protege o produto terá um descarte correto será reciclada e reaproveitada, entre outras ações, como o fomento à educação ambiental”, diz.

 

Lívia Favaro, Ger. de Cidadania Corporativa da PepsiCo Brasil – Foto: Divulgação

 

Luiz Augusto Rezende Lima, químico e Gerente da Garantia da Qualidade da Embaré, empresa de laticínios brasileira que também já investe em logística reversa de embalagens, concorda com Favaro e endossa que “a logística reversa está dentro do nosso contexto de governança sustentável. Portanto, entendemos que vale a pena sim. Por meio do nosso projeto de logística reversa, podemos contribuir para a inclusão e formalização dos catadores de materiais recicláveis e suas cooperativas; fomentar melhorias nas condições de trabalho e atendimento às boas práticas na gestão de resíduos; dar a destinação adequada e eficiente dos resíduos; fazer a substituição de matérias-primas virgens por recicladas; reduzir a emissão de gases do efeito estufa associada com a extração de matérias-primas virgens; aumentar a remuneração dos catadores; e valorizar os resíduos pós-consumo”, lista.

 

Logística reversa de embalagens na prática

 

Conforme Favaro, “a PepsiCo trabalha há muitos anos para minimizar os impactos de suas embalagens e tem metas robustas pela redução do plástico em sua cadeia produtiva, como reduzir o plástico virgem por porção em 50% em nosso portfólio global de alimentos e bebidas até 2030; usar 50% de conteúdo reciclado em nossas embalagens plásticas; unir esforços para projetar 100% das embalagens para serem recicláveis, compostáveis ou biodegradáveis até 2025 e investir para aumentar as taxas de reciclagem nos principais mercados até 2025. Todas essas metas integram a nossa nova agenda de transformação chamada PepsiCo Positive e que coloca a sustentabilidade no centro do nosso negócio. Temos como premissa impulsionar um futuro circular para que o plástico não se torne lixo e para que possamos aproveitá-lo e ressignificá-lo de diversas formas. Assim, trabalhamos em várias frentes e, principalmente, contamos com a parceria e colaboração de diversos players. Afinal, reconhecemos o nosso papel como indústria, mas sabemos que sozinhos não conseguiremos solucionar todos os desafios atuais e futuros. E, por isso, as parcerias são tão significativas para nós nessa jornada de reciclar, reduzir e reinventar o plástico. As cooperativas de reciclagem, por exemplo, exercem um papel fundamental no nosso desafio de substituir o plástico virgem pelo reciclado e, dessa forma, na última década, investimos mais de R$ 10 milhões no Brasil por meio do desenvolvimento profissional e capacitação dos cooperados parceiros. Integramos também a iniciativa Reciclar Pelo Brasil, que é composta por 19 empresas de bens de consumo e auxilia cooperativas do país inteiro. Em 2020, em meio à fase mais crítica da pandemia de Covid-19, as empresas atuantes no projeto reverteram seus investimentos na cadeia de reciclagem em salários para os cooperados de forma que pudessem ficar em suas casas durante o ano recebendo um salário-ajuda. Foram beneficiados mais de 3.500 cooperados em 21 estados, com um valor de R$ 600 por 2 meses. Também assinamos recentemente um Tratado das Nações Unidas sobre a Poluição Plástica, que tem o potencial de estimular o rápido progresso em direção a uma economia circular em todo o mundo. E a iniciativa mais recente em relação à logística reversa e descarte correto das embalagens de produtos da PepsiCo foi anunciada em janeiro deste ano. Com o objetivo de impulsionar ainda mais a economia circular, firmamos parceria com a startup Molécoola, uma iniciativa que incentiva a reciclagem com um programa de fidelidade ambiental. Por meio da parceria, consumidores(as) de produtos da PepsiCo, como por exemplo CHEETOS, LAYS’, FANDANGOS e RUFFLES, podem trocar cada embalagem vazia de snacks por 1.500 pontos na plataforma da Molécoola, que podem ser acumulados e trocados por benefícios, descontos e produtos diversos. Para isso, as pessoas devem levar seu lixo reciclável até as diversas estações de coleta localizadas no Estado de São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal para que tenha uma destinação correta. Com essa ação, reforçamos o nosso compromisso com reciclagem do plástico BOPP e também incentivamos os(as) consumidores(as) a fazerem parte desse ciclo positivo. A intenção da companhia é transformar todo esse plástico coletado em materiais úteis, como em paletes que são usados na sua linha de produção para movimentar cargas e outras soluções. A parceria com a Molécoola é uma iniciativa do programa Reciclagem com Propósito, que integra a estratégia de transformação de ponta a ponta da companhia, PepsiCo Positive”, divulga.

 

Participantes do programa de reciclagem da Pepsico Brasil – Foto: Divulgação

 

Lima, da Embaré, por sua vez, conta que a empresa “iniciou o trabalho com logística reversa em 2019 e, atualmente, trabalhamos em parceria com a startup Polen, por meio da qual o nosso objetivo é de retorno, por compensação, de 22% das embalagens colocadas no mercado brasileiro. Investimos na capacitação e estruturação de operadores de reciclagem de forma a viabilizar economicamente e logisticamente o processo e, assim, contribuir com a justa remuneração dos catadores de materiais recicláveis em todo o país. Os volumes compensados são evidenciados por meio de notas fiscais, que podem ser rastreadas pela tecnologia blockchain, dando transparência para todas as partes envolvidas. Somos uma empresa que possui um sistema de gestão ambiental certificado na norma ISO14001 desde 2003 e estamos em constante busca pelo desenvolvimento sustentável. Afinal, entendemos que a logística reversa está nesse contexto. Com isso, os nossos principais objetivos são a melhoria nas condições de vida e trabalho dos catadores de materiais recicláveis; o engajamento dos consumidores conectados à causa da sustentabilidade; o uso mais eficiente dos recursos naturais; e a redução das emissões de gases do efeito estufa”, divide.

 

Dicas para quem ainda não trabalha com logística reversa de embalagens no mercado food service

 

Por fim, gentilmente, Favaro, da PepsiCo Brasil, e Lima, da Embaré, deixam algumas dicas para quem ainda não trabalha com logística reversa de embalagens no mercado food service. “Precisamos aumentar as taxas de reciclagem notoriamente baixas no Brasil! E reverter essa situação depende de todos nós! Hoje, a logística reversa possui um importante papel nessa mudança de cenário”, indica Lima.

 

Luiz A. R. Lima, Ger.da Garantia da Qualidade da Embaré – Foto: Divulgação

 

Já Favaro atesta que investir em logística reversa de embalagens “é o tipo de iniciativa na qual todos ganham. A indústria, os(as) consumidores(as), os varejistas, etc. Enfim, toda a cadeia se beneficia tendo em vista que todos nós desejamos um meio ambiente preservado para essa e para as próximas gerações”, conclui.

 

E aí? Conseguiu entender o porquê a logística reversa de embalagens hoje em dia é mais que uma tendência no atual mercado food service? Esperamos que sim, pois te orientar cada dia mais sobre questões relacionadas à sustentabilidade é o principal foco de nós da Rede Food Service por meio da editoria Sustenfood. Por isso, continue nos acompanhando!

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