Para você, qual é a relação entre confeitaria e química? Nunca parou para pensar sobre isso, não é mesmo? Mas, te adiantamos que essa diferente e até inusitada combinação de ingredientes é o que dita a vida de chef de Vivian Feldman, de 40 anos, a chef Vivian Feldman, atual Chef Confeiteira da Harald, empresa líder em coberturas e chocolates no Brasil, e proprietária da Vivian Feldman Atelier Escola.

 

Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, Feldman revela que a sua vida de chef “é amar tanto o que faço que, mesmo de folga, estou na cozinha. Meu passatempo é desenvolver uma combinação nova de sabores e ensinar às pessoas a arte de transformar alimentos aleatórios em obras primas deliciosas. É provar, diariamente, que a confeitaria e a química andam lado a lado. É desmistificar ‘lendas’ mostrando técnicas. Cozinhar me tranquiliza e me traz paz. Sou privilegiada por ter como profissão algo que amo fazer”, partilha.

 

Quem é Vivian Feldman?

 

Divorciada, Feldman é “mãe do Bruno, de 6 anos. Sou também a tia Vivi do Gabi, de 11 anos, e da Isabela, de 8. Sou extrovertida, brincalhona, empática e justa. Mas, por outro lado, falo demais, sou muito cheia de opiniões e, às vezes, sem paciência”, se apresenta.

 

 

Sobre o seu lado profissional, a chef divide que “sou extremamente responsável e procuro dar sempre o meu melhor. Senso de humor, sorriso no rosto, gratidão e rebolado. Assim, vou levando de um dia para o outro. Ensinar a confeitaria de maneira simples e objetiva, sem complicações, com leveza, técnicas e muito bom humor é o que mais me caracteriza. Hoje, a minha vida pessoal se mistura muito com a profissional. Meu filho me acompanha em aulas e gravações de televisão, participa de lives e me ajuda com as tarefas de casa. Eu o levo e trago de escola, faço as atividades extracurriculares com ele, brinco, leio, ajudo, dou atenção. É assim para que tudo isso ocorra ao mesmo tempo”, divide.

 

Formação e experiências profissionais

 

Formada em Turismo pela Universidade Anhembi Morumbi, Feldman também possui graduação em Confeitaria e Panificação Internacionais com Administração em Alimentos e Bebidas pela Flórida Culinary Institute, nos Estados Unidos, e MBA em Gestão Empresarial também pela Anhembi Morumbi.

 

O real contato da chef com o mercado food service começou depois que ela ingressou no mercado educacional, mas, claro, na área de Gastronomia. “Ao fazer Confeitaria nos Estados Unidos, trabalhei nas cozinhas e confeitarias de alguns resorts, sendo esse meu primeiro contato com o mundo do food service. Já como docente na Universidade Anhembi Morumbi, fiz parte de um projeto incrível, o Centro de Pesquisas, um laboratório dentro da Gastronomia. E foi lá que a minha jornada no mundo do food service no Brasil começou de vez”, explica.

 

 

Sobre as suas experiências profissionais, Feldman relembra que “estudei Confeitaria e Panificação Internacionais no Florida Culinary Institute, em West Palm Beach. Trabalhei em alguns resorts nessa época, tendo permanecido por mais tempo no PGA National Resort and Spa. Já no Brasil, passei por alguns restaurantes, prestei serviços para a Rede Payard e fui docente na Universidade Anhembi Morumbi, além de ter inaugurado a minha própria escola de confeitaria em 2011, um dos meus sonhos de vida. Hoje, sou professora de Confeitaria e tenho a responsabilidade de conhecer o food service para auxiliar e dar a melhor visão de mercado aos meus alunos, além da criação de conteúdo e desenvolvimento de novos cursos atualizados e por dentro de tendências”, destaca.

 

Rotina como chef

 

Conforme Feldman, a sua atual rotina de chef é focada em “ensinar, tendo um dia a dia mais planejado. Tenho uma programação de cursos presenciais e, concomitantemente, gravo, produzo as fotos e registro receitas e momentos diários para a criação de diversos conteúdos digitais, desde a divulgação de posts gratuitos, até materiais pagos, como cursos online e e-books”, esclarece.

 

 

Já quando questionada sobre o glamour da profissão chef de cozinha, a atual Chef Confeiteira da Harald e proprietária da Vivian Feldman Atelier Escola garante que ele, na verdade, não existe.  “Seria ótimo se existisse, né? Mas, eu, por exemplo, lavo louça, pia, chão e banheiro, carrego carro, descarrego carro e faço compras. Enfim, estou sempre trabalhando quando os outros estão de folga. Precisa amar muito essa profissão para querer ser chef, sem contar as longas jornadas de trabalho, a pressão e o stress”, alerta.

 

Vida de chef na pandemia de Covid-19

 

Sobre o que mudou na sua vida de chef desde o advento da atual pandemia de Covid-19, Feldman conta que ela “tinha uma escola 100% presencial. Por isso, precisei me adaptar e me reinventar muito rápido para conseguir seguir em frente. Afinal, praticamente 80% do meu negócio mudou. A maioria dos cursos, agora, é ou será em formato online. E este 2022 promete muitas mudanças, desafios e novas conquistas”, aguarda.

 

A chef relata ainda que, no começo da pandemia de Covid-19, ela desenvolveu “uma linha de cookies americanos que eu continuo comercializando. Hoje, não tenho sócios e muitos chefs me inspiram. Por isso, seria muito injusto, além de muito difícil, citar apenas alguns nomes”, diz.

 

Desafios e sonhos como chef

 

Apesar de ser uma profissional experiente e possuir um currículo bastante diversificado, Feldman assegura que ainda encara alguns desafios, assim como alimenta sonhos quando o assunto é tanto a sua carreira profissional, quanto a sua vida pessoal. “Os meus atuais desafios são, sem dúvida, estar mais atualizada no mundo digital, entender esse público e o que ele deseja. Preciso aprender que tipo de conteúdo desperta o interesse dessas pessoas e como esse conteúdo precisa ser divulgado para chegar até elas. Também é um grande desafio fazer tudo isso e, ao mesmo tempo, educar e criar, com muito amor, valores e carinho o meu filho que, hoje, está com seis anos”, sinaliza.

 

 

Em relação aos seus sonhos, a chef destaca que “entre eles, estão seguir trabalhando na área que amo, evoluindo sempre, com parceiros, profissionais e empresas que respeito e admiro rumo à entrega de um serviço de excelência. Ser referência e deixar a minha marca no que eu faço, não só como profissional, mas como ser humano, é algo que desejo. Também sonho em ter saúde, paz, amor, família e amigos verdadeiros sempre por perto. Assim como, ver meu filho crescer e alcançar seus potenciais, vê-lo encontrar amor e felicidade”, detalha.

 

Visão de mercado

 

Para Feldman, o atual mercado de alimentação possui outro conceito em comparação com anos atrás, já que “com os programas de televisão nacionais e internacionais e a influência da mídia e dos chefs renomados, as pessoas estão mais interessadas pela comida. Hoje, estão mais curiosas e querendo experimentar coisas que nunca provaram antes. Mas, infelizmente, acho que uma parcela muito grande da população brasileira ainda não tem acesso à todas essas novidades. Porém, acredito em um futuro mais justo, com mais possibilidades a todos”, espera.

 

 

A chef acrescenta que “eu acredito que sempre há espaço para melhorias, embora acredite que o Brasil esteja evoluindo muito no food service. Temos vários polos gastronômicos e, cada vez mais, profissionais especializados, trazendo iguarias e técnicas do mundo todo para bem perto de nós. As pessoas estão mais interessadas em alimentação graças à globalização e programas de televisão e estão também aumentando a demanda por um universo gastronômico maior e mais competitivo, o que é ótimo para todos. Já no quesito mãos-de-obra, acredito que precisamos investir mais na parte humana, nos valores, nas condutas e responsabilidades. Vejo que nossos jovens estão perdidos, em todas as áreas, não somente nas cozinhas”, enfatiza.

 

Dica de chef

 

Por fim, Feldman relata que, durante a sua carreira, já viveu várias experiências que te marcaram como chef, como “depoimentos maravilhosos de como minhas receitas, explicações e didática mudaram a vida de muitas pessoas, que não tinham nada, nem esperança, e que, aos poucos, foram conseguindo se reerguer e, hoje, têm a sua renda e dignidade de volta. Isso não tem preço”, garante.

 

 

E, inspirada nessas vivências, ela aconselha que quem deseja ser uma chef de cozinha como ela precisa “praticar muito, auxiliar chefs em todo tipo de evento, fazer contatos, conhecer pessoas/networking, ser responsável, pontual, proativo, além de estagiar/trabalhar em todas as áreas da cozinha”, indica.

 

E aí? Gostou de conhecer a vida de chef de Vivian Feldman? Então, continue nos acompanhando, pois, toda semana, fazemos questão de desvendar para você o que, realmente, é vida de chef no atual mercado de alimentação fora do lar por meio de histórias reais!