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Marcelo Ballardin: o primeiro chef brasileiro a receber estrela Michelin fora do Brasil

Atualmente no comando de dois restaurantes próprios na Bélgica, Ballardin é a prova de que vida de chef também pode ser premiada e internacional

Chef MarceloDestaque scaled 1
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Da Biologia para a Gastronomia e de maneira premiada. Esse é um bom resumo para a história de vida de Marcelo Ballardin, de 39 anos, o primeiro chef brasileiro a receber uma estrela Michelin fora do Brasil.

 

Depois de estudar no Brasil até os seus 17 anos, o chef foi morar nos Estados Unidos com a família, onde chegou a iniciar o curso superior de Biologia. No entanto, aos 29 anos e sem concluir tal graduação, mudou para Londres, em 2009, com o plano de ser aluno da Le Cordon Bleu, a melhor escola do mundo de culinária clássica francesa e, talvez, ingressar no universo da Gastronomia. “Meu contato com o mundo food service começou tarde. Eu sempre gostei de culinária, mas nunca foi uma profissão que me atraia. Porém, comecei a conhecer vários restaurantes fantásticos ao mudar para a Europa e isso acabou me atraindo muito mais. Nunca tinha ouvido falar sobre a estrela Michelin até chegar na Europa para ter uma ideia. Eu gostei muito do lado criativo europeu e, assim, comecei a trabalhar na área. Trabalhei em vários países, como Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha, Dinamarca, Holanda. Tudo isso envolvido na Gastronomia, mas parei na Bélgica, onde eles há uma paixão enorme pela Gastronomia”, conta.

 

Restaurantes OAK e DOOR73

 

Hoje em dia, Ballardin é proprietário de dois restaurantes localizados na cidade de Gent, na Bélgica: os Restaurantes OAK e DOOR73.  “Tenho um sócio e temos dois restaurantes. São dois conceitos totalmente diferentes. OAK alta Gastronomia e o Door73 mais familiar, com sabores mediterrâneos”, apresenta.

 

Destaque na mídia. Restaurante DOOR73 na cidade de Gent, Bélgica (Foto: Divulgação)

 

Fundado por Ballardin em 2015, o OAK é a concretização de um desejo antigo do brasileiro de oferecer experiências marcantes por meio dos aromas e sabores do seu menu de cozinha moderna.“Somos um restaurante pequeno, trabalhamos com uma equipe reduzida. A julgar ‘pela capa’, nos assemelhamos a muitos restaurantes da Europa. Mas, a forma como apresentamos cada prato do menu degustação e a dedicação que investimos nas combinações de cada ingrediente, eu garanto: ninguém vai encontrar igual no mundo”, garante Ballardin, que, logo no começo de sua carreira como chef, recebeu o título de melhor jovem chef de cozinha da Bélgica, no ano de 2015.

 

Prêmiações

 

Ballardin se tornou o primeiro chef brasileiro a receber estrela Michelin fora do Brasil em 2017 e por meio do seu Restaurante OAK. A partir daí, ganhou verdadeira fama no mercado food service europeu, o que o ajudou a ser convidado para compor o elenco de vários programas de televisão internacionais, como o Battle Korea, onde ficou em primeiro lugar, em 2018. Além disso, Ballardin já é considerado um dos principais chefs de cozinha da atualidade e ainda participa com bastante frequência de diversos programas de TV e reality shows na Europa e na Ásia.

 

Restaurante OAK em Gent, na Bélgica (Foto: Divulgação)

 

Em 2019, o chef, também por meio do Restaurante OAK, foi novamente premiado e reconhecido internacionalmente ao entrar para a lista “50 Best Discovery”, que classifica os 50 melhores restaurantes do globo. Assim como, este ano, o OAK foi citado na lista asiática “ODR List R”, permanecendo, assim, entre os melhores restaurantes da Europa. “Tenho orgulho de onde vim e de dizer que sou brasileiro. Acredito que o sucesso do OAK foi trazer o espírito brasileiro para nossa equipe. Quando quero surpreender com uma ideia diferente, os primeiros ingredientes de que me lembro são o tucumã, a pupunha, o cupuaçu. Frutos do Norte do país, que é a terra da qual me orgulho e de onde vem essa gente que, como eu, corre atrás, faz acontecer e não espera de braços cruzados para realizar o que deseja”, partilha Ballardin.

 

Bastidores de vida de chef

 

Apesar de Ballardin ser um chef de renome, ele garante que os bastidores de sua vida profissional estão longe do glamour envolto nos prêmios que já conquistou durante a sua carreira. “O trabalho no ramo de comida é um trabalho super intenso, mas muito gratificante. Estou na cozinha das oito horas da manhã até uma hora da madrugada. Isso é o dia a dia de cada chef aqui na Europa e tenho certeza de que a rotina no Brasil seja essa também. É uma profissão que exige de você o máximo, principalmente, quando você quer tudo perfeito!”, afirma.

 

Langoustine, um dos pratos do premiado Chef Marcelo Ballardin (Foto: Divulgação)

 

Para aqueles que almejam virar chef de cozinha, Ballardin aconselha: “esqueça as oito horas de trabalho por dia! Não existe isso na nossa área! Se alguém escolher Gastronomia por glamour, está ‘ferrado’, porque vai trabalhar muito.  Às vezes, pode se tornar até um top chef muito melhor do que esses que estão na TV, mas, mesmo assim, pode não conseguir o reconhecimento devido e o espaço almejado em um programa, reality, etc. O indicado é trabalhar para o glamour dos seus clientes. Se os clientes estão contentes e retornando ao seu restaurante, não tem razão de preocupar com o resto. Vida de vida de chef não é glamour. É uma vida mais dura e tem que saber de matemática,” alerta.

 

“…trabalho intenso mas gratificante…” (Foto: Divulgação)

 

Ainda de acordo com o chef, apesar da puxada rotina, ele gosta de trabalhar muito. “Adoro essa pressão e sempre vejo o lado positivo. Nada cai do céu. É preciso trabalhar muito para chegar em algum lugar na vida. Tiro o domingo para descansar, mas, várias vezes, trabalho também no domingo, especialmente, para TV nacional da Bélgica. São dias longos e puxados, mas sempre, no final do dia, vem uma onda de energia positiva de trabalho feito. É uma delícia essa sensação! Tenho o mal de ser perfeccionista. Então, tudo o que faço nunca está bom o suficiente. Estou sempre puxando o melhor de mim e da equipe. Isso pode ser muito perigoso e tenho que sempre estar atento a esse lado. Meu estilo de culinária é leve, tenho uma influência muito grande do Japão. Adoro essa simplicidade que, ao mesmo tempo, é extremamente difícil de fazer”, divide.

 

Vida de chef na pandemia

 

Por fim, Ballardin partilha que, assim como a maioria dos chefs pelo mundo, a atual pandemia de Covid-19 o obrigou a aprender e praticar a reinvenção. “Eu e minha equipe tivemos que nos reinventar como profissionais. Passamos a cozinhar comida para colocar em caixas de delivery. Tudo muda, a logística e também a visão de um prato apropriado. No lugar de fazer um prato com caviar, por exemplo, estou fazendo um steak com purê de batata”, exemplifica.

 

Ficou inspirado pela história do chef Ballardin? Tem vontade de se tornar um chef de cozinha como ele? Então, continue nos acompanhando, pois nossa missão é sempre lhe esclarecer o que, de fato, é essa linda profissão e, assim, o incentivá-lo de verdade.

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