Para você, o que quer dizer a palavra muvuca? Pelo conhecido Dicionário, o famoso ‘pai dos burros’, muvuca significa excesso de pessoas em desordem, em que há confusão, bagunça e/ou tumulto. Entretanto, para os empresários Bruno Souza e Victor Drago, sócios-fundadores do Muvuca Bar, na cidade de Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul, é sinônimo de um negócio food service criado às vésperas do começo da atual pandemia de Covid-19 e que já fatura R$ 100 mil por meio do serviço delivery.
Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, Souza, que tem 27 anos e é o responsável pela parte comercial, de marketing e vendas do negócio, revela que o Muvuca Bar é fruto do sonho dele e do sócio, que é seu amigo de infância, ambos estreantes no mercado de alimentação fora do lar. “O Muvuca Bar começou comigo e com o Drago, que é o meu sócio. Nós somos amigos desde os oito anos de idade. Já passamos por várias experiências de vida que ajudaram a construirmos essa ideia ao longo desses anos. Sempre alimentamos o desejo de ter um bar e, em 2019, tivemos a ideia de usar uma Kombi e transformá-la em um bar itinerante, com churrasquinho no pão e bebidas. Teria o nome de Bagualzito. Porém, a ideia se transformou, pois surgiu um ponto físico para alugar que nos atraiu e nos fez pensar em inúmeras possibilidades. Assim, colocamos no papel todas as ideias, valores, expectativas e esse acúmulo de desejos resultou no nome Muvuca para traduzir tudo o que queríamos fazer. No final de 2019, começamos as obras e, em fevereiro de 2020, abrimos o Muvuca Bar. No começo, faltou dinheiro para fazermos tudo o que precisávamos, mas abrimos e ficamos abertos por 30 dias até começar a pandemia de Covid-19, quando partirmos para a nossa reinvenção. Hoje, o Muvuca Bar já chegou a faturar mais de R$ 100 mil por mês”, revela.
O que é o Muvuca Bar?
De acordo com Souza, o Muvuca Bar já passou por inúmeras transformações. “Começamos com o formato de bar, onde recebíamos as pessoas, a maioria universitários. Nossa proposta era ser um ponto de encontro perto da universidade, um local acolhedor no centro da cidade, uma extensão de casa para as pessoas se reunirem. Esse período durou 30 dias, que foi exatamente o tempo que ficamos abertos antes do começo da atual pandemia de Covid-19. Em março de 2020, nós fechamos e foi um período de intensa reformulação, transformação e reinvenção. Deixamos de receber as pessoas em nosso bar para as pessoas nos receberem em casa, quando mudamos e passamos a atender exclusivamente por delivery. Começamos com serviço próprio, atendendo por WhatsApp, até conseguirmos estruturar um cardápio, entender como funciona o negócio, entrar para a plataforma da Delivery Much e estruturar o novo serviço. Conseguimos assim sustentar o bar com delivery e tivemos um crescimento até que fizemos uma nova reinvenção para a reabertura, seguindo com o delivery e com o salão, mas, aí, com um atendimento diferente do que era no início, sendo, agora, com atendimento nas mesas, QR Code e uma proposta mais gastronômica. Implementamos hambúrgueres, sanduíches, dentre outras porções e sobremesas, passando dessa maneira mais para um gastrobar. E, agora, estamos explorando mais a vertente do entretenimento, em uma terceira fase da nossa reinvenção, continuando com o delivery, reinventando como a gente recebe as pessoas com a proposta nova de drinks e gastronomia. Hoje em dia com a ampliação do bar, queremos fomentar ainda mais o entretenimento. Então, atualmente, considero que o Muvuca é mais um ponto de encontro, de entretenimento e gastronomia. É um negócio multicultural”, classifica.
O empresário complementa que “a proposta do Muvuca Bar é que as pessoas se sintam em casa e parte do negócio. Por isso, o nosso atendimento e proposta de recepção, o nosso acolhimento é algo que achamos muito importante e que identifica o Muvuca. O nosso cardápio também é construído com a participação do público. Queremos que as pessoas tenham a sensação de estar em uma extensão de casa, em um local tranquilo. E, como diz o Tim Maia, para ficar num relax, numa tranquila e numa boa”, afirma.
Souza relata também que o bar e restaurante possui várias inspirações, “principalmente, as musicais, englobando toda a história da música brasileira e isso está traduzido nas nossas playlists. Afinal, nos entendemos como um bar multicultural. Assim, gostamos muito das músicas que fizeram o movimento Tropicália até a nova MPB, entre outras vertentes sonoras brasileiras. Essa é a nossa referência para fazer a atmosfera do Muvuca. Como referência, também estamos atentos a outros lugares, bares em Florianópolis, em Porto Alegre, Pelotas, Santa Cruz, amigos que têm estabelecimentos e vemos o que está acontecendo pelo Brasil e tentamos trazer um pouco de cada identidade fazendo e montando essa muvuca”, destaca.
Investimento, equipe e funcionamento
Para estruturar o Muvuca Bar, Souza partilha que ele e o sócio investiram, inicialmente, cerca de R$ 30 mil. “Começamos com mais ou menos R$ 30 mil, que era o que tínhamos na época. O que faltou, fomos parcelando e negociando”, conta.
Sobre a atual equipe e funcionando do bar, o empresário divide que “estamos, em média, com 15 colaboradores, mas esse número pode ser maior quando precisamos de freelas para atender um movimento maior. Hoje, temos a participação também do Luiz Weber e do Pedro Jacob no negócio e quem fez a nossa marca foi a Laura Mendes. A Érica, que é namorada do Victor, participou da construção e está junto com a gente desde o início. Tivemos vários amigos que nos ajudaram com ideias e trabalharam no bar. Nossos arquitetos foram muito importantes para nos ajudar a construir o bar com a nossa cara e sem esquecer da Bruna Rison, que foi quem fez o nosso grafite na fachada e o interno. Assim como do público, que nos ajudou a construir com ideias. Nos ajudou muito a acreditar na nossa proposta e atravessar os momentos mais difíceis durante o começo da atual pandemia de Covid-19. Atualmente, a nossa proposta é na parte noturna. Normalmente, abrimos às 17h30 e fechamos à 1h. Temos cardápio de drinks, hambúrgueres, porções e lanches. Nosso atual funcionamento é de um bar focado no happy hour, no entretenimento, no encontro de pessoas e nessa conexão dos jovens no centro da cidade de Santa Maria. E, além de toda a nossa estrutura no delivery, entregamos a nossa comida na casa das pessoas com o maior amor do mundo”, garante.
Cardápio e perfil de cliente
Conforme Souza, “o Muvuca Bar tem várias coisas deliciosas no seu cardápio. Por isso, é difícil dizer qual é o nosso carro-chefe, porque temos paixões por vários produtos. Nossos drinks, principalmente as caipirinhas de frutas, são muito amadas dentro da carta dos drinks, são o ‘xodó’ do bar. Na parte de porções, temos os pasteizinhos caseiros que nos acompanham desde o início do bar. O pessoal ama os pasteizinhos e eles são mesmo a cara do bar, pois fazem parte da nossa história. Na parte de lanches, o hambúrguer está roubando a cena atualmente, mais especificamente o Benjor, que é um hambúrguer autoral do Muvuca que fazemos de smash com queijo colonial em formato de américa cheese, cebola ao shoyo, molho goiaba chilli, rúcula e um pão brioche”, divulga.
Em relação ao perfil de cliente do bar e restaurante, o empresário avalia que “o público do Muvuca é o jovem universitário que encontra seus amigos no bar. Se traçássemos uma persona, talvez, seria um jovem de 24 anos, estudante, preocupado com causas sociais, movimentos sociais e com o mundo, além de se identificar com os valores do Muvuca. Assim como, também acolhemos outros públicos de diversas idades que se identificam com a nossa proposta. Mas, o que predomina é o público jovem de 20 a 30 anos”, pontua.
Desafios e metas
Atualmente, o Muvuca Bar está “passando por uma reforma para ampliar o bar e propor uma nova ideia de entretenimento. Nesse primeiro momento, a curto prazo, queremos consolidar a reforma e essa nova proposta. Nosso sonho é conseguir levar o Muvuca para mais lugares. Nossa próxima meta, em um futuro médio, é levar para Florianópolis (SC), abrir uma unidade lá. Estamos sempre indo para Florianópolis para conhecer o mercado, os lugares e qual será a melhor posição para o Muvuca acontecer por lá. Queremos que o Muvuca seja mais um ecossistema de entretenimento e que tenha outras frentes. Queremos ter uma linha de roupas e de consultoria, assim como ter um Muvuca em um formato mais club. Enfim, são várias ideias e possibilidades que almejamos com o bar”, divide Souza.
Adaptações frente à pandemia de Covid-19
Na concepção do empresário, a atual pandemia de Covid-19 tem sido um divisor de águas para o negócio Muvuca Bar, uma vez que é algo “que pensamos todos os dias, pois precisamos nos reinventar todos os dias também. Hoje, é preciso estar atento ao mundo, a nossa cidade e ao mercado. Antes, trabalhávamos recebendo as pessoas, quando fazíamos aquela muvuca de segunda a segunda durante 30 dias. No entanto, desde o começo dessa doença, mudamos para o delivery, conseguimos estruturar e crescer o nosso negócio em meio aos vários percalços. E, depois que voltamos a receber as pessoas, passamos a observar como estão as coisas e como podemos ser o mais coerente possível no momento atual. Hoje em dia, cobramos a vacinação na entrada, seguimos os protocolos e estamos atentos sobre qual é a forma mais responsável de tocar o negócio durante uma pandemia. Todas essas adaptações nos exigem desafios de estar em alerta de como funcionar e proporcionar os momentos bons dentro das condições atuais. Na nossa história junto à pandemia, fomos de bar para o delivery e, agora, para uma ‘vibe’ mais gastronômica e restaurante. Estamos ainda nos encaminhando para algo mais de entretenimento em um futuro médio. Mas, precisamos estar conectados, principalmente, ao público para encontrarmos qual é o caminho a seguir em uma forma mais coerente”, considera.
Segredo do sucesso
Por fim, Souza afirma que ele e seu sócio “ainda não encontramos 100% o caminho do sucesso, mas tivemos resultados muito bons, com isso, já entendemos que, em primeiro lugar, precisamos olhar para o nosso produto, o que estamos vendendo, a qualidade, a montagem e o diferencial desse para chegar lá. Para, depois, elaborarmos um lanche, por exemplo, passarmos por consultorias, inúmeros testes, provas e conversarmos com o nosso público. Hoje, já temos essa interação para construir os lanches e ver o que a galera prefere. E, para ter um produto muito bem-feito, também precisamos pensar na logística dele, na ficha técnica, no receituário, na montagem para conseguir ter um padrão e para entregar uma melhor experiência. Outro ponto relevante é interagir e entender qual é o gosto e preferência do público e ter um diferencial. Nossos hambúrgueres, por exemplo, são todos autorais e foram construídos dentro do bar por meio da troca de ideias com o nosso público. Também é muito importante como a gente faz a venda desse produto, como produzimos o conteúdo, como distribuímos, como conectamos às pessoas ao nosso produto, sendo que tudo isso gera valor. Um outro ponto é por onde e quais são os canais que vamos vender esse produto. Desde o momento que entramos para a Delivery Much, por exemplo, foi uma virada de chave para conseguirmos alcançar um público de qualidade e interessado. É uma vitrine fantástica. Com isso, avalio que o segredo do sucesso está também em ter uma plataforma certa, pois ter um canal de venda é muito importante para alcançar o público. Dentro desses pontos, precisamos ainda ver a parte operacional para ter a logística muito boa. Uma logística de produção é muito importante. É necessário ter alinhamento com a ficha técnica, a montagem, receituário, a embalagem, a forma de entregar, o cuidado, o tato nessa entrega e com a agilidade, que conta muito também para conseguirmos ter resultados melhores. No mundo atual, as pessoas não gostam de esperar muito e, se conseguirmos entregar um lanche de qualidade em um tempo ok, é algo que ajuda bastante nos resultados”, aconselha.
E aí? Gostou de conhecer a história do Muvuca Bar e seus sócios? Então, continue nos acompanhando, pois, toda semana, nós te apresentamos um negócio food service diferente!
