Pesquisar
Close this search box.

TRABALHO REMOTO – Uma realidade a ser encarada

por Sergio Molinari, curador da editoria Gestão e Mercado da Rede Food Service

HomeOffice
HomeOffice

 

Trabalhar remotamente, total ou parcialmente, é algo a ser esquecido junto com o fim da pandemia ou é algo que devemos incorporar em definitivo em nossas estratégias?

 

Mas, antes que alguém se preocupe em excesso, há boas notícias para o Foodservice de forma geral:

 

  • uma delas é que a população ocupada (que movimenta boa parte das refeições e lanches no Foodservice) vai se recuperar, mesmo que não tão rapidamente quanto gostaríamos
  • outra é que as pessoas não vão parar de comer, seja em casa, no trabalho ou onde que que vivam e trabalhem
  • uma outra é que as pessoas manifestam os mais altos índices de resposta positiva quando a gostar de comer fora e de se confraternizar.

 

Criado este cenário não pessimista para o mercado como um todo, vamos analisar um pouco o que pesquisas e estudos importantes nos contam, e com um raciocínio em mente: quanto mais longa a duração da pandemia e seus impactos na sociedade e nas relações das pessoas com o trabalho, tanto mais impacto nos modelos de vida e de consumo vamos observar!

 

Então, vamos navegar entre estudos no Brasil e no mundo:

 

  • Uma pesquisa feita pela organização de auditoria e consultoria Grant Thornton, publicada no Jornal Extra em 17/08/21, revelou que apenas 7% das empresas brasileiras descartam totalmente a possibilidade de continuar em home office após a pandemia.
  • No Brasil, 32% dos executivos pretendem tornar o trabalho remoto permanente e, assim, reduzir os espaços físicos das instalações das empresas.
  • Outros 45% disseram estar avaliando seriamente essa possibilidade, enquanto 15% não querem tornar o home office permanente, mas também não descartam a decisão.
  • Um estudo realizado por pesquisadores das Universidades de Chicago e de Stanford e do Instituto Tecnológico Autônomo do México na metade do ano estima que, quando a pandemia acabar, perto de 20% das horas trabalhadas nos Estados Unidos estará ocorrendo de forma remota.
  • Aqui no Brasil, quando da última leitura da PNAD-Covid sobre o tema do trabalho remoto, tínhamos mais de 8% da população ocupada trabalhando remotamente.

 

Analisando de forma lúcida, sabemos que não teremos uma proporção tão grande quanto os Estados Unidos em trabalho remoto, mas podemos ter um contingente importante no Brasil, talvez até maior do que havia no final de 2020.

 

Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e pela Fundação Instituto de Administração (FIA), publicada pela CNN Brasil em 06/09/2021 concluiu que 73% das pessoas estão satisfeitas com o trabalho de casa.

 

Mas esse número cresce para 78% quando se considera a intenção de manter a mesma rotina após a pandemia, ante 70% no ano passado.

 

Já o número de trabalhadores que querem voltar aos escritórios diariamente caiu de 19% para 14%. O porcentual dos indiferentes também recuou, de 11% para 8%.

 

Para completar, 81% dos entrevistados afirmaram que a produtividade, trabalhando de casa, é maior ou igual à da atividade presencial.

 

A análise o trabalho remoto tem um agravante muito importante: aqui, como em outros países com economia bem diversificada, o trabalho remoto tem uma forte concentração entre trabalhadores mais bem formados, mais qualificado e com renda média significativamente maior do que o resto da população.

 

Aqui no Brasil, se a proporção de pessoas em trabalho remoto era de 8% frente à população ocupada total no final do ano passado, a proporção de sua massa de renda em relação à massa total era o dobro disso!

 

Isso significa que se já é bem relevante pensar em mais de 5% da população ocupada trabalhando remotamente, poderemos estar falando em 10% ou mais da renda disponível para o consumo concentrada nestes trabalhadores remotos.

 

Mas, misturando isso tudo, o que tiramos de expectativas?

 

Em primeiro lugar, expectativas de impactos mais prováveis:

 

  • Muitas soluções provisórias de trabalho remoto vão se converter em definitivas, total ou parcialmente
  • Vários centros e bairros de negócios, particularmente em setores de serviço, perderão parte do tráfego anterior
  • Cidades satélites absorverão mais moradores, com melhor poder aquisitivo
  • Consumo de vizinhança terá um fortalecimento nos dias úteis
  • A demanda por novas propostas de valor em delivery e take-out será crescente

 

Mas há também uma gama enorme de possibilidades que crescerão para atender o contingente expressivo de trabalhadores remotos:

 

  • Fortalecimento de operadores de vizinhança, para atender bairros com alta concentração de trabalhadores remotos
  • Crescimento de opções de refeições e lanches no delivery e no take-out a preços aceitáveis, para consumidores frequentes
  • Expansão de marmitas de boa qualidade e preço aceitável nos bairros e condomínios de trabalhadores remotos
  • Praticidade e conveniência a preço justo serão supervalorizadas
  • Crescimento do número de estabelecimentos em cidades satélites, destinos da população que deixa as grandes cidades
  • Proliferação de formas de se adquirir refeições e lanches de forma frequente e recorrente (assinaturas, planos etc.)

 

Cada empresa poderá responder ou não às implicações do crescimento do trabalho remoto, mas não é recomendável desconsiderar o movimento. Ele será significativo.

 

 

Sobre o autor

Sérgio Molinari é fundador da Food Consulting, Conselheiro, Consultor, Mentor, Pesquisador, Produtor de conteúdo, Professor e Palestrante, com 40 anos de significativa experiência no segmento de alimentação fora do lar no país. Formado em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC–SP), é um dos mais renomados profissionais do Food Service na atualidade.

+ posts

Compartilhar:

Facebook
Twitter
LinkedIn
Fique Atualizado!

Assine nossa newsletter

Veja também...