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Marcela Silveira: a ‘nutrichef’ multitarefa que trabalha com pesquisa e desenvolvimento

Atual Gerente Culinária de Pesquisa e Desenvolvimento para a América Latina na PepsiCo também ministra cursos de alimentação saudável e possui um programa no canal ChefTV

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Pesquisa e desenvolvimento. Essas são as duas áreas de trabalho que ilustram a vida de chef multitarefa de Marcela Garcia e Silveira, de 36 anos, nutricionista e chef de cozinha por formação.

 

Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, a ‘nutrichef’, que, atualmente, exerce o cargo de Gerente Culinária de Pesquisa e Desenvolvimento para a América Latina na PepsiCo, uma das maiores empresas de alimentos e bebidas do mundo, revela que também ministra cursos de alimentação saudável e possui um programa no canal ChefTV.  “Além de trabalhar na PepsiCo como Chef de Pesquisa e Desenvolvimento, eu ministro cursos de alimentação saudável na plataforma EduK e possuo um programa no canal ChefTV chamado Sem Pão Sem Manteiga, por meio do qual ensino a preparar receitas saborosas e saudáveis, cheias de substituições inteligentes. Meu lado nutricionista nunca me abandona”, partilha.

 

Quem é Marcela Silveira?

 

Casada com Alberto há 2 anos e mãe de “dois filhos peludos, a Amora e o Mirtilo, border collies cheios de energia, a Marcela é uma mulher sonhadora, porém, bastante realista, resiliente ao mesmo tempo, e que é impaciente e ama estar em família, mas que também valoriza demais a sua independência. Sou um conjunto de antíteses, vivo mudando de ‘fases’ e em busca de novos desafios e projetos, ao mesmo tempo em que estou sempre centrada em torno daquilo que me motiva todo dia: cozinhar”, se apresenta.

 

Foto: Divulgação

 

Sobre o seu lado profissional, a ‘nutrichef’ divide que “como possuo um início de carreira na área da Nutrição, sou uma apaixonada em criar receitas que sejam deliciosas e mais saudáveis e naturais. Existe muito conteúdo por aí de receitas que são de fato saudáveis, porém, quando se testa em casa, ou não funciona ou não agrada o paladar de ninguém (risos). Eu vejo essa linha como super desafiadora e interessante. Também sou uma grande entusiasta da cozinha plant-based, da utilização de ingredientes locais e de valorizar a biodiversidade que o nosso Brasil nos oferece”, resume.

 

Formação e experiências profissionais

 

Silveira estudou Nutrição na Universidade Estadual Paulista (UNESP) em Botucatu, interior de São Paulo, e Gastronomia no Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-SP). Porém, a sua vontade de estudar e trabalhar com gastronomia a acompanha bem antes disso. “A minha paixão por cozinhar vem de muitos anos, antes de eu saber que era possível trabalhar profissionalmente na área. Ainda jovem, com 18 anos, decidi estudar Nutrição porque, na época, me pareceu a escolha mais próxima do meu amor pelos alimentos. Mas, durante essa graduação, em congressos da área, fui entrando mais em contato com a área da Gastronomia e, assim, tive o estalo que me faltava: é isso que eu quero fazer! Então, pensei imediatamente e dito e feito, pois me formei nutricionista em 2008 e, na sequência, me mudei para São Paulo, capital, e já engatei uma pós-graduação em 2009 em Gastronomia no Senac Santo Amaro”, relata.

 

Foto: Divulgação

 

Sobre as suas experiências profissionais, a ‘nutrichef’ conta que “ainda recém-formada, em 2010, tive a oportunidade de trabalhar em um restaurante familiar próximo de Barcelona, na Espanha, como parte de um prêmio que recebi em um concurso que participei de receitas com azeite de oliva espanhol. Depois disso, trabalhei bastante em hotelaria, nos hotéis estrelados Intercontinental e Grand Hyatt, em São Paulo, atuando tanto na área de restaurante, quanto na cozinha de banquetes, com eventos de grande porte. Em 2013, eu fui contratada pela BRF para ser a Chef Nacional responsável pela marca de cream cheese Philadelphia, quando desenvolvi inúmeras consultorias, receitas e organizei diversos eventos para a marca. Ainda na BRF, fui promovida a gestora de toda a equipe de Chefs do Brasil, cargo que deixei para trás quando fui trabalhar na PepsiCo para inaugurar a cozinha experimental deles no Brasil, onde estou até hoje. E, por causa de dois concursos em que participei, tive a oportunidade de enriquecer o meu currículo fora do Brasil na área da Gastronomia. O primeiro foi o concurso de receitas com azeite de oliva espanhol, que me proporcionou atuar no restaurante espanhol em 2010, com viagem e hospedagem incluídos. O segundo foi um concurso da BRF na época em que trabalhei lá e que me premiou com um curso na Le Cordon Bleu em Paris, em 2015”, detalha.

 

A chef acrescenta também que “as minhas melhores experiências, certamente, envolvem viagens. Tive a oportunidade de viajar pela primeira vez de avião com 24 anos de idade, em um voo transcontinental por meio do meu trabalho, quando participei do concurso que me premiou com o estágio na Espanha. Sempre foi um sonho meu conhecer a Europa e eu fiquei simplesmente embasbacada em poder estar lá, conhecendo outras pessoas e lugares, além de estar aprendendo mais sobre a minha profissão. Depois disso, tive a oportunidade de conhecer Paris e estudar na Le Cordon Bleu, também por causa do meu trabalho. No meu trabalho atual na PepsiCo, também tenho a oportunidade de viajar para diferentes destinos, como EUA, México e América do Sul e isso para mim não tem preço”, destaca.

 

Rotina de vida de chef

 

Conforme Silveira, hoje em dia, a sua rotina de vida de chef é voltada, majoritariamente, à área de pesquisa e desenvolvimento. Na PepsiCo, possuímos um time global de gastronomia, composto por 17 chefs ao redor do mundo (EUA, México, Reino Unido, Brasil e China). Eu sou a responsável por todos os projetos de inovação para a América Latina, trazendo insights culinários, exploração de novos ingredientes, tendências alimentares e gastronômicas, técnicas de preparo e cocção, tudo que diz respeito à inspiração no desenvolvimento de novos produtos para todas as categorias. No meu dia a dia, diferente de um chef de restaurante, cuja rotina é basicamente dentro da cozinha e, muitas vezes, com carga horária intensa, além de incluir os finais de semana e feriados – rotina que já experienciei por bons anos-, hoje, a minha rotina é muito mais similar à corporativa. Ou seja, trabalho nos dias úteis e em horário comercial. Mas, claro que passo sim alguns dias totalmente na cozinha, criando receitas ou executando pratos e explorações específicas para determinados projetos. Porém, eu possuo também muitos compromissos em reuniões de alinhamento de projetos, entre outros, que consomem um bom tempo do meu dia na frente de um computador”, esclarece.

 

Foto: Divulgação

 

A ‘nutrichef’ garante ainda que, ao contrário do que a maioria das pessoas imagina sobre uma vida de chef, “ser cozinheiro é uma profissão cheia de contratempos, de trabalho pesado e braçal. Essa glamourização da profissão, que, a meu ver, deve-se muito aos reality shows na televisão que causaram um ‘boom’ na visibilidade do trabalho dos cozinheiros, pode ser muito nociva para os jovens que buscam se profissionalizar na área, mas não tem clareza, de fato, do quanto o trabalho é pesado e, na maioria das vezes, muito mal remunerado no Brasil. Os índices de desistência da carreira após conclusão do curso, ou seja, ao se inserir no mercado de trabalho, é altíssimo. Na minha turma mesmo, cerca de apenas 10% dos que estudaram comigo seguem na área. Entretanto, ressalto que a minha intenção com esse relato não é desmotivar quem ama trabalhar na cozinha ou tem interesse em se profissionalizar, mas sim de conscientizar essas pessoas a pesquisarem a fundo o cenário profissional e entender se, de fato, ressona com os anseios profissionais antes de se matricular em algum curso. Até porque, geralmente, são cursos com altos investimentos por parte do aluno”, sinaliza.

 

Metas e sonhos

 

Determinada, Silveira possui algumas metas e sonhos em mente, sendo o principal objetivo, a curto prazo, “obter uma certificação chamada Certified Research Chef (CRC), pela Research Chefs Association (RCA), para me diferenciar e especializar cada vez mais dentro do trabalho como chef na indústria. Tenho estudado bastante ultimamente para isso. E, para longo prazo, a minha meta é ser feliz e continuar fazendo o que amo, sem maiores expectativas ou planos. Sou uma pessoa bastante sonhadora, mas, ao mesmo tempo, muito pé no chão de que devemos sim nos esforçar e correr atrás dos nossos sonhos. Penso que o que é nosso estará sempre lá, nos esperando na hora certa. Por isso, meu lema é: trabalhe direito, com honestidade, capricho e respeito aos outros e tenha a certeza que você será reconhecido por isso e recompensado”, garante.

 

Visão de mercado

 

Para a ‘nutrichef’, “o atual mercado de food service requer profissionais cada vez mais especializados e as grandes indústrias têm valorizado e entendido com relevância os benefícios que um chef profissional pode agregar em seus negócios. Ainda falando sobre o papel do chef na indústria, há, cada vez mais, certificações para esses profissionais que atuam casando a expertise culinário com os conhecimentos técnicos da ciência dos alimentos, sendo muito necessário se especializar no que hoje é conhecido como Culinologia”, argumenta.

 

Foto: Divulgação

 

Para a ‘nutrichef’, a alimentação hoje em dia já ganhou outro conceito, sendo que “algo muito positivo que aconteceu nos últimos anos foi o reconhecimento de que a alimentação tem um impacto muito grande não só na nossa saúde, como também no meio em que vivemos. Comer é sim um ato político. Isso é fácil de notar quando se olha os números sempre crescentes de pessoas aderindo ao vegetarianismo e veganismo. E o chef tem um papel muito importante nesse cenário, pois ele é o real agente transformador e disseminador, seja trabalhando na indústria ou na área de restauração”, afirma.

 

Dica de chef corporativa

 

Por fim, Silveira indica que o “chef é um profissional que precisa, basicamente, ter bem desenvolvidas duas qualidades: bagagem e criatividade. A bagagem ajuda a criar repertório, a fundamentar o trabalho e a inspirar o desenvolvimento de receitas/produtos/pratos. A criatividade é primordial no dia a dia até para que seja possível lidar com imprevistos, que sempre acontecem. A realidade profissional de um chef é bastante variada, dependendo do nicho escolhido, mas posso afirmar que, se o profissional tiver essas duas qualidades, conseguirá se sair muito melhor no caminho em que escolher seguir”, orienta.

 

A ‘nutrichef’ ainda aconselha para quem sonha em ser chef de cozinha que “estude muito, pratique muito (principalmente) e tenha sempre em mente que um bom chef deve sempre ter muito respeito pelos alimentos e um bom toque de ousadia”, enfatiza.

 

E aí? Gostou de conhecer a vida de chef da Gerente Culinária de Pesquisa e Desenvolvimento para a América Latina na PepsiCo e entender ainda mais como funciona o dia a dia de uma ‘nutrichef’? Esperamos que sim, pois desvendar os bastidores dessa profissão é uma das missões da Rede Food Service por meio da editoria Vida de Chef. Por isso, continue nos acompanhando!

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