Aquecido e em constante transformação, em 2025, o setor de bebidas deve consolidar tendências e receber uma série de inovações importantes, que podem impactar diretamente os negócios e o comportamento dos consumidores.
E, você sabe, acompanhar as novidades é essencial para quem atua no segmento, já que elas podem oferecer novas oportunidades de crescimento e adaptação a um mercado bastante disputado.
Em um cenário onde as preferências do público estão em constante evolução, compreender essas movimentações pode ser a chave para se manter competitivo e relevante, concorda?
A Rede Food Service buscou entender o que está por vir e como o setor pode se preparar para as demandas do futuro. Acompanhe!
Na coquetelaria
O mixologista capixaba João Morandi, consultor e especialista em vinhos e destilados, conta que algumas tendências iniciadas em 2024 devem se consolidar em 2025. De acordo com ele, esse é o caso, por exemplo, dos coquetéis carbonatados, que elevam a efervescência das bebidas e carregam mais sabores.
“O mercado já conta há algum tempo com coquetéis carbonatados, porém, impulsionados pelas tecnologias, hoje, eles estão muito mais acessíveis aos bartenders e aos bares, por isso devem ser vistos com mais frequência”, diz ele, citando, como exemplo de facilitador, o Preshh, um sistema para gaseificar bebidas sem comprometer o custo e o tempo de produção.
“Com isso, coquetéis que antes levavam algum ingrediente carbonatado, hoje podem ser carbonatados por inteiro dentro de uma garrafa, com um sistema de gaseificação forçada. É uma tendência que tenho visto bastante”.
João Morandi revela também que há em curso uma forte valorização da cachaça brasileira no universo da coquetelaria. “Recentemente, em meados de 2023, a Associação Internacional dos Bartenders (IBA) sagrou o Rabo de Galo na sua lista mundial de coquetéis clássicos. É uma conquista e tanto, e fez parte da luta do mestre Derivan Ferreira, um bartender sensacional que fez história no setor e também foi um dos responsáveis por imortalizar a caipirinha nessa mesma lista”, explica.
A caipirinha, famosa mundialmente, foi adicionada à lista de clássicos pela IBA em 1997, sendo o primeiro coquetel brasileiro a figurar na relação. O Rabo de Galo, feito com vermute tinto, Cynar – um aperitivo à base de alcachofra – e cachaça, é a segunda bebida nacional a conseguir o feito. O bartender Derivan Ferreira, citado por João Morandi, foi um dos principais divulgadores e incentivadores da coquetelaria brasileira, e em especial do Rabo de Galo, porém, infelizmente, o profissional faleceu em maio de 2023, antes de ver a bebida sendo reconhecida pela IBA.
2025, de acordo com João Morandi, também apresenta a chegada de uma coquetelaria mais consolidada com uísque. “Aqui no Brasil as pessoas sempre tomaram mais o uísque puro, e muitos entusiastas torcem o nariz para os coquetéis com uísque, mas a bebida tem conquistado esse lugar na coquetelaria brasileira. Internacionalmente o uso de uísque já é mais comum em coquetéis”.
Para este ano, ele também aposta na força da tequila. “É uma bebida que está chegando com força total no Brasil, apesar do mercado brasileiro ainda ter uma oferta baixa de marcas. Isso porque estamos falando de um produto que tem denominação de origem, ou seja, só pode ser produzido em alguns lugares do México, o que o torna mais restrito. Porém, sempre fez sucesso na coquetelaria, então estamos vendo a chegada de mais tequilas premium e tequilas artesanais no Brasil, que não são populares só para o tradicional shot de limão e sal, mas tequilas que realmente fazem coquetéis mais rebuscados e interessantes”, conta.
No quesito ingredientes, João Morandi comenta que, apesar de ser difícil eleger o ingrediente do ano em 2025, a popularização e a força da tequila têm trazido a grapefruit ou toranja para os bares brasileiros. “Apesar de ainda ser um cítrico difícil de encontrar, vejo acontecendo com a fruta o que aconteceu com o limão siciliano. Há uns anos, não era em qualquer supermercado que você via o limão amarelo, então, de repente, a demanda do público por coquetéis com grapefruit faça com que a nossa oferta de mercado seja maior. Podemos estar vendo aí o nascimento de um novo cítrico especial para a coquetelaria”.
O gin também não sai da moda. De acordo com o bartender, só passa para outros coquetéis. “Viemos forte da Gin Tônica e estamos passando para coquetéis como o Fitzgerald e outros mais autorais, por exemplo”.
“Xaropes também estão ganhando mais espaço do que nunca”, arremata João.
Marcelo Serrano, bartender criador da invenção que revolucionou a história do Moscow Mule clássico, aposta também nos vermutes, bitters e mescal para 2025, além dos drinques prontos para beber e nos coquetéis com poucos ingredientes.
“Acredito que criações inusitadas, com poucos ingredientes, e também os clássicos, estarão bem presentes nas cartas em 2025”, Marcelo dá a dica.
Coquetéis para todos
João Morandi também fala para a Rede Food Service que em 2025 os coquetéis mais suaves, com baixo teor alcoólico, conhecidos como low-abv (alcohol by volume), também devem se tornar mais populares. “São bebidas mais leves, perfeitas para quem deseja aproveitar festas e momentos de celebração por mais tempo, sem deixar de consumir drinques”.
Inclusive, bebidas completamente sem álcool também ganham cada vez mais espaço na coquetelaria brasileira e internacional.
O bartender Marcelo Serrano concorda que uma das principais tendências de 2025 são os coquetéis sem álcool ou pouco teor alcoólico.
“Não é preciso necessariamente utilizar álcool para conseguir oferecer uma boa experiência para o cliente. Obviamente, as bebidas alcoólicas são base da maioria dos coquetéis clássicos, mas existem clássicos sem álcool, e explorar isso é muito interessante porque democratiza esse universo. Acolhe quem não bebe álcool, seja qual for o motivo. E a coquetelaria precisa abraçar essas pessoas, uma vez que a celebração precisa ser para todo mundo. Coquetelaria é hospitalidade. E isso deve ser estendido para quem não bebe álcool. O mercado tem entendido isso”, comenta João Morandi.
Ele cita que grandes marcas já se deram conta desse fato e enxergam isso como uma oportunidade de fazer parte da vida das pessoas que não podem ou não querem beber álcool. “A gente vê esse movimento muito forte na cerveja, já temos diversas opções sem álcool. Mas há outros tipos de bebida entrando nesse mercado. No Brasil ainda não foi lançado, mas já existe, por exemplo, o gin Tanqueray 0.0% e Gordon’s 0.0% no mercado internacional”, diz João.
Para o bartender, essas são bebidas que ainda estão se fixando à cultura nacional. “É desafiador fazer coquetelaria sem álcool, mas totalmente possível. Para isso, explore os ingredientes. Podemos apostar na refrescância, na picância, em ingredientes termogênicos ou ainda nos carbonatados…é preciso colocar texturas dentro do coquetel para que não fique apenas um suco. Explore a harmonização entre os ingredientes para criar sabores secundários e terciários, e não esqueça os elementos aromáticos”, o profissional dá a dica para quem quer criar drinques interessantes sem álcool.
Regionalidade e sazonalidade
De acordo com João Morandi, em 2025 continuará sendo possível brincar com os elementos regionais e sazonais, sem, para isso, abandonar a coquetelaria internacional.
“É possível, inclusive, combinar. Pegar marcas icônicas internacionais que as pessoas conhecem e que existem em qualquer lugar do mundo e mesclar isso com a cultura local. E digo local para ser mais específico, já que a coquetelaria brasileira é muito diferente dependendo da região do país. Então, é interessante que cada um coloque sua pitada de regionalidade para termos mais diversidade e riqueza nos cardápios”.
Sabendo disso, ele comenta que também é importante ter em mente que nem tudo funciona no Brasil inteiro. “Vejo muita gente no Sul e Sudeste querendo puxar coquetéis com frutas como seriguela, cajá ou até mesmo o caju, que até existem nessas regiões citadas, porém não são tão recorrentes quanto em estados do Nordeste. São frutas incríveis, maravilhosas para usar na coquetelaria, mas nem sempre é possível. A dificuldade em encontrá-las pode atrapalhar a logística da produção. Então, o interessante é, nessas áreas, utilizá-las de forma sazonal, em paralelo ao menu fixo da casa. Porque os clientes gostam de novidades, mas também de consistência”.
João reforça que a ideia é que os bares e restaurantes brinquem com as frutas de época, observando o período de maior demanda e escassez para criar menus temporários. “Com isso, é possível criar cardápios espetaculares”.
Para se preparar, o especialista recomenda que os bartenders pesquisem sobre sua cultura e tragam isso para dentro do bar. Essa representação pode ser através de ervas, nozes, sementes, folhas… De acordo com ele, tudo pode virar ingrediente. Mas a criatividade também é importante nesse processo. Fugir da utilização óbvia faz diferença.
“Se sua região planta, por exemplo, muito coentro, ao invés de jogar uma folha dentro da bebida, esse ingrediente pode ser apresentado de outra forma, como um bitter, um xarope, uma espuma… a técnica pode transformar o ingrediente, e isso é muito interessante”.
O bartender comenta também que é bacana ficar atento às bebidas artesanais de cada localidade, pois isso pode ser um elemento interessante nos coquetéis, desde que seja um produto de alta qualidade e produzido completamente dentro das normas legais.
Fique de olho também
Em 2025 alguns pontos continuarão em alta no mercado e merecem atenção.
É o caso da sustentabilidade. A tendência que vem crescendo em todos os setores também é importante no setor de bebidas. “Acho que fica muito explícito que se a gente não aproveita tudo ao máximo, não reaproveita, não consegue transformar os nossos ingredientes e os nossos processos para que eles sejam mais sustentáveis, a gente, no primeiro momento, perde dinheiro e o bar business, então temos que pensar em investimento, em financeiramente ter um negócio sadio. E num segundo momento, a médio e longo prazo, temos as consequências ambientais e climáticas. Olhando o micro e o macro, a sustentabilidade precisa acontecer”, explica o bartender.
Tecnologia é outro ponto de destaque. Para João Morandi, a tecnologia é capaz de trazer grandes transformações para a gastronomia (comida e bebida) de forma geral, então fique de olho e acompanhe as novidades nesse quesito. Inclusive, ele cita como exemplo dessa força transformadora a utilização do sifão para fazer espuma.
“Hoje, na maioria dos bares que tem coquetelaria, você encontra um drinque com espuma. Isso era impensável oito anos atrás porque o sifão que se usa para fazer a espuma era absurdamente caro e inacessível. À medida que a tecnologia vai avançando e temos acesso a ela, muita coisa interessante pode ser criada”. João Morandi comenta o feito do próprio Marcelo Serrano, que criou a espuma do Moscow Mule e tornou essa versão popular e querida no mundo inteiro.
A personalização também continua sendo importante em 2025, seja no drinque, seja no atendimento.
“Dentro da minha experiência, é muito raro você ir a um restaurante e ter uma troca com o chef para que ele prepare algo diferente do que está no menu só para você, uma vez que as cozinhas têm processos logísticos mais complicados. Mas o bar pode oferecer essa maleabilidade, tem muita coisa que dá pra fazer ali na hora, à la minute. Então é possível fazer coisas diferenciadas para os clientes. Claro que isso depende de inúmeros outros fatores. Inclusive, do perfil do bar onde o profissional trabalha. Se você não tem abertura para personalizar o produto vendido, que é o coquetel, você pode personalizar o atendimento, que já é um grande diferencial. Uma equipe bem treinada, incentivada e valorizada é capaz de oferecer a hospitalidade necessária para a boa experiência do cliente”.
João Morandi conta que também estará ainda mais em alta o pré-bet, que é a preparação antecipada dos ingredientes principais de um coquetel. “É ótimo para coquetéis que saem em grande volume. Isso agiliza o serviço e ajuda as pessoas a não terem a sensação de que coquetel é algo que demora, o que pode atrapalhar o business”.
Em termos de apresentação, o mixologista aposta no clean em 2025. “Algumas pessoas podem enxergar de forma diferente, mas vejo os bares fazendo muitas bebidas sem decoração, focando mais em bons copos, taças, canecas… Utilizando bastante gelos bem produzidos, uma vez que gelo também é ingrediente e faz o coquetel ficar melhor”.
João conta que, em suas consultorias, claro que ainda vê muitos bares que focam bastante nessa experiência visual. “E não há problema algum nisso. Porém, o que sempre explico nas consultorias é: não faça o extraordinário antes de fazer o ordinário. Faça uma boa coquetelaria antes de inovar na apresentação. Quando o coquetel é ruim, o cliente só vai pedir uma vez, vai fazer foto, vídeo e não vai mais voltar ao seu bar. Um coquetel de qualidade será procurado novamente”.
Percepção do estabelecimento
Bruno Campos, gerente de bebidas Brasil da rede de restaurantes Camarada Camarão, nascida no Nordeste e especializada em pratos à base de peixes e frutos do mar, estando presente em todas as regiões do país, explica que sempre está buscando inovações para preparar com cuidado o próximo cardápio da marca, acompanhando de perto debates e tendências do setor.
Para ele, o mercado de bebidas exige inovações constantes, mas é preciso que elas também sejam acessíveis. “Uma tendência crescente no cenário global tem sido a valorização das bebidas latinas, como rum, tequila e, surpreendentemente, a nossa cachaça. Esses destilados, que não passam pelo processo de envelhecimento típico de uísques e brandys europeus, estão ganhando destaque, trazendo um novo foco para as bebidas latino-americanas”, afirma.
Sobre os sabores e combinações mais procuradas no Camarada Camarão, ele diz: “Hoje, na rede, o cliente encontra um cardápio de drinques bastante diversificado, repleto de sabores surpreendentes que agradam a todos os paladares. Entre os clássicos mundiais, nas nossas casas, há destaque para o Aperol Spritz e o Negroni, que harmonizam perfeitamente com nossa gastronomia. Já com um toque regional, nossas caipirinhas são um grande sucesso, especialmente a Lampião, preparada com cachaça prata, dois tipos de limão (taiti e siciliano) e um toque de rapadura. Outro favorito dos nossos clientes é o ‘Caja Mule’, uma versão nordestina do famoso Moscow Mule, feita com um destilado de cajá, e, claro, também servimos o Moscow Mule original”.
De acordo com Bruno Campos, a rede de restaurantes também tem se adaptado à tendência global de consumo consciente.
“A indústria de coquetéis tem se adaptado ao movimento do consumo consciente, oferecendo alternativas inovadoras. Hoje, é possível encontrar versões não alcoólicas de bebidas como bitters, gin e cachaça. Nesse contexto, os mocktails se destacam como uma excelente opção tanto para quem não consome álcool quanto para os estabelecimentos, que podem criar receitas criativas e visualmente atrativas, garantindo ótima rentabilidade. No Camarada Camarão, valorizamos essa tendência e oferecemos opções como a Limonada Berry, uma combinação refrescante de xarope de morango, purê de mirtilo, suco de limão e água. É a escolha perfeita para dias quentes, especialmente durante um almoço de negócios”.
Ele revela para a Rede Food Service que o cardápio de drinques do Camarada Camarão deve sofrer alterações para acompanhar as tendências em 2025.
“Planejamos renovar nosso cardápio em comemoração aos 20 anos de história do Camarada Camarão. Para este novo capítulo, ultrapassamos fronteiras e buscamos inspirações na coquetelaria global, reinterpretadas com a essência brasileira. Essa nova etapa complementa o nosso atual cardápio de coquetéis, proporcionando uma experiência distinta e ainda mais atrativa para nossos clientes. Enquanto o primeiro momento celebra os clássicos e valoriza ingredientes regionais com drinques refrescantes e descomplicados, o segundo momento mergulhará na sofisticação e na inovação da coquetelaria mundial, elevando o nível de criatividade e exclusividade em cada bebida”, diz.
Percepção da sala de aula
Quem está dentro das escolas de formação profissional também dá sua visão sobre o que deve brilhar no mercado de bebidas em 2025. Inácio Belo da Silva Neto, instrutor de Formação Profissional do Senac Pernambuco, comenta que o cenário brasileiro de bebidas está aquecido, com o mercado impulsionado por uma cena crescente de bares, eventos e profissionais criativos que buscam explorar tendências de bebidas. Para este ano, ele acredita na maior procura e oferta de bebidas que refletem a criatividade local e na crescente busca por opções inovadoras.
Ainda de acordo com o instrutor, em 2025, estarão em evidência coquetéis refrescantes e também com baixo teor alcoólico. “Spritzes com frutas locais ou infusões regionais são boas apostas. Sangrias tropicais também”, comenta.
Quando o assunto é cerveja artesanal, ele acredita que 2025 será o ano das Ipas frutadas e das cervejas claras e refrescantes de forma geral. Coquetéis com frutas tropicais também devem ficar no radar, com uso de batidas com frutas, sucos naturais e smoothies.
Inácio Belo também aposta na força dos coquetéis instagramáveis e de qualidade, e nas bebidas funcionais. “Temos visto muitas bebidas com ingredientes que promovem saúde, como kombuchas e chás gelados com propriedades antioxidantes. São tendências que devem se manter fortes em 2025”.
Para quem deseja estar preparado, ele dá a dica. “Em resumo, em 2025, fique atento à crescente utilização de bebidas que refletem a riqueza e a diversidade regional, e na maior busca por opções mais leves e refrescantes”, diz.
Nas cafeterias
A barista Lidiane Santos e Eudes Santana, casados e sócios-fundadores da Kaffe, um espaço que abriga escola, torrefação e loja, oferecendo um serviço voltado para experiências de cafés com origens e harmonizações diferentes e atendendo diversos estabelecimentos, entre cafeterias, restaurantes e padarias, localizado no Recife, capital de Pernambuco, explicam para a Rede Food Service que quando o assunto é cafeteria eles têm percebido como forte tendência para 2025 a valorização de bebidas locais, sejam elas os destilados, os fermentados ou os syrups.
“Os alimentos e bebidas produzidos no país têm ganhado cada vez mais espaço, estão sendo mais valorizados. Outro ponto que está crescendo nas cafeterias é a utilização de novos métodos para extração dos cafés filtrados”.
A dupla explica que, por ano, vários métodos de diversos materiais chegam ao mercado e logo começam a ser testados pelos baristas e clientes. “Acreditamos que as bebidas refrescantes vão dominar o mercado de 2025, sejam em preparações alcoólicas ou não”.
Sobre o uso de infusões e sabores inusitados em alta no novo ano, Eudes e Lidiane explicam que, por uma questão logística e de proximidade, cada barista deve buscar em sua região ingredientes ou fornecedores que possam dar uma identidade local às bebidas.
“No Nordeste, por exemplo, tem se buscado, além das tradicionais frutas da estação, ingredientes do Sertão, onde diversos sabores ainda são desconhecidos ou não foram devidamente explorados. Além disso, é comum se buscar a história da pessoa ou família responsável pelo produto. Umbu-cajá, tamarindo, sapoti, mangaba e araçá são algumas das frutas que estão sendo bem exploradas na produção de syrups e fermentados. Com grande potencial de serem utilizados na coquetelaria, seja com ou sem café”.
As bebidas não alcoólicas à base de café, como o coffee mocktails ou as infusões de café com sabores inovadores, estão se tornando mais populares. E o casal vê isso crescendo nos próximos anos.
“Essa popularização é algo natural, pois a busca pelo conhecimento é inerente às pessoas. A ideia de criar algo novo é parte do processo evolutivo e inquietante dos seres humanos. O mercado de cafés de qualidade tem poucas décadas de existência e muito a se desenvolver na produção de métodos, infusões e bebidas (fermentadas ou destiladas). A tecnologia e a popularização de alguns insumos vão abrir novas possibilidades de criação de bebidas e preparações nas cafeterias e bares mundo afora. Aliado a isso, existem alguns conceitos inovadores que irão atrair os olhares do público que anseia por novidades no mercado gastronômico”.
Preparos em alta
Entre os métodos de preparo que serão destaque em 2025, Eudes e Lidiane destacam que o sistema de percolação continuará como o mais querido dos consumidores. “Devido a facilidade de acesso e as técnicas amplamente difundidas, os cafés filtrados serão os preferidos dos coffee lovers. Nos últimos meses, tem se falado muito do Origami no Brasil, mas outros métodos já chegaram e disputam a atenção dos clientes. Portanto, sempre vai estar chegando uma novidade no mercado. Quanto a infusão a frio, só é aceita em alguns nichos e mercados. No Nordeste, apesar do calor, ainda não conquistou o coração e o paladar das pessoas”.
Mas a dupla destaca que a versatilidade do Cold Brew é ampla e deve estar bastante presente em 2025. Inclusive, podendo ser integrada à coquetelaria.
“Em nossa cafeteria, por exemplo, servimos puro ou com syrups, porém sem álcool. Mas já realizamos diversas oficinas de preparação de bebidas com café gelado. Nelas, sim, utilizamos destilados na composição dos drinques, sejam nos tradicionais, sejam nas releituras ou autorais”.
Eles reforçam que procuram incentivar o consumo do Cold Brew tanto nas cafeterias quanto nos cursos, pois ainda há um certo desconhecimento das diversas possibilidades de utilização do preparo. “O uso de gás ou nitrogênio na preparação dos cafés gelados deverá se popularizar à medida que novos equipamentos tecnológicos facilitem a operação e diminuam os custos operacionais”.
Sustentabilidade
Eudes e Lidiane explicam que a sustentabilidade é uma preocupação que já domina o mercado de café há alguns anos. E em 2025 não será diferente.
“Tanto em grandes propriedades como nos pequenos sítios, o tema é recorrente. E é perceptível que o consumidor vai priorizar esse tipo de conduta socioambiental. Diversas fazendas, como a Campo Místico, têm procurado mostrar que é possível trabalhar com agrofloresta e café consorciados. Aqui no Nordeste, as plantações mais antigas estão localizadas em brejos de altitude, onde o cuidado com a floresta e os recursos hídricos caminham lado a lado. Na Serra do Mulungu, no Ceará, o trabalho dos produtores e governos locais é voltado para essa preservação. Conhecemos de perto, pois contribuímos com ações diretas junto a produtores locais para o desenvolvimento da cafeicultura integrada ao ambiente local”, explicam.
Mais tecnologia
Em 2025, inovações devem impactar a forma como o café será preparado. Inclusive, de acordo com Eudes Santana, é possível cravar que esta é a Quarta Onda do Café.
“Todos esses fatores tecnológicos, torradores domésticos e inteligência artificial foram o caldo que podemos considerar como o fim da Terceira Onda. A velocidade com que as mudanças estão alterando nossas vidas cotidianas, chega a assustar. Percebe-se que o café vai ficar cada vez mais personalizado, com o consumidor podendo comprá-lo cru, torrar e preparar em casa. Aos estabelecimentos, vai ficar a missão de criar um ambiente convidativo e acolhedor, onde os clientes desejem ser surpreendidos com as preparações e combinações. A utilização das diversas inovações vai proporcionar admiração e desejo de conhecer o resultado das criações. Haverá espaço tanto para os totens de autoatendimento como para as preparações na frente do cliente. O que vai determinar isso, é o perfil do público onde a cafeteria está instalada”.
Tenha no radar
Para Eudes e Lidiane, interação é uma palavra-chave para 2025. Para eles, o cliente pode ser convidado a participar de alguma etapa do processo de montagem das bebidas. “Também podem ser utilizados ingredientes que possam ser escolhidos pelo cliente. Inclusive, se já houver uma intimidade, o barista pode surpreendê-lo com um produto que leve em consideração o gosto ou a personalidade da pessoa”.
Ficar de olho no que acontece internacionalmente também é uma dica valiosa. “Num mundo onde as redes sociais determinam comportamentos e tendências, a chegada de preparações de cafés com características de outros países é sempre bem-vinda. Podemos até dizer que temos uma bebida que é amada em todo planeta e suas variações servem para nos aproximar de outras culturas”, diz o casal.
Eles reforçam que bons profissionais fazem diferença, então é preciso estar preparado para se destacar em 2025. Para Eudes Santana e Lidiane Santos, além de cursos técnicos na área, é importante estar atento a degustações e harmonizações que frequentemente são realizadas por empresas.
“A consulta por cursos e oficinas oferecidas pela internet também pode ajudar no crescimento e aprimoramento de técnicas. Tudo isso pode contribuir para criar uma experiência única para os clientes que buscam por novidades no mercado de bebidas”.