Para o mercado de abastecimento de alimentos e bebidas, o ano de 2024 está terminando como um filme de ficção científica: uma mistura de tecnologia avançada, preocupações com sustentabilidade e uma pitada de inovação inesperada. Se, há alguns anos, as negociações entre compradores e fornecedores aconteciam quase como um jogo de esconde-esconde, onde a estratégia era tentar descobrir quem iria ganhar mais vantagem, hoje estamos vivendo um momento de transição e evolução. E quem diria que o futuro das compras seria, não apenas mais eficiente, como também mais saboroso?
Com uma geração que busca produtos mais frescos, sustentáveis e com um toque de personalização, o mercado de alimentos e bebidas em 2024 vem se moldando a partir de algumas tendências-chave que impactam diretamente a forma como os negócios de food service lidam com suas compras. Vamos analisar o que aconteceu e que você, como empreendedor ou gestor de compras, precisa estar atento às oportunidades.
O impacto da sustentabilidade
A sustentabilidade deixou de ser uma tendência para se tornar uma exigência. Restaurantes e bares, especialmente os de porte médio e grande, estão cada vez mais procurando fornecedores que ofereçam produtos de origem responsável, embalagens biodegradáveis e soluções para reduzir o desperdício. A preocupação com o meio ambiente não é mais uma preocupação exclusivamente do departamento de marketing, mas uma parte central das operações diárias, incluindo o abastecimento.
E se antes os fornecedores foram escolhidos com base apenas no preço e na capacidade de entrega, agora é preciso observar sua prática em relação à sustentabilidade. Isso inclui a rastreabilidade dos produtos, a responsabilidade social e as práticas agrícolas que garantem a preservação ambiental. De acordo com várias pesquisas, a maioria dos consumidores afirmam que preferem pagar um pouco mais por produtos que sejam ecologicamente responsáveis. Isso significa que, para os gestores de compras, as negociações agora envolvem mais do que apenas números, devem considerar a história por trás dos produtos que estão sendo adquiridos.
Tecnologia: o motor da eficiência
Outro aspecto fundamental do mercado de compras em 2024 foi a adoção acelerada de tecnologia. Se você ainda faz compras no modo tradicional – anotando em papéis ou no máximo usando uma planilha do Excel – está na hora de atualizar seus hábitos! O uso de plataformas de compra digital e softwares de gestão de estoque é essencial para otimizar o processo.
As ferramentas de automação que controlam as compras, desde o pedido até a entrega, estão se tornando mais sofisticadas. Eles não só ajudam a melhorar as resultados das compras, mas também a prever tendências de consumo, o que permite uma gestão mais estratégica dos estoques. Para restaurantes e bares, isso significa menos riscos de falta de itens essenciais e menos desperdício de alimentos. Em vez de depender de suposições, agora é possível prever as necessidades de forma mais assertiva, graças aos dados e à inteligência artificial.
Além disso, a integração com fornecedores também se tornou mais ágil. Plataformas de compras colaborativas oferecem uma visão transparente das ofertas de diversos fornecedores em tempo real, facilitando a tomada de decisão. Para os compradores, isso representa a possibilidade de negociar melhores preços e condições, com base em informações mais atualizadas.
Confira também AQUI na Rede Food Service: O DILEMA DOS PREÇOS NO FOOD SERVICE.
O desafio do desperdício de alimentos
No contexto atual, a questão do desperdício de alimentos continua a ser um desafio significativo para o setor de alimentos e bebidas. De acordo com dados de organizações como a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), cerca de 1/3 de todos os alimentos produzidos no mundo são desperdiçados. Para os negócios de food service, isso representa uma grande oportunidade de otimização de processos e redução de custos.
Uma das soluções que você está ganhando é o uso de tecnologias para monitorar e gerenciar melhor os estoques, garantindo que os alimentos sejam selecionados antes de expirarem ou estragarem. As compras baseadas na demanda, alimentadas por sistemas de previsão de consumo, ajudam a equilibrar as quantidades compradas com as necessidades reais dos consumidores. Além disso, a colaboração entre restaurantes, fornecedores e até mesmo organizações sem fins lucrativos para redistribuição de alimentos não utilizados está se tornando cada vez mais comum.
A influência das preferências do consumidor
Não podemos falar sobre o mercado de compras em 2024 sem mencionar a influência crescente das preferências dos consumidores. A pandemia alterou profundamente os hábitos alimentares de boa parte da população. Hoje, muitos clientes buscam por alimentos mais saudáveis, orgânicos e livres de aditivos químicos. Isso se reflete diretamente na forma como os compradores selecionam seus fornecedores e os produtos que irão abastecer seus negócios.
A personalização também se tornou um aspecto importante. Além de oferecer apenas uma variedade de produtos, os consumidores agora buscam uma experiência única e personalizada. Isso significa que os restaurantes, bares e outros estabelecimentos de food service precisam se antecipar às necessidades desses consumidores e oferecer opções diferenciadas. Para os compradores, isso se traduz em procurar fornecedores que possam oferecer produtos que atendam a essas demandas específicas, como alimentos sem glúten, veganos, low carb, entre outros.
Logística: a corrida contra o tempo
A logística sempre foi um fator crucial no abastecimento de alimentos e bebidas, mas em 2024 a situação se intensificou. O aumento da demanda por entregas rápidas e a necessidade de manter o frescor dos produtos exigem uma infraestrutura de logística eficiente. Isso inclui desde a escolha do fornecedor que garanta prazos de entrega curtos e produtos frescos até a otimização do transporte para reduzir custos e o impacto ambiental.
Alguns negócios de alimentos estão até implementando soluções de entrega direta, o que significa que podem manter um controle ainda maior sobre os prazos e a qualidade dos produtos. Mas, para isso, é necessário investir em tecnologia, desde a gestão dos pedidos até o monitoramento do transporte. A demanda por eficiência logística nunca foi tão alta e quem não se adaptar ficará para trás.
Enfim, chegamos ao final de 2024 com a certeza de que o mercado de abastecimento no setor de alimentos e bebidas não é mais o mesmo. Para os gestores de compras, isso significa que as velhas práticas precisam ser deixadas de lado em favor de soluções mais inovadoras e responsáveis.
Se você é um empreendedor ou responsável por compras, a boa notícia é que o futuro é promissor. Ao adotar novas tecnologias, otimizar processos e se preocupar com a qualidade e a responsabilidade social, o sucesso está ao alcance de quem estiver disposto a se adaptar.
E quem sabe, no final, o seu negócio não seja aquele filme de ficção científica que inspira outros a se atualizarem? O mercado de alimentos e bebidas de 2024 é, sem dúvida, uma história de inovação e transformação – e o protagonista pode ser você!
Pense nisso, pois muitas vezes seu lucro está nas compras!
Boas compras a todos e um feliz 2025!
Alexandre Martins Alves
Bacharel em Ciências Econômicas, Pós Graduado em Gestão de Negócios em Alimentação e com MBA em Supply Chain, com mais de 30 anos de experiência nas áreas de Supply Chain, Compras e Logística em empresas multinacionais e nacionais de grande, médio e pequeno porte.
Autor dos livros “Gestão de Processos e Fluxo de Mercadorias”, “Engenharia de Cardápio” e os volumes 1 e 2 do “Gestão de Negócios de Alimentação: Casos e Soluções”, todos editados pela Editora Senac. Docente no Centro Universitário Senac e na Universidade São Camilo, para as disciplinas de Administração de Compras e Sistemas de Gestão, para o curso de pós-graduação em Gestão de Negócios. Atua como consultor no setor de alimentação e entretenimento, especializado em soluções para a área financeira e administração de compras, estoque, produção e na implantação de sistemas informatizados de gestão, em indústrias alimentícias, restaurantes, bares, lanchonetes, hotéis entre outros.
@alemartinsalves
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