Chef de cozinha é aquele que só fica ‘na boca de um fogão’? Para Davi da Costa Laranjeira, de 35 anos, o chef Davi Laranjeira, não só isso e pelo contrário!
Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, Laranjeira que, atualmente, trabalha como consultor e possui mais de 200 mil seguidores nas mídias sociais por meio de dois perfis no Instagram (@chefcurioso e @chefspoiler), além de outras iniciativas comerciais, garante que vida de chef também é business e não só produção gastronômica em si. “Hoje eu sou um chef consultor, professor e produtor de conteúdo digital. Presto consultoria para transformadores e desenvolvo campanhas de marca nas minhas redes sociais para indústrias, restaurantes e também tenho meus cursos, que são focados tanto no B2B, quanto no B2C, além de desenvolver a minha linha de camisetas gastronômicas junto à marca Reserva. Eu sempre me defini como um chef consultor, uma pessoa que olha para o lado do negócio e não somente do lado de produção gastronômica e a barriga na boca do fogão”, divide.
Quem é Davi Laranjeira?
Profissional autônimo e sem filhos, “o Davi, hoje com 35 anos, é um cara tranquilo, que gosta de sair com a sua cachorra Margherita, assistir futebol internacional, ir ao cinema, se possível, todo o final de semana, além de sair para comer em restaurantes com a minha namorada e estar tranquilo em casa com ela também aos finais de semana. A cada duas semanas, eu costumo frequentar um centro espiritual e visito com frequência a minha família e amigos no Guarujá e na Baixada Santista, que é de onde eu sou”, se apresenta Laranjeiras.
Em relação ao seu lado profissional, o chef partilha que “o chef Davi já é bem mais acelerado, estando todo dia pensando em uma solução e negócio diferentes, em como alavancar os meus negócios e como que eu posso contratar mais pessoas para impulsionar as minhas iniciativas. Eu sou muito inquieto. Por isso, o tempo inteiro, estou desenvolvendo novas soluções e novos negócios para poder chegar aonde quero e o que almejo como sucesso profissional. O meu estilo como chef é mais simples e focado para ensinar pessoas a cozinharem em casa. Sou especialista nas cozinhas italiana, francesa e proteínas em geral”, detalha.
Formação e experiências profissionais
Formado em Gastronomia pela Universidade Anhembi Morumbi São Paulo, Laranjeira também possui uma formação em Cozinha Regional Francesa pela renomada Le Cordon Bleu de Paris, na França. “Estudar na Le Cordon Bleu de Paris foi algo incrível. Na época, eu estava no começo da minha carreira. Foi uma grande oportunidade de eu, ainda tão puro e jovem, cheio de esperanças, poder aprender, vivenciar, imergir e amar essa experiência única. Eu tive essa chance por meio de concurso gastronômico chamado ‘Chef do Futuro’, que é promovido pela BRF. Eu também já fui finalista de um concurso de cozinha italiana da Colavita Azeites e já ganhei prêmio de Vendedor do Ano da Key Account”, revela.
Sobre as suas experiências profissionais antes de tornar-se autônomo, o chef conta que “já trabalhei na Nestlé, Sadia, Perdigão, Unilever, McCain, Royal Prestige e Wolff Café, além de empreender várias vezes. No entanto, hoje em sai, sou apenas empreendedor, o que é o meu maior desafio até hoje na minha carreira. Atualmente, eu faço consultorias para transformadores que queiram vender mais, desenvolvo ações de vendas, promoções, campanhas, inteligência de cardápio e mentoria para redes sociais. Também tenho uma linha de camisetas gastronômicas em parceria com a grife Reserva, em que essas vendas são online e os temas são de comida”, relata.
O chef acrescenta que o seu contato com o mundo da alimentação fora do lar começou “durante uma palestra na faculdade sobre o mercado de food service. Nesse dia, eu entendi o que era feito tanto pela parte da indústria, quanto pela parte dos transformadores. A palestra foi da BRF e isso foi em meados de 2012. A minha carreira em si começou dentro da indústria, na BRF, inclusive. E, assim, eu fui trafegando entre áreas de consultoria e vendas. Também fui me aprimorando em treinamentos e aulas gastronômicas, onde, hoje, me encontro, além das produções de conteúdo para redes sociais e lives”, explica.
Vida de chef na prática
Conforme Laranjeira, a vida de um chef de cozinha na prática “é difícil como sempre foi. Nunca foi uma profissão muito valorizada e com alta remuneração. E a ordem é sempre trabalhar muito, se dedicar muito mais do que as horas necessárias e contratadas e, ainda assim, ganhando pouco e demorando muitos anos para ser reconhecido e poder ter o melhor salário. A carreira de chef de cozinha é muito estranha, uma vez que, quando você se forma, quer e vai trabalhar nos melhores restaurantes, hotéis e transformadores de renome. No entanto, esses são os que menos pagam, ao contrário de outras áreas que, quando você vai trabalhar nos maiores players do mercado, eles são os que mais remuneram. Das pessoas que começaram a estudar comigo, há 10 anos, acredito que apenas 5 hoje em dia ainda trabalham com gastronomia, visto que começamos com aproximadamente 80 pessoas em 2 turmas”, comenta.
O chef complementa que, ao contrário do que muitas pessoas pensam, a vida de chef na prática “jamais foi e nunca será uma vida de glamour. Isso é só para quem não é chef de fato, que não vive os bastidores dos restaurantes, sendo aclamado nos programas de televisão. Na realidade, a vida de chef é muito difícil, principalmente, para aqueles que trabalham dentro de uma cozinha de um restaurante de um hotel ou de algum estabelecimento food service. Esses, são guerreiros demais e tem todo o meu valor, já que é uma luta diária de muito esforço”, assegura.
Desafios e metas como chef consultor
De acordo com Laranjeira, “hoje, os meus desafios e metas são alavancar meus negócios, vender mais meus produtos, consultorias, mentorias e fazer mais ação de marca. O meu desejo é ter uma real independência de viajar sempre para gerar conteúdo e criar temas para novos cursos, tanto online, quanto presenciais. Além disso, o meu sonho de vida é, um dia, dar aula de Gastronomia em Nova York, nos Estados Unidos”, almeja.
Visão de mercado
Na concepção do chef, “a cada ano que passa, o mercado de food service fica mais competitivo e mais desafiador, visto todos os desafios que sempre tivemos e, agora, ainda tivemos que nos reinventar devido à pandemia de Covid-19. Assim, o maior desafio de mercado atualmente que eu vejo é como estruturar bem o delivery atrelado a sempre ter movimento no salão. E, obviamente, lidar com os funcionários, prepará-los, treiná-los e, principalmente, retê-los para sempre ter um padrão de atendimento de qualidade”, aponta.
Nesse sentido, o chef reflete que o atual mercado de alimentação fora do lar “requer mais preparo, principalmente, devido aos programas de gastronomia de televisão, que deram, ultimamente, um glamour ao profissional chef e, dessa forma, engrandeceram a nossa profissão. Por meio desses programas, ficou claro como preparar um prato é difícil, pois os tempos e as dificuldades foram expostos, assim como o fato das combinações fazerem diferença foi popularizado. Com isso, o público grande, que não é da área de Gastronomia, conseguiu perceber o valor de um chef e como que são, de fato, os bastidores de um restaurante, de uma produção gastronômica”, avalia.
Importância das mídias sociais na vida de um chef
Ainda conforme Laranjeira, hoje em dia, as mídias sociais possuem grande importância na vida de um chef. Entretanto, ele garante que cada realidade profissional deve ser analisada para que esses meio de comunicação, realmente, somem à vida de chef. “O que eu sempre digo é que tudo depende da área que você esteja atuando como chef. Depende do que você divulga e de como você se remunera. Caso você tenha algum negócio gastronômico ou preste algum serviço por conta própria, é inevitável a importância de ter perfis em mídias sociais hoje em dia, mas sempre com estratégia e fazendo um bom conteúdo para mostrar, cada vez mais, o seu trabalho e com a grandeza que é ser um chef de cozinha. Mas, caso você não preste nenhum serviço e não tenha nenhum negócio próprio, então, não há uma necessidade total de estar nas mídias sociais ativamente e produzindo muito conteúdo. Porém, se você conseguir fazer isso, vai ser melhor para você, para a sua carreira e seu crescimento e valorização. Então, nunca é ruim”, indica.
Dica de chef consultor
Por fim, o chef aconselha que “a vida de chef não é nem um pouco fácil e que, inclusive, a maioria das pessoas desiste. A profissão de chef ainda não é tão valorizada. Por isso, é muito esforço para pouca remuneração. No entanto, se é isso mesmo que você gosta, é preciso perseverar, lutar dia após dia e acordar dia após dia com mais vontade, com mais ímpeto e pensando sempre no destino final. Sempre pense no que quer e no seu sonho. Assim, você conseguirá lutar por todos os meios para chegar lá”, recomenda.
E aí? Gostou de conhecer a vida de chef de Davi Laranjeira? Esperamos que sim e te convidamos a continuar nos acompanhando! Pois, aqui na Rede Food Service, te desvendar os bastidores da vida de chef é uma das nossas missões semanais!
