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Cássio Prados atesta que vida de chef também é saber maximizar o lucro e minimizar desperdícios

Com atuação voltada para as atividades de consultoria e food stylist, chef garante que ter seguidores nas mídias sociais não supre a necessidade do comensal e não resgata memórias afetivas e gustativas por meio da gastronomia

ChefCassio1
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Maximizar o lucro e minimizar desperdícios. Essa é a real vida de chef na concepção e experiência de vida pessoal e profissional de Cássio Caio Prados, de 45 anos, o chef Cássio Prados.

 

Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, o chef, que, atualmente, trabalha com atividades de consultoria e food stylist, garante que ter seguidores nas mídias sociais não supre a necessidade do comensal e não resgata memórias afetivas e gustativas por meio da gastronomia. “Vida de chef é saber maximizar o lucro e minimizar desperdícios! Conhecer os ingredientes em sua totalidade e sua relação de tempo x temperatura, saber ser líder e ter sua equipe alinhada com seus pensamentos e atitudes exemplares. E, claro, esquecer um pouco o chef de cozinha e ser mais cozinheiro. Hoje, a minha realidade é realizar consultorias para bares e restaurantes, food stylist para revistas do segmento, conteúdo gastronômico para empresas de food service, eventos sociais e corporativos, personal chef e lives em redes sociais. Na profissão de chef, o glamour é consequência. Atualmente, nos deparamos com programas de televisão que despertam a falsa realidade sobre a gastronomia. Hoje, basta ter mais de 100 mil seguidores que você já é considerado no mercado. Mas, para quem conhece o mercado, sabe que ter seguidores nas mídias sociais não supre a necessidade do comensal e não resgata memórias afetivas e gustativas. E esses que acreditam o contrário vivem em um mundo fake das redes sociais, fotos montadas, assessores de imprensa, etc. Enfim, nos atuais tempos, o mercado está prostituído e muitos desses bons profissionais de verdade não fazem parte desse mundo e acabam despercebidos! Sabemos que a cozinha tem pressão, é quente e focada na solução e, na maioria das vezes, um bom profissional se destaca pelos méritos profissionais, criatividade e produtividade na cozinha e não só porque participou de um programa de televisão gastronômico e já se intitula de chef”, argumenta.

 

Quem é Cássio Prados?

 

Cássio Prados “é um cara tranquilo, com foco sempre na solução e muito carismático. Amo a minha família e a minha profissão. Eu adoro conhecer pessoas, ter contato com o público e ajudar ao próximo. Tenho um relacionamento há oito anos com minha amada Lu Trento e três filhos, sendo dois de sangue do meu antigo casamento e uma de coração, que é filha da minha atual companheira. E, em breve, está chegando mais uma menina para abrilhantar mais ainda nossa família”, partilha.

 

Foto: Marco Pimentel

 

Sobre a sua versão profissional, o chef destaca que “fui premiado como o melhor chef de São Paulo no quesito inovação em 2013. Foi o Prêmio Nacional Dolmã, quando eu concorri com Mara Sales do Tordesilhas e Henrique Fogaça do Sal. E, recentemente, eu fui finalista do programa de televisão Mestre da Sabotagem. Eu sempre busco priorizar a minha família, mas faço parte de uma profissão em que, enquanto as pessoas se divertem, eu trabalho. Portanto, preciso de muita compreensão por parte de todos, já que escolhi essa profissão e, graças a ela, busco meu sustento e de minha família. Normalmente, eu tento sempre unir o útil ao agradável e conciliar momentos pessoais e profissionais em escalas de prioridade. Eu me considero um gastrólogo, um estudioso de gastronomia, formado na área e a minha realidade como chef é somente considerada quando estou liderando uma equipe dentro de uma cozinha de operação. Tirando isso, sou só um mero e apaixonado cozinheiro profissional. Vamos deixar os chefs para os índios (risos). Eu gosto muito da cozinha moderna, lido com muita desconstrução e releituras, mas também executo o clássico, se necessário for”, pontua.

 

Formação e experiências profissionais

 

Formado em Administração de Empresas e em Gastronomia, Prados possui uma vasta experiência profissional que merece ser apresentada. “Eu fiz faculdade de Gastronomia em São Paulo, onde trabalhei em vários restaurantes de diferentes tipologias e passei também pela cozinha de alguns importantes hotéis. Já atuei, por exemplo, no Hotel Renaissance, Restaurante Takê e Restaurante Gabiroba Cozinha Brasileira, onde fui funcionário mesmo. Como consultor, os meus cases de sucesso são Souk Burger, Famiglia Lucco, Nona Lila Bistrô, Artegiano Burger, Empório Paulista, Número One e Bar do Urso. Também fui docente da Hotec, Eataly, Universidade São Francisco (USF) de Campinas e Itu, Accademia Gastronômica, Academia Gourmet, Gastromotiva, Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e do Serviço Social do Comércio (Sesc) de Araraquara, onde ministrei palestras. E, em um dos hotéis em que eu fiz parte da equipe, já dei aulas diversas e cursos livres”, relembra.

 

O chef partilha também que o seu contato com a área de alimentação começou muito cedo, ainda na infância. “Eu sempre cozinhei com a minha avó, desde os meus oito anos de idade. E, assim, a cozinha está presente na minha vida desde muito cedo. Eu amo o que faço e o meu primeiro contato com o segmento food service foi quando fui convidado a iniciar um negócio de serviço de alimentação, uma creperia, dentro de um parque de diversão com grande notoriedade no Estado de São Paulo, o Hopi Hari. Na época, a receita de crepe exigia uma restrição de uso de um ingrediente específico, no caso, o ovo in natura. Com isso, fui obrigado a substituir e pesquisar outras alternativas para a receita do crepe. Dessa forma, busquei uma empresa de ovo em pó e consegui, junto com alguns colegas, constituir a receita só com produtos desidratados e, incrivelmente, o que era restrição, se tornou um produto food service especial e exclusivo naquela época. E, desde então, passei a divulgar esse produto para diferentes tipos de usuários, como hotéis, restaurantes, creperias, pousadas, entre outros. Assim, eu tive que me especializar em gastronomia para demonstrar o produto com mais propriedade”, relata.

 

Foto: Divulgação

 

Já sobre as suas experiências mais marcantes, Prados assegura que viveu “muitas experiências como chef, gastrólogo e cozinheiro. Como chef, a minha experiência mais marcante foi o Dinner in The Sky, em que fui chef residente da famosa mesa que fica a cinquenta metros de altura para você poder ter a experiência de comer nas alturas. É uma experiência incrível e uma responsabilidade absurda também. Imagina a expectativa do comensal nesse tipo de serviço? Mas, graças a Deus, tive 100% de aceitação e memórias afetivas ativadas! Como gastrólogo, tive uma experiência incrível ao dar uma aula dentro de um presídio de menores infratores. Foi simplesmente incrível! Imagina a experiência de entrar com uma faca dentro de um presídio com menores infratores e liderar, por quatro horas, uma equipe para ensiná-los a fazer pizzas? Foi inesquecível! Afinal, ninguém nasce com uma arma na mão. Essas pessoas são, infelizmente, vítimas de falta de base familiar, afeto e descaso de governos. Como cozinheiro, eu fui contratado para fazer um jantar para um menino que, na época, teve meningite e, infelizmente, estava todo atrofiado e, segundo o seu pai, muito triste e perdendo a vontade de viver. O Henrique, seu nome, era um rapaz que podia comer de tudo, mas em textura pastosa e, nessa oportunidade, eu tinha acabado de criar o Feeling Food, uma cozinha de sensação, texturas e expectativas em que eu realizava os jantares às escuras em restaurantes e hotéis pelo Brasil. Nessa data, me deparei com o meu maior desafio da carreira, que foi proporcionar um sentimento de alegria e satisfação gastronômica para esse rapaz. E, como eu sempre adoro desafios, fiz e foi um sucesso. Até a picanha ele comeu (risos)”, enfatiza

 

Vida de chef sem rotina e projetos de destaque

 

Como chef consultor e food stylist, Prados revela que o seu dia a dia, apesar de pesado como qualquer outra vida de chef, é bastante diversificado, não existindo, inclusive, a famosa rotina em si. “Hoje, eu sou consultor gastronômico para várias empresas. Dou consultoria para serviços de alimentação com foco em resultado, elaboração de menu, treinamento de equipe, fluxos operacionais, projetos de aprovisionamento, assinaturas de menu e food stylist. A minha atual rotina varia bastante mediante os chamados e às necessidades de diferentes tipos de cliente”, explica.

 

Foto: Divulgação

 

Para além das suas conceituadas consultorias, o chef possui ainda alguns projetos de destaque, sendo “três voltados ao segmento de eventos. São eles o Blind Dinner, que é a oferta de um jantar às escuras utilizando os cinco sentidos e os cinco gostos; o Comendo Cultura, que é uma intervenção gastronômica em ícones mundiais, como, por exemplo, Frida Khalo, Edit Piaf e Pedro Almodovar; e o projeto Carona Gourmet, que consiste em realizar lives nos perfis de meus parceiros em troca de permuta”, detalha.

 

Adaptações profissionais frente à pandemia de Covid-19

 

Apesar de possuir uma carreira bastante sólida como chef consultor e food stylist, Prados garante que precisou passar por algumas adaptações profissionais em decorrência dos efeitos sociais e econômicos da atual pandemia de Covid-19. “Essa pandemia de Covid-19 vem sendo muito triste para todos. Eu, graças a Deus, me cuidei e não tive a doença ainda, mas vivenciei com um ente querido e não é fácil! No âmbito profissional, perdi muito trabalho e tive que ser rápido para não ficar parado de vez. Com isso, criei o projeto Carona Gourmet, que consiste em realizar lives nos perfis de meus parceiros em troca de permuta. No início desse projeto, eu estava com oito parceiros e, depois de um ano e meio mais ou menos, eu estava com uns quarenta. Ou seja, a ideia foi um sucesso e, graças a esse projeto, ganhei grandes parceiros e estou até hoje com muito deles, como Arosa, Vapza, Ferri Fornos, Vom Fass, Queijos Yema, Granarolo, Brindisi Vinhos  Dro Ervas e Flores, Mbee Mel, Esteatita Home, CarolLamaita Cerâmicas, Maruiti Molhos, Pescados Vladimir Junior, Di Salerno, Vinhais, entre outros”, comemora.

 

Visão de mercado

 

Para Prados, o atual mercado food service exige um maior preparo para quem quer atuar nessa área. “Hoje, o mercado food service cresceu bastante e a tecnologia invadiu a cozinha. Assim, os profissionais de cozinha devem ter espíritos empreendedores, noções de logística, psicologia, administração, marketing digital e recursos humanos. Antigamente, esses só deviam se preocupar em fazer um bom plano de ataque na cozinha para não precisar ter muitas decisões não programadas. Entretanto, hoje em dia, as restrições alimentares também invadiram o mercado e, por isso, existem produtos diferenciados para cada nicho. Lembra do celíaco que sonhava em comer um pão francês? Pois, hoje, ele tem uma padaria só para ele (risos). Os restaurantes vendem experiências hoje em dia e não mais o cardápio. E o atual sommelier tem que conhecer de café, chocolate, água, bebidas alcoólicas e não alcoólicas e não somente de vinho. Enfim, atualmente, o mercado está veloz e exige profissionalismo mesmo.”, alerta.

 

Foto: Divulgação

 

O chef complementa que “hoje, o ato de alimentar-se tem uma relação direta com a sua vivência cultural e gastronômica. Assim, nós somos o que comemos”, salienta.

 

Dica de chef

 

Por fim, Prados indica que quem deseja ser um chef consultor e food stylist como ele, precisa “estudar bastante, buscar diversas oportunidades e se permitir conhecer todas as áreas de uma cozinha. Tenha humildade na hora de entrar em uma cozinha profissional, saiba absorver tudo de correto e expurgue o que não serve”, aconselha.

 

E aí? Agora, você já entende melhor como é a vida de um chef consultor e food stylist? Esperamos que sim, pois, aqui na Rede Food Service, te desvendar as rotinas das reais vidas de chef que existem atualmente é uma de nossas missões. Então, continue nos acompanhando!

 

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