Como parte do processo de readequação do mercado de alimentação fora do lar, em decorrência dos tempos de pandemia de Covid-19, está o aumento da necessidade de garantia dos processos e procedimentos relacionados a segurança e higiene alimentar nos estabelecimentos.

 

Neste cenário, o papel da Nutricionista se torna ainda mais necessário, sendo sua atividade muito mais abrangente e importante do que apenas relacionada a  questões nutricionais.

 

Evolução da profissão no Brasil

 

A profissão de nutricionista foi regulamentada no Brasil a partir da Lei nº 5.276, de 24 de abril de 1967, sendo a que rege até hoje o seu exercício e dá outras providências. Além disso, em 20 de outubro de 1978, foi sancionada a Lei nº 6.583, que criou os Conselhos Federal e Regionais de Nutricionistas com a finalidade de orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício profissional no país. Porém, o primeiro curso de Nutrição do Brasil foi criado em 24 de outubro de 1939, na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, com duração de um ano, ministrado em tempo integral e dividido em quatro períodos. Mas, em 1966, o prazo para a conclusão passou para três anos. Já em 1972, o Ministério da Educação estabeleceu que tais cursos teriam a duração de quatro anos, divididos em oito semestres.

 

O surgimento do primeiro Programa Nacional de Alimentação e Nutrição ocorreu em 1972 e ajudou a impulsionar a criação dos cursos de Nutrição e o mercado de trabalho para os nutricionistas no Brasil. Com isso, a profissão se expandiu dos hospitais e Serviços de Alimentação da Previdência Social (SAPS) para as escolas, restaurantes, bares, clínicas, indústria, mercado esportivo, marketing, hotéis e pousadas, núcleos de assistência à saúde da família, entre outras áreas que, até hoje, estão evoluindo ano a ano.

 

 

Segundo Vana Fiorini, Gerente de Administração de Pessoal da Sodexo On-site Brasil, empresa especializada em serviços de alimentação e facilities presente no país há mais de 40 anos e que, atualmente, possui cerca de 2.300 nutricionistas em sua equipe, “a nutrição é uma das profissões que mais evoluem e crescem no mercado de trabalho. Isso porque as tendências e as necessidades da sociedade estão sempre em constante evolução, com o crescente aumento da preocupação da população com perda de peso e melhora na saúde. Mais que ajudar as pessoas a terem uma vida mais saudável, o nutricionista pode atuar em diversas frentes, incluindo nas áreas de educação, food service, gestão e de pesquisa. Para se ter ideia, de acordo com o Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), em 2020, mais de 200 mil profissionais já atuavam na área no país. Como base de comparação, há dez anos, os profissionais dessa carreira eram apenas 56 mil aproximadamente”, destaca.

 

 

Vanessa Paula Veloso, Diretora de Operações da Sapore, primeira multinacional genuinamente brasileira de restaurante corporativo que possui uma média de 1.500 nutricionistas no seu quadro de funcionários, entre planejadores de cardápio, nutricionistas de qualidade e gestores, complementa que “cada vez mais, existe a consciência da relação entre alimentação e saúde até pela facilidade de acesso às informações. Não há dúvida de que a nossa profissão veio num crescente de importância nas últimas décadas, o que resulta na valorização do trabalho realizado pelos profissionais, seja em consultórios próprios, apoiando tratamentos médicos em hospitais e clínicas de reabilitação, assim como em escolas e no segmento corporativo. Ganhamos credibilidade. Nossa profissão está à frente de discussões importantes relacionadas às políticas públicas, como regras para rotulagem de alimentos, posicionamento sobre consumo de lácteos, proteínas animais e vegetais, entre outros. No setor corporativo, que é bem amplo, somos ainda reconhecidos como um ator importante para manter a qualidade nutricional na alimentação fora do lar. Na Sapore, por exemplo, existe reconhecimento e oferta de oportunidades para o desenvolvimento pessoal e profissional. Nós enxergamos os nutricionistas como o ‘coração’ dos nossos negócios. Uma dessas iniciativas é o Projeto Liderar, que foi desenvolvido especialmente para nossos nutricionistas com o objetivo de incentivar o desenvolvimento individual e contínuo de cada um, conectando com as metas dos negócios. O projeto também traz, por meio de práticas e experiências, ferramentas de autoconhecimento, gestão de negócios e pessoa”, ressalta.

 

Atuação no Food Service

 

No mercado food service especificamente, o profissional nutricionista possui atuações diversas e de extrema importância para que todos os processos que envolvem a alimentação fora de casa sejam cumpridos da forma mais segura e saudável possível.

 

Na Sodexo On-site Brasil, por exemplo, “o trabalho de um nutricionista é muito amplo e importante. Todos os dias, servimos mais de 1,5 milhão de pessoas em todo país e esse profissional apoia toda a equipe na entrega de refeições balanceadas, nutritivas, saborosas e com o máximo de segurança. Normalmente, quando o público geral pensa em nutricionistas trabalhando em restaurantes, seja o estabelecimento dentro de empresas, escolas, shoppings, comércios, hotéis ou hospitais, a primeira coisa que vem à cabeça é a imagem deles verificando o valor nutricional de cada refeição servida. Mas, o nutricionista vai muito além disso. Por exemplo, é esse profissional que garante que todos os processos, desde a escolha dos ingredientes até a refeição que é servida, estejam dentro dos padrões de qualidade e das leis determinadas pelos órgãos competentes, proporcionando uma alimentação segura para consumo. Para isso, são verificadas se as normas da Vigilância Sanitária estão sendo cumpridas dentro do restaurante, se a validade e a qualidade dos alimentos servidos estão dentro do estabelecido, se a limpeza e a disposição dos itens e materiais da cozinha estão adequadas, entre outras atividades. Esse profissional também é responsável por elaborar o Manual de Boas Práticas (MBP), que contempla os Procedimentos Operacionais Padronizados (POP’s), apoiar na qualificação de fornecedores e realizar a preparação de cardápios personalizados conforme as necessidades dos clientes. Além disso, temos o Mais Saúde, um programa de nutrição clínica exclusivo da Sodexo que leva para dentro das organizações que atendemos soluções que promovem a saúde nutricional. Também temos especialistas que atuam como consultores nutricionais para os colaboradores e consumidores dos clientes em que atuamos, realizando atendimento clínico e planos alimentares personalizados, mobilizando ações de saúde para estimular hábitos saudáveis no dia a dia e promovendo palestras”, explica Fiorini.

 

A Gerente de Administração de Pessoal da Sodexo On-site Brasil esclarece também que “o mercado de food service é amplo e a tendência é que as empresas do setor proporcionem mais do que uma refeição, mas uma experiência ao consumidor. É justamente esse diferencial que trazemos no nosso DNA desde a nossa fundação há 55 anos. Com isso, o nutricionista pode apoiar muito nesse caminho, pois, por meio do conhecimento teórico e prático, ele contribuirá diretamente à gestão do restaurante, agregando muitos benefícios, como segurança, incremento na qualidade dos produtos e serviços prestados. A Sodexo nasceu com a missão de entregar alimentação de qualidade para as pessoas. Por isso, os profissionais de nutrição são essenciais para a companhia para que possamos continuar oferecendo uma vida saudável e promovendo o bem-estar para todos. Por meio dos nossos nutricionistas, podemos proporcionar, cada vez mais, qualidade de vida às pessoas com refeições que atendam os desejos do consumidor como uma opção comfort food, saudável, nutritiva ou gourmet. Muitos de nossos executivos, hoje, são nutricionistas de formação que se desenvolveram dentro da companhia, aplicando no dia a dia todo conhecimento que o mercado de alimentação oferece”, revela.

 

Na Sapore, Veloso partilha que “os nutricionistas são as peças-chave do negócio, já que estão envolvidos no atendimento, produção, planejamento, inovação e tecnologia.  É uma rotina bem dinâmica, que tem a segurança alimentar como premissa. Os profissionais são responsáveis por toda a gestão de processos em nossos restaurantes. Sendo assim, fazem desde a elaboração de cardápios variados, aplicando saudabilidade e a qualidade dos alimentos, até a análise do perfil de cada cliente, respeitando as preferências e demandas. Além disso, também realiza a gestão da equipe, o relacionamento com os clientes e a entrega de uma refeição em um ambiente que proporcione experiências diariamente. No dia a dia, o nutricionista também é responsável pelas normas de vigilância sanitária, procedimentos e processos que vão além das calorias. Ou seja, são profissionais capacitados para fazer com que tudo funcione com ética, qualidade e segurança. A Sapore conta com nutricionistas no seu quadro de colaboradores desde a sua fundação, em 1992. Como trabalhamos com food service, prezamos pela qualidade e composição balanceada de cardápios e, por isso, é essencial que tenhamos esses profissionais em nossa equipe. Todos os nossos processos começam com a criação de cardápios que visam proporcionar qualidade de vida e saúde aos nossos clientes. Consideramos o valor nutricional dos alimentos e as preferências de diversos públicos, uma vez que operamos de Norte a Sul do Brasil, mas, principalmente, sobre a segurança alimentar. Na Sapore, a importância do trabalho do nutricionista é inquestionável. É um profissional que protagoniza a relação com o cliente e sua atuação perpassa por várias áreas da empresa. Portanto, sua relevância vai além do conhecimento técnico. Os nutricionistas são agentes de mudança e responsáveis pela entrega do serviço de excelência, que tanto prezamos”, frisa.

 

Uma Profissão e várias atuações

 

Conheça, a seguir, 13 nutricionistas, suas experiências e visões de mercado que ilustram muito bem o tão quanto essa profissão vem evoluindo, tornando-se cada vez mais versátil e essencial, principalmente, no atual mercado food service.

 

Ana Pernambuco

 

Ana Tereza Pernambuco, de 60 anos, é natural de São Bernardo do Campo, interior de São Paulo, nutricionista de formação e, atualmente, devido à pandemia de Covid-19, está “trabalhando em home office com outros projetos ligados às áreas de nutrição e beleza para mulheres maduras acima dos 50 anos para resgatar o bem-estar e a autoestima. Eu me formei em 1984, na décima turma do curso de Nutrição na UMC, em Mogi das Cruzes (SP). Naquela época, havia poucas faculdades de Nutrição e era um desafio muito grande ficar quatro anos em período integral e se dedicar totalmente ao curso. Mas, foi gratificante e enriquecedor”, garante.

 

Pernambuco possui experiência de vinte e seis anos de trabalho em “uma multinacional prestadora de serviços em alimentação. Sai no final de 2020. Todos esses anos foram o período em que me qualifiquei como profissional, como líder e como administradora de restaurante em indústrias. Fui técnica em processos de produção de alimentos, onde toda a etapa deve ser rigorosamente avaliada, desde a entrega da mercadoria in natura, até a entrega da refeição ao consumidor, evitando as chamadas DTAs, que são as doenças transmitidas por alimentos. O nutricionista é o responsável técnico pela segurança alimentar do consumidor. Nessa área, é fundamental a liderança e a formação dos colaboradores por meio de treinamentos diários, desde como tratar os clientes, todas as etapas dos processos de sanitização dos alimentos, higienização de equipamentos e áreas de trabalho, como também a preservação da integridade pessoal do colaborador na utilização de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)”, salienta.

 

 

Para a nutricionista, a evolução do mercado de trabalho da sua profissão é algo que precisa ser comemorado, especialmente sobre a sua popularização na mídia. “Eu estou extremamente feliz com essa evolução, pois, hoje, temos profissionais nutricionistas em praticamente todas as áreas de comunicação. Ou seja, nas mídias sociais, destacando a importância de uma vida mais saudável com uma dieta equilibrada. Profissionais sérios, jovens e que, por meio da tecnologia, passam seus conteúdos com bom humor e de fácil entendimento pelo público jovem. Já temos nutricionistas também trabalhando em academias, dando aulas em cursos técnicos de Estética e Enfermagem, além dos cursos de Nutrição. Estão, cada dia mais, fazendo parte de grupos multidisciplinares em hospitais, em clínicas próprias com grandes êxitos, em UBS, salientando a importância da amamentação, em indústrias, rodoviárias, em food service, empresas de aviação e infinitos outros locais”, elenca.

 

Especificamente no mercado de alimentação fora do lar, Pernambuco frisa que o nutricionista é “extremamente essencial e fundamental, pois, além de conhecer com autoridade os procedimentos técnicos que mantêm a segurança alimentar dos consumidores, ele é um multiplicador de conhecimentos para os colaboradores. Esse profissional, além de tudo, também avalia as condições do espaço em que é destinado o serviço e a necessidade de equipamentos para todas as áreas dos processos e que devem estar de acordo com as normas e legislações vigentes da Vigilância Sanitária”, reforça.

 

Cássia Gallego

 

Cássia Gallego, de 55 anos, é natural de Araraquara, no interior de São Paulo, nutricionista de formação desde 1988, mas, “iniciei antes minha experiência na área de alimentação, pois fiz técnico em Nutrição e Dietética. Hoje, sou Diretora da área de Menu Planning em uma empresa de alimentação, sendo a responsável pela elaboração de cardápios e demanda de compras dos produtos alimentares descartáveis e de limpeza. Temos, como apoio principal, um sistema para a montagem dos cardápios, que considera inputs como regras de negócios, tais como cor, consistência, tipo de preparo, entre outros, e as regras de incidências contratuais, incidências mínimas e máximas, dias da semana específicos, pratos casados e restrições de combinação respeitando o contrato de cada cliente”, partilha.

 

 

Para a nutricionista, “a evolução do mercado de nutrição no Brasil teve um crescimento extraordinário e creio que o responsável por isto é o elevado interesse da população brasileira por um estilo de vida mais saudável. O principal ganho foi o crescimento do mercado de trabalho. Hoje, além de hospitais e restaurantes, temos nutricionistas em academias, supermercados, centros estéticos, clubes, indústrias, instituições de ensinos, entre outros estabelecimentos”, pontua.

 

Na opinião de Gallego, o profissional nutricionista “é essencial para o mercado food service, pois continua sendo uma unidade de alimentação e nutrição, em que suas atribuições são imprescindíveis. O processo inicia na elaboração do cardápio e finaliza na entrega do produto ao cliente, sempre garantindo a segurança alimentar”, afirma.

 

Cinthya Maggi

 

Cinthya Maggi, de 66 anos, é natural de Natal, no Rio Grande do Norte, nutricionista de formação, com pós-graduação em Nutrição Clínica. Atualmente, é proprietária da empresa Cinale, Gastronomia e Nutrição e sempre trabalhou “com culinária e desenvolvimento de receitas e projetos com empresas de alimentação. Ingressei no curso de Nutrição para potencializar o meu trabalho e me formei em 1998”, relata.

 

Segundo Maggi, sua via profissional começou “ministrando aulas de culinária complementadas, depois, pelo curso de Nutrição. Trabalhei em televisão por mais de vinte e cinco anos, sendo pioneira em Cozinha Light, com o objetivo de mostrar a importância de uma alimentação saudável, enaltecendo as propriedades nutritivas e as várias combinações de alimentos para ter qualidade de vida. Tenho uma empresa que atua na área de consultoria nutricional e culinária junto com essas atividades. E, atualmente, trabalho com algumas empresas na área de alimentação, como a Castelo Alimentos, desenvolvendo receitas e produtos, além de atuar muito nas mídias sociais (Facebook: @cinthyamagginutricao – Instagram: @cinthyamaggi – YouTube: @cinthyamaggi)”, divulga.

 

 

Para a nutricionista, “antigamente, os nutricionistas atuavam mais na área de alimentação em indústrias e em alguns restaurantes, hospitais e na saúde pública. Hoje, esse leque se expandiu e com muita importância na nutrição clínica, nutrição esportiva, marketing e saúde pública, com estudos na área de alimentação coletiva e merendas, entre outras. E o crescimento da sua atuação hoje na gastronomia é impressionante, incluindo chefs nutricionistas.  Os principais ganhos disso foram o impulso da profissão e a melhora nutricional das pessoas que precisam de um nutricionista. Por exemplo, na nutrição clínica, o profissional saiu do hospital para fazer trabalho de personal diet, dando um atendimento individual para uma melhor alimentação, principalmente, quando envolve doenças. Ou, na nutrição esportiva, trabalhando com atletas de ponta para um desempenho melhor. No marketing, busca alimentos e preparações com claims de saúde e bem-estar”, sinaliza.

 

Maggi avalia que o profissional nutricionista é essencial para o mercado food service pelo fato de que “muitas pessoas consomem alimentos fora de casa. Por isso, é de vital importância a presença de um profissional nutricionista para criar e planejar cardápios que possam ajudar à população a ter uma boa alimentação, com mais nutrientes, menos sódio, gorduras, etc, além de incluir alimentos que possam trazer mais qualidade de vida. Hoje, com a pandemia de Covid-19 e o boom do mercado de delivery, ainda é mais importante ainda, pois o controle da saída desses alimentos até o consumidor final tem que ter um cuidado maior com contaminação, transporte, temperatura, etc. Outro mercado importante no food service é o que lida com alimentos que impactam a saúde de algumas pessoas, como alimentos glúten free e sugar free, com mercado muito crescente na área de Diabetes, etc. Enfim, as áreas de técnica e dietética, que fazem parte da formação do nutricionista, proporciona uma ajuda segura e eficaz para atingir esses objetivos. E, se todos percebessem como é importante ter um nutricionista nesta área, todos sairiam lucrando. Menos desperdício, maior controle dos alimentos e suas preparações e parceria benéfica com os chefs e funcionários da área são alguns dos benefícios”, elenca.

 

Debora Batista

 

Deborah Luiza Saibert Batista, de 31 anos, é natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, graduada em Nutrição, com pós-graduação em Nutrição Clínica e Fitoterapia. “Além desses cursos, também realizei várias capacitações, como em Modulação Intestinal e Emagrecimento e Saúde. Minha trajetória profissional é direcionada, principalmente, ao atendimento ambulatorial. Estou há sete anos inserida na nutrição clínica, sendo que, três desses anos, fui nutricionista da UNIMED BH e quatro anos lidei com a saúde pública pela Prefeitura de Esmeraldas e de Belo Horizonte.  Atualmente, estou dedicada ao consultório particular, tanto presencial, quanto online, e também atuo como nutricionista da equipe do NASF/AB dentro da unidade básica de saúde de Belo Horizonte”, se apresenta.

 

Batista se formou em 2014 e “um dos meus estágios foi no restaurante da empresa Belgo. Participei da elaboração de cardápio, controle de estoques, gerenciava a parte do pré-preparo, preparo e distribuição das refeições para ofertar alimentos com qualidade higiênica sanitária. Fazíamos capacitações com os funcionários sobre as boas práticas e eles valorizavam nossa presença, porque sentiam segurança no consumo dos alimentos tendo um profissional da nutrição para gerenciar os cuidados com a alimentação que estava sendo preparada,” divide.

 

 

Para a nutricionista, a sua profissão “a cada dia, tem sido mais valorizada. São diversas áreas que podemos atuar, seja na clínica, no mercado food service, na área acadêmica, pesquisa, marketing. O acesso à Internet e as informações favoreceram com que as pessoas se preocupassem mais com a saúde. Afinal, as informações básicas geram curiosidade para buscar mais orientações individualizadas. Com isso, a evolução tecnológica nos deu oportunidade de desenvolver projetos inovadores, oferta de programas nutricionais online, lives, tele consultas e estratégias em marketing não somente na área clínica, como nas demais áreas. Além disso, essa evolução contribuiu consideravelmente para o crescimento do mercado food service alinhado com o aumento da necessidade de as pessoas alimentarem fora de casa. Hoje em dia, as pessoas se preocupam e entendem que a alimentação é fundamental para prevenir e promover a saúde. Assim como, elas buscam produtos de qualidade que possam oferecer ingredientes saudáveis e sejam gostosos ao mesmo tempo”, acredita.

 

Batista afirma também que o profissional nutricionista é essencial para o ramo food service pelo fato “das empresas envolvidas nesse mercado, como, por exemplo, a Itambé, valorizarem a qualidade nutricional e o sabor de seus produtos e cardápios. Apesar de não ser obrigatório, o nutricionista se torna um diferencial para esse mercado, tendo em vista que, nos locais em que há manejo de alimentos, o nutricionista pode planejar cardápios balanceados, fazer o controle de estoque, elaborar processos operacionais padrão e planilhas para o controle e a prevenção de desperdício. Ou seja, esse profissional pode estar relacionado à gestão, na elaboração de uma alimentação equilibrada, com qualidade higiênica sanitária, evitando, assim, o desperdício e prejuízos em relação ao estoque, além de sua presença ofertar maior credibilidade e segurança aos clientes”, garante.

 

Heloisa Guarita

 

Heloisa Guarita, de 48 anos, é formada em Nutrição desde 1996 e mestre em Psicobiologia. Atualmente, ela é CEO da RGNutri, clínica localizada em São Paulo, capital. “Depois de formada, trabalhei por dez anos com nutrição esportiva, atendendo muitos pacientes em nossa clínica e atuando no esporte, saúde e bem-estar. Sempre, em paralelo e na RGNutri, fundada há mais de 20 anos, ainda criamos uma parte de consultoria. Talvez, fomos a primeira consultoria nutricional do mercado nacional. Na parte de consultoria, trabalhamos com diferentes mercados, de food service até toda a indústria de alimentos. Hoje, após esses anos todos, deixei de atender desde 2013 e foquei a minha carreira na consultoria para a indústria de alimentos e startups do mercado de food e foodtech. Temos uma equipe na RGnutri com pessoas ligadas à nutrição, marketing, design e comunicação. Em nosso dia a dia, entendemos as necessidades de nossos clientes com o objetivo de trazer um olhar para grandes tendências de alimentos e de consumo, inovação de portfólio e de produtos e relacionamento com profissionais de saúde. Somos parceiros das empresas na criação de novos conceitos e novas ideias que possam trazer grandes diferenciais”, detalha.

 

 

Para Guarita, “a nutrição sempre teve seu papel no mercado de food service, clínicas e hospitais. Mas, hoje, sabemos que nosso papel vai e pode ir muito além disso. Por isso, se o profissional se formar buscando entender toda cadeia da alimentação, poderá atuar em diferentes mercados, desde a matéria-prima, até o produto final, entendendo, inclusive, as necessidades dos consumidores. Como nutricionista, nosso papel não é apenas entender a composição de alimentos, mas sim todo o sistema alimentar e as novas oportunidades de evolução desse mercado. É possível trabalhar com a cadeia de ervilhas quando se pensa em plant-based ou com desperdício, se pensarmos na grande indústria ou no food service em si. Temos que abrir a cabeça para as novas formas de consumo, de acordo com as novas tendências e grandes movimentos do mercado. Fazemos isso todos os dias na RGNutri. Nossa obrigação é estar conectada e, assim, abrir sempre novos caminhos de trabalho e oportunidades de crescimento”, indica.

 

Sobre o nicho food service, a nutricionista orienta que “existe uma necessidade crítica relacionada à qualidade e segurança alimentar. Mas, é essencial, no meu entender, que qualquer profissional desse mercado não fique focado apenas nas operações da forma como sempre existiram. É importante descobrir e desbravar novos mercados e oportunidades na cadeia. Estar conectados nas novas soluções, por exemplo, ligadas à embalagem ou ao desperdício, assim como entender como o novo consumidor está se relacionando com o alimento pronto. O que teremos para frente? O que as startups estão criando no Brasil e no mundo? A alimentação e nutrição são temas de grandes investidores hoje em dia. Por isso, acho que, cada vez mais, os profissionais de nutrição devem se concentrar no mundo de negócios, das tendências e do novo comportamento do consumidor, além de desbravar o que temos além da cozinha. Aliás, a cozinha do food service nasce de um comportamento da nova gastronomia, que está conectada à forma de se alimentar de uma cidade, de um país e do mundo”, aconselha.

 

Juliana Pereira

 

Juliana Pereira, de 35 anos, é natural de São Paulo, capital, e possui “quinze anos de experiência na área de nutrição. Sou nutricionista no nível técnico (2005) e superior (2010), formada pelo Centro Universitário São Camilo, com MBA em Gestão de Negócios pela Anhembi Morumbi. Já atuei como Nutricionista Clínica, Gerente de Unidades de Alimentação e Coordenadora de Gastronomia. Hoje, atuo como Consultora em Food Service com mais de 150 clientes, sendo especializada em rotulagem de alimentos e processo Cook & Chill”, diz.

 

Conforme Pereira, “como Consultora em Nutrição, minha missão é ajudar negócios de alimentação a aumentarem a produtividade e lucratividade por meio da implantação de processos. Realizo trabalhos relacionados às boas práticas de fabricação e manipulação, auxiliando os negócios a estarem de acordo com as legislações sanitárias vigentes. E muitos dos processos que são implantados para garantir a segurança e qualidade dos alimentos preparados trazem como retorno a redução de custos operacionais, como água, energia e produtos de limpeza. Para explicar minha atuação atual, sempre dou como exemplo o programa ‘Pesadelo na Cozinha’, do chef Érick Jacquin, mas sem gritar ou vomitar (risos). A primeira ação que realizo em um novo cliente é o diagnóstico da operação, onde identifico melhorias referentes às questões sanitárias, mas também focadas em aumentar a produtividade e a lucratividade. O principal serviço que realizo é a implantação do processo Cook & Chill, com Lean Kitchen. Já foram cinquenta clientes implantados ao longo de seis anos de consultoria. Na implantação da Cozinha Antecipada e Lean Kitchen, por exemolo, realizo um diagnóstico para entendimento dos pontos de melhorias com foco em processos e custos, além das questões sanitárias. Trabalho em parceira com um gastrônomo, o Chef Guilherme Satoru, e, juntos, avaliamos também as questões das técnicas culinárias, uso de tecnologias de produção e apresentação dos pratos. Temos a clareza que, como consultores, precisamos ter uma visão global do negócio para, assim, traçar as estratégias para alcançar o aumento de lucratividade. A metodologia do Lean Kitchen, em conjunto com o processo Cook & Chill, tem como principal objetivo transformar uma cozinha em uma indústria de alimentos, com processos muito bem desenhados e recursos otimizados. Em uma implantação recente com essa metodologia, ajudamos um cliente a aumentar o faturamento com marmitas em 10% ao implantarmos a montagem em linha”, salienta.

 

 

No entendimento da nutricionista, o mercado da sua profissão “evoluiu muito ao logo dos anos e fico muito feliz que não apenas na área de saúde, mas também no food service. Antes, a nutricionista de produção, ou de UAN como é chamada na área, era vista como ‘aquela que coleta amostra e afere temperatura dos equipamentos’. Hoje, somos vistas como gestoras de um negócio de alimentação, podendo agregar não apenas melhores condições sanitárias, mas também melhores lucros para os empreendedores. Com a crescente preocupação do consumidor com a higiene do local e qualidade dos produtos, os empreendedores começam a perceber que a nutricionista não é um mal necessário, mas sim um profissional que irá agregar muito no seu estabelecimento. E nisso, a pandemia de Covid-19 ajudou. A higienização de mãos e o uso de álcool para sanitização, por exemplo, sempre foram temas principais da atuação do nutricionista dentro da cozinha. Para nós, nutricionistas, sempre foi uma ação para evitar contaminações. Porém, era vista como uma chatice, uma obrigação. Mas, hoje, salva vidas. Gostaria de poder dizer que, com essa evolução, os nutricionistas são mais reconhecidos e tem ganhos adequados à profissão. Entretanto, infelizmente, ainda não. Ainda temos ganhos menores que em outras áreas da nutrição, mas isso está mudando cada vez mais, principalmente, com a ascensão da consultoria em alimentos”, avalia.

 

Sobre a importância do nutricionista no mercado de alimentação fora do lar, Pereira assegura que “somos quem tem conhecimento de diversas áreas importantes para o mercado food service como um todo. A nossa atuação nos prepara para ser várias profissões em uma. Somos administradoras, gestoras de RH, coach, engenheiras e outras. Um nutricionista atua em toda cadeia do food service, sempre pensando nas melhores práticas para que a refeição chegue saborosa e segura no seu prato”, reforça.

 

Kárita dos Santos

 

Kárita Tonini dos Santos, de 42 anos, é formada em Nutrição desde 2013, sendo “especialista em Metabolismo e Exames Laboratoriais, Fertilidade do Casal, Vegetarianismo e Comportamento Alimentar para Adolescentes e Adultos. Atuo em consultório particular e também faço parte do Instituto Barini, que é uma equipe de médicos e eu como nutricionista, localizada em Campinas, interior de São Paulo. Trabalho com alimentação desde o ano 2000, pois, antes de ser nutricionista, fiz faculdade de Gastronomia e me especializei em Ayurveda, com a qual trabalhava também com ajustes na alimentação. Hoje, eu atendo em São Paulo e em Campinas, mas, com a pandemia de Covid-19, tenho atendido somente online. E esse era um trabalho que eu já fazia, pois tenho pacientes de outros Estados e de outros países. Então, a adaptação foi fácil. Alguns pacientes chegam até mim para tratar transtorno alimentar (normalmente compulsão). Esses pacientes costumam fazer sessões semanais para que a mudança seja integrada aos poucos. Eu não gosto de dietas restritivas, principalmente, as da moda, como low carb, jejum, etc, porque elas não se sustentam a longo prazo e trazem malefícios para a saúde e para a autoestima das pessoas. Quando percebem que voltaram a engordar, desmoronam, achando que o problema está com elas de não ter foco, nem força de vontade. E, na verdade, sabemos que restrições geram compulsões. Acredito que alimentação é algo muito profundo e que deve ser tratado com delicadeza e gentileza. Toda transição alimentar é uma construção que deve ter como base a não violência com o próprio corpo e tem como objetivo o encontro do equilíbrio entre saúde e prazer. Outros pacientes me procuram somente para ajustes na alimentação e suplementação ou para suplementação direcionada para a fertilidade. Apesar do foco ser diferente nesses casos, aprofundar no comportamento alimentar está e estará sempre presente nos meus atendimentos”, detalha.

 

 

Para Santos, o mercado de nutricionistas no Brasil está “em constante crescimento. As pessoas estão, cada vez mais, se conscientizando que a boa alimentação entra como um dos pilares da mudança de estilo de vida e na prevenção de doenças crônicas. À medida que os estudos comprovam que atuar na prevenção da doença quando há uma predisposição genética traz ótimos resultados e que prevenir que a doença chegue e se instale, é muito mais efetivo que tratar a doença. Assim, a nutrição ganha força e espaço.  Chegou um movimento muito forte, em que somente nutricionistas podem prescrever alimentação. Isso já está descrito na profissão, mas não era levado muito a sério. Aos pouquinhos, os profissionais de outras áreas estão entendendo que, realmente, essa particularidade cabe somente ao nutricionista. Também aos poucos, os convênios estão reembolsando consultas particulares de nutricionistas e aceitando os pedidos de exames solicitados por nós. São pequenos passos, mas muito promissores rumo a ‘solidez’ da nossa profissão”, espera.

 

A nutricionista acrescenta ainda que “para abordar os aspectos da alimentação como um todo, é necessária essa junção dos saberes. Sabe-se que a nutrição é a ciência que investiga as relações entre o alimento ingerido pelo homem e as doenças, buscando o bem-estar e a preservação da saúde humana. A beleza da gastronomia + a ciência dos alimentos (nutrição) deve andar juntas. Ou seja, a busca do prazer deve estar presente, mas visando também a saúde física e mental que a nutrição traz por meio do equilíbrio de uma boa alimentação”, orienta.

 

Mara Siqueira

 

Mara Raquel Sanches de Andrade Siqueira, de 61 anos, é natural de Tupã, interior de São Paulo, nutricionista de formação, com pós-graduação em Gestão Financeira, Econômica e Financeira.  “Eu me formei em 1982, pela Universidade de Mogi das Cruzes. Foi um vestibular difícil, pois, naquela época, existiam apenas três faculdades com este curso em São Paulo. Trabalhei por mais de trinta anos como Gerente de Operações em uma grande empresa de refeições coletivas. Ao me aposentar, em 2013, resolvi empreender e iniciei a operação em uma loja de bolos. Passados dois anos, iniciei com a fábrica de bolos e sobremesas e nos tornamos fornecedores de grandes empresas de refeições coletivas, bem como lanchonetes e coffees shop em diversas localidades. Atualmente, trabalho como Dirigente de Indústria de Bolos e Sobremesas e, neste último mês, concretizamos a mudança para um único ponto com a implementação de pães de fermentação natural. Eu sou a dirigente da empresa e toda a operação dos processos produtivos estão sob a minha supervisão. Além, é claro, de RH, financeiro e administrativo, o que me auxilia muito, pois hoje, já tenho pessoas que trabalham comigo nessa jornada. Mas, no início, não foi assim (risos). Eu fazia todas as áreas da empresa”, divide.

 

 

Para Siqueira, o mercado de nutricionistas no Brasil está “em grande evolução. O nutricionista, quando me formei, tinha apenas três áreas de trabalho, sendo a dietoterapia em hospitais, saúde pública e indústria. Hoje em dia, vemos nutricionistas em várias áreas de atuação e sendo reconhecidos como profissionais que contribuem para a saúde das pessoas, o que, no futuro bem próximo, será um profissional indispensável para o dia a dia das pessoas e que as mesmas sejam orientadas para as melhores escolhas”, prevê.

 

Exclusivamente sobre o mercado food service, a nutricionista afirma que a sua profissão, “com certeza, é essencial, pois esse mercado está em constante revolução e o nutricionista tem um papel importante para que se atenda todos os aspectos de uma alimentação saudável, com boas práticas de manipulação, economicamente viável e sem agredir o planeta. Simples assim!”, diz.

 

Maria Cecília Vasconcellos

 

Maria Cecília Veiga de Oliveira Vasconcellos, de 58 anos, é paulistana e nutricionista formada pela Universidade de São Paulo (USP) em 1985, com especialização em Administração pela Ceag- FGV e pós-graduação em Controle de Qualidade e Gestão de Tecnologia da Informação. “Hoje, eu trabalho com Consultora de Tecfood na empresa GRSA. Estou distante do dia a dia da produção de refeições, pois atuo como apoio à equipe de suporte técnico às unidades da empresa no que se refere ao sistema Tecfood. Trabalho também como ‘ponte’ entre a operação e TI”, explica.

 

Segundo Vasconcellos, o mercado de nutricionistas “cresceu muito. Na época em que me formei, atuavam basicamente em três áreas, sendo os restaurantes de empresas, merenda escolar e hospitais. Hoje, a atuação do nutricionista tem uma abrangência muito maior, as oportunidades são inúmeras, pois houve uma grande valorização da atuação em dietoterapia e terapia nutricional na área esportiva, consultórios e indústria de alimentos. Além disso, nas escolas, a presença do nutricionista, hoje, é muito mais valorizada. Vemos também a presença do nutricionista na área da gastronomia, seja trabalhando junto a um chef, ou na formação dupla em Nutrição e Gastronomia”, considera.

 

 

Para a nutricionista, a presença da sua profissão no mercado de food service “propicia a disponibilização de alimentos seguros, saudáveis e adequados a cada público-alvo, isso falando do profissional que atua no lado da produção de refeições.  Já a presença do profissional do outro lado do processo, como o de fornecedores de alimentos, favorece a oferta de produtos que atendem com maior praticidade as necessidades dos produtores de refeições. E o relacionamento entre os colegas das duas pontas permite uma ampla troca de informações, que acaba resultando em um melhor aproveitamento de MP e a existência de MP mais adequada e o fornecimento de refeições ou alimentos prontos de qualidade, com boa aceitação e grande custo/benefício”, aponta.

 

Marcia Chilio

 

Marcia Aparecida Chilio, de 56 anos, é natural de São Paulo, capital, nutricionista formada desde 1896 pela Faculdade São Camilo, com pós-graduação em Gestão Administrativa Financeira. “Atualmente, sou Sócia-Diretora na Gouvêa Foodservice Consultoria, Comércio e Prestação de Serviços Ltda. A ideia de que o profissional de nutrição fica confinado ao próprio consultório esperando que as pessoas apareçam para uma visita é totalmente equivocada. O campo de atuação de um nutricionista é vasto e se expande cada vez mais, uma vez que a alimentação saudável ocupa uma posição primordial na preservação da saúde humana. Minha carreira profissional foi toda desenvolvida na área de administração de unidades de alimentação e nutrição, onde o nutricionista tem papel fundamental na promoção da saúde dos colaboradores das empresas. Ao atuarem na promoção de uma melhor alimentação para seus colaboradores em uma empresa, os nutricionistas contribuem com a mudança de hábitos alimentares dos funcionários, muitas vezes, de forma extensiva à família, com a prevenção de doenças crônicas. Isso tem um impacto nos negócios das empresas, como a diminuição no absenteísmo, aumento da produtividade e a diminuição com os custos de assistência médica dos colaboradores, que, em função do aumento de sinistralidade, sofrem reajustes elevados. Adicionalmente, ajudam na redução do desperdício de alimentos, que é de se esperar que isso tenha um forte impacto econômico, social e ambiental. Depois de vinte e oito anos trabalhando no mundo corporativo, fui convidada pela minha sócia, Cristina Souza, CEO fundadora da Gouvêa Foodservice, a me juntar a ela em sua empresa de consultoria em food service, atuando na vertical de operações. Costumo brincar que meu trabalho, hoje, é devolver para o mundo tudo que um dia o mundo me deu. E faço isso com muito amor e sabedoria!”, garante.

 

Para Chilio, a evolução do mercado de nutricionistas no Brasil é fruto da necessidade. Afinal, “já pararam para pensar na importância da alimentação em nossa vida? Não é por acaso que a sabedoria popular está cheia de ditados envolvendo comida. Veja alguns exemplos interessantes: “Peixe morre é pela boca”, “Você é o que você come”, “Saco vazio não fica em pé”, “Na casa em que não há pão, todos brigam e ninguém tem razão”. Alguns ditos populares, todos ilustrativos de como a alimentação é determinante para a saúde e bem-estar das pessoas. Há cerca de oitenta anos, nascia, no Brasil, a profissão de nutricionista. Naquela época, o principal desafio que se colocava a esse profissional era a superação do perfil epidemiológico nutricional daquele contexto, caracterizado, sobretudo, pelas doenças carenciais, a desnutrição. Nos dias atuais, aquele perfil epidemiológico sobrepôs às doenças nutricionais degenerativas (obesidade, diabetes, dislipidemias etc.), associadas às condições de ‘desenvolvimento’ e de ‘modernidade’ existentes no país e, assim, novos dilemas e desafios são apresentados aos nutricionistas. Os avanços quantitativos e qualitativos conquistados pela categoria ao longo dessas oito primeiras décadas de organização em busca de legitimidade, autonomia e identidade profissional são evidentes e, ao que tudo indica, irreversíveis. Devido à crescente demanda, os nutricionistas estão se especializando em áreas, cada vez mais, direcionadas. Por esse motivo, novas carreiras e oportunidades de atuação surgem dia após dia. O nutricionista já é capacitado para desenvolver atividades em diversas áreas, como nutrição clínica, administração de unidades de alimentação e nutrição, saúde pública, marketing, assessoria, auditoria e consultoria e ensino. A carreira de um nutricionista passa por diversas etapas. E, embora a graduação e a experiência de mercado façam a diferença na maturação do profissional, elas podem não ser suficientes. Por isso, o investimento na educação continuada ainda é a melhor opção para profissionais que querem melhorar na carreira. Fica a dica!”.

 

 

Em relação à importância do nutricionista no ramo food service, ela contextualiza que “as vendas do canal food service (alimentação preparada fora do lar) apresentam crescimento em termos nominais. No contexto dos desafios atuais trazidos pela pandemia de Covid-19, a cadeia do food service tem atravessado por vários movimentos de disrupção. Alteram-se a preferências e prioridades dos consumidores. Operadores food service intensificam a busca pela eficiência e o fortalecimento dos canais de vendas online para manter a sua relevância. À medida que se acelera revolução digital, as redes sociais assumem um papel central na comunicação com o consumidor. Todas essas transformações colocam ainda mais importância na atuação do profissional nutricionista. A presença de um nutricionista em restaurante traz vantagens para todos. Uma porque o local mostrará respeito ao consumidor, uma vez que o cliente terá acesso apenas a produtos de qualidade, principalmente, quando pensamos em segurança dos alimentos. Outro elo da cadeia que ganharia muito com isso seria, principalmente, os restaurantes menores que, muitas vezes, abrem um estabelecimento sem nenhum preparo. Com um nutricionista em sua equipe, o dono do restaurante pode despreocupar-se com a fiscalização sanitária, pois as normas de vigilância sanitária serão cumpridas. Também não se preocupará com a segurança alimentar dos produtos servidos, pois tudo isso será avaliado e supervisionado pelo nutricionista. Adicionalmente, ganhará tendo seu negócio alinhado com tendências de mercado, comportamento do consumidor e gestão administrativa financeira do seu negócio, podendo, inclusive, aumentar suas vendas”, indica.

 

Roseli Rossi

 

Roseli Lomele Rossi, de 60 anos, natural de São Paulo, capital, é nutricionista de formação pela Universidade São Camilo desde 1983. “Eu também tenho título de especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição, sou pós-graduada no curso de especialização de Planejamento, Organização e Administração de Serviços de Alimentação, Fitoterapia Aplicada à Nutrição Funcional, Nutrição Ortomolecular com Extensão em Nutrigenômica e possuo Certificação Internacional em Nutrição Anti-Inflamatória e Pró-Resolutiva. Fui Diretora do Sindicato dos Nutricionistas por dez anos e Coordenadora de Curso de Pós-Graduação na Universidade São Camilo. Hoje, sou Diretora da Clínica Equilíbrio Nutricional, além de autora dos livros Saúde & Sabor Vol I – 2ª Edição (2020), TPM: viva melhor com alimentação e controle – Editora Novo Século (2018), Saúde & Sabor com Equilíbrio – Receitas Infantis (2010), Saúde & Sabor com Equilíbrio – Receitas Diet e Light Volumes I e II (2008 e 2009), e colaboradora do livro Nutrição Esportiva – Aspectos relacionados à suplementação nutricional”, conta.

 

Na concepção de Rossi, atualmente, o seu principal “trabalho é o atendimento clínico nutricional, que consiste numa avaliação muito ampla e minuciosa dos pacientes, com o objetivo de elaborar as orientações nutricionais por meio de cardápios semanais, incluindo receitas culinárias e suplementações totalmente personalizadas. Faço um trabalho nas redes sociais (Instagram, Facebook, IGTV, Youtube, Linkedin), prestando um serviço de orientações nutricionais, inclusive, com lives semanais. Presto ainda serviço de assessoria para empresas por meio de vídeos, posts e lives nas redes sociais, como, por exemplo, para a Rede Oba Hortifruti, Copra Alimentos, Castelo Alimentos, Marjan Farma, entre outras. Participo também de programas de rádios, TV e podcasts sobre matérias voltadas à área de nutrição”, resume.

 

 

Para a nutricionista, o mercado da sua profissão sofreu “uma grande evolução do mercado para os profissionais em todas as áreas de atuação. Essa evolução é fruto de uma somatória de reconhecimento e valorização que ocorreu tanto por parte das indústrias, food service, instituições de ensino, clínicas, hospitais, como também pela população de um modo geral. As pessoas estão entendendo mais a importância da nutrição saudável no impacto da saúde, longevidade e qualidade de vida. E, assim, também estão mais exigentes na compra de produtos alimentícios de melhor qualidade. Por outro lado, também percebo que, em consequência disso, a quantidade de profissionais nutricionistas tem aumentado e, por haver maior competitividade, os profissionais precisam estar cada vez mais preparados e em constante atualização para melhor se colocarem no mercado de trabalho. Em suma, nos últimos dez anos, só houve ganhos para os nutricionistas que souberam aproveitar essa evolução no mercado brasileiro”, ratifica.

 

Estritamente sobre a atuação do nutricionista no nicho de alimentação fora do lar, Rossi reforça que “o nutricionista é o responsável técnico fundamental para garantir a qualidade e o sucesso do mercado food service, uma vez que ele tem a competência de interferir positivamente em todas as etapas do processo, desde da elaboração do cardápio, até sua aquisição pelo consumidor final, sempre levando em consideração tendências do mercado, com o máximo valor nutricional e segurança alimentar”, esclarece.

 

Sonia Zizzari

 

Sonia Zizzari, de 52 anos, é paulistana, formada em Nutrição desde 1985 e, atualmente, trabalha com Consultoria de Gestão Gastronômica. “A consultoria é um trabalho que varia muito de acordo com as necessidades do cliente. Então, o dia a dia vai depender do perfil dos clientes. Por causa do momento atual que estamos vivendo devido à pandemia de Covid-19, a principal necessidade tem sido o controle de custos. Assim, uma das ferramentas que eu mais tenho elaborado para eles é a ficha técnica, que é um documento de gestão de cozinha que, se seguido à risca, proporciona o equilíbrio entre custos e despesas em relação à venda, permitindo atingir o lucro planejado por prato servido. Estou trabalhando apenas duas vezes na semana de forma presencial e os demais dias em home office. Organizo a agenda conforme a disponibilidade do chefe de cozinha e sua equipe. Por exemplo: listo os pratos que serão executados e passo cada ingrediente para apurar as perdas (durante o processo de pré-preparo e preparo) e o rendimento de cada um deles. Em seguida, esses dados são lançados em uma planilha de controle para ficar registrado o custo do prato. Com base no preço de venda, também calculo o CMV, que é o custo da mercadoria vendida. Com as fichas técnicas em mãos, o cliente pode fazer uma análise criteriosa e tomar medidas mais assertivas”, cita.

 

Para a nutricionista, o seu mercado e de tantos colegas “cresceu muito, proporcionando um vasto campo de atuação para o profissional de nutrição. Os principais ganhos são o reconhecimento e respeito pelo profissional de nutrição e o quanto ele pode contribuir conforme a sua especialização em determinados setores. Ganhamos maior divulgação na mídia e aumento de cursos de especialização, além de clientes mais exigentes e preocupados com a sua saúde e qualidade de vida, o que é ótimo para nós profissionais”, comemora.

 

 

De acordo com Zizzari, o profissional nutricionista é essencial para o mercado food service, “principalmente, para os pequenos empreendedores ou quem está começando um negócio no mercado de food service e não tem muito conhecimento na área.  É fundamental que esse empreendedor adquira conhecimento de gestão, implantando processos para controlar o desperdício, reduzir os custos, otimizar rotinas de trabalho e, por consequência, aumentar sua margem de lucro. Ele também precisa ter conhecimento de todas as normas exigidas pela fiscalização da Vigilância Sanitária e o profissional de nutrição é qualificado para adequar as etapas de produção, visando garantir que os alimentos cheguem ao consumidor final de forma segura. O mercado de food service está em constante movimento, novas formas de serviços, novos hábitos alimentares, novas tecnologias e, cada vez mais, o profissional nutricionista vem se especializando para atender a todas essas demandas”, frisa.

 

Soraia Batista

 

Soraia Camila Ferreira Batista, de 29 anos, é nutricionista de formação, com pós-graduada em Qualidade e Segurança dos Alimentos. Atualmente, ela é colaboradora na Sodexo Benefícios e Incentivos. “Em 2008, a Sodexo lançou o Programa Viver Bem, uma iniciativa que promove a saúde, bem-estar e qualidade de vida por meio de conteúdos e atividades oferecidas para nossos stakeholders sobre educação alimentar e nutricional, escrita e revisão de artigos diversos, além de criação de e-books com temas variados para nosso portal no site da Sodexo e mídias sociais para público em geral. Temos uma nutricionista responsável técnica e mais 19 nutricionistas auxiliares, como eu, que tornam o Programa Viver Bem possível.  O programa atende diversos públicos por meio da equipe de nutricionistas que oferece orientação e acompanhamento com foco em nutrição, saúde e bem-estar. A Sodexo Benefícios e Incentivos é líder em serviços de qualidade de vida e os nutricionistas são parte essencial deste trabalho. A Sodexo tem, entre os seus pilares estratégicos de atuação no mundo, a responsabilidade corporativa, que está dentro do Programa Better Tomorrow. Nesse pilar, encontram-se as ações voltadas à nutrição, saúde e bem-estar do Programa Viver Bem, cujos objetivos são promover um estilo de vida saudável a todos os nossos públicos e apoiar ações de educação alimentar e qualidade de vida, além de melhorar a situação nutricional dos trabalhadores brasileiros no ambiente de trabalho de acordo com a legislação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT).  Por meio das atividades desenvolvidas e realizadas pelos nutricionistas do Programa Viver bem, é possível realizar todos os objetivos já citados, além de criar ótimo relacionamento com nossos públicos. Além disso, percebemos que há uma mudança expressiva no hábito de vida dos brasileiros, que se esforçam para manter uma alimentação, cada vez mais, saudável e, para isso, a figura do nutricionista se torna a cada dia mais essencial. É esse profissional que traz o estímulo necessário para que esse desejo de melhoria na alimentação seja conquistado e mantido”, elenca.

 

 

Segundo Batista, “ao longo dos anos, os profissionais nutricionistas foram ganhando mais respeito e espaço no mercado de trabalho. A nutrição é uma área que está em constante expansão. Temos as áreas mais tradicionais que estão, cada vez mais, abrindo uma gama de possibilidades para diferentes públicos e demandas. Isso é muito positivo para o nutricionista, afinal, nunca se falou tanto em alimentação e saúde, não é mesmo? Acredito que esse é o principal ganho”, analisa.

 

Sobre a relevância do profissional nutricionista no ramo food service, a entrevistada avalia que “um profissional nutricionista no food service é importante para o bom funcionamento do negócio, garantia da segurança dos alimentos e exigências sanitárias e credibilidade do serviço prestado, resultando na tranquilidade dos consumidores e no bom relacionamento com todos os públicos”, aconselha.

 

Se ainda não conta com o trabalho de um nutricionista no seu empreendimento food service, esperamos que essa matéria especial lhe sirva de inspiração para também começar a usufruir dos ganhos que esse tipo de profissional traz ao seu negócio.