De acordo com pesquisa realizada e divulgada neste ano pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em parceria com o Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), 77% dos brasileiros consideram que a adoção de boas práticas de sustentabilidade por empresas e governos deve ser prioridade, mesmo que ainda sob o risco de diminuir os lucros e o crescimento econômico. Porém, quem disse que sustentabilidade e lucratividade não podem andar juntos? Não só podem, como devem, principalmente, no mercado de alimentação fora do lar. Prova disso é o exemplo da empresa Juçaí, que já auxiliou na perseverarão de mais de 8 mil palmeiras Juçara e que, hoje, nós da Rede Food Service queremos te apresentar como modelo Sustenfood.
O que é e qual é o propósito da Jucaí?
Criada em 2009, em Serrinha do Alambari, no Estado do Rio de Janeiro, a Jucaí é uma empresa cujo propósito chave é oferecer um alimento orgânico, vegano e sem glúten, rico em nutrientes, a partir da extração e processo de produção sustentável de frutos da palmeira Juçara 100% silvestre.
A empresa porduz o único açaí feito com 100% do fruto da palmeira-juçara, uma espécie nativa da Mata Atlântica. Por se localizar em uma região de clima mais ameno, seu fruto é mais rico em antioxidantes e minerais que o açaí tradicional, que vem do Pará.
Atualmente, a marca trabalha com 17 produtos, que são vendidos nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, além do Chile e no Canadá. Ao todo, são mais de 500 pontos de vendas. “A Juçara é uma árvore que está, há alguns anos, em um processo intenso de devastação por causa da extração indevida do palmito. A Juçaí nasceu da missão de criar um produto e marca que, por meio do seu processo comercial, criasse um ciclo virtuoso de conservação: quanto mais vendemos, mais valor é criado para o fruto da árvore e incentivo para manter essa árvore viva e, assim, prevenir o desmatamento. Além disso, com ele, conseguimos oferecer um alimento altamente nutritivo e incentivar ações em prol do desenvolvimento da mata e suas natividades, que vão desde os produtores locais, até a fauna/flora. Surgimos com uma ‘missão verde’ e propósitos genuínos voltados para o socioambiental. São com esses pilares que buscamos, cada vez mais, proteger esse espaço e oferecer um consumo consciente, respaldado de responsabilidade e, claro, um sabor delicioso do Brasil. No quesito de nutrição, por exemplo, Juçaí possui 50% mais ferro, 31% mais potássio, duas vezes mais poder antioxidantes e funções antitérmicas e anti-inflamatórias, que são originárias do inhame, vegetal acrescido ao alimento que ajuda na cremosidade e na elevação dos benefícios para saúde. Ah, todas essas vantagens são comparadas ao açaí tradicional que temos acesso normalmente. É um ciclo virtuoso do começo ao fim”, explica Bruno Correa, Gerente Geral da Juçaí, em entrevista exclusiva à nossa reportagem.
Trabalho junto à comunidade
Aliado ao seu propósito sustentável, a Jucaí possui um trabalho junto à comunidade que também merece destaque. Afinal, conforme Correa, “o nosso produto é a junção de pilares de ESG, que começam no compromisso com a comunidade e chegam até o consumidor final, que adquire um açaí rico em nutrientes e com uma história sólida e responsável”, garante.
Hoje em dia, a empresa proporciona “mais de 900 empregos diretos e indiretos em todo o ciclo. Em agricultores e pequenos produtores, podemos estimar mais de 90 impactados. Já em ocupação em nossa fábrica, em Resende, no Rio de Janeiro, temos mais de 12 famílias atingidas. Nas regiões onde a Juçara é presente, diversos produtores são atingidos pelo extrativismo clandestino do palmito. Porém, como a ocupação é irregular, eles estão sujeitos à falta de renda fixa, condições ilegais de trabalho e riscos eminentes por causa das fiscalizações, o que acaba não sendo vantajoso e seguro. Com a Juçaí, cada trabalhador é uma peça-chave em nosso ciclo, daí vem nosso vínculo com a comunidade. Há alguns anos, somos aliados de cooperativas locais, que estão presentes desde a colheita até o transporte para as fábricas. São elas que nos auxiliam a oferecer remuneração justa, conscientizar o respeito dos benefícios do processo de Juçaí e, claro, incentivar a conservação ao solo. Ainda vale ressaltar que se estima, a partir da colheita legal da Juçara, que os coletores da comunidade tenham o dobro da receita em comparação da atividade ilegal. Além de tudo, como a safra é recorrente, durante todo ano, ainda temos uma atividade renovável”, ressalta.
O Gerente Geral da Jucaí partilha também que “pensando em incentivar e implementar os ideais de sustentabilidade desde muito cedo, a Juçaí promove oficinas e visitas escolares. Em 2019, 170 alunos foram atingidos nessas iniciativas. E, devido ao período de isolamento decorrente da atual pandemia de Covid-19, as ações foram suspensas. Porém, assim que o cenário estiver mais seguro, o que parece ser em breve, pretendemos voltar com as programações. Fora isso, temos certificações e parcerias sólidas para nossas comunidades. Somos Empresa B, que certifica os esforços ligados à governança, meio ambiente, comunidade, consumo e transparência, B Corp Climate Collective – grupo com 800 companhias B Corp que auxiliam em medidas emergenciais para a melhora climática -, parceiros do SOS Mata Atlântica, oferecendo apoio para mapeamento de espécies e territórios para ações de desenvolvimento, e apoiadores Instituto Humanize, respaldando gestões públicas e fomentando cadeias produtivas da sociobiodiversidade, assim como é o caso da Juçara“, detalha.
Benefícios ambientais
Sobre os benefícios ambientais já conquistados por meio de todo o trabalho sustentável que envolve a Jucaí, ao longo dos últimos 10 anos, a empresa auxiliou na perseverarão de mais de 8 mil palmeiras Juçara em diversas localidades da Mata Atlântica, em especial no Espírito Santo. “Apenas em 2020, tivemos as marcas de 3.500 mudas e seis milhões de sementes distribuídas. E, somente neste ano de 2021, até agora, contabilizamos que 8 mil Palmeiras-Juçaras foram conservadas, o que é motivo de comemoração, visto que a Juçara quase deixou de existir há poucos anos por causa da extração ilegal de palmito”, salienta Correa.
Planos para o futuro
Com o foco em continuar aliando sustentabilidade e lucratividade, o Gerente Geral da Juçaí divide ainda que “o nosso crescimento acelerado vai ser ainda maior nos próximos anos na medida em que expandimos nossas vendas, ampliando participação de mercado onde estamos e as nossas fronteiras de atuação. Para alcançarmos nossas metas, naturalmente, vamos precisar acessar uma quantidade muito maior de polpa de juçara. Por isso, o desenvolvimento de novos fornecedores e parceiros de Juçara Orgânica é essencial para os nossos planos e a garantia da nossa evolução. Juçaí já é bastante reconhecida no Rio de Janeiro, local onde nascemos. Mesmo por lá, buscamos sempre a expansão, atingindo novas regiões e estabelecimentos. Em São Paulo, que também é nossa capital de distribuição, estamos em uma construção de marca e o desejo é aumentar a capilaridade por lá. Hoje, para os paulistas, estamos presentes em redes focadas em saudabilidade, como Natural da Terra. Mas, de todo modo, buscamos redes mais abrangentes, que atinjam todo tipo de público. Para atender essas futuras demandas, estamos preparando uma nova fábrica até o final deste ano. Com isso, conseguimos ampliar nossa chegada em outros locais e proteger um maior número de Juçaras. E, internacionalmente, estamos disponíveis no Chile e Canadá, onde a Juçaí está se popularizando e ganhando força. Quem sabe, no futuro, novos mercados/países se abram para nós”, espera.
Viu como sustentabilidade e lucratividade podem sim andar lado a lado? Por isso, continue acompanhando a Rede Food Service, pois, te apresentar boas práticas sustentáveis é uma das nossas missões por meio da editoria Sustenfood.
