Gastronomia e sustentabilidade? O que essas duas palavras e seu significados e significâncias têm em comum? Na Redes da Maré, instituição da sociedade civil em que a importância da gastronomia na dinâmica social é trabalhada por meio de diferentes projetos, tudo!
Instalada no conjunto de favelas da Maré, no Rio de Janeiro, capital, desde 1997, a instituição, hoje, só na área da gastronomia, comporta os projetos Maré de Sabores, Buffet Maré de Sabores, Sabores e Cuidados e o Festival Comida de Favela. Todos esses criados com o objetivo de “estimular a melhoria da qualidade da alimentação e, consequentemente, de vida dos moradores da Maré. Assim como, criar uma cultura de empreendedorismo na Maré, fomentar e potencializar a qualidade dos serviços do setor de alimentos e bebidas no bairro Maré”, explica Mariana de Oliveira Aleixo, de 33 anos, Doutora e Mestre em Engenharia de Produção, graduada em Gastronomia e a Coordenadora da Casa das Mulheres da Maré, local que abriga o Buffet Maré de Sabores, e do Maré de Sabores.
Em entrevista exclusiva à nossa reportagem, Aleixo explicou como cada um desses projetos funciona, além de revelar como a atual pandemia de Covid-19 fez com que as temáticas trabalhadas já alguns anos pela Redes da Maré ganhassem ainda mais relevância sobre o papel da gastronomia na dinâmica social, “que tornou-se hoje em dia um tema relevante no âmbito do desenvolvimento territorial, já que o direito à uma alimentação adequada, a soberania alimentar e nutricional consiste no acesso físico e econômico de todas as pessoas aos alimentos e aos recursos de forma contínua. Trabalhar a gastronomia na Maré tem como motivação a reflexão sobre as possibilidades dos moradores construírem uma relação com a alimentação para além de seu sentido fisiológico e novas possibilidades para a sua prática a fim de construir e perseguir caminhos no campo do conhecimento, bem como no exercício dessa profissão”, elenca.
Maré de Sabores
De acordo com Aleixo, “o projeto Maré de Sabores foi criado em 2010, a partir da demanda de mães de alunos do CIEP Operário Vicente Mariano, na Baixa do Sapateiro, onde Redes da Maré atua com projetos do Eixo Educação. Nas reuniões promovidas pelo projeto, as mães apresentaram o interesse na qualificação profissional em Gastronomia e a necessidade de construir uma nova relação com o alimento e novos hábitos alimentares para as suas famílias. A partir disso, o Maré de Sabores nasceu e passou a desenvolver cursos de Gastronomia voltados desde o contato mais básico ao mais sofisticado com esse universo, divididos em dois módulos – básico e avançado -, sempre pautados a partir de uma culinária mareense. Além disso, o curso discute a importância da higiene na manipulação dos alimentos, na produção de gêneros até a venda para o consumidor, com cursos de empreendedorismo. O curso de gastronomia qualifica suas participantes a trabalhar como cozinheiras, mas, principalmente, a abrirem seus próprios negócios, de forma individual ou coletiva, promovendo o aumento de sua renda. Com duração de oito meses, o curso oferece, além das aulas de Gastronomia, oficinas de Gênero e Cidadania, em que as alunas são encorajadas a refletir sobre autonomia, autoestima e o papel que ocupam na sociedade. Ao longo de onze anos, o Maré de Sabores já formou mais de 800 mulheres de todas as comunidades da Maré e possibilitou a entrada de várias delas no mercado de trabalho”, apresenta.
Buffet Maré de Sabores
O Buffet Maré de Sabores é um projeto que surgiu após o Maré de Sabores, sendo, inclusive, considerado uma evolução do mesmo, uma vez que, segundo Aleixo, “a qualificação profissional do Maré de Sabores foi sendo ampliada com a vertente de geração de trabalho e renda e, com isso, foi criado o Buffet Maré de Sabores, que é formado por mulheres que já foram certificadas pelas oficinas e que, hoje, integram um coletivo que oferece serviço de catering para instituições parceiras da Rede, como universidades e demandas privadas. Dessa forma, as mulheres são remuneradas por seu trabalho direto, o que lhes proporciona um aumento de renda e autonomia econômica, muitas vezes, quebrando o ciclo de dependência financeira que pode perpetuar a violência doméstica vivida por algumas delas. Em ambos os casos, é notável a melhora de suas condições de vida para além do aspecto financeiro. O grupo é reforçado enquanto coletivo e, individualmente, essas mulheres se sentem valorizadas em sua comunidade, autônomas e cientes de seus direitos. Parte do potencial do trabalho do Buffet Maré de Sabores deve-se pelo fato da Maré ter em sua base de origem famílias nordestinas e sua aproximação afetiva com a culinária. Com isso, o buffet realiza um trabalho que valoriza a diversidade da gastronomia da Maré como um fazer artístico e cultural. Além disso, no cardápio do Buffet Maré de Sabores, temos como princípio oferecer produtos que promovam 5 fatores ,sendo o 1) Hábitos alimentares conscientes e saudáveis; 2) Aproveitamento integral dos alimentos e não utilização de produtos ultra processados; 3) Produção artesanal de produtos; 4) Preferência por produtos in natura e o uso de alimentos orgânicos; e 5) Resgatar e promover a cultural alimentar local com a inclusão de receitas e ingredientes tradicionais da Maré”, detalha.
Desde 2010, o Buffet Maré de Sabores já produziu mais de 2000 eventos, entre coffee break, brunch, almoço, coquetel, jantar e alimentação terceirizada para empresas. Com isso, já atendeu mais de 50 mil convidados e gerou renda direta para mais de 120 famílias da Maré.
Sabores e Cuidados
O projeto Sabores e Cuidados é fruto dos efeitos da atual pandemia de Covid-19, uma vez que, “com a suspensão das atividades comerciais não essenciais no Rio de Janeiro, decorrentes das políticas de enfrentamento da pandemia do Novo Coronavírus, o eventos do Buffet Maré de Sabores foram cancelados e, como consequência, provocou para muitas dessas mulheres envolvidas nas atividades do Buffet – em sua maioria, únicas responsáveis pelo sustento de lares e famílias –, a suspensão das atividades remunerativas. Assim, como uma solução para essa nova condição do Buffet, nos aproximamos do Espaço Normal, equipamento da Redes da Maré que acolhe pessoas em situação de rua que fazem uso abusivo de álcool e drogas. O atendimento e acompanhamento mais próximo desses usuários, no período da pandemia, é ainda mais crucial para o enfrentamento da rápida disseminação do vírus, já que a população em situação de rua está, nessa conjuntura, ainda mais vulnerável e exposta ao contágio da doença. Para tanto, garantir a essa população acesso à segurança alimentar, refeição saudável, água e material de higienização é uma forma de mitigar os riscos aos quais está exposta, além de contribuir para o fortalecimento das condições imunológicas desses usuários já com quadros de saúde consideravelmente debilitados. As realidades diárias e coletivas dos projetos Maré de Sabores e Espaço Normal fez surgir, então, o Sabores e Cuidados, um projeto integrante da campanha ‘Maré diz Não ao Coronavírus’, com a qual se garante a produção e distribuição de refeições diárias para pessoas em situação de rua da Maré, além de prover renda fixa paras as dezoito mulheres envolvidas as quais levam renda para um total de 54 familiares”, esclarece Aleixo.
A Coordenadora da Casa das Mulheres da Maré e do Maré de Sabores divide ainda que “com a produção e entrega das refeições, foi possível entender o desafio que é produzir, diariamente, 300 refeições em formato de quentinhas e distribui-las para a população de rua da Maré. A produção de alimentos acontece na cozinha da Casa das Mulheres da Maré, com licença sanitária para a produção e distribuição de alimentos no formato de catering. A experiência dessa campanha nos fez refletir e elaborar que o acesso à alimentação adequada e de qualidade é um direito que não foi estabelecido nas favelas e periferias e desenvolver um projeto com essa frente na Casa das Mulheres da Maré é uma forma estrutural de enfrentar as questões sociais no que se refere às demandas de cuidados e de acesso aos serviços dos moradores da Maré. Em 2020, produzimos 65.000 refeições, que foram distribuídas para a população em situação de rua na Maré como prática de redução de danos e acompanhamento dessa população no período de nove meses e também como maneira de gerar trabalho e renda para dezoito mulheres envolvidas na produção das refeições e as engajar no desenvolvimento territorial da Maré. É relevante observar que a evolução do Covid-19 no corpo está, muitas vezes, relacionada às situações de saúde anteriores à infecção, o que torna central o debate sobre segurança alimentar e acesso à alimentação de qualidade no contexto pandêmico como forma de cuidado e prevenção. A distribuição das refeições continua neste ano 2021. E, hoje, em parceria com outro projeto da Redes da Maré, o Conexão Saúde, que promove acesso à testagem gratuita do vírus para moradores da Maré, o Maré de Sabores acompanha e garante a alimentação saudável ao produzir refeições para os moradores identificados com positivo para o Coronavírus e seus familiares, totalizando, até abril, 8 mil refeições”, contabiliza.
Festival Comida de Favela
O Festival Comida de Favela é, literalmente, um evento gastronômico da Maré ao “estimular e evidenciar a cultura de empreendedorismo de gastronomia na comunidade, valorizando a culinária tradicional e a criatividade dos pratos locais, além da gerar reflexão sobre o direito à cidade, à livre circulação e ao intercâmbio de experiências. O evento teve a sua primeira amostra em 2015, quando 16 estabelecimentos formais e informais existentes entre as 16 comunidades que formam a Maré e atuam no ramo da gastronomia foram selecionados. Na época, os bares e restaurantes selecionados foram avaliados por um corpo de jurados composto por chefes de cozinha, professores, moradores e não moradores da Maré e pela coordenação do Festival, seguindo os seguintes critérios: 1) Tradição e identidade do estabelecimento na Maré; 2) Localização dos estabelecimentos; 3) Diversidade do prato proposto para o festival; 4) Disponibilidade do empreendimento e do empreendedor em fazer parte da proposta do Festival e suas especificações; e 5) Qualidade da comida e estética do lugar”, relata Aleixo.
É válido pontuar que, durante o Festival Comida de Favela, os 16 estabelecimentos concorrem a premiações em duas categorias, sendo comida de bar e comida de rua. Além disso, os três pratos mais bem votados também são escolhidos pelos visitantes dos bares e restaurantes participantes, sendo que o público tem o papel “de definir as qualidades dos pratos oferecidos pelos estabelecimentos, incluindo a proposta dos pratos e as suas especificações sensoriais por meio da marcação na cédula de votação. No período do último Festival, foram recolhidas 5 mil cédulas de votação do público. Com o Festival Comida de Favela, é possível revelar o cotidiano da comunidade, enfrentando, desse modo, o conjunto de representações e ações distorcidas sobre quem são e como empreendem os moradores de territórios populares. Nesse sentido, o Festival Comida de Favela possibilita a construção, à longo prazo, do fortalecimento de políticas públicas que promovam o desenvolvimento no setor de alimentação na Maré”, avalia a Coordenadora.
Amplitude dos benefícios dos projetos Redes da Maré
Atualmente, a Redes da Maré já soma 20 anos de trabalho comprometido com o desenvolvimento territorial da Maré e 10 com o potencial da alimentação para o desenvolvimento das questões sociais e ambientais dessa comunidade. E tudo isso por meio de uma metodologia de desenvolvimento e produção de projetos a partir de questões locais e das pessoas desse território. Sendo assim, fica a pergunta: qual é a atual amplitude dos benefícios dos projetos da Redes da Maré, principalmente, quando o assunto é sustentabilidade?
Nesse quesito, Aleixo reforça que “o tema sustentabilidades é trabalhado na Redes da Maré em uma perspectiva ampla, interdisciplinar e a partir de diversas áreas que tangenciam o crescimento econômico, equidade social e a proteção do meio ambiente, o que é essencial à sobrevivência humana e ao acesso dos direitos básicos. Entendemos a sustentabilidade de forma alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e, de forma geral, o conjunto do trabalho da Redes da Maré, inclusive, está completamente comprometido com os ODS 1, 10 e 17, entre outros”, pontua.
Sobre os projetos em que a temática da alimentação vem sendo constantemente trabalhada, a Coordenadora analisa que “oferecer cursos de qualificação professional para as mulheres do território, entendendo que, quanto maior o nível de autonomia financeira, menor a incidência de relatos de violência, é muito importante. Nesse sentindo, as nossas iniciativas de educação profissionalizantes também contemplam ações complementares de apoio para além da dimensão técnica da formação com o intuito de interferirem, de forma efetiva, nas trajetórias profissionais e existenciais de mulheres inseridas em contextos populares. A Maré possui um dos Índices de Desenvolvimento Humanos mais baixos da cidade do Rio de Janeiro e caracterizasse, também, pela manifestação cotidiana das diversas violências e violações de direitos no campo da educação e da saúde decorrentes das estratégias da política de Segurança Pública. Em 2017, foram 41 operações policiais, 45 dias sem postos de saúde e 35 dias com escolas fechadas. O conjunto desses dados apontam para a necessidade de desenvolver estratégias no campo da educação profissionalizante inseridas no contexto social e econômico local e voltadas especificamente para mulheres. E é nesse contexto que o Maré de Sabores, na Casa das Mulheres da Maré, atua ao contribuir para o desenvolvimento territorial por meio da ampliação de oportunidades e o fortalecimento do potencial profissional e existencial das moradoras da Maré. O Maré de Sabores, cabe salientar, é um projeto inicialmente criado com o objetivo de ser uma formação profissional em Gastronomia, mas, ao longo do tempo, passou por diversas transformações e, hoje, conta com métodos mais sofisticados de impactar as mulheres. Hoje em dia, estamos muito comprometidas com todas as nossas pautas, sabemos que é urgente propor soluções e incidir em políticas públicas para combater à fome, que, com a pandemia de Covidd-19, se agravou ainda mais no Brasil. Essa mobilização de garantir segurança alimentar e saúde para as favelas no Rio de Janeiro e de todo o Brasil está acontecendo e é liderada pela sociedade civil, sendo executada por pessoas oriundas desses territórios. Acreditamos que uma das formas de manter a sustentabilidade dessas ações é com investimento no protagonismo de agentes locais e acesso a recursos para o desenvolvimento de projetos e pesquisas como forma de enfrentar o negligenciamento do estado brasileiro com as populações de favela e um caminho direto para comida chegar no prato da população mais vulnerável. Na atual sociedade capitalista contemporânea, as mulheres historicamente vêm ocupando diferentes lugares e funções. Até hoje, elas são as principais responsáveis pelo trabalho doméstico e pelo cuidado com filhos e familiares. Além disso, vêm também ocupando também o mercado de trabalho e, por consequência, o número de domicílios cuja responsável financeira é a mulher vem aumentando vertiginosamente. Portanto, muitas vezes encarando triplas jornadas, as mulheres ocupam diferentes papéis sociais, lugares estratégicos para a transformação social. Por isso, são uma das chaves para uma alimentação melhor”, indica.
Resultados Redes da Maré
Só neste ano de 2021, a Redes da Maré, que é uma instituição da sociedade civil que existe para tecer as redes necessárias para efetivar os direitos da população do conjunto de 16 favelas da Maré, onde residem aproximadamente 140 mil pessoas em uma área de pouco mais de 4 km², já desenvolveu 45 projetos, sendo válido enfatizar que a instituição sempre busca desenvolver ações dentro de quatro eixos estruturantes, que são chamados de Desenvolvimento Territorial, Direito à Segurança Pública, Acesso à Justiça e Acesso à Educação. “Essas temáticas foram escolhidas por representarem direitos fundamentais que ainda precisam ser conquistados pela população da Maré. Nosso entendimento é que, atuando a partir dessas áreas, atingiremos, em médio e longo prazo, demandas estruturais da Maré no campo da garantia de direitos básicos. Isso significa mais qualidade de vida, diminuição das desigualdades, superação das diversas formas de violência presentes no território e maior integração com a cidade. Todos os eixos de trabalho da Redes da Maré têm como direcionamento estratégico as seguintes linhas de ação: mobilização dos moradores da Maré; fortalecimento das instituições locais, basicamente as 16 Associações de Moradores e das diferentes lideranças que se fazem presentes nas lutas históricas da Maré; parceria com distintas organizações, públicas e privadas que atuam na região; produção de conhecimentos sobre a região; elaboração de projetos e programas que impactem na melhoria da vida da população; sistematização e difusão do saber produzido; e incidência nas políticas públicas para que se alcance, em médio e longo prazo, a efetivação de direitos em todas as favelas da Maré”, resume Aleixo.
Já ano passado, o estimado pela Coordenadora é que “aproximadamente 4.100 pessoas foram atendidas diretamente e de forma permanente pelos projetos da instituição, além de cerca de 18 mil famílias atendidas por meio da campanha ‘Maré diz NÃO ao Coronavírus’, 65 mil refeições entregues à população em situação de rua mais 1980 toneladas de itens doados, além de 150 mil frascos de álcool em gel, 280 mil máscaras, 130 postos de trabalho gerados e 300 pessoas trabalhando na campanha, sendo que, desse grupo de trabalhadores, 70% residem na Maré”, calcula.
A história da Redes da Maré
A Redes da Maré surgiu por meio de uma iniciativa conjunta, sendo, na avaliação de Aleixo, “resultado de um longo processo de implicação dos seus fundadores com o movimento comunitário no conjunto de favelas da Maré e também na cidade do Rio de Janeiro. O processo que gerou a criação da Redes da Maré começou em 1997, a partir da iniciativa de moradores e ex-moradores oriundos de algumas das 16 favelas que formam a Maré e de outras partes da cidade do Rio de Janeiro. A maioria desse grupo fazia parte da população de menos de 0,5% que conseguiu ter acesso à universidade na região e que também participava de movimentos sociais e comunitários organizados para lutar por determinados direitos básicos, como educação, saúde, cultura, saneamento, iluminação pública, segurança, dentre outros. A primeira iniciativa elaborada pelos fundadores da Redes da Maré foi o projeto de preparação aos exames de acesso à universidade, o Curso Pré-Vestibular Comunitário da Maré. Essa iniciativa tem alcançado, ao longo do tempo, resultados concretos, já que mais de 1200 moradores da Maré conseguiram entrar para uma universidade. Em 2007, aconteceu a formalização da instituição com esta denominação de ‘Redes da Maré’ a partir do entendimento de que o exercício da cidadania dos moradores na cidade deve estar sustentado em um projeto abrangente e processual que valorize o papel social dos cidadãos, suas ações coletivas e que tenha, como pressuposto, o respeito às diferenças e à diversidade, bem como a crítica às desigualdades sociais atualmente existentes no país e no Rio de Janeiro. Dessa forma, foi se construindo e fortalecendo a articulação de um leque de ações no qual diversas experiências positivas locais se entrelaçaram e se afirmaram em uma ideia central de que vivemos em uma cidade onde todos devem ter o direito de acessar os recursos nela existentes, independentemente da região onde residam”, contextualiza.
Como ajudar os projetos da Redes da Maré?
E aí? Ficou interessado (a) em ajudar a manter os projetos da Redes da Maré? Então, é importante que saiba que, atualmente, a instituição funciona exatamente por meio do estabelecimento de parcerias com pessoas e organizações a fim de viabilizar suas ações. No entanto, existe outra forma de captar recursos, que é por meio de editais, leis de incentivo e campanha de Crowdfunding Recorrente. “Entre os nossos atuais parceiros destacam-se ActionAid, Fundação Ireso, Fundação Ford, Rotary Clube, Open Society Foundations, Itaú Social e alguns doadores individuais. A ActionAid é uma organização sem fins lucrativos que formou e mantém uma rede internacional de apoiadores em prol dos direitos humanos e da superação da pobreza. Esse é um parceiro estratégico que tem contribuído para a realização de diversas ações no campo da educação, dos direitos das mulheres, da comunicação, entre outras. O Itaú Social nos apoia, desse 2017, para o fortalecimento da organização. A Fundação Ireso é de origem alemã e busca promover educação e saúde para crianças e adolescentes brasileiras em situação de vulnerabilidade. A Open Society Foundations, de origem americana, vem apoiando projetos relacionados ao eixo segurança pública, especificamente, relacionando-o ao debate sobre drogas e à atuação visando a redução de danos junto a usuários de crack na Maré. Já os doadores individuais apoiam os projetos Preparatórios para o Ensino Médio e Pré-Vestibular. A Redes da Maré possui ainda algumas parcerias com o poder público, em diferentes níveis, principalmente, por meio de leis de incentivo ISS e Rouanet”, lista Aleixo.
Por fim, a Coordenadora reforça que “a pandemia tornou urgente para o Maré de Sabores pensar e desenvolver formas de garantir segurança alimentar para as famílias e pessoas com maior vulnerabilidade na Maré e como a cadeia alimentar precisa ser estruturada para incluir e democratizar ambientes alimentares para as pessoas que mais necessitam de acesso a alimentos. Por isso, hoje, estamos buscando parceiros que nos apoiem no desenvolvimento de um sistema alimentar que privilegie um território como a Maré e seus atravessadores sociais e, consequentemente, apoiar e promover uma solução possível para outros territórios similares à Maré que existem no Brasil, já que o número populacional da Maré de 140 mil habitantes é maior do que 96% dos municípios brasileiros. Com fome e sem acesso à uma alimentação saudável, não estaremos fisiologicamente preparados para reivindicar as diversas violações de direitos que passamos e ultrapassar essa crise social, econômica e política que estamos enfrentando. Se não garantirmos de forma plena a segurança alimentar para a população de favela e periferias, não estaremos desenvolvendo uma política pública que incida, de forma estruturante, as desigualdades no Brasil e a gastronomia tem o potencial de atravessar essas agendas e estar comprometida com um desenvolvimento local mais sustentável”, afirma.
Para tornar-se um parceiro da Redes da Maré, CLIQUE AQUI!
Na Rede Food Service é assim. Sempre te apresentamos iniciativas que estimulam uma nova maneira de olhar a alimentação para que elas te sirvam de inspiração e motivação como ajuda na construção de um mundo melhor. Então, continue nos acompanhando e evoluindo como empresário do ramo de alimentação fora do lar!