Com o intuito de contribuir ainda mais para a produção do alimento do futuro, a Nestlé, maior empresa de alimentos e bebidas do mundo, acaba de anunciar que, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que está desenvolvendo o primeiro protocolo nacional para uma pecuária de leite de baixo carbono.
A iniciativa prevê o desenvolvimento das primeiras fazendas leiteiras NETZERO do Brasil, assim como envolve a confecção de guias e materiais com orientações para os produtores, além de uma calculadora que mostrará o balanço de carbono equivalente das propriedades leiteiras em diferentes biomas e sistemas de produção. “O projeto integra o compromisso global da Nestlé de neutralizar todas as emissões de suas operações, incluindo suas cadeias de fornecimento, até 2050, com metas intermediárias de redução de 20% até 2025 e de 50% para 2030. O protocolo envolve também olhar para diferentes frentes da produção leiteira nacional, que leva em consideração questões como manejo do solo, transporte, manejo e alimentação dos animais, manejo dos dejetos, entre outros. A calculadora, por exemplo, será capaz de traçar, de acordo com as características de cada região ou bioma e adaptada aos diferentes sistemas de produção, o perfil de emissões de cada propriedade, o que vai possibilitar a criação de planos individualizados de atuação para redução em cada uma delas”, informa a assessoria de imprensa da Nestlé.
É válido ressaltar que, desde 2018, a Nestlé já trabalha com medição do foot print das fazendas de leite no Brasil e, assim, conduz um trabalho com um olhar para diminuir as emissões em suas cadeias de fornecimento, inclusive, com resultados positivos de redução de emissões por litro de leite produzido nos últimos dois anos. No entanto, a ferramenta utilizada tem como base indicadores globais sem foco em climas tropicais. Portanto, não traduz 100% da realidade brasileira.
Objetivos
Em entrevista à Rede Food Service, Barbara Sollero, Gerente de Desenvolvimento de Fornecedores e Qualidade da Nestlé Brasil, comentou que “atualmente, não existe nenhuma ferramenta que consiga mensurar de forma realista e adaptada para a realidade brasileira as emissões geradas em propriedades leiteiras. Nosso objetivo, como uma das principais empresas captadoras de leite do Brasil, é justamente, por meio de uma parceria com uma instituição de credibilidade e renome internacional, criar um protocolo com diretrizes claras para a produção de leite de baixo carbono de forma que os produtores tenham visibilidade de onde estão concentradas as emissões e para que possamos trabalhar juntos na direção de mitigá-las o máximo possível. Nós, como Nestlé, queremos conscientizar e trabalhar junto com a sociedade e as instituições especializadas para tornar nossa cadeia de fornecimento de leite o mais sustentável possível, com um legado positivo para todos”, garante.
Já Alexandre Berndt, Chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos-SP), pontuou que a produção de leite de baixo carbono é um objetivo ousado e a Nestlé, em parceria com a Embrapa, está no início dessa trajetória. “Para se chegar ao leite de baixo carbono é preciso adotar diferentes tecnologias, boas práticas de manejo na fazenda, nutrição, estrutura de rebanho e uso de sistemas integrados e florestas plantadas. O protocolo envolverá ações coordenadas para que os produtores incorporem na fazenda ferramentas e práticas sustentáveis de produção”, esclarece.
Como o protocolo vem sendo desenvolvido?
Também conforme a assessoria da Nestlé, o primeiro protocolo nacional para uma pecuária de leite de baixo carbono vem sendo desenvolvido em etapas e com um sistema de distribuição de responsabilidades. A Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), por exemplo, está à frente da adaptação de modelos matemáticos e métricas que, por meio de um componente de software, serão integrados à calculadora que vai contabilizar o balanço de carbono na propriedade. “Com isso, oferecemos ao produtor um instrumento para medir o resultado das estratégias de manejo que ele está utilizando e evitar que tome decisões no escuro, sem a segurança quanto aos benefícios que podem ser gerados”, explica o pesquisador Luís Gustavo Barioni.
A iniciativa integra também um grande trabalho por parte da Nestlé dentro do seu pilar de agricultura e pecuária sustentáveis, “que a companhia conduz em todos os países em que atua e em suas principais cadeias de fornecimento, com um olhar para questões como o bem-estar animal, emissões e mudanças climáticas e uso de água e energia nas propriedades”, ressalta a assessoria.