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Para onde vão os restaurantes como conhecemos?

por Rodrigo Malfitani, articulista da Rede Food Service

Mesa scaled 1
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Em meio à crise causada pela pandemia, para onde vão os restaurantes como conhecemos até então? Num cenário jamais visto, imaginado ou até mesmo sonhado nos piores pesadelos, nunca pensamos em chegar onde chegamos. No mundo todo, bares e restaurantes fecham suas portas, num cenário catastrófico, com a perda de milhões de empregos e o encerramento de negócios. Prestes a completar seu primeiro aniversário, a pandemia continua sugando forças, energia e recursos do setor. Sobrará algo depois disso tudo?

 

Sim, de alguma maneira sobrará! Pois comida e cultura anda juntos. A forma como as pessoas comem diz muito sobre como vivem. Sociedades inteiras podem ser estudadas sob o olhar da comida e da gastronomia. Pois a comida tem papel muito maior do que apenas garantir a subsistência de um povo. Seu papel cultural é muito maior.

 

A grande questão é, que a pandemia tem nos privado justamente daquilo que bares e restaurantes e o homem tem de melhor: o convívio em sociedade. (Abro um parêntese aqui: nem todos! Mesmo com milhões de anos de existência, alguns homens ainda não aprenderam a conviver em sociedade).

 

Bares e restaurantes tem ligação afetiva e emocional com o nosso jeito de ser. São nesses locais que descobrimos novos amores, celebramos amizades, discutimos negócios, futebol e política, aprendemos sobre a vida e filosofamos, convivemos em família e afloramos a nossa capacidade de convivermos uns com os outros.

 

As pessoas não deixarão de comer pois isso é uma necessidade fisiológica. Mas de que maneira seguiremos comendo e nos divertindo? Novos modelos de negócios surgiram e ainda surgirão, adaptados ao novo modo de vida que estamos vivendo. Enclausurados no home office e com restrições de distanciamento físico, como conseguirão os bares e restaurantes seguir com seu propósito de convívio social?

 

O delivery pode até manter os restaurantes vivos e as pessoas alimentadas. Mas jamais conseguirá, nem chegará perto, de fazer as pessoas terem as mesmas alegrias e prazeres de uma mesa compartilhada.

 

Todos esses novos modelos e tendências, como dark kitchens, take away, grab & go, kits semi prontos, marcas digitais, etc, são importantes para manterem os negócios vivos ou respirando por aparelhos até que a crise acabe. Mas todos esses modelos são impulsionadores da antítese do que deve ser um bar ou restaurante.

 

Esses modelos apenas estimulam a vida digital atrás da tela de um celular. Não estimulam em nada o aprendizado da vida que se conquista através do convívio social. A vida é muito mais do que uma telinha de 7x15cm. A idéia do distanciamento social é uma das piores possível. O que precisamos nesse momento, é apenas do distanciamento físico. Jamais do social!

 

Nos afastarmos um dos outros, nos tornará ainda mais intolerantes e polarizados. É no convívio social que aprendemos as noções básicas de cidadania, como respeito ao próximo e tolerância ao diferente. O mundo e, em especial o Brasil, passam por um momento assim. Precisamos de mais brindes e menos brigas. De mais encontros e menos desencontros. De mais “com licença”, “por favor” e “obrigado”. Mais argumentos ao invés de gritos e imposições vorazes.

 

A ciência e a saúde, precisam andar mais rápido do que a economia. A economia, a duras penas e a sua maneira, será capaz, a longo prazo, de reinventar negócios e fazê-los sobreviver. Só a ciência e a saúde, com a vacinação em massa, nos permitirá sair de casa novamente em segurança, para a tão sonhada e desejada “aproximação social”.

 

O mundo precisa urgente do modelo tradicional de bares e restaurantes, como conhecemos há muito tempo. O modo como estamos vivendo e os novos modelos de negócios que surgem, nos manterão alimentados, porém privados do convívio social. De barriga cheia e cabeça vazia.

 

#EMFRENTE!

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Rodrigo Malfitani
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Formado em Hotelaria pelo SENAC-SP, Pós Graduado em Marketing de Serviços e com MBA em Gestão Estratégica de Negócios. É especialista em Gestão de A&B e Pessoas, com mais de 20 anos de experiência no mercado e passagem por grandes grupos como CiaTC, Ritz, Leopolldo, GJP Hotels & Resorts, Quitanda e Grupo Frutaria. Foi professor da EGG (Escola de Gestão em Negócios da Gastronomia) e hoje atua como Consultor e Diretor de Hospitalidade da marca Tania Bulhões.

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