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Highball: a combinação perfeita do destilado com o gás

Caindo no gosto dos brasileiros, bebida é perfeita para quem gosta de drinks simples e com personalidade

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Há no universo dos drinks um tipo de bebida chamada Highball. É uma variedade de coquetéis composta, basicamente, por um destilado e um carbonatado. Alguns exemplos desta combinação são bastante comuns e populares, como: whisky e água gasosa ou soda ou refrigerante de gengibre; gin e água tônica; rum e refrigerante de cola; vodka e energético; entre outros.

 

Mas, o que são bebidas carbonatadas? São produtos compostos por água, gás carbônico e algum tipo de xarope que dá cor e sabor a bebida. Ou seja, bebidas alcoólicas ou não alcoólicas com gás.

 

Assim como alguns outros drinks, o Highball tem a sua origem incerta. Acredita-se que tenha sido criado na Inglaterra, popularizado nos Estados Unidos e aperfeiçoado no Japão. As versões preparadas com whisky, tem se popularizado no Brasil, e vêm conquistando os apreciadores de drinks e bebidas especiais.

 

O Highball nos bares

 

Mauricio Porto é sócio do Caledonia Whisky & Co., bar especializado em whisky, localizado na capital paulistana, que oferece mais de cem opções da bebida vendidas em doses e meias doses, além de ter empório em que vende garrafas fechadas para o consumidor levar para casa.

 

Mauricio Porto, sócio do Caledonia Whisky & Co – Foto: Divulgação

 

O especialista falou sobre o produto para a Rede Food Service: “O Highball é super popular e está muito na moda atualmente, além de alinhado com as últimas tendências, que é a de consumir menos e melhor. No entanto, acho que cabe uma observação aqui. A coquetelaria, na verdade, teve como um de seus pilares históricos um coquetel de whiskey. O Old Fashioned é um dos registros mais antigos de coquetel que temos – uma mistura de whiskey, bitters (bebidas alcoólicas que contém extratos de ervas, que fixam o gosto amargo ou agridoce) e açúcar. E há outro clássico absoluto, que é o Manhattan. Então, não vejo o uso de whiskey na coquetelaria como algo inusual. Isso sem citar Whiskey Sour, Penicillin, Rob Roy, Godfather, dentre outros”, conta Mauricio.

 

Como muitos coquetéis clássicos, a origem do highball é discutível. Mauricio explica que a ideia de misturar uma bebida alcoólica com algo carbonatado data do final do século dezenove, nos Estados Unidos – há um coquetel chamado Simplificatore no Bartender’s Manual de Harry Johnson, de 1900. “Porém, os responsáveis por sua popularização são, indiscutivelmente, os japoneses. Na década de vinte os japoneses já consumiam whisky com club soda. Em meados de 1960, Shinjiro Torii, fundador da Suntory, abriu uma cadeia de bares chamados “Torys”, que serviam o drink. Aí, a popularidade da mistura decolou. Foi uma forma de aumentar o consumo de whisky no Japão, que deu muito certo, e, aos poucos, ganhou o mundo.” O sócio salienta que, tradicionalmente, o highball leva apenas gelo, whisky e club soda. “Porém, nada impede que você sofistique sua receita”, pontua.

 

Highball (Aka Haiboru), do Caledonia Whisky & Co – Foto: Divulgação

 

No Caledonia, por exemplo, servem com uma lasca de gengibre e uma folha de limoeiro. Essas adições aromáticas são muito bem-vindas, e ajudam a trazer complexidade para a mistura. “Um chá delicado também pode ser uma boa ideia, mas cuidado para não exagerar.  Nada impede que você seja criativo e dê seu toque brasileiro ao coquetel, com algum ingrediente como cupuaçu. Mas, a chave aqui é o equilíbrio. Highballs são coquetéis delicados e equilibrados, que unem a carbonatação ao perfil sensorial do whisky. Então, os elementos tem que estar em harmonia e não podem se sobrepor.” A receita depende do equilíbrio do whisky.

 

Mauricio conta ainda que, se usar um whisky mais delicado, deverá usar menos soda. “Whiskies mais intensos exigem mais club soda. Além disso, tem que tomar bastante cuidado com a temperatura. Esse é um coquetel refrescante. Ele tem que ser servido gelado. Então, é preferível que o copo – tradicionalmente uma caneca alta – esteja bem gelado. Aliás, é melhor que esteja tudo bem gelado: club soda, whisky, e o copo.” Outra dica é sobre a club soda ou água com gás. O sócio recomenda que se use um produto neutro com bastante gás. “Bastante mesmo, a ponto de ser quase ‘imbebível’ pura. A temperatura baixa, aliada à diluição com gelo e whisky tratarão de equilibrar o gás”, explica.

 

Highball by Diageo bar Academy – Foto: Divulgação

 

Para o sócio do Caledonia, é um coquetel que está galgando bastante popularidade. Algumas marcas importantes de whisky abraçaram ele também. “Há uma versão da Johnnie Walker, por exemplo. E outra da Jim Beam. E, óbvio, a original, da Suntory, que é, inclusive, o perfect, que serve para alguns whiskies de seu portfólio.” O consumidor, aos poucos, está descobrindo o coquetel. Ele não tem a popularidade de um gin-tônica, por exemplo. Mas, Mauricio diz que, incrivelmente, tem os mesmos princípios – é um coquetel leve, com graduação alcoólica baixa, volume grande (mais líquido), mais tempo para beber e menos bebedeira, além de ser leve e agradável.”Ele também é bem simples de fazer, apesar dos detalhes, o que ajuda bastante. “Todo mundo consegue fazer um Highball, bom ou não, mas conseguem.”

 

Por conta do alinhamento entre o conceito do produto e o discurso – “beba menos, beba melhor, beba com responsabilidade” – e a tendência das pessoas fazerem seus próprios coquetéis, o Highball é uma bebida muito interessante para a indústria de whisky. É simples de preparar, podendo atingir uma base ampla de consumidores, além de ser um coquetel suave e delicado, que pode ajudar a quebrar a barreira de intimidação que o whisky traz para muitas pessoas. “É o tipo de coquetel perfeito para aumentar a penetração de certas marcas entre os consumidores” avalia Mauricio. “Acho que o holofote ainda não está no highball, mas acredito que pode estar em breve”, completa.

 

Em festas e eventos

 

A Fly Drinks atua há 10 anos no mercado de coquetelaria, assinando diversas cartas de drinks de bares e restaurantes de Belo Horizonte – MG. Guilherme Ferraz, um dos sócios-fundadores, acredita que há barreiras para os consumidores de whisky optarem pela experiência com drinks. “Os maiores entusiastas de whisky fazem o tipo ‘cowboy’ ou apenas com gelo de água ou de água de coco, e em eventos misturado com energético. De fato, há essa barreira, porém, é nosso papel incentivar variedades de experiências de consumo de drinks de whisky como o Johnnie Highball, que, por sinal, é refrescante e delicioso”, diz Guilherme.

 

Highball Johnnie Walker, Diageo Bar Academy – Foto: Divulgação

 

Guilherme diz que o Highball pode ser feito com qualquer whisky, mas ele tem a preferência com os chamados “Blended Scotch”, como o Red Label, marca mais consumida do mundo dentre os escoceses e constituído por notas e aromas mais leves. “Há a variação de Highball feito com morangos e guaraná (versão um pouco mais doce) ao invés da água de coco e laranja, e também com polpa de maracujá e soda, deixando-o mais cítrico.”

 

Sobre a aceitação atual dos brasileiros, ainda não é muito relevante a saída desses drinks em eventos o tanto quanto deveria ser na concepção do sócio. “A Diageo, fabricante mundial de bebidas, investe bastante nessa experiência de consumo, assim como vimos no megaevento Lollapalooza aqui no Brasil, por exemplo, e achamos que ainda tem um caminho a trilhar para o aumento considerável de consumo de Highball.”

 

Receita

Este é o Highball (Aka Haiboru), do Caledonia Whisky & Co., a versão japonesa e mais aperfeiçoada do coquetel.

Ingredientes

  • 1 dose (30 ml) de Whisky (escolha um whisky que tenha uma influência clara de madeira ou turfa. Se pegar algo delicado, a tendência é que ele perca força por conta da água carbonatada);
  • 3 doses (90 ml) de Club Soda ou água com gás (escolha uma que tenha bastante gás!);
  • Gelo de boa qualidade e procedência;
  • Copo alto ou caneca previamente gelada;
  • Adições aromáticas (seja criativo);
  • Aparato para mexer.

 

Modo de preparo

  • Gele tudo. Copo, whisky e água com gás. Gele até o gelo, só pra ter certeza.
  • Adicione na caneca (ou copo) gelada o gelo. Ele deve ser suficiente para cobrir quase todo copo. Se conseguir produzir um gelo grande e comprido, melhor. Senão, vá com pedras grandes – isso vai garantir que a diluição e a carbonatação estejam corretas.
  • Adicione o whisky e a club soda.
  • Mexa suavemente com a colher bailarina, como se puxando o whisky do fundo para cima. Não exagere.
  • Se quiser, adicione uma lasca de gengibre, ou algum elemento aromático que você goste. Lembre-se que o higball é um coquetel delicado!

 

Curiosidade: quando a bebida é produzida na Irlanda, a palavra foi traduzida da sua origem para “whiskey”, com “e”, enquanto na Escócia ficou “whisky” sem a adição da vogal. Seus nomes têm diferenças gráficas que dizem respeito à geografia e ao modo de produção adotado.

 

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