Da vida militar para a de chef de cozinha. Essa é a inspiradora história de Luciana Câmara do Nascimento, de 43 anos, mãe de Laura, de 20, e Davidson, de 24, a chef de cozinha e professora universitária Luciana Nascimento, residente em Natal, no Rio Grande do Norte.
Há 20 anos, a chef vive a realização de trabalhar com alimentação como empreendedora e partilhar seus conhecimentos por meio da docência na área de Gastronomia e afins.
Câmara é mestre em Administração, pós-graduanda em Gestão de Negócios em Gastronomia, especialista em Docência e graduada em Tecnologia em Gastronomia. “Atualmente, sou professora do curso superior de Tecnologia em Gastronomia da Universidade Potiguar (UnP), leciono na pós-graduação da mesma instituição e na Faculdade Internacional da Paraíba (FPB). Além disso, sou Coordenadora da pós-graduação de Hospitalidade e Nutrição da UnP”, se apresenta.
O começo de uma paixão pela Gastronomia
Conforme a chef, o seu primeiro contato com o mundo food service começou quando ela se preparava para prestar vestibular. “Nessa época, eu comecei a relembrar o meu tempo de infância, pois cresci em meio às comidas maravilhosas feitas por minha mãe e avó. Elas cozinhavam com amor e eram responsáveis por todas as festas e comemorações da família. Mas, ninguém pensava em Gastronomia como profissão. No entanto, em meio ao grande desejo de ter uma independência financeira, eu comecei, em 1996, a fazer doces e salgados por encomenda e, em paralelo, estudava muito para prestar o concurso de oficiais da Polícia Militar na minha cidade e, assim, iniciar uma graduação”, relembra.
Um ano depois, em 1997, Nascimento conseguiu passar no concurso de oficiais da Polícia Militar e ingressou como aluna oficial. No entanto, ela confessa que, depois de iniciar o curso de formação, descobriu sua verdadeira paixão, que é a Gastronomia. “No curso para oficial da Polícia Militar, eu vivenciei momentos de aprendizados extraordinários. Aprendi muito sobre a área do curso de Direito, por exemplo. No entanto, eu descobri, em um determinado momento, que não tinha vocação e nem as habilidades necessárias para as possíveis áreas de atuação profissional militar. Com isso, eu cheguei a conclusão de que não bastava ter uma estabilidade financeira. O dinheiro não trazia o amor pela profissão e nem a felicidade esperada. Por isso, em janeiro do ano de 2000, após retornar de férias, resolvi pedir desligamento da polícia para galgar novos caminhos”, conta.
Mudança de carreira
Depois de abandonar a carreira militar, a chef diz que começou a “buscar algo que me realizasse profissionalmente e, em pouco tempo, bateu uma vontade imensa de recomeçar fortemente com as encomendas, pois havia as deixado de lado ao ingressar na Academia de Polícia Militar. Assim, retomei as vendas de doces e salgados, passando também a fornecer tortas, cestas de café da manhã e kit festa (doces, salgados, torta e refrigerante)”, relata.
A chef ressalta que, por morar em Natal, não foi fácil conseguir a formação acadêmica que possui hoje. No entanto, isso não foi motivo para que ela desistisse do seu sonho de ser uma chef. “Em Natal, naquele tempo, ainda não tinha a graduação em Gastronomia. Por isso, eu comecei a buscar cursos específicos na área que amava mais e mais a cada dia. Entretanto, eu percebi que não tinha muitas possibilidades de cursos. Aí, encontrei o SENAC e fiz o curso de salgados e de bolos artísticos e, em seguida, realizei uma formação em pães e outra em bolos artísticos no Palácio da Panificação. A cada conhecimento adquirido, tudo se tornava mais claro. A partir daí, tive a certeza de que viveria feliz com a magia da cozinha. E, no ano de 2005, encarei a abertura de um buffet próprio, com o qual eu fornecia doces finos, chocolates e bolos artísticos para várias recepções de Natal, festas de casamento e 15 anos, jantares, brunches, coffee break em domicílio e empresas, salgados e todo o serviço de garçons e cutelaria ao cliente, além de sobremesas para restaurantes e hotéis. Essa experiência foi extremamente importante em minha trajetória, mas ainda existia fortemente o sonho de entrar em uma faculdade. No entanto, em Natal, ainda não tinha o curso de Gastronomia e o mais próximo era Nutrição. Mas, isso foi vencido com o tempo”, diz.
Docência que alimenta
Toda a formação acadêmica de Câmara foi concluída na Universidade Potiguar (UnP), onde ela também descobriu outra grande paixão em sua vida, que é a docência.
Para a chef, ensinar sobre alimentação a traz benefícios diversos e inestimáveis. “Acordar todos os dias para exercer a minha função como docente é extraordinário. Não tem felicidade maior para um profissional que faz o que ama de verdade. O encantamento pela docência foi aumentando dia após dia. A sensação de transformar vidas a partir da educação e partilha do saber passou a ser contagiante e parte fundamental da minha vida. As energias recebidas pelos alunos me renovam e me fazem querer seguir”, garante.
Câmara, contudo, pontua que ser professora é também uma grande responsabilidade, incluindo, inclusive, algumas cotidianas dificuldades. “O desafio é diário, pois transformar vidas por meio da educação não tem receita. Cada aula, turma e aluno são diferentes e o aprendizado é mútuo e contínuo. Sonho em aprender mais e mais por muitos anos da minha vida, pois a pesquisa na área de alimentação ainda tem um longo caminho a percorrer. Quero continuar seguindo as minhas qualificações como profissional”, afirma.
Mercado de alimentação exige capacitação constante
Por fim, como toda boa docente, Câmara orienta a você leitor da Rede Food Service que, no atual momento, o mercado de alimentação requer capacitação constante. “Com a modernização e o avanço tecnológico, as organizações vêm sofrendo modificações bruscas em seu modelo de gestão organizacional, impondo um crescimento contínuo na qualidade dos serviços, que são refletidos pelo incremento da competitividade. Essa atual realidade vem sendo observada também no mercado de alimentação, cuja necessidade de novos hábitos sociais e mudanças no padrão de consumo alimentar vêm levando as pessoas, a cada vez mais, a fazerem refeições fora de suas residências. O mercado de food service está a cada dia mais exigente e, por isso, requer profissionais mais capacitados e prontos para entrar no mercado de trabalho. Sendo assim, o mercado de alimentação, em especial o de fora do lar, encontra-se bastante competitivo, pois, de um lado, têm-se clientes mais exigentes e sofisticados e, de outro, concorrentes mais agressivos e preparados. E a combinação desses fatores passou a conduzir a atual dinâmica organizacional voltada para o aperfeiçoamento contínuo dos produtos e serviços, sendo perceptível o crescimento do delivery desde o começo da atual pandemia de Covid-19”, alerta.
E aí? Ficou inspirado com a história da chef Luciana Câmara, não é mesmo? Então, continue acompanhando a Rede Food Service, pois, só aqui, sempre desvendamos para você o que, realmente, é a vida de chef!