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Empresas de bolos também apostam em delivery para superar crise motivada por pandemia

Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria mostra que mais de 60% dos estabelecimentos usam a modalidade de entrega como opção de venda

A Casa de Bolos, pioneira no segmento, não trabalhava com o serviço de delivery até março deste ano. (Foto: Divulgação)

 

Com a pandemia, muitas situações foram ressignificadas e ganharam novas narrativas no que chamamos de “novo normal”. As grandes festas de aniversário, por exemplo, deram espaço às pequenas comemorações em família e os doces ganharam um papel ainda mais simbólico e afetivo, aproximando as pessoas dentro de casa e tornando os momentos mais “leves”.

 

De outro lado, para compensar o fechamento das unidades físicas e amenizar a queda de vendas, confeitarias e estabelecimentos especializados em bolos passaram a adotar o delivery como solução. Prova disso são os números expressivos de um levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (ABIP), que responde pelo setor. Em março, apenas 8% a 10% dos associados adotavam algum modelo de entrega e, atualmente, 60% a 70% já oferecem alguma modalidade de delivery.

 

Segundo Emerson Amaral, diretor da ABIP e da Ideal Consultoria, empresa parceira que apoia a instituição subsidiando dados do mercado, até os pequenos empresários precisaram se adaptar diante da crise motivada pelo novo coronavírus. “Devido à realidade, até os comerciantes com menos estrutura criaram alguma modalidade de entrega. Uma delas é o delivery de vizinhança, com atendimento gratuito em um raio de 500 metros a um quilômetro”, afirma Amaral.

 

Festival de Cucas da Casa de Bolos. Lançamento de Três novos sabores da receita típica alemã é uma das ações de mkt da rede iniciada durante a pandemia para alavancar as vendas. (Foto: Divulgação)

 

A Casa de Bolos, pioneira no segmento dos produtos caseiros no Brasil, é uma das empresas que integrava a margem dos que não ofereciam entrega até março. Apesar de ser considerada serviço de alimentação essencial e ser autorizada a manter as lojas físicas abertas, a marca precisou criar uma linha de telefone para atender os pedidos por delivery logo no início da pandemia. De acordo com Matheus Rocha, gerente de Marketing da rede, a implementação da nova modalidade de atendimento já estava nos planos da marca, que já tem 370 lojas espalhadas pelo Brasil.  “Não trabalhávamos com delivery  antes da pandemia, mas já era uma demanda do franqueado. Então, já vínhamos estudando formas de fazer a implementação e ter esse novo canal de vendas. Com a pandemia, teve uma aceleração do processo. Mesmo com a loja funcionando, adotamos, no primeiro momento, a entrega por telefone”, conta o executivo.

 

Em paralelo à iniciativa, a empresa vinha trabalhando na construção de um aplicativo próprio e o lançou ainda em março para toda a rede. Por se tratar de um produto frágil, a marca também desenvolveu um suporte para transportar os bolos. O objetivo é que o cliente tenha em casa a mesma experiência do endereço físico.

 

Bolo da Casa de Bolos. (Foto: Divulgação)

 

Apesar da implementação do delivery, como a maioria dos comerciantes brasileiros, a Casa de Bolos não ficou imune à crise financeira. A rede registrou uma queda nas vendas de 15% a 20% no início da pandemia. Para frear o prejuízo, a marca também investiu em campanhas promocionais e lançamentos de produtos. A última novidade foi um festival de cucas, que trouxe ao cardápio três novos sabores da receita típica alemã. Matheus Rocha comemora o resultado das estratégias e garante que, de forma geral, as franquias conseguiram equilibrar as vendas e hoje fecham o caixa em azul.  “O foco da rede é a família. Nós vendemos apenas o bolo inteiro, até para gerar o compartilhamento. A pandemia trouxe a nosso favor esse que já era o nosso conceito: o de aproximar as pessoas dentro de casa. Criamos formas de movimentar a loja e também gerar pedidos via aplicativo, o que tem nos dado uma melhora constante durante os meses”, afirma o gerente de Marketing para a Rede Food Service.

 

Esse equilíbrio nas vendas pode ser explicado, segundo a  ABIP, por um dado levantado em sua última pesquisa. O estudo diz que o ticket médio no delivery é maior: o cliente dessa modalidade compra de duas a três vezes mais do que gasta na loja. A instituição também observou um aumento geral de 6,48% no ticket médio das vendas offline no primeiro semestre deste ano, o que, de acordo com a associação, pode ser explicado pela redução de visitas do consumidor ao espaço físico e, como resultado, o aumento no volume de compras.

 

Doces em alta

 

Quem também precisou se reinventar para se adaptar à nova realidade e diminuir o impacto da crise nos negócios foi a Sodiê Doces. A empresa, que é considerada a maior franquia especializada em bolos artesanais do país, tem mais de 300 estabelecimentos espalhados por 13 Estados e o Distrito Federal. A marca já alcançou patamares internacionais com unidades em Orlando, na Flórida (EUA).

 

Cleusa Maria da Silva, fundadora da Sodiê Doces (Foto: Divulgação)

 

A relação íntima da empresa com as entregas por delivery é recente, apesar de ter sido iniciada bem antes da pandemia de covid-19. A parceria com o aplicativo Ifood começou depois que a história de empreendedorismo da fundadora da marca, Cleusa Maria da Silva, foi contada em horário nobre por uma novela global. De família pobre, Cleusa foi de boia-fria à empresária de sucesso depois de fazer o seu primeiro bolo para ajudar uma antiga chefe. “Eu venho de uma família muito pobre. Se eu não mudasse o meu destino, meu filho seria pobre também. Eu não aceitava muito bem, mas não tinha nenhuma revolta. E, sim, uma vontade de ter uma vida melhor”, lembra a fundadora da Sodiê Doces.

 

Depois da repercussão da novela, a empresa começou a operar por delivery, mas, de acordo com Cleusa, a adesão foi baixa por parte dos franqueados: apenas 10% a 15% aderiram à opção de entrega e o faturamento dessa modalidade representava 5% do total. Com a pandemia, a marca precisou tomar a iniciativa de usar as vendas por aplicativo como meio principal e o faturamento por delivey pulou para 30%.

 

Delivery da Sodiê Doces que atualmente representa 30% da venda das lojas da rede. (Foto: Divulgação)

 

Com a participação forte dos pedidos por aplicativo, a rede conseguiu estabilizar o caixa. No primeiro mês da pandemia, a empresa apresentou queda de 30%. Já no segundo mês, as vendas caíram 20% e, do terceiro em diante, a rede voltou à realidade de antes da crise provocada pelo novo coronavírus. “As sobremesas estão muito em alta, já que as pessoas estão muito ansiosas. Hoje, se você não pode fazer uma festa, você compra pelo menos um bolo. As pessoas estão presenteando mais. Eu não tinha uma explicação do porquê que não  tivemos queda de vendas, o que a gente esperava que tivesse. Pelo contrário, tivemos equilíbrio dos negócios.”, afirma Cleusa.

 

Acompanhe na Rede Food Service o que acontece de importante no mercado de alimentação no Brasil.

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