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Ana Barini assegura que vida de chef é construída na prática

Para a chef proprietária e responsável de uma dark kitchen de comida plantbased, cozinhar tem a ver com autonomia e não com ‘glamourização’

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Ana Sanchez Barini, de 38 anos, proprietária e responsável de uma dark kitchen de comida plantbased, casada e sem filhos. Essa é a chef Ana Barini, que é graduada em Psicologia, mas garante que a vida de chef é construída, de fato, na prática. “Não tenho formação acadêmica em Gastronomia, mas tenho nove anos de muita prática. Na verdade, eu caí de paraquedas nesse mercado. Sempre amei cozinha, mas nunca tinha imaginado que isso seria meu trabalho. Sou psicóloga, atendia e estava fazendo mestrado quando caí nas graças da cozinha natural. Saí do mundo acadêmico para assumir uma cozinha dentro de um mercado de orgânicos e coordenar equipe e tudo. Aprendi muito na prática, acertando e errando, ouvindo clientes e funcionários. Já tive três restaurantes e vivi um pique de 250 refeições por dia em média. Foi uma ótima escola. Hoje, tenho uma cozinha industrial na qual produzo refeições para entrega e pequenos eventos. Entrego tanto fresco, como congelado. Também dou aulas particulares de culinária natural e faço consultoria de produtos e conceito culinário para marcas e restantes”, conta.

 

A chef também partilha que grande parte do seu conhecimento no mercado food service ela adquiriu no dia a dia, por meio do seu perfil pessoal de “um bichinho curioso criativo, que ama gente. Sou muito afetiva e um tanto impulsiva. A chef é a mesma pessoa, mas com a mão na massa”, se define.

 

Prática que inspira

 

Segundo Barini, ela sempre está em busca de novos aprendizados já que possui o hábito de estudar na prática, “testando e errando muito. Lendo livros, fuçando muito na Internet, voltando para a cozinha. Mas, também fiz alguns cursos no Natural Gourmet Institute de Nova Iorque, nos Estados Unidos, e também no Institute of culinary Education. Estagiei nas cozinhas do Ottolenghi, em Londres, na Inglaterra, brevemente. Também fiz uma pós em Food Design no Instituto Europeu de Design, que foi muito legal e útil para pensar a comida e o mercado da alimentação para além do prato e das receitas em si. Uma parte desse curso, inclusive, foi em Barcelona, na Espanha, onde eu e meus colegas tivemos contato com os designers envolvidos no desenvolvimento da gastronomia molecular. Foi bem legal! Mas, a verdade é que eu não paro nunca”, confessa.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

De acordo com a chef, o que a mais lhe caracteriza como chef é a “comida a base de plantas, natural, descomplicada e afetiva. Tenho múltiplas influências étnicas da África à Asisa e à Bahia. Valorizo os ingredientes frescos e orgânicos. Gosto de pensar que se alimentar é um ato político, que fazemos pelo menos três vezes por dia. E, por isso, ele é tão poderoso! Não sou completamente contra consumir carne, mas acho que a gente tem que ter responsabilidade nas escolhas que faz e, assim, é imprescindível saber que tipo de carne se está escolhendo: essa, da indústria de larga escala, tanto de rebanhos, quanto de aves e peixes, é completamente insustentável para o mundo”, alerta.

 

Cozinhar é ter autonomia

 

Para Barini, cozinhar tem a ver com autonomia e não com ‘glamourização’, assim como ela acredita que a procura por uma alimentação saudável já é algo incutido na sociedade moderna. “Comida saudável era uma tendência, uma coisa de gente fresca há uns anos. Hoje em dia, isso está cada vez mais mainstream e mais óbvio, pois todo mundo quer viver melhor, certo? E acho que, a cada dia, a sociedade como um todo tem acesso à informação, conhece mais, viaja mais. Há vinte anos, quem sabia o que era Pad Thai? Wagyu beef? Eclair? Mas, onde tem muita informação também acaba tendo superficialidade.  Ainda acho que as pessoas cozinham pouco. Ainda ficam presas às modas. E tem uma ‘glamourização’ desse mundo de chef, como se fosse tudo lindo. Cozinhar tem a ver com autonomia! É super interessante! Porém, acho que tem uns excessos nessa glamourização”, avalia.

 

(Foto: Arquivo Pessoal)

 

A chef também considera que “tem muita coisa boa em ser chef, como o prazer em provar novos sabores, um certo requinte de comer e fazer comidas sofisticadas, etc. Mas, também é muito trabalho e muitas horas em pé. É coordenar equipe, lidar com muitas frentes, orquestrar tudo e isso é intenso! Ainda assim, é uma das poucas profissões que permitem e valorizam tanto a criatividade é isso sim, na minha opinião, é muito glamour!”, ressalta

 

Crise também é oportunidade

 

Conforme Barini, o mercado food service mudou muito nos últimos anos e isso precisa ser compreendido pelos chefs de cozinha. “Acho que o mercado de alimentação fora do lar mudou muito nas últimas décadas. O brasileiro aprendeu a comer melhor e a consumir com mais critério. Isso exige mais preparo dos profissionais. Além disso, há mais concorrência e clientes mais exigentes. No ramo da comida saudável, por exemplo, isso é bem claro. Hoje em dia, tem muita gente boa fazendo um trabalho similar ao meu. Você tem que ser criativo para se manter interessante para o seu público”, aconselha.

 

Foto: Arquivo Pessoal

 

A chef pontua ainda que tais mudanças no setor de alimentação foram acentuadas com a atual pandemia de Covid-19, mas que, no seu ponto de vista, crise também pode ser oportunidade. “Eu não soube o que esperar no início a pandemia. Todo mundo ficou apreensivo, né? Eu tive que ser criativa e me reinventar. Fiquei um bom tempo trabalhando sem equipe e, por isso, passei a congelar parte da minha produção. Sendo que, antes, eu entregava muito mais pratos frescos. Mas, eu confesso. Eu tinha preconceito com congelar. Entretanto, também criei um serviço novo, um de assinatura de almoço fresco nas redondezas do meu negócio e, agora, faço só um prato quente por dia, sendo que, antes, eram quatro. No fim, o saldo foi bem positivo porque teve um efeito de reorganizar e repensar o serviço. Agora, ele está mais redondo. Sim, crise é oportunidade”, afirma.

 

Sonhos e metas

 

Ultimamente, a rotina de Barini como chef de cozinha tem sido “variada. Todo dia, cozinho pela manhã os pratos do dia. À tarde, às vezes, continuo na cozinha, faço testes, faço fotos, dou e preparo aulas, organizo a parte administrativa do meu negócio, as compras, cardápios e etc”, relata. No entanto, a chef diz que sonha em ter mais tempo para criar novas receitas. “Desejo que minha cozinha possa ser um pouquinho mais autônoma para eu ter mais tempo de ser criativa. Não quero ficar grande demais, mas queria ter mais liberdade. Um sonho que tenho é juntar psicologia e cozinha. Estou estudando mindful eating e mindful cooking atualmente e ainda gestando onde isso tudo vai dar”, revela.

 

Na Rede Food Service é assim. O que é vida de chef é relatado por meio de práticas reais como a da chef Ana Barini. Então, continue nos acompanhando e se inspirando a também fazer parte desse promissor setor.

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