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Pandemia de Covid-19 traz novas descobertas ao mercado brasileiro de sorvetes

Empresários do setor revelam que venda delivery e investimento em soluções digitais são as apostas da vez

StuppendoVitrineSorvetes scaled 1
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O mercado brasileiro de sorvetes possui, atualmente, em torno de 10 mil empresas ligadas à produção e comercialização do produto, assim como gera 100 mil empregos diretos e 200 mil indiretos, de acordo com dados da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes (ABIS). No entanto, segundo Eduardo Weisberg, empresário e presidente da ABIS, “a pandemia de Covid-19 afetou o segmento de maneira exponencial com queda expressiva de vendas independente do porte da empresa. Diminuímos brutalmente o volume de produção e comercialização. Desde o dia 15 de março, estamos praticamente sem possibilidades de escoar os nossos produtos, uma vez que as sorveterias em geral estão fechadas há quase três meses”, revela.

Eduardo Weisberg, empresário e presidente da ABIS

Ainda segundo Weisberg, a ABIS tem se colocado à disposição das empresas associadas com o objetivo de orientá-las no que tange ao pagamento de tributos, aluguéis, manutenção de funcionários e outras questões importantes. Outro ponto que será tratado como foco da associação para os próximos meses se refere à orientação dos associados sobre a importância de a categoria implementar ‘um programa de retomada’ com muita diligência e rigor operacional.

Campanha Nacional

Neste ano, o Congresso Latino-Americano de Sorvetes e Helados (CLASH) fará sua quarta edição. O evento ocorrerá em formato digital inédito e terá como propósito a transmissão de conhecimento e informação aos empresários e parceiros do universo sorveteiro. Para isso, profissionais do mercado com grande experiência e vivência de negócio irão compor um ciclo de palestras exclusivas com conteúdo adequado ao momento.

Durante o congresso, também será lançada uma campanha nacional voltada para o consumidor final. A campanha terá como objetivo promover o sorvete e reforçar o conceito de que ele, além de ser um alimento que nutre, é um produto associado a bons momentos e aos sentimentos de alegria e felicidade. “A nossa campanha será lançada durante o CLASH e, paralelamente, com a abertura paulatina do comércio, iremos utilizar todas as redes sociais que temos na ABIS (Facebook, Instagram, entre outras) para divulgar o produto sorvete. O nosso desejo é dialogar, cada vez mais, com o consumidor final” , conta Weisberg.

O segmento precisará de fôlego

Segundo Weisberg, o mercado vinha com tendência evolutiva nos anos de 2018 e 2019, apresentando volume de negócios na casa dos R$ 13 bilhões de reais/ano e o consumo per capita de 5,50 litros/ano. Em detrimento do cenário, a tendência não deve ser mantida em 2020, mas existe uma sinalização positiva com relação ao possível incremento de consumo no inverno deste ano para a categoria.

O presidente da ABIS reforça que todo o segmento precisará ter fôlego para suportar a crise e a retração econômica. “Vamos avaliar as perdas e retomar a caminhada para o crescimento responsável. Esse é o papel da ABIS. É claro que, com a pandemia, tivemos perdas. A retração foi muito forte – a maior de todos os tempos no Brasil e no mundo”, ressalta.

Novas descobertas

Apesar das expressivas perdas já sinalizadas por Weisberg, a pandemia de Covid-19 também trouxe novas descobertas ao mercado brasileiro de sorvetes, com destaque para a venda em formato delivery e o investimento em soluções digitais, ambas, literalmente, as apostas da vez do setor. “Uma boa descoberta encontrada pelo setor foi o delivery. Uma solução que nos ajudou um pouco e que pretendemos adotar no dia a dia com a abertura do comércio”.

Outras apostas do setor são a produção de sorvetes à base de frutas brasileiras e o sorvete como acompanhamento de sobremesas quentes. Weisberg comemora ainda o fato de mais gente estar tomando sorvete no frio e garante “nosso foco principal será satisfazer o cliente, com uma boa relação preço/benefício”.

O impacto nas sorveterias

Leonardo Guedes, Diretor Financeiro e responsável pelo desenvolvimento de franquias da Stuppendo

Para Leonardo Guedes, Diretor Financeiro e responsável pelo desenvolvimento de franquias da Stuppendo, gelateria com DNA italiano e fit criada em 1996 por Leila Pega, mãe do renomado Chef Edu Guedes, o delivery, realmente, vem sendo uma boa saída de sobrevivência para a marca em tempos de pandemia. “O impacto da pandemia de Covid-19 no setor foi visível. As pessoas ainda estão amedrontadas e o impacto real para a Stuppendo foi a perda de cerca 75% do faturamento. Procuramos tomar todas as medidas necessárias para esse momento econômico adverso, nos adaptando de maneira escalonada”, diz.

Por enquanto, a estratégia da rede está sendo atender na porta das lojas de São Paulo (capital, Moema e Vila Leopoldina) para o ‘take out’ e também com serviço de delivery por meio do iFood e Rappi. Atualmente, o faturamento no delivery da Stuppendo representa cerca de 25% do faturamento total que a rede tinha antes da pandemia.

Já para Manoel Lima, fundador da Dona Nuvem, rede de franquias de sorvetes soft premium lançada em 2017, o atual momento do mercado de sorvetes tem sido importante para o fomento da adequação ao novo consumidor pós-pandemia.

Manoel Lima, fundador da Dona Nuvem

“Tem sido um momento de muito desafio e aceleração. Ao mesmo tempo que não podemos estar com as unidades em funcionamento para atendimento presencial, alguns projetos (como delivery) precisaram ser priorizados e tivemos que fazer uma força tarefa no desenvolvimento de produtos para entrarmos em uma nova realidade de consumo”, conta Manoel

Ele destaca a necessidade de acompanhamento de indicadores de mercado e participação em reuniões de entidades e associações do setor como recursos importantes no processo de tomada de decisões. “Percebemos que há uma forte mudança no comportamento de consumo e, principalmente, não intenção de compra dos consumidores. As pessoas estarão, cada vez mais, atentas às questões que, antes, eram menos relevantes e passarão a escolher os lugares que irão consumir de forma mais consciente”, completa.

 No caso da Dona Nuvem, a marca trabalha apenas com sorvetes soft e isso acaba limitando algumas ações e possibilidades de venda. No entanto, Manoel adianta para a Rede Food Service que diversas novidades estão por vir e que irão possibilitar, inclusive, a atuação da rede no segmento de delivery.

Dona Nuvem Sorveteria

Nosso maior desafio tem sido manter as lojas fechadas e não podermos ter aquele contato humano e caloroso que a gente adora! Sentimos falta de conversar com as pessoas, sorrir com elas e proporcionar o momento Dona Nuvem do dia de cada um. Do outro lado, estamos com a oportunidade de termos nosso tempo dedicado ao planejamento de novas estratégias e produtos, além de um novo olhar sobre o digital, que é um dos pilares do nosso negócio”, divide.

A Dona Nuvem, de acordo com Manoel, já nasceu muito voltada para o digital como principal meio de comunicação com seus clientes. No momento, no entanto, intensificou bastante o trabalho. “Além de continuarmos a promover interações e conteúdo para nossos clientes e seguidores por meio do nosso Instagram, também começamos a disponibilizar conteúdos complementares (como nutrição, saúde mental e wellness). É uma forma de fazer parte do momento em que todos estamos vivendo” , afirma Manoel.

Antes da pandemia, a Dona Nuvem já contava com unidades nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte e previsão de abertura em Goiânia, Goiás, e em Luanda, na Angola.

Expectativas pós-pandemia

Além das novas descobertas que a pandemia de Covid-19 trouxe ao mercado brasileiro de sorvetes, os empresários do ramo também acreditam que o cenário pós-pandemia virá com melhorias e pontos favoráveis ao setor. “O principal desafio será a retomada dos negócios praticamente do zero. Precisaremos recompor o caixa, não demitir funcionários e equilibrar com muito rigor a relação despesa x receita. Todos os empresários do setor, desde o micro, passando pelos pequenos e médios, até os grandes players, estão conscientes da necessidade dessa postura para vencer a crise e recuperarmos, no médio e longo prazo, o grande prejuízo comercial que tivemos ao longo dessa pandemia. Durante essa retomada iremos buscar e sentir as novas oportunidades que sempre surgem a partir das grandes crises como essa que foi gerada pelo surto do Covid-19″, diz Weisberg, presidente da ABIS.

 

Stuppendo com boa expectativa na retomada

Guedes, da Stuppendo, acrescenta “acreditamos que, na pandemia, as pessoas tendem a consumir apenas o necessário e, como o sorvete faz parte da cadeia alimentícia, tem essa força de vendas. Algo que é essencial para todos! A nossa expectativa para a pós-pandemia é muito boa. Estamos com projeção de abrir mais duas lojas ainda este ano. A Stuppendo espera que a economia retorne com força, como é o desejo de todos os brasileiros. Estamos a todo vapor para iniciarmos as obras das novas lojas”, salienta.

Enquanto Lima, da Dona Nuvem, frisa “acredito que toda crise é realmente um momento de reinvenção e oportunidades. A gente pode escolher de qual lado quer atuar: se ao lado do caos ou na solução. Escolhemos focar em desenvolver produtos e novas experiências para nossos clientes e temos certeza que sempre há uma maneira de pensar fora da caixa e ser inusitado. Entendemos que haverá uma retomada de consumo um pouco mais conservadora e atenta. Porém, as pessoas precisarão de ‘um lugar para chamar de seu’ e será importante saberem onde encontrar uma ‘recompensa’ para si, quando tudo isso passar. Pensando nisso, é que queremos estar prontos, com novidades e sem mesmice, para quando tudo passar. Acho que é hora de darmos as mãos. Cooperação, troca de experiencias, empatia e união do setor, de uma maneira geral. É hora de, enquanto categoria, haver uma sensibilização para que as pessoas não esqueçam que sorvete não é (apesar de poder ser) sobremesa. Mas, que alimenta, nutri, oferece alegria e bem-estar, que pode ser transformado em muitas receitas e fazer parte do dia a dia de todo mundo!”, prevê.

Quer saber mais sobre os impactos da pandemia de Covid-19 no mercado brasileiro food service? Então, continue acompanhando a Rede Food Service, onde opinião, informações e orientações sobre negócios são levadas muito a sério para melhor te orientar!

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