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Serviço de delivery pode e deve englobar conceitos de sustentabilidade

Mercado já oferece embalagens 100% recicláveis e biodegradáveis

Soluções de embalagens recicláveis e biodegradáveis já existem no mercado com custo acessível

De acordo com dados da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO), as vendas de papelão ondulado foram 10% maiores no mês de março na comparação com fevereiro deste ano. Isso porque, desde a chegada do novo Coronavírus ao Brasil, o serviço delivery vem sendo a única forma de sobrevivência de muitos empresários do ramo food service. Sem contar que a quarentena já provocou uma grande mudança na relação entre as empresas e os consumidores, inclusive, na forma de consumir determinados produtos. Sendo assim, mais do que nunca, o serviço de entrega em domicílio tornou-se o protagonista do ramo de alimentação fora do lar que, mesmo antes da pandemia, vem apostando em cheio no modelo delivery, principalmente, com a chegada de aplicativos de entrega como iFood, Uber Eats, Rappi, 99Food, entre outros.

 

Prova disso que é os negócios que envolvem delivery cresceram entre 60% e 80% nos últimos três anos só na cidade de São Paulo, capital, conforme pesquisa realizada entre empresários pela consultora Tania Freitas, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP).  O mesmo levantamento aponta ainda que o principal ramo de atividade de movimentação do serviço de delivery  no Brasil continua sendo o de alimentação. Além disso, desde o começo da pandemia, o número de restaurantes cadastrados no Uber Eats subiu 10 vezes, enquanto o Rappi triplicou a demanda. Já no caso do iFood, além do crescimento do catálogo, houve também um crescimento de inscrições de pessoas querendo prestar serviço para a plataforma.

 

Delivery x geração de lixo

Em meio a esse cenário de contínua expansão do serviço delivery no Brasil, há uma preocupante realidade que, muitas vezes, é esquecida pelos empresários e adeptos da entrega  de mercadorias em domicílio, que é a grande quantidade de lixo que essa modalidade de consumo desencadeia, apesar de oferecer vários benefícios, como o da praticidade e agilidade.

 

Segundo estudo da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a produção de lixo no Brasil tem avançado em ritmo mais rápido do que a infraestrutura para lidar de maneira adequada com esse resíduo. A pesquisa, intitulada de ‘Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2018/2019’, revela que, em 2018, o Brasil produziu, em média, 79 milhões de toneladas de lixo, uma variação de pouco menos de 1% em relação ao ano anterior. Comparado com países da América Latina, o país é o campeão de geração de lixo. Assim como, conforme estimativas do mesmo relatório, a tendência de crescimento na produção de resíduos deve ser mantida nos próximos anos e há a previsão de que Brasil deve alcançar uma geração anual de 100 milhões de toneladas por volta de 2030.

 

Também de acordo com levantamento mais recente feito pela própria Abrelpe, desde que as medidas de distanciamento social vem sendo adotadas pela população brasileira em decorrência da pandemia de Covid-19, a geração de resíduo domiciliar já cresceu em mais de 10% e deve chegar a 15 a 20% a mais.

 

 

Delivery x sustentabilidade

Diante de uma realidade em que o serviço delivery só cresce, assim como a geração de lixo devido ao descarte das embalagens, onde fica a questão da sustentabilidade?

 

Pedro Werneck, Analista de Marketing da Good Pack Embalagens, explica que “o conceito de sustentabilidade quer dizer que um mercado, uma sociedade, um produto ou um serviço se sustenta. Então, podemos dizer que, se pudéssemos reutilizar de forma consciente o plástico para alguns tipos de embalagens, poderíamos ter outra visão das embalagens plásticas como sustentáveis. As embalagens sustentáveis, por exemplo, são 100% biodegradáveis e compostáveis, pois, se tiramos ela da terra com o bagaço de cana-de-açúcar, podem voltar ao solo um dia como uma embalagem que irá virar parte de uma composteira. Na Good Pack Embalagens, fornecemos embalagens de bagaço de cana-de-açúcar desde o começo de 2018 e, no ano passado, vimos um crescimento bem expressivo no interesse das pessoas em embalagens biodegradáveis como as nossas. Grandes redes de supermercados que são nossos clientes estão se programando para inserir embalagens biodegradáveis em 2021 em todas as lojas do Brasil. Para suprir essa demanda, estamos trabalhando para trazer, cada vez mais, modelos de descartáveis biodegradáveis, além dos que já trabalhamos, como estojos, cumbucas, potes e canudos. Vamos trazer também copos, pratos, talheres e outros mais. As embalagens biodegradáveis de bagaço de cana-de-açúcar, além de serem 100% biodegradáveis, são compostáveis e podem ser misturadas ao solo e fazer parte dele para, um dia, gerarem uma nova planta, que pode virar até outra embalagem, por que não?”, indaga.

 

Pedro Werneck, Analista de Marketing da Good Pack Embalagens

 

Werneck argumenta ainda que “de alguns anos para cá, as empresas estão muito mais preocupadas com o meio ambiente e nisso não somos diferentes. Desde os processos internos de descarte dos lixos corretos e parceiras com cooperativas que retiram nossos resíduos, quase que diariamente, até as informações que passamos para nossos clientes de como descartar corretamente os resíduos sólidos e embalagens biodegradáveis. Acredito que mais importante que a embalagem é a política de tratamento dos resíduos sólidos do Brasil. No estado de São Paulo, temos uma quantidade maior de cooperativas que separam e reciclam os resíduos, mas, falando em nível nacional, precisamos melhorar bastante. O poluente do meio ambiente é o ser humano e a sociedade vive um momento bem complicado em questão de educação e respeito. Não estamos respeitando as pessoas com quem podemos dialogar, imagine o planeta que não consegue pedir socorro. Mas, a embalagem biodegradável traz um conceito diferente, além de ser bem atrativa desperta a curiosidade por ser algo novo para muita gente. Essas embalagens podem ser sim um novo caminho pra conscientização das pessoas e virar a chave para um consumo mais correto de tudo e procurar saber de onde vem esse material, como foi extraído, como é produzido e para onde ele vai parar depois que nós descartamos que é o mais importante. Desde o começo de março deste ano, por exemplo, houve uma procura muito maior de embalagens para refeições, mais de 30%. Acredito que quase todos os restaurantes estão se adaptando aos regimes especiais de funcionamento e investindo em delivery, que é a solução mais prática no momento”, detalha.

 

Pedro Augusto Matelli Antunes de Oliveira é Diretor de Operações da Estilo Pack e acrescenta que “cada vez mais, percebemos a importância e a relevância de empresas que têm o conceito de sustentabilidade aplicado em seu negócio. No contexto da Estilo Pack, esse conceito faz parte do seu nascimento, principalmente, no pilar ambiental. Em um momento em que o Governo brasileiro se movimenta para implantar legislações que combatem o uso do plástico e que o mundo luta contra as micropartículas plásticas presentes nos oceanos, nossas embalagens de papel vêm em direção a essas causas, contribuindo para a redução da poluição no planeta, uma vez que são 100% recicláveis e biodegradáveis. Somado a isso, os resíduos das nossas embalagens pós-consumo são facilmente recicláveis e, se destinados para cooperativas de reciclagem, passam a ser um bem de valor econômico. Nesse aspecto, o impacto da Estilo Pack vai além do ambiental, contribuindo também para o pilar social e econômico, complementando a renda das famílias que vivem de cooperativas de reciclagem. Nosso portfólio de embalagens é composto por copos e pote de papel, sendo que todos os modelos são aptos para o modelo delivery. Temos copos de 50ml a 1000ml e potes de 80ml a 980ml. Nossa maior preocupação é disponibilizar soluções biodegradáveis e recicláveis e que sejam aptas para delivery, evitando, assim, o descarte de resíduos que poluam, por gerações, o meio ambiente. Temos também a preocupação de utilizar matérias -primas de fontes confiáveis, destinar corretamente os resíduos provenientes de nossa operação e reduzir e compensar a nossa pegada de carbono”, destaca.

 

Para Oliveira “o mercado de delivery deverá continuar crescendo e deve se manter em um novo patamar mesmo após a crise pela qual estamos passando, visto que, mesmo antes da quarentena, esse formato estava em constante crescimento do mercado, até pelo uso de aplicativos de entrega. Em um primeiro momento, por conta da maior parte dos nossos clientes não ter uma operação de delivery representativa, nossa demanda caiu cerca de 70% a partir do início da quarentena em São Paulo. Contudo, há cerca de duas semanas, estamos recuperando essa demanda através de novos clientes (que estão com aumento de demanda em delivery) e clientes já atendidos que estão aumentando suas operações de entrega.  Assim, estamos lançando embalagens utilizando cartões de alto rendimento, o qual aproveita cerca de três vezes mais a celulose consumida em um processo normal. Trata-se de uma solução mais sustentável e com a mesma qualidade das embalagens convencionais”, revela.

 

Melhores práticas e custos 

Quando o assunto são as melhores práticas de sustentabilidade relacionadas ao serviço delivery no universo food service, Oliveira, da Estilo Pack, pontua que, para analisar o que define uma embalagem para ela ser considera sustentável, é preciso “lançar mão do conceito do tripé da sustentabilidade, que leva em conta três dimensões: ambiental, social e econômico. Quando analisamos uma embalagem sob a ótica do meio ambiente, podemos concluir que ela é sustentável se basicamente a empresa que a produz gerencia o seus efeitos no meio ambiente, levando em conta tanto o produto final, quanto o processo de produção e, até mesmo, a cadeia de insumos da mesma. Por outro lado, para atender as demais questões do tripé, a embalagem deve ser produzida em um ambiente de valorização do capital humano (social) e de uma maneira que gere resultado financeiro que atenda as expectativas do investidor (financeiro)”, esclarece.

Já sobre os custos das embalagens com conceitos de sustentabilidade, Oliveira pondera que “esse é um cenário que vem mudando muito, sobretudo, nos últimos doze meses. Hoje, grande parte das grandes empresas de alimentação no mercado possuem objetivos bem definidos com relação à sustentabilidade. Claro que a questão do valor ainda é um impedimento em alguns negócios. Contudo, o que percebemos, através de nossos clientes, é que a sustentabilidade agrega valor para os consumidores conscientes. Dessa forma, muitos conseguem aumentar o seu ticket por conta disso a ponto de possibilitar até mesmo um aumento de margem em comparação com embalagens não sustentáveis”, garante.

Werneck, da Good Pack Embalagens, por sua vez, avalia que as atuais melhores práticas de sustentabilidade na hora de criar uma embalagem começam no fato de que “ela deve ser prática para inserir o alimento e para consumir. Deve ter certo nível de resistência para que o alimento chegue mais próximo o possível do modo como foi preparado. Tudo depende muito do tipo de alimento que vamos colocar também. Uma sopa, por exemplo, precisa ser envasada em algo vedado com um selo próprio ou tampa plástica, já uma porção de batatas pode ser enviada em uma embalagem com mais folga no fechamento, mas, desde que não caiam as batatas para fora. Contamos com mais de 300 modelos de embalagens em linha para que não faltem embalagens para nenhum tipo de comércio alimentício”, enfatiza.

Sobre o fator custos, Werneck partilha que “as embalagens biodegradáveis são umas das mais procuradas, porém, o custo afasta alguns tipos de comércios e acabam optando por opções mais acessíveis. A sociedade ainda está se adaptando a esse tipo de consumo consciente e como a demanda é menor o preço ainda é menos acessível que embalagens em polipropileno (aquelas para freezer e micro-ondas), PET ou até de EPS (o popular isopor)”, lamenta.

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