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O delivery como protagonista

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Até o início dos anos 80 o conceito de entrega de refeições em casa estava associado obrigatoriamente ao segmento de Pizzarias. Falar em entrega era falar em Pizza.

Na época o atendimento era feito por telefone, a entrega feita de bicicleta, a pizza era conservada em uma caixa de isopor e o pagamento feito em dinheiro ou cheque.

Em 1989 a Pizza Hut trouxe para o Brasil o conceito e a expressão “Delivery” e junto com ele novas tecnologias como o atendimento informatizado, a primeira frota formal de motoqueiros, os baús de transporte para motos, as bolsas térmicas para conservação de produtos e até o famoso ima de geladeira, que era importado por não haver quem produzisse no país.

O Delivery era um negócio diferente, específico, que demandava “know how”, estrutura dedicada e investimento adicional.

Para quem não vendia Pizza era um desafio ainda maior pois o hábito de consumo de outros produtos no Delivery não existia e os estabelecimentos que não tinham a entrega no DNA do negócio não conseguiam nem operacionalizar o processo nem arcar com os custos da estrutura adicional demandada com motoqueiros e pessoas para o atendimento.

A demanda em potencial do canal motivou o que foi o início do que chamamos hoje de “marketplace” (plataforma única com diferentes opções de estabelecimentos). Chegava ao mercado a Disk Cook.

A empresa idealizada por quem seria posteriormente um dos criadores da iFood oferecia aos estabelecimentos que não faziam originalmente entrega de seus produtos a possibilidade de ter o serviço de Delivery sem custo fixo algum e sem precisar fazer divulgação.

O cliente recebia em casa um guia com restaurantes de diversos seguimentos e ligava para uma central com número único. A Disk Cook fazia o atendimento, enviava o motoqueiro para fazer a entrega e recebia o pagamento, repassando posteriormente ao estabelecimento.

A chegada dos “marketplaces” no modelo atual revolucionou o mercado e tornou o cenário totalmente diferente. A tecnologia e os modelos disruptivos de negócio trouxeram acessibilidade de forma irrestrita aos estabelecimentos e novas possibilidades e ofertas aos consumidores.

Apesar de tudo isso, nos últimos três anos, um dos principais motivadores de crescimento para o conceito tem sido os momentos de crise.

Com a necessidade de aumentar as vendas e agora como forma de sobrevivência, cada vez mais estabelecimentos aderem ao serviço de entrega.

Com o aumento da frequência e do hábito de consumo no Delivery por parte dos clientes, os operadores que antes tinham resistência ao modelo passaram a olhar com outros olhos a medida em que as vendas nos canais tradicionais passaram a cair e em alguns casos deixaram de existir.

O Delivery começou então a permear mercados inimagináveis como os de praças de alimentação, dos restaurantes de gastronomia mais sofisticada e do pequeno comércio.

A conveniência que ganhou evidência com o aumento do trânsito nos grandes centros, as constantes promoções, a ausência de custos com estacionamento, transporte e o serviço de mesa cobrado no restaurante tradicional, já faziam do Delivery uma opção muito mais interessante para o consumidor do que era antes. Com a situação atual de confinamento, o Delivery passou a ser a única opção.

Muitos negócios tradicionais que antes tinham 10% das vendas advindas do canal, viram a participação aumentar para 20% e nos últimos dias se tornar 100% do negócio. O Delivery passou efetivamente de coadjuvante a protagonista.

Muita coisa ainda deve mudar, principalmente pelo fato de que há um grande caminho de profissionalização da operação por parte dos estabelecimentos, de foco neste mercado por parte da indústria e porque muitas coisas novas na área de soluções e serviços estão prestes a chegar.

Certamente nos próximos 24 meses se falará muito mais em delivery do que nos últimos 20 anos.

rfs zani
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