Itens da cesta básica e o gás de cozinha subiram de preço – alguns com valores abusivos
A pandemia do novo coronavírus está afetando drasticamente todos os setores da sociedade como o da saúde e o da alimentação. No caso da alimentação, no Brasil, a falta de abastecimento ainda não é realidade – e talvez nunca seja neste período caótico devido a grande e constante produção que continua ativa – mas é necessário ter atenção especial a essa questão pela falta de planejamento que possa haver no transporte e logística de alimentos e demais produtos até chegarem aos seus destinos finais e, claro, na mesa do consumidor. Independente do país ser um dos principais produtores de alimentos do mundo, a falta de comida pode não acontecer, mas o impacto negativo causado pelo COVID-19 também prejudica os produtores e empresários brasileiros nesse quesito. As incertezas que geram sobre esse momento são latentes em todo o cidadão. Como ainda não existem previsões de tudo isso acabar, ou pelo menos amenizar, à volta à normalidade dos negócios e da vida social como um todo se torna muitas vezes angustiante e duvidosa.
Por isso, os prejuízos na área da alimentação estão acontecendo de forma direta e indireta como será explicado a seguir. Além da dificuldade que possa existir na logística dos alimentos chegarem aos seus destinos, a falta da mão de obra para que isso aconteça, desde a fabricação deles, no deslocamento e até no descarregamento é uma realidade em alguns países que sofrem com a pandemia. Tudo isso, lamentavelmente, tem refletido no preço final dos produtos que são vendidos nos milhares de estabelecimentos espalhados pelo Brasil como mercearias, supermercados e padarias. Com isso, o cliente final sente e sofre com esse aumento – devido ou indevido. O que muito se tem relatado e denunciado pelos cidadãos de diversos estados da federação é a prática de preços abusivos de alimentos e outros itens essenciais ao momento atual, como álcool em gel e papel higiênico.
No Espírito Santo, por exemplo, no início deste mês, o Ministério Público capixaba, está investigando, por meio da Promotoria do Consumidor, o aumento abusivo no preço de diversos produtos nos supermercados. Itens que compõe a cesta básica tiverem aumento incomum como o leite em caixinha e o óleo de cozinha. No estado de São Paulo, o governador João Doria, em pronunciamento oficial numa coletiva de imprensa no dia 01/04/2020, disse que diante dos abusos praticados pelo aumento do preço do gás de cozinha por alguns fornecedores, o governo irá atuar pela garantia que o valor seja de até R$ 70,00 durante o período de pandemia. Como o número de pessoas em casa aumentou e, consequentemente, o uso do gás para cozinhar, alguns revendedores estão usando de má-fé inflacionando tais preços. Quem descumprir a orientação será multado e, havendo reincidência, suspensão do alvará de funcionamento. No estado do Rio de Janeiro, desde quando o coronavírus chegou por lá, o Procon local recebeu um aumento considerável no número de reclamações sobre preços abusivos de produtos dos mais diversos segmentos. Foram 400% a mais de denúncias em comparação ao mesmo período de 2019. Além do álcool em gel e serviços relacionados a viagens, como exemplo, máscaras, luvas, medicamentos, vacinas e itens da cesta básica também aparecem no relato dos denunciantes. A equipe do Procon RJ está empenhada em atender virtualmente os cidadãos prejudicados e preparada e equipada para uma possível visita presencial ao estabelecimento denunciado, caso necessário.
Infelizmente, atitudes de má-fé têm acontecido em meio ao caos provocado pelo novo coronavírus. Portanto, as denúncias são válidas para que a punição dentro da legislação seja determinada pelos órgãos competentes. No entanto, essa realidade da elevação de preços tem ocorrido em todo o mundo, mesmo não sendo uma atitude individual visando apenas lucros próprios e individuais (o uso de má-fé, como citado). O isolamento por coronavírus, por si só, tem elevado preços dos alimentos no mês passado e no mês atual, como diz a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Isso se deu pela corrida aos supermercados dos consumidores que querem garantir, erroneamente, estoques em casa. Coleta de preços feita pelo instituto indica que 20 itens presentes da cesta básica tiveram aumento médio de 1,64% no fim do mês passado. No início de Março, o reajuste foi de 0,19%. A orientação certa dos especialistas e responsáveis pelos setores de abastecimento é que o pânico não precisa chegar às pessoas como se tudo fosse acabar. A compra consciente e moderada é a recomendação para que não haja falta de produtos essenciais e, evitando, assim, elevada subida de preços.