FAO, OMS e OMC alertam sobre possível escassez de alimento no mundo causado pelo novo coronavírus
O novo coronavírus, doença respiratória atual que todo o mundo moderno enfrenta, foi considerado pandemia global no dia 11 de março de 2020 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso quer dizer que todo o planeta está suscetível ao vírus. Com ele circulando em praticamente todos os países, a sociedade mundial mudou radicalmente sua rotina para que o avanço dos contaminados seja mais lento e, consequentemente, menos letal. A orientação de ficar em casa, dada pela OMS, pelo Ministério da Saúde do Brasil e pelas autoridades competentes, tem como meta preservar à saúde da população, principalmente dos mais vulneráveis, que estão inseridos em grupos de risco, como os idosos com 60 anos ou mais e portadores de doenças crônicas e suas comorbidades. Além disso, infelizmente, outros setores da sociedade são duramente afetados como o da economia e o da alimentação e seu abastecimento.
Nesta matéria será abordada uma possível escassez de alimentos no mundo diante do cenário caótico atual. A OMS, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, em inglês), alertam para o risco que possa existir nas cadeias de abastecimento e no comércio internacional de alimentos. O motivo? A chegada de uma onda de restrições à exportação. Os dirigentes dessas organizações disseram que uma crise alimentar pode ser provocada justamente por países restringirem suas matérias-primas, produtos e demais mercadorias à exportação causando diversas consequências citadas a seguir em carta publicada. Os líderes desses três órgãos – alimentação, comércio e saúde – juntaram-se – o que é incomum – para declarar que restrições à exportação provocam fome em outros cantos do globo. E disseram também que “a desaceleração do movimento de trabalhadores nas indústrias agrícolas e de alimentos bloqueia muitas fazendas ocidentais.” Abby Abbassian, economista-chefe da FAO, consultado por telefone pela agência de notícias francesa AFP, em Roma, salientou que o mundo está no começo dessa crise alimentar, que não é uma crise de produção, mas, sobretudo, uma crise de transporte e logística. Grandes países produtores de alimentos como a Rússia, maior exportadora de trigo, Índia e Vietnã, grandes produtores de arroz, como disse Abby, impuseram restrições à exportação porque estavam preocupados com os aumentos dos preços, o que contribuiu para distúrbios, devido à fome em alguns países em desenvolvimento. O economista-chefe da FAO afirmou que também são fonte de preocupação os “atrasos nas fronteiras para os contêineres” de mercadorias, gerando “um desperdício de produtos perecíveis”. Com isso, um exemplo disso preocupou os dirigentes dessas organizações. Navios cheios de contêineres de leite em pó da Europa desembarcaram na China, em meio à crise do coronavírus por lá, e sequer puderam ser descarregados por causa da falta de mão de obra nos portos. Portanto, além das dificuldades de exportação e da diminuição da produção alimentar, faltam trabalhadores para dar continuidade ao abastecimento de alimentos nesses países mais afetados pelo COVID-19. Isso tudo resulta em um problema global, não restrito a um só país, mas a diversos outros que dependem de suas produções para alimentar seus cidadãos. E finalizam: “Em períodos como este, a cooperação internacional é essencial. Devemos garantir que nossa resposta à pandemia da COVID-19 não crie, inadvertidamente, escassez injustificada de produtos essenciais e exacerba a fome e a desnutrição.”
O Brasil, considerado o celeiro do mundo na produção alimentar, por meio do Ministério da Agricultura, chefiado por Tereza Cristina, informou ao presidente Bolsonaro e à sociedade, dia 01/04/2020, que o abastecimento de alimentos segue praticamente normal no país. A ministra reforça, concordando com Abby Abbassian, que a preocupação é com a circulação dos produtos, e não com sua produção. O Brasil só fica sem abastecimento se faltar transporte. Até então, especialistas afirmam que a produção de alimentos segue normalizada para garantir o abastecimento regular como sempre houve na nação.