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André de Botton e sua arte de “tentar coisas novas o tempo todo”

O Designer apaixonado pelo Food Service.

“Sou uma pessoa que quer tentar coisas novas o tempo todo”. Assim é como André de Botton se definiu ao conceder entrevista exclusiva para a Rede Food Service. 

Natural de Ann Arbor, cidade localizada no Estado Americano de Michigan, no Condado de Washtenaw, de Botton tem 56 anos vividos quase todos na cidade do Rio de Janeiro onde criou seus três filho e garante que é carioca de coração. “Sou designer por formação e sócio-diretor de duas empresas, a Dínamo, com foco em comunicação para food service, e a Liga, co-branding com 65% da carteira de negócios em food service. Sou sócio também investidor em uma padaria, a O Pão, que tem metade do seu faturamento do fornecimento de pães para o segmento de food service e é tocada pela minha esposa e sócia Shelley de Botton”, conta.

O começo

De acordo com de Botton, que começou a trabalhar com Comunicação aos 18 anos e, este ano, irá completar 39 anos de carreira, seu primeiro contato com o mercado food service foi quando a “Dínamo trabalhava para a Shell em 1987. “Fomos chamados a resolver alguns problemas com fornecedores de logística. A abordagem que usamos deu um bom resultado e a área responsável pelas lojas de conveniência Select nos chamou para conversa. Eles tinham 35 lojas e iam entrar num ciclo de expansão acelerada. Além do mix tradicional, as lojas tinham um espaço ‘self service’ com hot-dogs e sorvetes ‘soft mix’. Montamos com eles um calendário promocional intenso para a venda das lojas e para a expansão da franquia. Quatro anos depois, a rede tinha quase 300 lojas. A operação de marketing e comunicação foi eleita como a melhor do mundo pela Shell e a Coca-Cola nos chamou para conversar. Eles queriam uma agência que qualificasse o uso de verbas cooperadas em algumas contas chave. Três meses depois, iniciamos o trabalho para Cinemark, Lojas Americanas e Bob’s. Nunca mais paramos de atender o segmento”, afirma o empresário por trás do sucesso de importantes negócios brasileiros de food service.

O contato mais próximo de de Botton com o setor da panificação é algo mais recente, sendo, inclusive, fruto da vivência da crise que afeta o Brasil desde o ano de 2013. “Durante muitos anos, atendemos pela agência grandes redes e marcas de alimentação, como Bob´s, Pizza Hut, KFC, IMC e a Cinemark. Também fizemos muitos projetos para as indústrias, como Unilever, McCain, Cargill, Coca-Cola e BRF. Com os primeiros sinais da crise em 2013, nossa agência passou a ser procurada por operadores independentes e pequenas redes de alimentação. Ao falar com esses empresários, identificamos algumas oportunidades de produtos e serviços. Ao visitar eventos fora do Brasil (NRA, em Chicago, e Euroshop), conhecemos um universo de pequenas indústrias especializadas em atender restaurantes com essas características. Entre as oportunidades que estudamos, resolvemos apostar em uma padaria especializada no Rio de Janeiro, a O Pão. Minha esposa, Shelley de Botton, queria mudar de carreira e já havia começado a estudar panificação em 2011. Ela passou por alguns cursos no Brasil e pela Cordon Bleu, na França. Montamos, então, uma padaria com equipamentos profissionais em casa em 2013 e começamos a desenvolver e testar produtos. A fábrica foi inaugurada em 2014 e a loja abriu em 2018. O Pão nasceu de três movimentos convergentes: a busca de comida artesanal de boa qualidade, a profissionalização do segmento de food service e a vontade de empreender. Em uma de nossas viagens à NRA, eu e Shelley passamos pelo stand de uma padaria canadense. Começamos a conversar com um dos diretores em pensamos juntos: ‘é agora’. Discutimos o assunto durante o jantar e tomamos a decisão de fazer. O Pão é um negócio pequeno, mas a gente o trata como se fosse um negócio muito maior. Nunca seremos uma indústria, pois nossa vocação é de fazer alimento artesanal. Ele é o local onde a gente pratica o que acredita”, resume. 

Atualidade

Ainda segundo Botton, atualmente, sua atuação profissional no mercado food service é bastante diferente e diversificada, incluindo até uma maior preocupação social em suas ações e projetos. “Dedico parte do meu tempo para fazer parte do conselho de escolas como voluntário. É a única coisa que pode tirar o Brasil do lugar onde estacionou. Desde o ano passado, dedico outra parte do meu tempo a um projeto chamado Saber Varejo, que reúne grupos de tomadores de decisão no Rio de Janeiro e em São Paulo para compartilhar experiências em torno de um assunto que considero especialmente mal cuidado no Brasil: reter clientes e gerar recorrência de vendas. Comecei a trabalhar com alimentação em escolas há três anos e, hoje, dedico uma parte considerável do meu tempo a estudar e promover a profissionalização desse nicho de mercado em conjunto com empresas que atuam nele”, partilha.

Trabalho em equipe

Já quando perguntado sobre o seu sucesso como empresário dos ramos de comunicação e food service, Botton garante que tudo é fruto de um trabalho em equipe e baseado em boas parcerias. “Depois de tanto tempo e centenas de projetos, vejo que os melhores trabalhos estão no conjunto de muitas ações que levam nossos clientes a crescer com saúde. A Patroni começou conosco quando tinha 27 lojas. Agora, tem 200. O Bob’s tinha 180. Chegou a mais de 1.000. Cada uma dessas histórias durou alguns anos e a soma de muito trabalho pequeno, feito todos os dias. Sempre tenho sócios em tudo que faço. Primeiro, por que trabalhar sozinho é chato e, depois, por que só faço algumas coisas. Para todas as outras, trabalhar com o talento e energia dos outros é algo que me traz muita segurança. Tudo o que fiz na vida teve colaboração de gente que acreditou comigo e ajudou de alguma forma, principalmente, criando oportunidades. Shelley, minha companheira de 30 anos é a fonte da minha energia e meu ponto de equilíbrio. Com a padaria O Pão, passou também a ser sócia. Os filhos são a certeza de que acertei. Os dois são melhores do que eu. Temos uma máxima enquadrada na porta da minha agência que diz ‘a qualidade de um relacionamento é inversamente proporcional ao tempo que ele dura’. A rotina sempre vai minando aos poucos qualquer relação, entre nós e o trabalho inclusive. Por esse motivo, sou uma pessoa que quer tentar coisas novas o tempo todo”, reforça. 

Era digital e seus desafios

de Botton também confidenciou à nossa reportagem que nem tudo são flores nos mercados de comunicação e food service. Tanto que “por diversas vezes, tive meus contratos encerrados por clientes após discussões ríspidas nas quais defendi posições em que eu acreditava. Uma aconteceu alguns dias antes do Natal do ano passado. A conta era importante para a agência e o cliente me mandou a carta de rescisão no dia 23 de dezembro. Foi um presente amargo, mas, três meses depois, o mesmo cliente me procurou. Conversamos e reatamos o contrato. Lembro de cada uma dessas discussões e do frio na barriga que senti, depois de perder os contratos. Em quase todos os casos, os contratos voltaram para agência depois de algum tempo. Foram momentos difíceis, mas importantes. Não tem fórmula que saia 100% certa e nem que dê certo para sempre. É preciso errar sem desanimar e busca soluções o tempo todo”, ressalta.

Sobre os desafios relacionados à atual era digital, Botton assegura que “os desafios são e continuarão a ser os mesmos. É preciso atrair e reter clientes. Isso passa sempre por entregar produto bom e atender bem as pessoas – uma boa experiência. Fazer isso todos os dias, em especial no Rio de Janeiro, é um desafio enorme, com ou sem o mundo digital. Boa parte de entregar boas experiências depende de você conhecer o consumidor. Nosso varejo, em especial o de food service, não dá a devida importância ao CRM e usar a inteligência de dados é um desafio enorme”, avalia.Em relação à influência das mídias sociais nos negócios food service, o empresário considera que “existe o ditado de que comemos com os olhos. Portanto, ter recursos para a divulgação de alimento é bom. As mídias sociais facilitaram muito esse trabalho. No entanto, existe uma dificuldade de conduzir o consumidor que visualiza, curte e compartilha o seu conteúdo até a conversão em vendas. Vivemos esse ‘desafio’ com os clientes da agência. Todos os que acham que essa conversão é simples, ficam frustrados. O que acho realmente saudável é que as mídias sociais exigem que as empresas tratem melhor a relação com o consumidor. A era digital facilitou a divulgação, inclusive dos problemas de produto e atendimento ruins”, alerta.

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